Tiago
Mota Saraiva – jornal i, opinião
Dos
programas da manhã aos de “política séria” pululam novas estrelas indignadas de
carótida saliente que, se inconsequentes, as televisões vão decidindo promover.
À sombra da açorda ideológica que Nobre personificou, declaram não gostar de
políticos e de partidos, mas não hesitam em promover o seu novo partido.
Ideologicamente ancorados no interstício entre PS, PSD e CDS, não propõem muito
mais do que sentar-se ao colo de um deles para partilhar o poder.
Sedentos de absorver os votos da maioria dos que já nada têm ou esperam deste regime exultam decibéis populistas. Dos mais totalitários – José Cid, de Nós, Cidadãos, entende que quem não “corresponder a anseios” deve ir preso – aos insultuosos – ouvir as elucubrações de Marinho e Pinto sobre as dificuldades de viver em Lisboa com 4800 €/mês – todos se dizem fiéis depositários das grandes manifestações que ocorreram entre 2011 e 2013, mas não querem assumir o conteúdo político das mesmas. Na verdade, não procuram uma ruptura com o regime e as suas castas, mas posicionar-se nos espaços de poder. Não são partidos novos mas versões exacerbadas de um sistema podre e decadente. Não se propõem dar mais poder aos cidadãos, mas fazer-se eleger como porta-vozes do que querem dizer – que dizem ser o que dizemos como se todos disséssemos o mesmo – lutando por alcançar todas as regalias do poder que declaram odiar.
A famosa demissão de Marinho e Pinto não abdicando do salário de eurodeputado é um sinal claro do enviesamento de que são protagonistas. Num acto com que pretende conquistar afecto, Marinho explica que não é por si mas para que a sua filha possa estudar no estrangeiro. A justificação torna o acto ainda mais indecente. Na minha terra é motivo de maior vergonha pagar os estudos da filha com dinheiro de um trabalho que não se faz e trair as funções de representação que o povo lhe confiou do que não poder pagar os estudos da filha fora de Portugal.
Escreve ao sábado
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