Rafael
Morais garante que o escritório esteve cercado todo o dia de ontem e o
automóvel em que seguiam foi seguido.
Borralho
Ndomba.- Rede Angola
O
coordenador da SOS Habitat Rafael Morais denunciou que o escritório da
organização não governamental foi cercado ontem por pessoas desconhecidas, que
também terão perseguido os membros da associação que defende os direitos de
habitação no país. Em declarações ao Rede Angola, Morais
afirmou que, pelo menos, cinco indivíduos, repartidos por duas
viaturas e uma motorizada, ficaram das 9h às 16h a vigiar as instalações da SOS
Habitat, localizadas no bairro Calemba II, município de Belas.
“Ontem
o nosso escritório estava cercado. Essas pessoas, suponho, queriam fazer-nos
mal, porque passaram todo dia a vigiar-nos. E no fim do dia, nos perseguiram
mesmo”, disse Rafael Morais, informando que os membros da organização acabaram
por conseguir escapar da suposta emboscada, armada no fim do expediente, após a
saída do escritório.
Durante
a perseguição, de acordo com activista, as duas viaturas de cor preta que
transportavam quatro dos homens, terão perdido o alvo de vista devido ao mau
estado da via. Somente o homem da motorizada se manteve próximo do
automóvel onde estavam os membros da SOS Habitat e da Christian Aid,
organização britânica que financia a ONG angolana há mais de dez
anos.
“Eles
não conseguiram entrar no meu bairro [na zona do Avó Kumbi, bairro do Golf I],
porque passámos em zonas de difícil acesso para os modelos da viatura que os
transportavam. O nosso carro, um Land Cruiser, conseguiu passar.
O homem da mota conseguiu também passar e nos seguiu, sempre a telefonar
aos colegas, para quem passava orientações. Dirigimo-nos até a uma unidade da
polícia e conseguimos [fazer] deter o mesmo indivíduo”.
Segundo
Rafael Morais, o comportamento do “perseguidor” – que não identificou
– foi suspeito. “O que vimos lá na esquadra dá a entender que ele
também é um policia, porque ele esteve relaxado ao lado do investigador.
Parecia-nos que já se conheciam e quem deixou os dados fui eu e não ele”,
lamentou.
O
coordenador da SOS Habitat explicou ainda que, no passado dia 30 de Abril,
os membros da sua organização já tinham sido perseguidos. Rafael denunciou que
o carro que os perseguiu ontem tem as mesmas características das do outro do
mês passado. O activista supõe que o cerco pode está relacionado com casos
de expropriação de terrenos no município do Ícolo e Bengo e também devido ao
facto de a ONG ter contrariado, em Genebra, a posição do Estado quanto à defesa
dos direitos humanos em Angola.
“Nos
últimos dias estamos a seguir casos críticos, que envolvem polícia, forças
armadas, e é claro que isso pode motivar esta perseguição. E não só, no dia 19
de Março a SOS Habitat esteve em Genebra, quando o governo angolano apresentou
a sua posição quanto à situações dos direitos humanos no país, mas
nós apresentámos um documento que dizia o contrário do apresentado pelos
representantes angolanos”, adiantou Rafael Morais.
“E
o Ministro da Justiça ficou consternado com aquilo que apresentámos. Ele nos
chamou, conversámos e houve uma discussão muito séria Eu sei que isso pode
estar também na base dessas perseguições”. Rafael Morais garantiu, no entanto, que
o trabalho da ONG continuará. “Quem acha que o trabalho da SOS Habitat
está a ferir o seu direito ou a sua sensibilidade que vá à Policia e que nos
coloquem em julgamento. Nós vamos responder”, avisou.
Foto
Ampe Rogério
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