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Uma
descida do céu ao inferno. Depois de roçar a maioria absoluta, já com António
Costa na liderança, o PS é agora ultrapassado pelo PSD/CDS - ainda que apenas
um ponto percentual os separe na corrida às eleições legislativas, o que
representa um empate técnico.
De
acordo com uma sondagem da Universidade Católica para o JN, a coligação
liderada por Passos Coelho e Paulo Portas conseguiria, neste momento, 38% dos
votos, enquanto os socialistas se ficariam pelos 37%. O PCP mantém-se nos 10%,
enquanto o Bloco de Esquerda duplica o seu resultado para 8%. Os restantes
partidos não conseguem resultados relevantes.
Em
outubro do ano passado, aquando do anterior Barómetro do CESOP da Universidade
Católica, António Costa gozava ainda do estado de graça (tinha derrotado Seguro
no mês anterior), José Sócrates ainda não tinha sido preso e os socialistas
registavam uma vantagem de 13 pontos sobre a soma de PSD e CDS. Oito meses
depois, e quando faltam apenas quatro para as eleições, o cenário alterou-se de
forma radical, com o PS um ponto atrás da coligação. Ainda que seja necessária
prudência nas conclusões, uma vez que a diferença está dentro da margem de erro
da sondagem (3%) e que o número de indecisos esteja a crescer: são agora 26%,
quando em outubro passado eram apenas 20%.
António
Costa desgastado
As
razões para este volte face serão várias e merecerão, nos próximos dias, muita
discussão. Mas parece evidente que entre elas estará o desgaste da imagem de
António Costa. Ainda que o socialista continua a ser o líder mais valorizado -
quer quanto à nota conseguida (8,6 valores em 20), quer quanto ao número de
avaliações positivas (52% dos inquiridos) -, verifica-se uma queda acentuada
nos dois parâmetros. Mais, quando se pede aos inquiridos uma palavra para
definir Costa, a mais repetida é "bom", mas é seguida dos adjetivos
"mentiroso", "oportunista" e "mau".
Outra
explicação para a queda socialista - e para a subida da coligação de Direita -
poderá ser a situação de instabilidade que vive a Grécia. Sendo que o trabalho
de campo decorreu entre sábado e terça-feira passados, precisamente na altura
em que o braço de ferro entre o Syriza e os credores europeus se acentuou e, com
isso, a ameaça de uma saída do euro. Uma explicação que condiz com uma outra
conclusão que se retira da sondagem: já são quase tantos os inquiridos que
consideram que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo terão um efeito
positivo (40%) no seu bem estar, como os que acham que terão um efeito negativo
(43%). Uma diferença de apenas três pontos percentuais, quando há pouco mais de
um ano era de 17 pontos.
Finalmente,
haverá que contar o facto de no Barómetro anterior o PSD e o CDS serem tratados
de forma separada, e entretanto terem anunciado a coligação Portugal à Frente,
comprovando-se, de acordo com a sondagem atual, que o seu valor é maior do que
a soma das partes. O suficiente pelo menos para conseguir mais seis pontos
percentuais do que em outubro passado. Uma vitória, ainda assim, muito longe de
uma maioria absoluta. Passos e Portas só conseguiriam formar Governo se fossem
capazes de convencer os socialistas a integrar um bloco central. Ou seja,
"um sarilho", de acordo com a leitura recente do próprio
primeiro-ministro e líder do PSD.
*Obtida
calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada partido em
relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção e não respostas) e
redistribuindo indecisos com base numa segunda pergunta sobre intenção de voto.
São apenas consideradas intenções e inclinações de voto de inquiridos que dizem
ter a certeza que vão votar ou que dizem que em princípio vão votar (N=752).
Estas estimativas têm valor meramente indicativo, dado que diferentes
pressupostos poderão gerar resultados diferentes.
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