Bocas
do Inferno
Mário
Motta, Lisboa
FMI-Lagarde,
voltar o feitiço contra o feiticeiro
É
notícia que o FMI reconhece que Salário Mínimo Nacional em Portugal é intocável
e propõe subsídio de desemprego menos generoso, corte na TSU e mais
investimento em estágios.
A sabedoria daqueles elementos da equipa da senhora Lagarde
decerto não sabem o que é passar fome e passar por caloteiro (agora chamam
incumpridor) por ter caído no desemprego ou ter visto a pensão de aposentação diminuída
e congelada por vários anos. Nem sabe que a maioria dos desempregados em
Portugal não recebem subsídio de desemprego, chegando ao fim do mês com um
enorme zero nos seus rendimentos e muitas dívidas a acumularem-se. O que se
pode propor a esta equipa de uma Lagarde a contas com a justiça francesa mas
que nem por isso tem a decência de se demitir do FMI é que se feche numa casa
com parcos meios de conforto, sem água, gás e eletricidade, sem géneros alimentícios - a não ser algumas carcaças – e ficarem ali
fechados por uma semana. Depois saírem dessa casa para a rua e procurarem
emprego, irem aos Centros de Emprego a pé (porque não há como pagar os transportes
caríssimos). Constatado o fracasso da procura de emprego regressar a casa
passeando pelas ruas a fome, a fraqueza de quase não se alimentar há uma
semana. Então aí a Lagarde esfomeada já mal veria. É que a fome tira-nos a visão
e muito mais, principalmente a força, a energia. Depois, então, a Lagarde e a
equipa certamente que pensariam de outro modo. Provavelmente até se disporiam a
assaltar um banco ou ir roubar à toa. Não como estes da equipa FMI estão
habituados, nem como os dos governos e os banqueiros estão habituados –
roubando confortavelmente e até impunemente… Roubarem com risco. Nem que fosse
um pastel de bacalhau. Que por isso também há juízes de barriga cheia que punem
os perrapados e esfomeados. Fortes com fracos, fracos com os fortes. A lição para os do FMI e muitos outros seria benéfica
e devia acontecer. Um dia. Um dia em que o feitiço se volte contra o feiticeiro.
Banqueiros
e arco da governação brincam
O
Caso BES/GES anda a ser inquirido na Assembleia da República. Foi toda a semana
de maratonas a escutar os matrofões enleados numa golpaça que os portugueses vão
pagar com língua de palmo. Ricardo Salgado levou malas de estratégia ao
apresentar-se como vítima, sempre a atirar culpas para os outros. Depois foi a
vez do primo, Ricciardi, fez o mesmo com deslumbre de cativar. E vai outro,
mais outro. Nem é importante fazer aqui constar seus nomes. Empurram
responsabilidades para os outros. Fazem-se anjinhos a fazer lembrar as megeras
finas quando afinal são o produto do esgoto das “engenharias financeiras” a que
podemos chamar vigarices dos que se conluem e promiscuam com os políticos nos
poderes até que passam a ser eles os verdadeiros detentores dos poderes, sendo o
Estado e os políticos seus reféns. Tudo graças a conluios entre a escória política
e do capital. Pergunte-se o que afinal se conclui daquelas maratonas no inquérito
feito pelos deputados. Alguma vez aqueles inquéritos foram conclusivos e
consequentes? Pelo povinho são considerados de palhaçada. Isto porque se diz que os “artistas” são farinha do mesmo saco. Os partidos do chamado arco da
governação (PS, PSD e CDS) são beneficiários escandalosos das “doações” dos
banqueiros. E é mais ou menos público os milhares e milhares de euros que
Salgado distribuiu a Cavaco, ao PSD, ao CDS, ao PS… O que eles ali estão a
fazer é de conta. O resultado é zero de consequências. Já se sabe que a podridão
entre aqueles partidos políticos e o BES é enorme. Outras podridões existirão.
E agora como querem que dali da AR saia algo de positivo para os interesses da
verdade, da justiça, da democracia, da transparência. Como? Banqueiros e arco
da governação a brincar com os portugueses. Votem mais neles. Sofram, porque
está visto que é disso que gostam. Masoquistas.
Cavaco
a querer limpar-se do BES fica sujo
Cavaco
Silva veio limpar-se das suas declarações na Coreia do Sul sobre confiar no BES
quando o cheiro a maroscas, cambalachos e que estava tudo a desmoronar-se já
era mais que evidente. Só Cavaco é que não sabia. Uns otários investidores
confiaram nas palavras do PR. Mas também dos do governo. E o Banco de Portugal?
Disse Cavaco que já havia um mês antes que andavam a investir quando ele disse
em Seul que o BES era de confiança – mas não era. Mais nos ajuda. Já a bronca
estava mais evidente. Então e ele disse o que disse e reforçou a confiança
imerecida no BES? Cavaco pensou que se limpou com aquela de ter falado um mês
depois dos investimentos… Limpou-se o tanas. Cavaco recebeu e conversou com o
seu amigo Salgado. Certamente ficou a saber de todo o trolaró BES / GES. E então?
E então é de pensar que Cavaco foi esclarecido a tempo. Como sempre, Cavaco,
faz tabu, mais um, da conversa que teve com o amigo Ricardo Salgado. O tal que
lhe pagou em fortuna as campanhas eleitorais e talvez mais. O que pensar? Com tanto tabu
nunca se sabe se sim ou se não. Limpou-se Cavaco? Não. Até porque há esta e
outras que para os portugueses estão por esclarecer convenientemente e o homenzinho
é de muito poucas palavras e de muitos mistérios.
TAPem a verdade do memorando sobre a TAP. Impossível
Polémica
de serrar presunto sobre a privatização da TAP. Passos e o governo, o próprio cúmplice
desta desgraça de miséria em Portugal, Cavaco Silva, e muitos dos neoliberais
que estão a vender o país em saldos, esfregam as mãos e rejubilam com o braço
de ferro de Costa e do PS. A polémica já é estéril e só dá para entreter
papalvos. Sabe-se, e Costa disse-o, que no memorando as privatizações previstas
eram no valor de 5.5 milhares de milhões de euros e que o governo já vai em
mais de 8 mil milhões. Sabe-se também que no memorando de entendimento consta lá
uma no cravo e outra na ferradura. Primeiro refere privatização total e depois
parcial… Uma confusão em que os deputados legisladores, os “engenheiros” destas
manigâncias, são useiros e vezeiros gerarem. Fazem-no por pura sacanice, por
admitirem que assim ficam sempre com um alçapão, uma porta aberta para uma
solução ou outra. Essa é a verdade do memorando. Costa não tem mais que
responder aos jogos estéreis do governo e do PSD – com o lambe-botas Marco
António Costa a incendiar rastilhos que vão desembocar em pólvora seca. O que
querem é entreter-nos com missangas para arquitater roubar o ouro. A TAP não
tem de ser privatizada. Não existem motivos nem acordos para isso neste
momento. Ponto final. Se António Costa e o PS mantiverem esta polémica é por
que também lhes dá jeito serrar presunto em vez de afrontar o governo como
devem em questões de facto pertinentes. O governo tem de ceder e deixar a TAP em paz. A senda dos vende a Pátria
está a descoberto, os vendedores insaciáveis são os do governo, o avalista é
Cavaco, ao PS compete desmascará-los – o que já fez – e seguir para outras
confrontações pertinentes de modo a que um governo a menos de um ano de
terminar não possa continuar a fazer de Portugal terra queimada e dos
portugueses zumbis esfomeados a sobreviver na miséria. Sobre o memorando, é
sabido, já não dá para nos taparem a verdade sobre a TAP. E os profissionais da
TAP fazem greve? Não querem? Então? Como querem que eles contestem e evitem o
crime de venderem a transportadora (provavelmente já com um cambalacho
montado)? Não querem a greve? Então não vendam a TAP e não nos venham com
mentiras. Acabem com a novela!
Novos
partidos políticos
Nestas
fases caóticas da vida dos países aparecem sempre novos partidos. Regra geral
duram muito pouco tempo no formato original. Ou extinguem-se ou fazem alianças
e aglomeram-se num só, pouco representativos. Muito se fala no medo do populismo que possa tomar o
poder nas próximas eleições se acaso os novos partidos forem populistas. Medo
do populismo? Mas então querem partidos mais populistas que o CDS de Portas ou
o PSD de Passos Coelho? Têm medo? Mas então por que votaram exatamente neles e
forçam o país a ser despojado da soberania e retroceder aos tempos do
salazarismo fascista? Temem ainda piores partidos políticos que os referidos? Descansem,
os portugueses há muito que andam anestesiados pela propaganda a que chamam
comunicação social e não vão fugir dos tais do arco da governação. Os
portugueses adoram arvorar em arco nos do costume. Fome e porrada. Fome já
passa e porrada também a leva esporadicamente. O futuro será pior? A seu tempo
os tais novos partidos serão aqui abordados…
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