Macau,
China, 03 ago (Lusa) - Aos 22 anos, Lu Ming Shung, ou Inês Lu, prepara-se para
viajar para Portugal, para a Universidade do Minho, onde vai continuar os
estudos em português com um mestrado em língua e cultura para um dia ser
professora.
Natural
da província chinesa de Ninxia, junto à Mongólia Interior, Inês Lu concluiu
este ano a licenciatura em estudos portugueses na Universidade de Estudos
Internacionais de Xian e aposta agora "no mestrado em Portugal" sem
saber muito bem o que vai fazer no futuro.
"Se
encontrasse um bom emprego em Portugal gostava de ficar lá porque teria mais
oportunidade de desenvolver o português", disse não escondendo, contudo, a
vontade de "fazer o doutoramento na Universidade de Macau".
Nas
perspetivas de futuro, Inês Lu, que está em Macau pela segunda vez a participar
no curso de verão de português organizado pela Universidade de Macau, está a
"aproximação entre os povos da China e de Portugal".
"Também
posso ficar em Portugal a ensinar chinês", disse ao manifestar o desejo de
fixar residência na Europa, um espaço que, contou, o pai lhe disse "ser
muito agradável para viver".
A
escolha do português como curso surgiu depois do exame nacional a que os
finalistas do secundário na China estão sujeitos: "A prova não é fácil e o
meu resultado indicou-me o curso de língua e cultura portuguesas e não estou
arrependida".
A
vontade de ensinar a língua de Camões levou Inês Lu a abrir, no Taobo, o mais
popular sítio na Internet para compras na China, uma página para ensinar
português e, garantiu, "já teve cinco alunos".
"Cada
aula de uma hora no 'Yu wu jiang jie'", o sítio que criou e que na
tradução quer dizer ?a língua não tem fronteiras', custa 80 yuan (cerca de 10
euros), disse ao explicar que à sua ideia juntaram-se outros colegas para
ensinar francês, espanhol e italiano.
Apesar
da vontade de ficar em Portugal, Inês Lu está "inquieta" com o que
vai encontrar em Braga e assume por momentos o papel de entrevistadora:
"Haverá ar-condicionado?", questiona; "Como acha que me vou
ambientar em Portugal.
Não será difícil?", acrescenta.
Sem
grandes respostas às questões colocadas, a jovem estudante só não teme uma
coisa: "o frio do norte de Portugal não será problema, porque na minha
terra também faz muito frio e cai neve".
Enquanto
não faz as malas e segue para Lisboa também curiosa para perceber a razão de
existir uma grande comunidade chinesa no país, Inês Lu vai "aperfeiçoando
o português" em Macau onde, garantiu, "existem bons professores que
ajudam os alunos a melhorar o nível de língua".
"A
Universidade de Macau tem excelentes professores e estes cursos de verão
permitem um grande desenvolvimento do conhecimento da língua porque muitas
vezes, e falo de mim, não temos nos nossos países grandes oportunidades de
desenvolver os conhecimentos da língua e da cultura", concluiu ao
salientar ainda que além da língua, em Macau, os participantes do curso verão
ainda se dedicam a outras atividades como a música e a dança.
"Aprendemos
a cultura portuguesa e é através deste conhecimento que vamos conhecendo cada
vez melhor os portugueses. Espero contribuir para que portugueses e chineses se
conheçam ainda melhor", afirmou.
Cerca
de 370 jovens estudantes de português na Ásia estão na Universidade de Macau a
desenvolver as suas competências linguísticas com a maioria dos estudantes -
cerca de 220 - oriundos de universidades da China continental, mas também com
jovens vindos da Tailândia, Vietname, Coreia do Sul, Hong Kong e Filipinas,
além dos estudantes de Macau, o curso está dividido em quatro níveis:
iniciação, básico, intermédio e avançado.
JCS
// PJA - Lusa
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