O Governo
moçambicano anunciou hoje que "o fim das hostilidades" militares com
a Renamo, o principal partido da oposição, será declarado em Maputo pelo chefe
de Estado moçambicano, Armando Guebuza, e pelo líder do movimento, Afonso
Dhlakama.
Apesar de ter
reiterado em entrevistas telefónicas a vários órgãos de comunicação social que
se encontra na Serra de Gorongosa, no centro do país, Afonso Dhlakama não é
visto em público desde outubro do ano passado, quando foi desalojado do
acampamento em que vivia numa ofensiva do exército moçambicano.
Em declarações hoje
à imprensa, no final de mais uma ronda negocial com a delegação da Renamo
(Resistência Nacional Moçambicana), o chefe da delegação do Governo, José
Pacheco, disse que o "fim das hostilidades" militares será declarado
em Maputo pelo chefe de Estado moçambicano e pelo líder da Renamo, embora
nenhuma data tenha sido apontada.
"Só o
Presidente da República e o líder da Renamo é que estarão em posição de fazer
aos moçambicanos uma declaração sobre a cessação de hostilidades", disse
José Pacheco, que é também ministro da Agricultura no executivo moçambicano.
José Pacheco
afirmou que o anúncio do fim dos confrontos entre o exército moçambicano e os
homens armados da Renamo vai seguir-se a um acordo sobre as condições da
presença de observadores internacionais na fiscalização do cessar-fogo.
Nessa perspetiva,
José Pacheco afirmou que as duas partes chegaram a acordo para a participação
de observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC),
nomeadamente África do Sul, Botsuana e Zimbabué.
"Aceitámos os
observadores internacionais para a fiscalização desse processo, porque sentimos
que, da parte da Renamo, há um certo desconforto, algum tipo de desconfiança.
Se a confiança é dada à Renamo pela presença de observadores internacionais
para que o nosso país conheça uma paz efetiva, então o Governo fez a
concessão", declarou o chefe da delegação governamental.
De acordo com José
Pacheco, as duas delegações poderão analisar ainda esta semana a possibilidade
da participação de observadores de Portugal, Nações Unidas, Estados Unidos e
Reino Unido na fiscalização do cessar-fogo.
Por seu turno, o
chefe da delegação da Renamo, Saimon Macuiana, afirmou que a organização
entende que uma missão de observação internacional não superior a cem pessoas
seria adequada para fiscalizar o fim dos confrontos entre as duas partes.
"Reiteramos
que não estamos a dizer que queremos aqui batalhões e batalhões de tropas
estrangeiras, mas um número que, no nosso entender, nem vai ultrapassar cem
pessoas. É apenas para fiscalizar, para dar maior garantia às partes no
cumprimento do cessar-fogo", enfatizou Saimon Macuiana.
Várias pessoas morreram
e diversas viaturas foram destruídas, maioritariamente no centro do país, em
confrontos entre o exército moçambicano e homens armados da Renamo, na
sequência da tensão política gerada pelo diferendo eleitoral.
Apesar de as
divergências em torno da lei eleitoral terem sido ultrapassadas, com a
aprovação de emendas propostas pelo principal partido da oposição, as
escaramuças entre o exército e a Renamo ainda não cessaram.
PMA // HB - Lusa
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