quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Angola. SUSPEITAS RODEIAM PROJETOS CHINESES AVALIADOS EM 9 MIL MILHÕES DE DÓLARES



Estará perto de 9 mil milhões de dólares o valor dos projetos do grupo Queensway em Angola. Embora oficialmente apenas “conselheiro” destas empresas, o rosto dos projetos é Sam Pa, que foi agora detido pelas autoridades chinesas por suspeitas de corrupção. Um investigador norte-americano que estudou os projetos em que Pa esteve envolvido em África encontrou mais dúvidas do que respostas.

O investigador JR Mailey afirma que Sam Pa foi construindo ao longo dos anos uma importante rede de relações em África, sobretudo junto das elites políticas e económicas de países como Angola. Primeiro, fê-lo na qualidade de agente dos serviços de informações, mais tarde como negociante de armas. Foi esta rede que o tornou útil para empresas como a Sinopec, cuja relação é agora alvo de suspeitas das autoridades

“Em Angola e no Zimbabué, poucos foram os dados dos contratos, relativos aos investimentos da Queensway, alguma vez revelados ao público”, afirma Mailey na sua investigação aos projetos africanos de Sam Pa. Em cada um destes países, são perto de 9 mil milhões de dólares que estão em causa.

Em países como a Guiné-Conacri ou Tanzânia, foram tornados públicos os contratos. “E os negócios revelaram ser flagrantemente desfavoráveis aos cidadãos do país anfitrião. Tendo alegadamente subornado responsáveis de governos africanos e entrado no tráfico de armas e diamantes, as operações da Queensway em África muitas vezes tiveram um impacto desastroso na governação”, afirma Mailey.

Através do China International Fund, Sam Pa envolveu-se nalguns dos maiores projetos de infraestruturas lançados em Angola nos últimos anos. O mais visível é o do novo Aeroporto Internacional de Luanda, cujos atrasos nunca foram cabalmente explicados.

O investigador norte-americano afirma que habitualmente os “projetos de construção de infraestruturas de alta visibilidade prometidos” não “se materializam”. “São frequentes alegações de corrupção de altos responsáveis do governo que controlam contratos de recursos naturais”, adianta.

“Empresas extrativas de boa reputação são afastadas do mercado, minando a saúde de longo prazo do sector dos recursos. E governos opacos prosseguem, alimentados pela infusão de apoio financeiro e material aos regimes no poder”, diz Mailey. O grupo Queensway é descrito como o “protótipo do investidor predador”.


Sam Pa foi detido na China no mês passado. Está ligado ao China Internacional Fund, que tem um papel de relevo na venda de petróleo angolano a Pequim.

África Monitor

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