Um milhar de
pessoas, entre elas o actual líder do PCP, Jerónimos de Sousa, assistiu hoje à
recriação da fuga do histórico comunista Álvaro Cunhal da cadeia política de
Peniche há 54 anos.
A tenda instalada
ao lado da Fortaleza de Peniche, com mais de trezentos lugares sentados, foi
pequena para acolher o público, deixando muita gente em pé no interior e no
exterior, a ver ao vivo ou através de televisores a encenação da fuga de Álvaro
Cunhal da ex-prisão política, a 03 de janeiro de 1960.
O secretário-geral
do PCP, Jerónimo de Sousa, foi um dos presentes na iniciativa, que culmina a
celebração dos 100 anos do nascimento do fundador do Partido Comunista
Português (PCP).
"Esta
recriação tem uma carga não apenas saudosista ou de memória, significou aquilo
que Álvaro escreveu no título do livro "rumo à vitória". Nunca mais
foi a mesma coisa, porque foi um golpe que abalou o fascismo, reforçou o
partido e levou a abril", afirmou, no final, aos jornalistas o
secretário-geral comunista.
Jerónimo de Sousa
disse que recordar a fuga faz "olhar para a frente, procurando que os
valores de abril retornem novamente a Portugal", incitando as
"vítimas dos atuais cortes a lutar contra a brutalidade e a
injustiça" das políticas do Governo e contra o "esquema que o Governo
encontrou de contornar a Constituição da República".
O espetáculo
repartiu-se entre uma dramatização do plano de fuga, ainda dentro da cadeia, e
a encenação da descida das muralhas da antiga prisão pelos diversos panos
amarrados entre si, de uma dezena de presos, entre os quais Álvaro Cunhal.
O espetáculo
precedeu a inauguração, no interior da fortaleza, da exposição "Forte de
Peniche - Local de Repressão, Resistência e Luta", que relata a história
da prisão política, recordando as normas de funcionamento e vivências dos 2487
presos que por ali passaram e as várias fugas que ocorreram.
A mostra dá a
conhecer documentação institucional da prisão, fotografias dos presos e outros
materiais executados pelos reclusos, como cartas escritas aos familiares,
jornais produzidos na clandestinidade.
Constam ainda
objetos pessoais, como o relógio do falecido ator Rogério Paulo, que auxiliou
Álvaro Cunhal na fuga, dois volumes de 'As Farpas', de Ramalho Ortigão, usados
para passar mensagens para o interior da prisão.
A exposição dá
também a conhecer a onda de solidariedade internacional gerada em torno dos
presos e que a nível local se traduzia no apoio dado pela comunidade às famílias
dos presos, nomeadamente disponibilizando as habitações para aí ficarem alojadas.
Lusa, em Notícias
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