Correio do Brasil, com
RNA - de Assunção
O cerco midiático
que atinge o sistema democrático da República do Paraguai, neste momento
pré-eleitoral, é semelhante ao que aconteceu nas eleições em Honduras, logo
após o golpe que depôs o presidente Manuel Zelaya. A maneira escancarada com
que meios de comunicação tentam esconder a popularidade e a cada dia maior
adesão à figura pública do presidente deposto Fernando Lugo e ao candidato
presidencial por seu partido, a Frente Guasu, Dr. Carrillo Iramain, já não
passa despercebida, nem aos olhos mais desavisados.
Do teor das
notícias veiculadas e os comentários dos cidadãos tornam fácil compreender que
esta é mais uma tentativa grosseira de induzir a idéia de que estes são os
únicos candidatos viáveis.
A conivência da
Justiça Eleitoral neste tipo de ação ficou mais do que evidente na rejeição, na
última quinta-feira, ao recurso interposto pelo candidato do partido da Frente
Guasu, Aníbal Carrillo Iramaín, e dois outros candidatos mais. A Frente Guasu
havia advertido, anteriormente, que esta ação pelos organizadores do debate
presidencial e os proprietários dos meios de comunicação afetou a credibilidade
das próximas eleições.
O Paraguai teve
sua participação suspensa nos blocos econômicos internacionais Mercosul e
Unasul, após o golpe parlamentar de junho último, que resultou na queda do
presidente Fernando Lugo. Para que as sanções atuais possam ser superadas, o
país precisa passar por eleições limpas e transparentes.
Essa é a audácia do
novo golpe em curso, agora no segmento da mídia, que conta com quatro
candidatos e os divulga como se realmente não houvesse mais nenhum outro. Como
se pode constatar apenas assistindo a qualquer dos canais de TV aberta, todos
controlados pela direita golpista, as manobras e o terrorismo midiático contra
a democracia significam a conivência do governo que usurpou
o poder no país.
Quem organizou o
debate:
CERNECO: Os donos
da Liberdade de Expressão
Há uma rede de
associações interligadas que controlam 90% do que pode ser dito no país. Sem o
consentimento deste conjunto de organizações, ninguém pode dizer nada. É por
isso que são chamados de os “donos da Liberdade de Expressão”.
Câmara de
Anunciantes do Paraguai (CAP) e Cerneco recebem, costumeiramente, o apoio da
Agência para o Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (USAID). Por
exemplo, o Fórum para a liberdade de expressão, organizado pela CAP e CERNECO
em novembro de 2004, foi patrocinado pela USAID. Neste Fórum, Kevin Goldberg
participou na condição de “especialista norte-americano sobre a Liberdade de
Expressão e Direito à Informação”.
O Centro para a
regulamentação, normas e Estudos de Comunicação (CERNECO), foi fundada em 1990.
Humberto Rubin, ligado ao National Endowment for Democracy (NED), foi
presidente da CERNECO entre 1992-2002. CERNECO “surgiu como um meio a
preocupações de canal, ideais e espírito de serviço e progresso de um grupo de
pessoas ligadas ao campo da comunicação de massa. Eles formaram uma linha de
ação que se concentrou no tema do Código de Ética, que regulamentou a condução
de seus próprios meios de comunicação, os anunciantes e agências de
publicidade.
A Comissão foi
composta para a redação de um Código de Ética na área de mídia: Carlos Jorge
Biedermann, Medina e Ilde Silvero Rufo. Rufo Medina e Ilde Silvero são
empregados de Aldo Zuccolillo, dono do jornal Abc-Color. Como Carlos Jorge
Biedermann, basta observar as investigações sobre a Operação Condor (urdida por
governos de extrema-direita ditatorial, em meados do século passado, para
cometer assassinatos de líderes de esquerda), Frederico Guilherme Clebsch,
formou-se na Escola das Américas (1954). O concunhado de Carlos Jorge
Biedermann, ou seja, o outro filho do general Clebsch, Roberto Ugarte Manchini,
tem uma conta bancária volumosa no Wachovia Bank, NA (Wachovia Securities).
Tanto é assim que em 25 de junho de 2005, Ugarte americanos retiraram US$ 172
mil de sua conta no Wachovia Bank (Cheque n º
1323).
Informações
publicadas originariamente no sítio Diário Outubro
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