Após
telefonema, primeiro-ministro Tony Abbott diz que presidente Widodo
"considera cuidadosamente" a posição da Indonésia sobre as próximas
execuções no país. Dois australianos estão no corredor da morte.
O
primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, deu um fio de esperança aos dois
australianos que aguardam a execução de suas penas na Indonésia ao afirmar que
o presidente indonésio, Joko Widodo, está "considerando
cuidadosamente" a posição da Indonésia sobre o caso.
Até
agora, Widodo sempre defendeu com firmeza a execução por fuzilamento dos dois
condenados, bem como de todos os demais que aguardam no corredor da morte,
estrangeiros ou não.
Em
tom conciliatório, Abbott disse nesta quinta-feira (26/02) ter conversado com
seu "amigo" Widodo na noite anterior, ressaltando que o presidente
indonésio "compreende completamente" a posição da Austrália. "E
eu acredito que ele está analisando cuidadosamente a posição da
Indonésia."
Mas
Abbott se recusou a dar mais detalhes sobre o telefonema, alegando não querer
despertar esperanças que podem acabar não se concretizando. "A conversa
ter acontecido foi um sinal positivo", disse Abbott em Camberra. "É
um sinal de profundidade da amizade entre Austrália e Indonésia."
Abbott
despertou a ira dos indonésios ao relacionar seus pedidos de clemência dos dois
australianos à ajuda de 1 bilhão de dólares concedida pela Austrália à Indonésia
após o tsunami de 2004, que arrasou o arquipélago. O governo indonésio
respondeu que ameaças não fazem parte do idioma diplomático.
Recursos
negados
Nesta
terça-feira, um tribunal indonésio rejeitou os recursos de Myuran Sukumaran, de
33 anos, e Andrew Chan, de 31, para tentar evitar a execução, que poderá ser
realizada nos próximos dias. Membros da gangue Bali Nine, os dois foram presos
em 2005 ao tentar entrar na Indonésia com heroína. A pena de morte foi
sentenciada no ano seguinte.
O
presidente da Indonésia já afirmou que nenhuma intervenção internacional vai
barrar as execuções dos dois australianos nem de nenhum outro estrangeiro.
Insistentes apelos enviados por Austrália, Brasil e França – países com
cidadãos inscritos na lista de próximos fuzilamentos – vêm sendo negados.
A
execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, no mês
passado, e a inclusão de Rodrigo Gularte, 42 anos, na lista de próximos a ser
fuzilados, vem gerando atrito diplomático entre o Brasil e Indonésia. Como
consequência, o governo indonésio estaria até mesmo reavaliando a compra de 16
aviões de combate Super Tucano da Embraer e de lança-foguetes brasileiros,
segundo afirmou o jornal The Jakarta Post nesta semana.
O
porta-voz do Ministério do Exterior, Armanatha Nasir, afirmou que seu país
compreende os esforços dos representantes dos países dos estrangeiros
condenados. E ressaltou que o canal de diálogo "continua aberto com o
Brasil", assim como prevê "apenas boas coisas nas relações com outros
países".
Onda
nacionalista
As
rusgas diplomáticas entre a Indonésia e outros países, por conta da pena de
morte a cidadãos estrangeiros, vêm despertando uma onda nacionalista no país do
sudeste asiático. Indignada após o primeiro-ministro australiano ter mencionado
a ajuda financeira ao país vizinho após o tsunami, a população da Indonésia
começou uma campanha de coleta de moedas em todo o país chamada "Trocados
para Abbott".
A
pena de morte a traficantes de drogas no país é popular entre os indonésios. No
país, o problema das drogas é visto como uma grande ameaça social. Políticos de
todos os partidos têm discursado a favor da pena capital.
MSB/afp/rtr
Sem comentários:
Enviar um comentário