terça-feira, 25 de março de 2014

Governo moçambicano diz que "fim das hostilidades” será declarado por PR e líder da Renamo




O Governo moçambicano anunciou hoje que "o fim das hostilidades" militares com a Renamo, o principal partido da oposição, será declarado em Maputo pelo chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza, e pelo líder do movimento, Afonso Dhlakama.

Apesar de ter reiterado em entrevistas telefónicas a vários órgãos de comunicação social que se encontra na Serra de Gorongosa, no centro do país, Afonso Dhlakama não é visto em público desde outubro do ano passado, quando foi desalojado do acampamento em que vivia numa ofensiva do exército moçambicano.

Em declarações hoje à imprensa, no final de mais uma ronda negocial com a delegação da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), o chefe da delegação do Governo, José Pacheco, disse que o "fim das hostilidades" militares será declarado em Maputo pelo chefe de Estado moçambicano e pelo líder da Renamo, embora nenhuma data tenha sido apontada.

"Só o Presidente da República e o líder da Renamo é que estarão em posição de fazer aos moçambicanos uma declaração sobre a cessação de hostilidades", disse José Pacheco, que é também ministro da Agricultura no executivo moçambicano.

José Pacheco afirmou que o anúncio do fim dos confrontos entre o exército moçambicano e os homens armados da Renamo vai seguir-se a um acordo sobre as condições da presença de observadores internacionais na fiscalização do cessar-fogo.

Nessa perspetiva, José Pacheco afirmou que as duas partes chegaram a acordo para a participação de observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), nomeadamente África do Sul, Botsuana e Zimbabué.

"Aceitámos os observadores internacionais para a fiscalização desse processo, porque sentimos que, da parte da Renamo, há um certo desconforto, algum tipo de desconfiança. Se a confiança é dada à Renamo pela presença de observadores internacionais para que o nosso país conheça uma paz efetiva, então o Governo fez a concessão", declarou o chefe da delegação governamental.

De acordo com José Pacheco, as duas delegações poderão analisar ainda esta semana a possibilidade da participação de observadores de Portugal, Nações Unidas, Estados Unidos e Reino Unido na fiscalização do cessar-fogo.

Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo, Saimon Macuiana, afirmou que a organização entende que uma missão de observação internacional não superior a cem pessoas seria adequada para fiscalizar o fim dos confrontos entre as duas partes.

"Reiteramos que não estamos a dizer que queremos aqui batalhões e batalhões de tropas estrangeiras, mas um número que, no nosso entender, nem vai ultrapassar cem pessoas. É apenas para fiscalizar, para dar maior garantia às partes no cumprimento do cessar-fogo", enfatizou Saimon Macuiana.

Várias pessoas morreram e diversas viaturas foram destruídas, maioritariamente no centro do país, em confrontos entre o exército moçambicano e homens armados da Renamo, na sequência da tensão política gerada pelo diferendo eleitoral.

Apesar de as divergências em torno da lei eleitoral terem sido ultrapassadas, com a aprovação de emendas propostas pelo principal partido da oposição, as escaramuças entre o exército e a Renamo ainda não cessaram.

PMA // HB - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana