Congresso
do Partido Socialista
O
secretário-geral do PS, António Costa, afirmou hoje que, se os socialistas
chegarem ao Governo, não haverá «nem endividamento nem empobrecimento», num
discurso em que defendeu que a Europa é agora o novo espaço do combate
democrático.
António
Costa falava no XX Congresso Nacional do PS, numa parte da sua longa
intervenção em que abordou a questão da «asfixia» do peso da dívida em Portugal
e, em relação à qual, transferiu parte significativa das soluções para o
terreno da União Europeia.
«A
Europa é o novo espaço do combate político democrático. Tal como nos batemos em
cada freguesia, em cada município, ou a nível nacional, temos também de nos
bater na Europa por uma nova política e, para isso, é necessário um novo
Governo em Portugal», declarou o líder socialista, que no início da sua
intervenção se referiu cordialmente ao seu antecessor, António José Seguro.
No
ponto dedicado à resolução do peso da dívida de Portugal, o secretário-geral do
PS reiterou a defesa de um modelo que equilibre o respeito pelos compromissos
europeus, o respeito pelos compromissos nacionais em termos de Estado social e,
como terceiro pilar, a necessidade de investimento.
«Isto
implica um novo equilíbrio, que passa por uma nova leitura do Tratado
[Orçamental da União Europeia], passa por uma discussão europeia sobre a
questão da dívida e, finalmente, passa também por um novo programa de
investimento que tem de existir na Europa», disse, já depois de ter elogiado a
ação do presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker.
Apesar
de ter qualificado como «insuficiente» e «incerto» o chamado «plano Juncker»,
Costa referiu que mesmo assim vai no bom sentido, destacando particularmente a
possibilidade de investimentos em áreas económicas do futuro (como o digital)
deixarem de contar para a contabilização do défice em cada Estado-membro .
«Há
um reconhecimento que não vencemos a crise sem investimento», sustentou o
secretário-geral do PS, numa alusão à alegada nova política europeia pós Durão
Barroso.
No
seu discurso, António Costa referiu que há um consenso geral de que o principal
problema de Portugal reside na falta de competitividade da sua economia.
Mas,
nesta questão da competitividade, Costa traçou uma diferença de fundo entre os
socialistas e maioria PSD/CDS.
De
acordo com a lógica do secretário-geral do PS, as forças do Governo entendem
que a competitividade se alcança por medidas de «redução dos salários», através
de «um modelo de empobrecimento», enquanto, segundo Costa, os socialistas
querem um modelo alternativo «assente nas qualificações, na modernização do
Estado e na coesão social».
«A
questão de fundo sobre o debate de como vencer a crise é: Ou empobrecer ou
qualificar-nos», advogou.
Depois
de estabelecer essa diferença com a maioria PSD/CDS, o líder do PS também se
demarcou de outros modelos económicos expansionistas e estatais defendidos por
setores à esquerda do seu partido, deixando o aviso «com o PS, nem
empobrecimento nem endividamento».
«Queremos
ir à raiz dos problemas e ter uma visão de futuro. Uma sociedade decente
assenta na dignidade da pessoa humana», declarou, numa nota humanista cristã,
onde até citou o papa Francisco.
Tal
como em anteriores ocasiões, António Costa, a par das críticas ao Governo,
afirmou que, se os socialistas vencerem as próximas eleições, mesmo com maioria
absoluta, não dispensarão os consensos.
«O
país precisa de uma concertação estratégica que envolva todos os parceiros
sociais e de um acordo político de fundo aberto a todos os partidos», salientou.
TSF - foto Lusa / Mário Cruz
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