sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

PROFESSORES PARA TIMOR. QUERERÃO OS TIMORENSES APRENDER PORTUGUÊS?




Mais professores para Timor-Leste, centena e meia. Positivo. Positivo? Os timorenses aprendem português depois dos ocupantes e ditadores indonésios terem proibido o português naquele país. Já lá vão doze anos ou mais que os professores portugueses vão para Timor-Leste ensinar o idioma luso mas isso não corresponde de jeito nenhum a um número considerável de timorenses jovens saberem falar português ou exprimirem-se pela escrita em português. Prevalece o tétum, língua nacional e o inglês. Inglês mal falado mas… inglês. Pouco esforço se vê para falar em português. Da escrita é melhor nem falar. A comunicação é em tétum. Jornal online em português nem há. Tal qual a recém admitida na CPLP Guiné Equatorial. 

Em Timor-Leste quase sempre os de mais idade, dos tempos coloniais, se expressam em português. Tantos professores nesta dúzia de anos e tão poucos bons resultados. Haverá realmente uma rejeição por parte dos timorenses à língua portuguesa? Seria aconselhável proceder a uma consulta à população. Um referendo. Em democracia devem ser os timorenses quem põe e dispõe. Aparentemente a rejeição à língua lusa é um facto e isso constata-se no terreno e nas provas dadas pelos que teoricamente já aprenderam português nestes doze anos mas que não o utilizam ou mal o sabem. Será que na generalidade os timorenses querem mesmo aprender português? 

Beatriz Gamboa - Redação PG

Protocolo prevê envio de 150 professores portugueses para Timor-Leste

Lisboa, 02 jan (Lusa) -- O protocolo assinado hoje entre Portugal e Timor-Leste na área da educação prevê o envio de 150 professores portugueses integrados no projeto dos centros de aprendizagem e formação escolar, abrangendo mais de 3.500 alunos timorenses.

O protocolo assinado hoje em Lisboa pelo ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, e pelo homólogo timorense, Bendito dos Santos Freitas, vai fazer aumentar para 300 o número total de professores portugueses em Timor-Leste, nas várias áreas.

"Em 2015 estamos a falar em 150 professores. Nós já temos cerca de uma centena de professores na Escola Portuguesa. Em 2015 teremos estes 150 professores nestes centros de aprendizagem e temos ainda outras formas de cooperação: tanto na universidade como na formação de professores por via do Instituto Camões", sublinhou Nuno Crato, após a assinatura do protocolo no Ministério da Educação, em Lisboa.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, com o acordo, é reforçada a vertente de formação de docentes timorenses, estando previstas várias modalidades de apoio à formação: períodos de estágio integrado na formação inicial, períodos de formação complementar - após conclusão da formação inicial -, bem como ações de capacitação pontuais em matéria de formação de professores e de quadros da administração e gestão escolar timorenses.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, em 2011 e 2012, o projeto das "Escolas de Referência de Timor-Leste" sofreu um "impulso significativo".

As 11 Escolas encontram-se atualmente sediadas em 11 capitais de distrito - Bacau, Same, Maliana, Oecusse, Ermera, Aileu, Liquiça, Lospalos, Suai, Dili e Manatauto -- e abrangem mais de 3.500 alunos timorenses.

O projeto prevê agora a abertura, durante o presente ano letivo, de novas escolas em Viqueque e Ainaro fazendo com que todos os distritos do país fiquem dotados de centros de aprendizagem e formação escolar.

De acordo com Nuno Crato, os professores portugueses manifestam "grande interesse" em cooperar com Timor-Leste porque, afirmou, a experiência é muito enriquecedora, estando já em curso o processo de recrutamento.

"É outro ambiente, são outros jovens, são outras escolas, são outras condições, é outro clima, é outra cultura mas ao mesmo tempo uma cultura muito perto da nossa", disse Crato, referindo-se ao interesse dos docentes portugueses na cooperação em Timor-Leste.

PSP // VM
  
Ministro timorense diz que cooperação na área da Educação é "o exemplo"

Lisboa, 02 jan (Lusa) -- O ministro da Educação de Timor-Leste disse hoje que a cooperação portuguesa na área do ensino é "o exemplo" das ligações entre os dois países quando questionado sobre a expulsão de sete portugueses que estavam integrados no quadro da cooperação judicial.

Portugal e Timor Leste assinaram hoje em Lisboa um acordo de cooperação relativo à implementação e funcionamento do projeto dos centros de aprendizagem e formação escolar prevendo o envio de 150 professores portugueses que vai fazer aumentar para 300 o número total de docentes portugueses no país em 2015 e a abertura de dois novos estabelecimentos de ensino: em Viqueque e Ainaro.

Questionado pelos jornalistas sobre eventuais garantias por parte do Governo timorense sobre a política de cooperação com Portugal, tomando em conta a recente crise no sistema judicial de Timor-Leste que levou à expulsão de oito estrangeiros, incluindo sete funcionários judiciais portugueses, Bendito dos Santos Freitas limitou-se a dizer que o setor do ensino é o "exemplo".

"Eu creio que a cooperação portuguesa na área da educação é o exemplo. É um modelo em Timor-Leste. Nós estamos a avançar com passos muito seguros, a cooperação está muito sólida e esperemos que o acordo que nós temos fortaleça este espírito da cooperação. Não vejo dificuldades em relação ao Ministério da Educação", afirmou o ministro da Educação timorense.

Bendito dos Santos Freitas disse ainda que Ministério da Educação de Timor Leste deve ser o ministério que tem mais cooperantes portugueses, quando questionado sobre a expulsão dos juízes portugueses.

O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, disse que todos os problemas têm sido resolvidos e fala de "cooperação exemplar".

"A nossa cooperação educativa tem funcionado com grande confiança, com grande diálogo entre as partes. Nós temos falado sempre sobre a resolução de todos os problemas e todos os problemas que existem têm sido ultrapassados e a nossa cooperação tem sido exemplar. Da minha parte é isso o que eu posso dizer", disse Nuno Crato, quando questionado sobre o estado da cooperação com Timor-Leste.

O Governo de Timor-Leste ordenou no dia 03 de novembro de 2014 a expulsão, no prazo de 48 horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.

No último dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução a suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais "invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional" e outra a determinar uma auditoria ao sistema judicial do país.

PSP // VM

*Título PG

Acidente Air Ásia: AUTORIDADES INDONÉSIAS ANUNCIAM TER RECUPERADO 30 CORPOS




Banguecoque, 02 jan (Lusa) - As autoridades indonésias anunciaram hoje que recuperaram 30 corpos das 162 pessoas que viajavam no Airbus 320-200 da AirAsia, que se despenhou no mar de Java no domingo passado.

A Agência de Busca e Resgate indonésia informou que dez corpos estão já em Surabaya, cidade da ilha de Java de onde partiu o voo e onde muitos familiares das vítimas aguardam notícias, oito estão a caminho de Surabaya, quatro estão em Bornéu e oito a bordo das embarcações que os recolheram do mar.

O comandante do navio indonésio "Bung Tomo", coronel Yayan Sofiyan, declarou ao canal de televisão local MetroTV que pensam ter localizado, através de sonar, parte da cauda do avião.

"Encontra-se no fundo marinho, a cerca de 29 metros de profundidade", afirmou.

O diretor da agência de busca e resgate indonésia, Bambang Soelistyo, sublinhou que esta informação ainda não foi confirmada.

As operações de resgate foram suspensas até sábado, por ser já de noite na Indonésia, embora prossigam os trabalhos de localizaçao da fuselagem do aparelho e das "caixas negras".

O voo QZ8501 da AirAsia partiu de Surabaya a 28 de dezembro e devia aterrar duas horas depois em Singapura, mas despenhou-se no mar de Java, a meio do caminho.

A bordo seguiam 155 indonésios, três sul-coreanos, um britânico, um francês, um malaio e um singapurense, além de sete tripulantes.

O piloto contactou a torre de controlo na Indonésia, quando sobrevoava o mar de Java, a sul de Bornéu, e pediu autorização para virar à esquerda e subir dos 32 mil pés de altitude (9,76 quilómetros) até aos 38 mil (11,59 quilómetros) para evitar uma tempestade.

A torre de controlo aprovou a viragem imediatamente, mas alguns minutos depois já não conseguiu estabelecer contacto, para autorizar a subida até aos 34 mil pés.

A Indonésia lançou uma operação internacional de busca e resgate, na qual participam vários países. O mau tempo e a forte ondulação na zona impediram, nos últimos dias, as buscas de vítimas e do aparelho, que se deverá encontrar a uma profundidade de entre 25 e 32 metros.

As buscas estão concentradas numa zona de 1.575 milhas náuticas quadradas - um décimo da superfície pesquisada na quinta-feira - com a participação de 29 navios e 17 aviões.

Em 2014, a companhia malaia Malaysia Airlines perdeu dois aviões.

O voo MH370 desapareceu a 08 de março, quando fazia a ligação entre Kuala Lumpur e Pequim, com 239 pessoas a bordo. Uma semana depois do acidente confirmou-se que o último sinal foi recebido sete horas depois da partida, quando o aparelho sobrevoava o oceano Indico. Até agora, não se encontraram vestígios.

A 17 de julho de 2014, morreram os 298 ocupantes do avião Boeing 777 da Malasya Airlines (voo MH17), entre os quais 173 holandeses, abatido por um míssil na zona de conflito do leste da Ucrânia, onde combatem as forças governamentais e os rebeldes pró-russos.

EJ // APN

Líder do Partido Democrático de Hong Kong impedida de entrar em Macau




Macau, China, 02 jan (Lusa) - A deputada e presidente do Partido Democrático de Hong Kong, Emily Lau, foi hoje impedida de passar a fronteira para Macau, uma decisão que, segundo a própria, as autoridades justificaram com motivos de segurança interna.

A dirigente pró-democrata tentou entrar no território hoje de manhã (madrugada em Lisboa) juntamente com um grupo de amigos, que não são membros do partido, mas viu recusada a passagem na fronteira. Os amigos, que tal como Emily Lau se deslocavam a Macau em visita de lazer, foram autorizados a passar.

"Há algumas semanas decidimos que viríamos a Macau para umas férias. Marcámos uma noite no Sofitel e fizemos reservas em quatro restaurantes portugueses", contou Emily Lau à agência Lusa, dizendo-se "perplexa" com a decisão das autoridades, tendo em conta que a sua visita não tinha qualquer caráter político.

A deputada apanhou o barco em Hong Kong às 10:15 (02:15 em Lisboa), mas quando chegou a Macau, ao apresentar o passaporte no posto de controlo, foi informada por um agente dos Serviços de Migração que tinha de se dirigir para uma sala.

"[A sala] estava totalmente vazia. Dez minutos depois, um homem veio com um papel para eu assinar, dizendo que, por motivos de segurança, não podia entrar em Macau", descreveu.

Não é a primeira vez que tal acontece à dirigente pró-democrata, mas em todas as situações anteriores, vinha participar em manifestações ou atividades políticas - ambas autorizadas.

No entanto, a situação é inédita num contexto de lazer, disse.

"Fiquei furiosa. Não consigo perceber porque é que isto aconteceu. Não há individualidades importantes da China Continental [a visitar Macau] nem protestos a acontecer", apontou.

"Pensei que em Macau havia [o princípio] 'Um país, dois sistemas'. Pequim está a dizer a Macau o que fazer, ou então Macau está a duvidar de si próprio", criticou.

A deputada admite que esta atitude por parte das autoridades possa ter que ver com a recente visita do Presidente Xi Jinping e com o movimento Occupy Central, que Emily Lau apoiou.

"Acho que tem que ver com tudo. É muito mau para a imagem de Macau", lamentou.

Em situações passadas, a líder pró-democrata escreveu ao chefe do Executivo de Macau em protesto, sem nunca obteve resposta, mas, desta vez, não pretende reagir.

"Para quê? Não vai acontecer nada", reconheceu.

Contactada pela agência Lusa, a polícia de Macau remeteu esclarecimentos para mais tarde, sem que uma resposta tenha chegado em tempo útil.

Esta não é a primeira vez que membros do Partido Democrático de Hong Kong são impedidos de entrar em Macau.

Em 2012, o conselheiro de bairro Francis Yam deslocou-se a Macau para assistir ao espetáculo "House of the Dancing Water", no City of Dreams, com um grupo de 110 residentes de Tai Po, zona onde trabalha, mas foi informado de que não podia passar a fronteira, com a polícia a alegar, mais uma vez, questões de segurança interna.

Na altura, Yam, entrevistado pelo jornal Ponto Final, disse que apenas recebeu um documento da polícia dizendo que "havia evidências de que estava a tentar entrar em Macau para participar em atividades que poderiam colocar em risco a segurança pública e a ordem na Região Administrativa Especial de Macau".

ISG // NS

Campanha anticorrupção na China atinge ministro adjunto dos Negócios Estrangeiros




Pequim, 02 jan (Lusa) - Um ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros da China, Zhang Kunsheng, foi afastado por suspeita por suspeita de corrupção, anunciou hoje o MNE chinês.

Zhang Kunsheng "está a ser investigado por suspeita de violação da disciplina", disse um porta-voz do ministério, utilizando a expressão habitualmente usada para descrever os casos de corrupção.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China tem sete vice-ministros e três ministros-adjuntos.

Há uma semana, um vice-ministro da Administração Estatal da Industria e Comercio, Sun Hongzhi, foi também afastado por corrupção.

Dezenas de quadros dirigentes com a categoria de vice-ministro ou superior, entre os quais o ex-chefe da Segurança Zhou Yongkang, foram já atingidos pela campanha anticorrupção lançada há dois anos pela nova liderança do Partido Comunista Chinês.

AC // VM

Número de violações na capital da Índia aumentou quase um terço em 2014




O número de violações em Nova Deli, capital da Índia, aumentou quase um terço em 2014, segundo a estatística oficial divulgada hoje pela polícia e que confirma a elevada taxa de violência sexual no país.

Em conferência de imprensa, o chefe da polícia de Nova Deli, Bhim Sain Bassi, disse que, até 15 de dezembro do ano passado, foram registados 2.069 incidentes de violação, enquanto, em 2013, tinham sido processados 1.571 casos.

Nova Deli passou a ser designada como «capital da violação», desde que, há dois anos, uma estudante de 23 anos, que a comunicação social local apelidou de Nirbhaya, palavra que significa «corajosa», foi morta e violada por um grupo de homens dentro de um autocarro, desencadeando uma vaga de protestos por toda a Índia e obrigando ao endurecimento da lei relativa às agressões sexuais.

Para a polícia indiana, o aumento dos casos de violação não significa que Nova Deli esteja hoje mais perigosa para as mulheres, mas sim que as vítimas denunciam mais a violência a que foram sujeitas.

"Registámos mais casos, porque as mulheres confiam mais em nós", considera o chefe da polícia, reconhecendo, no entanto, que é preciso melhorar a proteção às vítimas de crimes sexuais.

"A mentalidade da sociedade e da polícia ainda têm de mudar, para que os crimes [sexuais] sejam denunciados", frisa Bhim Sain Bassi.

A divulgação dos dados da polícia acontece no dia em que a justiça indiana decidiu prolongar, por três dias, a detenção provisória de Shiv Kumar Yadav, taxista suspeito de ter violado uma mulher de 26 anos, a 5 de dezembro, incidente que já levou as autoridades de Nova Deli a banirem o uso da aplicação Uber, sistema utilizado pela vítima para pedir o táxi.

Diário Digital/ Lusa, em Sapo TL – Foto: EPA@ Harish Tyagi

Moçambique: Esperança que não haja mais guerra. Basta as vítimas da fúria das intempéries



Jornal de Notícias, editorial

Já estamos em 2015! O ano novo que ontem iniciou abre um ciclo de 365 dias de novas oportunidades que os moçambicanos terão para enfrentar desafios e realizar sonhos de desenvolvimento individual e colectivo.

Por tradição, quando um ano chega ao fim e um novo começa não resistimos à tentação de fazer uma retrospectiva do que conseguimos realizar ao longo dos doze meses passados, ao mesmo tempo que avançamos com o desenho de novos objectivos com o esboço daquilo que pretendemos que seja o ano seguinte.

Como cidadãos, olhamos para trás e orgulhamo-nos dos nossos feitos no plano social, os sucessos que logramos para nós e para as nossas famílias. Mas como nação também reflectimos sobre os passos que demos rumo à meta colectiva. Neste exercício muitas vezes nos vangloriamos pela qualidade de soluções que fomos encontrando para os problemas.

Fazendo este exercício temos a oportunidade de identificar, reconhecer e corrigir as falhas que cometemos e que condicionaram, em grande ou pequena medida, a nossa caminhada individual e colectiva.

Na verdade, só identificando e reconhecendo os nossos pontos fracos poderemos consolidar os pontos fortes. E precisamos disso para estabelecer melhores objectivos e metas para o futuro e definir estratégias adequadas e exequíveis para o seu alcance.

2014 foi, no nosso entender, um ano de muito trabalho para os moçambicanos. Um ano que exigiu muito esforço e sacrifício, individual e colectivo. Chegado ao fim, todos testemunhamos um nível de realizações que nos orgulham como nação.

Foi um ano difícil, que ficou profundamente marcado pelas hostilidades com que a natureza desafiou os moçambicanos logo no início do ano, cheias e inundações que geraram prejuízos profundos na economia e na sociedade, alguns dos quais vão levar anos a ser suplantados.

Ainda hoje há zonas do país que estão a ser fustigadas pelas chuvas, em mais uma das suas incursões que começou na região sul na semana passada.

No entanto, para um ano que corria com manchas devido ao conflito armado, foi refrescante testemunhar, uma vez mais, a maturidade com que os moçambicanos souberam encontrar uma solução à sua dimensão, tal que rapidamente devolveu a esperança de se continuar a trilhar os caminhos do desenvolvimento, dentro de um quadro de normalidade constitucional.

Mais, 2014 ficará marcado na história de Moçambique como o ano das quintas eleições gerais e multipartidárias. O nosso entendimento é que o coro de contestações geradas à volta do processo é algo normal em processos do género, sobretudo quando eles se desenvolvem em democracias ainda jovens, que precisam de vários ensaios para atingir o ponto óptimo.

Ficaram mais lições que certamente serão tidas em conta na organização de futuros processos, porque acreditamos que o desejo de todos moçambicanos é que os processos eleitorais que organizam sejam tão exemplares como têm sido os passos dados na construção de uma democracia moderna.

E acreditamos que todos nós continuaremos a dar e a receber lições ao longo do tempo que nos conduzirão à melhoria permanente dos processos, a uma maior clareza na definição dos objectivos e metas de desenvolvimento, e à escolha de estratégias acertadas para avançar.

Na verdade, nada melhor para os moçambicanos que terminar o ano com clareza sobre os resultados eleitorais, fechar o ano com uma nova aposta na condução dos destinos do país. A validação, na última terça-feira, dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional, não é senão uma clara demonstração da vontade que os moçambicanos têm de continuar a trilhar os caminhos do desenvolvimento por via de processos democráticos ajustados à Constituição.

Não temos dúvidas que os últimos pronunciamentos do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, não só desafinam o ritmo de reconciliação com que os moçambicanos vêm caminhando nos últimos anos como também ameaçam a harmonia social e desafiam o desiderato colectivo de viver em paz para melhor trabalhar pelo desenvolvimento do país.

Acreditamos que a razão acabará vencendo e Afonso Dhlakama vai perceber que não é da guerra e desordem que nós precisamos, neste momento. Na verdade, o que almejamos é a construção de uma sociedade de paz e justiça social, de igualdade de direitos, de respeito pelas diferenças e, sobretudo, pela Constituição e pelas demais leis que regem sociedades civilizadas como a nossa.

*Título PG

Moçambique: HOSPITAL DE QUELIMANE SEM RESERVAS DE SANGUE




O stock de sangue na maior unidade sanitária da Zambézia está esgotado, numa altura em que é maior o fluxo de pacientes que necessitam de transfusões. Em Maputo, passagem de ano ficou marcada por acidentes de viação.

O Banco de Sangue do Hospital Provincial de Quelimane, na província moçambicana da Zambézia, está sem reservas. A unidade precisa, no mínimo, de 50 unidades de sangue por dia, necessárias para atender os pacientes neste período festivo.

A quantidade de doentes que dão entrada no hospital é bastante alta e as unidades de sangue atualmente não são suficientes, afirma Albino Isidoro, responsável pelo Banco de Sangue.

“Em condições normais, temos tido sempre brigadas móveis para aquisição deste precioso líquido humano, que muitas vezes nem chega. Mas nesta época do ano, os problemas duplicam ou triplicam”, explica.

Campanhas de sensibilização

Na tentativa de solucionar o problema da falta de sangue, uma equipa de técnicos de saúde da cidade de Quelimane está a mobilizar campanhas em locais públicos, como mesquitas, igrejas e mercados com vista a sensibilizar as pessoas a doarem sangue voluntariamente para salvar vidas.

Trata-se de “uma questão de prevenção, porque tudo pode acontecer”, afirma Albino Isidoro. “É característico desta época do ano acontecerem acidentes. E se em condições normais temos tido acidentes nas nossas estradas, quando chega esta altura esses acidentes aumentam”, lembra o responsável, apelando mais uma vez à população para doar sangue.

Porém, as campanhas para a doação voluntária de sangue têm registado fraca adesão. Muitas pessoas não querem oferecer o seu sangue porque não há incentivos.

Por outro lado, “os doadores de sangue afirmam que estão a ser desprezados pelas autoridades de saúde caso precisem de assistência médica”, refere Rachid Ossifo, coordenador da Associação de Doadores de Sangue na Zambézia.

“Antes, o Ministério dava cadernos, canetas. As pessoas aderiam e o Banco de Sangue tinha um movimento constante de pessoas que queriam doar sangue. Isso encorajava as pessoas a doar sangue”, explica.

Mais de 30 acidentes de viação ocorrem geralmente entre o final de dezembro e o início de janeiro por causa da maior circulação de automóveis e peões, contra os dez acidentes mensais registados, em média, no período não festivo.

Acidentes de viação

Na capital moçambicana, Maputo, a passagem de 2014 para 2015 ficou marcada pelo elevado número de acidentes de viação, mau uso de objectos pirotécnicos e agressões físicas, de acordo com a Agência de Informação de Moçambique (AIM).

Na noite da passagem de ano, o Hospital Central de Maputo (HCM) recebeu um total de 323 pacientes, o que representa um aumento de 50 casos em relação a igual período de 2013, revelou Raul Cossa, porta-voz da maior unidade sanitária do país, citado pela AIM.

Deste número, 143 doentes foram hospitalizados devido a traumas provocados por agressões físicas, mau manuseamento de objectos pirotécnicos e acidentes de viação.

Durante o mesmo período foram também registados 35 acidentes de viação, mais 14 casos do que no ano anterior. Em termos de óbitos houve uma redução em relação a 2013, adiantou ainda o porta-voz, sem adiantar números.

Marcelino Mueia (Quelimane) – Deutsche Welle

“Moçambicanos devem ser heróis da própria libertação da pobreza” - Guebuza




O Presidente da República, Armando Guebuza, exortou todos os moçambicanos a prosseguirem a luta para a consolidação da unidade nacional, auto-estima e paz.

Numa mensagem alusiva à passagem do ano, emitida precisamente no dia 31 de Dezembro, Guebuza salientou que a luta deverá ser alicerçada na convicção de que serão os heróis da sua própria libertação da pobreza, e com o seu talento e mãos destras construírem o bem-estar e a prosperidade da nação moçambicana.

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Angola - SEGURANÇA DE ESTADO AVISA: “VAI-VOS (AO F8) ACONTECER O MESMO” (II)




Ameaças anónimas são habituais. Fazem, aliás, parte da galeria de troféus de qualquer jornalista que teime, como é o caso aqui no Folha 8, em dar voz a quem a não tem. Desta vez foram mais uma série delas, tomando como exemplo o que aconteceu ao jornalista brasileiro Marcos de Barros Leopoldo Guerra.

Recordemos o caso. O jornalista Marcos de Barros Leopoldo Guerra, que usava um blogue na Internet para denunciar casos de corrupção em Ubatuba, pequena cidade do estado de São Paulo, no Brasil, foi assassinado.

De acordo com estatísticas divulgadas recentemente em Genebra, pela organização Press Emblem Campain – que apela aos governos para proteger os jornalistas e punir quem os ataca -, o Brasil teve quatro profissionais assassinados este ano, e é o décimo país do mundo mais perigoso para quem trabalha nos media.

Por mail e por sms, os servos de alguém que tem uma noção de democracia e de Estado de Direito similar à da Coreia do Norte, aproveitou a época natalícia para nos avisar que “vai-vos acontecer o mesmo”.

O regime já elaborou o seu plano e já estão contratados os assassinos, para eliminar sem deixar rastos, pelo menos dois jornalistas do F8.

“Como eles não querem vender o órgão, vamos acabar com a cabeça, para imobilizar o corpo todo, pois continuam a fazer estragos na imagem do camarada Presidente e do governo”, lê-se num informe dos Serviços de Inteligência.

Os visados na chacina planeada ao pormenor para 2015, planificada pelo regime de Eduardo dos Santos e sem que esta possa escudar-se num eventual desconhecimento, são habituais, nomeadamente, o nosso director, William Tonet “pela rudeza dos escritos, no seu jornal, onde não falta a regularidade de publicação de segredos do Estado, calúnia e difamação, contra o camarada Presidente José Eduardo dos Santos, sua família e dirigentes do partido, o MPLA e membros do governo”, justificam, no documento considerado SECRETO, os algozes da Segurança, para legitimar o plano macabro, depois da UGP (Unidade da Guarda Presidencial), exército reconhecidamente privado e ilegal à luz de um Estado de Direito, de José Eduardo dos Santos, ter falhado a sua morte, com o “abalroamento” da sua viatura no dia 29 de Setembro de 2013, na zona do Morro Bento, em Luanda.

O tom ameaçador subiu, na véspera do Natal, após publicação de uma entrevista concedida no Semanário Crime, onde William Tonet aborda com frontalidade questões do 27 de Maio de 1977, revelando pela primeira vez, que Angola ganharia mais caso se tivesse efectivado um golpe de Estado, liderado por Nito Alves.

Considerou, também, danosa a gestão e consolado do actual Titular do Poder Executivo, José Eduardo dos Santos, à época coordenador da Comissão de Inquérito, que não ouviu nenhum dos acusados.

O segundo é o jornalista, Orlando Castro – Chefe de Redacção -, acusado de dar vazão ao clamor dos cidadãos de Cabinda, logo promotor da tese independentista.

Ledo engano.

A nossa missão é informar e abordar, quando questionados os temas com frontalidade, fruto da manutenção da nossa independência individual. Estamos, aliás, convictos de só a verdade pode curar, por muito dolorosa que seja. Não somos, corrobore-se, responsáveis pelo facto de o Presidente José Eduardo dos Santos preferir ser assassinado pelo elogio do que salvo pela crítica.

Os assassinos, que nos ameaçam matar e atirar aos jacarés em 2015, fazem-no sempre em português escorreito, atiram a pedra e escondem a pata. Normal, portanto. Há muito que a cobardia assim funciona.

Como o nosso compromisso sagrado é apenas com o que pensamos ser a verdade, a luta é contínua e a (nossa) vitória será acertada, na democracia real, mesmo que alguns tombem pelo caminho. Talvez de derrota em derrota até à vitória final.

Recordemos agora e sempre Frei João Domingos quando afirmou que os políticos e governantes angolanos só estão preocupados com os seus interesses, das suas famílias e dos seus mais próximos.

“Não nos podemos calar mesmo que nos custe a vida”, disse Frei João Domingos, acrescentando “que muitos governantes que têm grandes carros, numerosas amantes, muita riqueza roubada ao povo, são aparentemente reluzentes mas estão podres por dentro”.

Por tudo isso, Frei João Domingos sempre chamou a atenção dos angolanos, de todos os angolanos, para não se calarem, para “que continuem a falar e a denunciar as injustiças, para que este país seja diferente”.

Tendo em conta a crise de valores em que o país se encontra, Frei João Domingos sempre recomendou aos angolanos sem excepção para que pratiquem os valores que Jesus Cristo recomenda: solidariedade, justiça, amor, honestidade, dedicação ao outro, seriedade, paz, a vida, etc.

“O Povo sofre e passa fome. Os países valem pelas pessoas e não pelos diamantes, petróleo e outras riquezas”, dizia também Frei João Domingos.

O nosso país continua a ser palco de violações dos direitos humanos, nomeadamente contra todos aqueles que se atrevem a pensar de forma diferente do que está estabelecido pelo regime.

São muitos os relatos de violência, intimidação, assédio e detenções por agentes do Estado de indivíduos alegadamente envolvidos em crimes contra a segurança do Estado, ou seja, que pensam de forma diferente.

Por tudo isto, o Folha 8 continua de pé perante os donos do poder em Angola, aceitando – eventualmente – ficar de joelhos apenas perante Deus. É claro que, segundo o regime, José Eduardo dos Santos é um “deus”, mas perante esse e os seus capangas estaremos sempre de pé, por muitas e graves que sejam as ameaças.

Folha 8 Diário (ao)


Angola: Em 2015 o Governo terá que dar sinais sérios no combate à corrupção




Outro desafio para 2015 será a grande pressão da sociedade sobre o Governo para que haja maior liberdade participativa

Coque Mukuta – Voz da América

Analistas disseram à Voz da América que o fim da violência policial contra as  manifestações e da intolerância politica, a realização das eleições autárquicas e o apoio das populações afectadas pela seca no sul de Angola são os grandes desafios que se colocam diante do Governo em 2015.

O padre Pio Wakussanga que lidera a ONG Construindo Comunidades na província da Huíla disse que em 2015 o Governo terá de começar a dar sinais de vontade política na aplicação dos pressupostos defendidos pela Constituição.

O sacerdote sustentou que outro desafio para 2015 será a grande pressão da sociedade sobre o Governo para que haja maior liberdade participativa.

Por seu turno o presidente da Associação Justiça Paz e Democracia, António Ventura, sustentou que apesar de alguns avanços registados no domínio da  educação e da saúde e no melhoramento de alguns serviços, o ano de 2014 se afigura bastante exigente em matéria  justiça social e transparência governativa.

O líder associativo sublinhou em 2015 o Governo terá  dar sinais sérios no sentido de se combater a corrupção.

MORCEGOS ANGOLANOS PODEM SER A ORIGEM DO ÉBOLA




Pesquisadores acreditam que os morcegos são a fonte do vírus que está na base da presente epidemia de ébola na África Ocidental, mas um novo estudo aponta para espécies diferentes do que os morcegos da fruta implicados em anteriores epidemias.

O vírus do ébola habitualmente passa do animal hospedeiro para os humanos através da contaminação da carne dos animais selvagens. Os caçadores levam para casa um morcego da fruta infectada,um macaco ou um antílope que contraiu o vírus.

Embora os morcegos não sejam afectados pelo ébola, torna-se mortal para os outros habitantes da floresta.

Em epidemias anteriores, os mamíferos de grande porte foram igualmente afectados.

Mas quando os pesquisadores do Instituto Robert J«Koch, de Berlim, chegaram em Abril à Guiné-Conacri para investigar a crescente epidemia, não encontraram decréscimo na população da vida selvagem. Assim viraram a atenção para uma outra fonte de transmissão, teorizando que o vírus vinha directamente dos morcegos.

Fabian Leedertz, que chefiou a equipa, indicou que centrou a atenção nos caçadores e nos esforços de capturar e matar morcegos da fruta, até que se aperceberam de que a primeira vitima do actual surto de ébola foi um rapaz de dois anos de idade.

“Isto mudou o nosso ponto de vista”, recorda. “Pensava que teríamos de analisar as crianças e os seus comportamentos. E isso seria um ponto de partida, por que as crianças não caçam os morcegos da fruta, mas o que fazem nas aldeias em geral, é caçar os morcegos que comem insectos e que se encontram debaixo dos telhados e nas arvores. Onde os encontrarem dão-lhes caça e matam-nos cozinhando-os ao fogo", disse.

Através de entrevistas realizadas na aldeia de Meliandou, os pesquisadores ficaram a saber que as crianças locais brincavam com frequência numa arvore grande oca, que era a residência de uma colónia de morcegos angolanos sem cauda. A presença de centenas destas criaturas com o tamanho de ratos colocava a possibilidade de uma exposição maciça ao vírus.

Leendertz sustenta que a situação é similar à de 2008, na qual um turista que fora ao Uganda visitou a caverna Python, onde existia uma colónia de morcegos e contraiu o vírus de Marburg, aparentado com o ébola.

Existem cada vez mais dados – mas não existe prova concreta – de que os morcegos da fruta são portadores de um vírus, que provoca as duas febres hemorrágicas.

Um artigo publicado por Leendertz sustenta que os dados aumentam os reservatórios com a possibilidade do ébola.

O ébola terá assim começado numa criança numa pequena aldeia guineense, espalhou-se por mais de meia dezena de nações, infectou mais de 20 mil pessoas e matou mais de 7.800.

Voz da América

Chancelaria russa volta a chamar a atenção para o neonazismo na Ucrânia




Os países ocidentais não estão conscientes da disseminação do neonazismo na Ucrânia porque Kiev não permite que os jornalistas revelem toda a extensão do problema, segundo afirmou nesta sexta-feira a vice-diretora do Departamento de Informação e Imprensa do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Em sua página do Facebook, a diplomata comentou o incidente que aconteceu ontem durante uma marcha na capital ucraniana, Kiev, quando dois jornalistas russos do canal LifeNews que cobriam o evento foram atacados, e disse tratar-se de "um círculo vicioso”.

Segundo Zakharova, “Kiev bloqueia o trabalho dos jornalistas russos que estão tentando chamar a atenção para as manifestações de neonazismo [na Ucrânia], e o Ocidente (tanto as lideranças quanto o público) não vê essas manifestações nem as violações da liberdade de expressão”.

Ainda de acordo com a porta-voz, o Ocidente afirma regularmente que a Rússia exagera a ameaça neonazista presente na Ucrânia, mas apenas na medida em que "os canais ocidentais não mostram marchas com tochas no centro de Kiev e não informam sobre fatos reais da biografia de Stepan Bandera".

Centenas de pessoas marcharam ontem pelas ruas da capital ucraniana, carregando tochas para celebrar o aniversário do nacionalista ucraniano que viveu na primeira metade do século XX e que, com a ajuda inicial da Alemanha, trabalhou para estabelecer um Estado ucraniano unificado que seria habitado exclusivamente por ucranianos étnicos.

Em 2010, o então presidente da Ucrânia Viktor Yuschenko condecorou Bandera com o título póstumo de Herói da Ucrânia, mas a honraria foi condenada pelo Parlamento Europeu, bem como por organizações russas, polonesas e judaicas, até ser declarada ilegal e oficialmente anulada no ano seguinte.

Voz da Rússia

APÓS DERROTA NA ONU, PALESTINOS ASSINAM ADESÃO AO TPI




Decisão abre caminho para que Tribunal Penal Internacional tenha jurisdição sobre crimes cometidos em territórios palestinos. Gesto irrita Israel, que promete resposta e diz não temer a corte.

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) assinou nesta quarta-feira (31/12) um protocolo de adesão ao Tribunal Penal Internacional (TPI) e outros 20 tratados internacionais, num gesto desafiador a Israel e Estados Unidos um dia após uma resolução pedindo o fim da ocupação na Cisjordânia e na Faixa de Gaza ter sido derrubada na ONU.

A medida abre espaço para o tribunal de Haia ter jurisdição sobre crimes cometidos em territórios palestinos. A corte poderá investigar a conduta dos líderes israelenses e palestinos durante as décadas de conflito na região.

"Quem tem que temer o TPI é a própria Autoridade Palestina", disse o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. "Nós daremos passos em resposta, para defender os soldados israelenses."

Os palestinos, afirmou o chefe de governo, formaram um governo de unidade com o Hamas, "uma organização terrorista que perpetra crimes de guerra como o 'Estado Islâmico'".

Resposta ao Conselho de Segurança

Os palestinos haviam relutado até aqui em assinar a adesão ao TPI por temores de que também pudessem ser julgados pelos sucessivos confrontos na região.

"Eles nos atacam em nossas terras todos os dias. A quem vamos nos queixar?", questionou Abbas. "O Conselho de Segurança nos desapontou. Queremos ir a instituições internacionais e vamos apresentar queixas perante elas."

Além do Tratado de Roma, que regulamenta o TPI, Abbas assinou acordos relativos à jurisdição da corte, compromissos contra armas proibidas e outros textos menos polêmicos, sobre direitos das mulheres e meio ambiente.

O gesto desta quarta-feira é considerado uma resposta aos EUA, que, em apoio a Israel, votaram contra a resolução no Conselho de Segurança que pedia a saída israelense, até 2017, dos territórios ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Para ser aprovada, a resolução precisava de nove votos a favor e nenhum veto dos cinco membros permanentes do Conselho (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido). Os oito países que aprovaram a minuta foram Jordânia, Argentina, Chade, Chile, China, França, Luxemburgo e Rússia. Além dos americanos, os australianos votaram contra.

RPR/rtr/dpa/afp

Portugal: O DISCURSO “NATALÍCIO” DE UM ALDRABÃO E TRAIDOR




Portugal - Luta Popular - Passos Coelho, na qualidade de chefe do governo de traição nacional PSD/CDS, dirigiu recentemente ao país uma palestranatalícia - vai em itálico, para não cometermos o desprimor para com os cristãos de associar à sua liturgia do Natal uma tal provocação aos pobres.

Mais do que as expectáveis patranhas pré-eleitorais, esta declaração encerra acima de tudo a tentativa de dar por institucionalizadas e irreversíveis as medidas terroristas tomadas por um governo que, assumindo-se como lacaio e pau-mandado da Tróica, nunca gozou de qualquer legitimidade democrática.

Estamos a falar do novo código do trabalho que passou a consagrar a liberalização e embaratecimento dos despedimentos sem justa causa, de uma chamada reforma do IRS que instituiu o genocídio fiscal para quem trabalha e da reforma do IRC que alivia generosa e provocatoriamente a tributação sobre os lucros e rendimentos do capital, dos cortes dos salários, das pensões e das prestações sociais, do roubo dos complementos de reforma para milhares de trabalhadores do Metropolitano, da insuportável redução de acesso aos serviços públicos da saúde, justiça e ensino, etc.

Coelho e o seu governo não deixaram nem nunca deixarão de ser um grupo de patifes e de traidores, independentemente daquilo a que chamam recuperação – eles entregaram a nossa economia e os nossos recursos e activos estratégicos aos grandes grupos financeiros estrangeiros e, por outro lado, roubaram da forma mais descarada os salários e o trabalho de milhões de trabalhadores portugueses durante três anos, e não só nunca devolverão o produto desse roubo como persistirão nesse saque se não forem varridos. E tudo, exclusivamente para, com o resultado dessa venda e desse roubo, pagarem uma dívida impagável e os juros dessa dívida ao grande capital financeiro internacional.

Para 2015, Coelho – mesmo apesar das cautelas do seu chefe de Boliqueime e dos seus insaciáveis patrões de Bruxelas – veio provocatoriamente anunciar uma assinalável recuperação do poder de compra, uma imparável fase de crescimento, um aumento incessante do emprego e recuperação dos rendimentos das famílias (aludindo aqui seguramente às famílias Espírito Santo, Dias Loureiro, Oliveira e Costa...).

Para este traidor-mor, a única coisa que não teria corrido tão bem foi apenas o pequeno percalço ou, nas palavras do trapaceiro, a adversidade já ultrapassada, que constituiu o colapso do BES e do GES, da família dos seus ( e de Cavaco) amigos Espírito Santo, e cujas consequências representarão uma módicae ainda não definitivamente apurada verba superior a 20 mil milhões de euros, cuja existência e efeitos Passos escamoteia, mas que recairá inexoravelmente sobre os contribuintes.

A respeito das miraculosas virtualidades do orçamento governamental para 2015 e as pseudo-reformasque conduzirão à dissipação definitiva das nuvens negras, importa lembrar como Coelho reagia às conciliatórias propostas de alteração daquele orçamento por parte do PS de Costa: todas as alterações são bem-vindas, desde que não reduzam as receitas nem aumentem as despesas. E, acima de tudo, não ponham em causa, os nossos compromissos internacionais, com a Tróica e o pagamento da galopante e impagável dívida pública.

O que Coelho mais uma vez deliberadamente escondeu é que, paralelamente ao facto de 2/3 dos desempregados - que não deixaram de crescer – não receberem subsídio de desemprego, os contribuintes portugueses, desde 2012 até Novembro de 2014, já foram obrigados a pagar à Tróica 4,94 mil milhões de euros só em juros, sem ainda se ter começado a pagar um cêntimo dos 78 mil milhões de euros do empréstimo.

Acresce que o chefe do governo de traidores também se esqueceu de referir a recuperação da dívida directa do Estado que, em Novembro deste ano, ultrapassava já os 210 mil milhões de euros e que, só em juros, os trabalhadores portugueses serão obrigados a pagar este ano perto de 9 mil milhões de euros.

Mas também não lhe ocorreu mencionar que, para pagar esses juros e essa dívida, o saque fiscal registou, até Setembro deste ano, um aumento de 2021 mil milhões de euros, tendo assim os impostos atingido 12% do rendimento disponível, o que representa o valor mais elevado desde que o INE iniciou este registo (1999).

Em suma, nada devolvendo do roubo que tem vindo a fazer a quem trabalha e sem nunca deixar de garantir aos seus patrões que não hesitará em recorrer a mais medidas de austeridade para assegurar o pagamento da dívida e o défice orçamental que serve os interesses do imperialismo germânico, o governo de traição nacional Coelho/Portas tenta desesperadamente refinar a sua contra-propaganda, contando com o apoio cada vez mais declarado do ignorante e lacaio de Boliqueime e de uma plêiade de escribas de serviço da imprensa vendida.

Mas se Coelho se livrou – ou, melhor, livraram-no – das vigarices da Tecnoforma, se Portas julga ter-se safado – ou melhor, o safaram - da corrupção no caso dos submarinos, já o governo destes traidores não escapará das nuvens negras que em breve se transformarão numa tempestade ciclónica que o varrerá do poder.

Diário Liberdade

Portugal: Troika tira 5800 milhões ao trabalho e dá 4400 milhões ao capital




O período do programa de ajustamento da troika e do Governo é marcado por uma transferência de grandes proporções dos rendimentos do trabalho para os do capital, indicam dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicados esta semana. As famílias portuguesas estão mais capitalistas, por assim dizer.

De acordo com cálculos do Dinheiro Vivo à forma como evoluiu a distribuição do rendimento das famílias entre o segundo trimestre de 2011 e o terceiro trimestre deste ano (valores trimestrais, médias móveis de quatro meses), verifica-se uma quebra brutal do rendimento dos salários (menos 5,8 mil milhões de euros ou uma redução de 6,9%). Foi a única parcela do rendimento disponível bruto que caiu. O emagrecimento das remunerações pagas deve-se à compressão e aos cortes diretos nos salários e ao efeito da subida do desemprego.

Ao mesmo tempo, as duas componentes relativas à remuneração do capital registaram aumentos assinaláveis durante os 14 trimestres do programa: os rendimentos de propriedade -- são, grosso modo, rendas de imobiliário, juros auferidos, ganhos em dividendos -- engordaram 3,5 mil milhões de euros (mais de 36%) e o excedente de exploração (que reflete a remuneração do factor capital em sentido estrito, o valor acrescentado) somou mais 860 milhões de euros (mais 2,8%).

E até foi batido um recorde. Os rendimentos de propriedade alcançaram o nível mais elevado da série longa do INE, que remonta a 1999: 13,2 mil milhões ou 10,6% do rendimento disponível no terceiro trimestre deste ano.

Ou seja, mesmo com crise, recessão e um programa de ajustamento muito duro que deprimiu a economia e a sobrecarregou as famílias com enormes aumentos de impostos, a parte relativa ao capital resistiu mais que bem: aumentou 4,4 mil milhões de euros entre o momento em que a troika entrou no país e o terceiro trimestre deste ano.

Os impostos sobre rendimento e património, que abatem ao rendimento disponível das famílias, foram, como já se esperava, os campeões de crescimento nestes três anos e meio de austeridade: no terceiro trimestre, o aumento registado foi superior a 46%. Mais 4,6 mil milhões de euros cobrados pelo Estado, em termos absolutos.

Mudança de estrutura

Visto de outra perspetiva, o que está a acontecer é uma alteração estruturar da distribuição de rendimentos em Portugal.

Os rendimentos do trabalho perderam importância, baixando de 65,5% do rendimento disponível bruto das famílias para 62,4%. Em sentido contrário, os rendimentos do capital reforçaram de 32,1% para 36,4% do total.

Há seis meses, o Dinheiro Vivo fez esta mesma análise, mas em termos anuais e para o período que marcou a crise financeira e económica (2007 a 2013).

Os resultados são similares. Na altura, concluiu-se que entre o início da crise de 2007/2008 e o final de 2013 assistiu-se, em Portugal, a uma transferência de riqueza do factor trabalho para o capital de grandes proporções, indicaram na altura vários economistas.

Pedro Ramos, professor catedrático da Universidade de Coimbra e antigo director do departamento de contas nacionais do INE, fez os cálculos e apurou que o peso do trabalho por conta de outrem e por conta própria desceu de 53,2% do produto interno bruto em 2007 para 52,2% em 2013, por exemplo.

Para este especialista, a crise, e em especial o programa de ajustamento da troika, permitiu extrair valor ao factor trabalho ao mesmo tempo que enriqueceu o capital. É um fenómeno "estranho", um "fenómeno novo", referiu. "Sabemos que nas crises económicas as empresas têm prejuízos, as crises atingem os acionistas. Existe portanto perda de valor ao nível dos excedentes de exploração", observou o académico. Não foi o que aconteceu.

A análise aos dados trimestrais dá uma noção ainda mais atualizada e dramática do processo em curso.

A parte positiva desta alteração estrutural terá mais a ver com o reforço da capacidade de poupança que, expectavelmente, pode ajudar o investimento. Se houver mais capacidade capitalista, significa que a prazo pode haver mais novo investimento e criação de emprego.

Não é o que está acontecer do lado das famílias. "A taxa de poupança das famílias diminuiu, fixando-se em 9,7% (10,3% no ano terminado no trimestre anterior), devido sobretudo ao aumento da despesa de consumo final (variação de 0,7%)", explicou o INE.

Luís Reis Ribeiro – Dinheiro Vivo – Foto: Mário Cruz, Lusa

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