sexta-feira, 19 de junho de 2015

Portugal. SONDAGEM DÁ COLIGAÇÃO À FRENTE DO PS


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Rafael Barbosa – Jornal de Notícias

Uma descida do céu ao inferno. Depois de roçar a maioria absoluta, já com António Costa na liderança, o PS é agora ultrapassado pelo PSD/CDS - ainda que apenas um ponto percentual os separe na corrida às eleições legislativas, o que representa um empate técnico.

De acordo com uma sondagem da Universidade Católica para o JN, a coligação liderada por Passos Coelho e Paulo Portas conseguiria, neste momento, 38% dos votos, enquanto os socialistas se ficariam pelos 37%. O PCP mantém-se nos 10%, enquanto o Bloco de Esquerda duplica o seu resultado para 8%. Os restantes partidos não conseguem resultados relevantes.

Em outubro do ano passado, aquando do anterior Barómetro do CESOP da Universidade Católica, António Costa gozava ainda do estado de graça (tinha derrotado Seguro no mês anterior), José Sócrates ainda não tinha sido preso e os socialistas registavam uma vantagem de 13 pontos sobre a soma de PSD e CDS. Oito meses depois, e quando faltam apenas quatro para as eleições, o cenário alterou-se de forma radical, com o PS um ponto atrás da coligação. Ainda que seja necessária prudência nas conclusões, uma vez que a diferença está dentro da margem de erro da sondagem (3%) e que o número de indecisos esteja a crescer: são agora 26%, quando em outubro passado eram apenas 20%.

António Costa desgastado

As razões para este volte face serão várias e merecerão, nos próximos dias, muita discussão. Mas parece evidente que entre elas estará o desgaste da imagem de António Costa. Ainda que o socialista continua a ser o líder mais valorizado - quer quanto à nota conseguida (8,6 valores em 20), quer quanto ao número de avaliações positivas (52% dos inquiridos) -, verifica-se uma queda acentuada nos dois parâmetros. Mais, quando se pede aos inquiridos uma palavra para definir Costa, a mais repetida é "bom", mas é seguida dos adjetivos "mentiroso", "oportunista" e "mau".

Outra explicação para a queda socialista - e para a subida da coligação de Direita - poderá ser a situação de instabilidade que vive a Grécia. Sendo que o trabalho de campo decorreu entre sábado e terça-feira passados, precisamente na altura em que o braço de ferro entre o Syriza e os credores europeus se acentuou e, com isso, a ameaça de uma saída do euro. Uma explicação que condiz com uma outra conclusão que se retira da sondagem: já são quase tantos os inquiridos que consideram que as medidas de austeridade tomadas pelo Governo terão um efeito positivo (40%) no seu bem estar, como os que acham que terão um efeito negativo (43%). Uma diferença de apenas três pontos percentuais, quando há pouco mais de um ano era de 17 pontos.

Finalmente, haverá que contar o facto de no Barómetro anterior o PSD e o CDS serem tratados de forma separada, e entretanto terem anunciado a coligação Portugal à Frente, comprovando-se, de acordo com a sondagem atual, que o seu valor é maior do que a soma das partes. O suficiente pelo menos para conseguir mais seis pontos percentuais do que em outubro passado. Uma vitória, ainda assim, muito longe de uma maioria absoluta. Passos e Portas só conseguiriam formar Governo se fossem capazes de convencer os socialistas a integrar um bloco central. Ou seja, "um sarilho", de acordo com a leitura recente do próprio primeiro-ministro e líder do PSD.

*Obtida calculando a percentagem de intenções diretas de voto em cada partido em relação ao total de votos válidos (excluindo abstenção e não respostas) e redistribuindo indecisos com base numa segunda pergunta sobre intenção de voto. São apenas consideradas intenções e inclinações de voto de inquiridos que dizem ter a certeza que vão votar ou que dizem que em princípio vão votar (N=752). Estas estimativas têm valor meramente indicativo, dado que diferentes pressupostos poderão gerar resultados diferentes.


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