O
ex-Presidente da República Ramalho Eanes afirmou hoje que a sociedade
"está um pouco crispada artificialmente", mas salientou que a
"democraciazinha muito sossegada" que alguns quererão não é uma
verdadeira democracia.
"A
sociedade está um pouco crispada artificialmente. É necessário olhar para o que
é a democracia. É uma regime de crise permanente, de ideias, interesses e
valores. O grande mérito da democracia é que essa crise é dinâmica, cria
impulsos de modernização, estímulos e liberdade", disse o antigo chefe de
Estado à margem da dupla cerimónia de homenagem de que foi alvo em Castelo
Branco e Alcains.
"Por
vezes tenho a impressão que alguns portugueses parece que queriam uma
democraciazinha muito sossegada. Isso não é democracia", sustentou.
Para
o antigo Presidente da República, a democracia é o jogo do confronto, da
discussão, da defesa e do ataque.
"É
a sociedade em movimento, a expressar aquilo que são as suas forças. O que me
custa e que não gosto é que haja uma certa crispação na vida politica
portuguesa", concluiu.
Eanes
assinalou ainda que há uma certa tendência dos portugueses para se queixarem
dos políticos e, "com alguma razão".
Contudo,
adiantou que também os portugueses têm que entender que devem ter uma relação diferente
com os políticos, para que estes possam ter uma atuação diferente.
"Uma
atuação só através do voto de quatro em quatro anos não é suficiente. Isso
produz uma democracia eleitoral, mas nós não queremos isso. Queremos uma
democracia que seja de participação, de deliberação e de libertação. E, isso só
se faz com a participação efetiva de todos na vida politica", concluiu.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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