Pepe Escobar
Poucos agentes de mudança
geoeconómicos serão mais espectaculares do que os contratos a termo de petróleo
denominados em yuan – especialmente quando criado pelo maior importador de
petróleo do planeta.
Ainda assim, a estratégia dos media de Pequim parece ter consistido em minimizar significativamente o lançamento oficial do petro-yuan na Bolsa Internacional de Energia de Shangai ( Shanghai International Energy Exchange ).
Mas alguma euforia era de esperar. O Brent subiu para US$71 por barril pela primeira vez desde 2015. O West Texas Intermediate (WTI) alcançou o mais alto nível em três anos, com US$66,55 por barril e a seguir recuou para US$65,53.
Uma série de "pioneirismos" do petro-yuan inclui a primeira vez em que investidores além-mar foram capazes de ter acesso ao mercado chinês de commodities. Significativamente, os US dólares serão aceites como depósito e para liquidação. No futuro próximo, um cabaz de divisas também será aceite como depósito.
Será que o lançamento do petro-yuan representa o golpe final definitivo ao petrodólar – e o nascimento de um conjunto de novas regras completamente novo? Não tão depressa. Isso pode levar anos e depende de muitas variáveis, a mais importante das quais será a capacidade da China para amoldar, ajustar e finalmente dominar o mercado global do petróleo.
Como o yuan progressivamente alcança plena consolidação em liquidações comerciais, a ameaça do petro-yuan ao US dólar, inscrita num processo complexo e de longo prazo, disseminará o Santo Graal: contratos a termo de petróleo bruto com preço em yuan plenamente convertível em ouro.
Isso significa que o vasto conjunto de parceiros comerciais da China será capaz de converter o yuan em ouro sem ser obrigado a manter fundos em activos chineses ou transformá-los em US dólares. Exportadores que enfrentam a ira de Washington, tais como a Rússia, o Irão ou a Venezuela, podem então evitar sanções dos EUA ao comerciarem petróleo em yuan convertível em ouro. O Irão e a Venezuela, por exemplo, não teriam problema em redireccionar petroleiros para a China a fim de vender directamente no mercado chinês – se for o que é preciso.
Ainda assim, a estratégia dos media de Pequim parece ter consistido em minimizar significativamente o lançamento oficial do petro-yuan na Bolsa Internacional de Energia de Shangai ( Shanghai International Energy Exchange ).
Mas alguma euforia era de esperar. O Brent subiu para US$71 por barril pela primeira vez desde 2015. O West Texas Intermediate (WTI) alcançou o mais alto nível em três anos, com US$66,55 por barril e a seguir recuou para US$65,53.
Uma série de "pioneirismos" do petro-yuan inclui a primeira vez em que investidores além-mar foram capazes de ter acesso ao mercado chinês de commodities. Significativamente, os US dólares serão aceites como depósito e para liquidação. No futuro próximo, um cabaz de divisas também será aceite como depósito.
Será que o lançamento do petro-yuan representa o golpe final definitivo ao petrodólar – e o nascimento de um conjunto de novas regras completamente novo? Não tão depressa. Isso pode levar anos e depende de muitas variáveis, a mais importante das quais será a capacidade da China para amoldar, ajustar e finalmente dominar o mercado global do petróleo.
Como o yuan progressivamente alcança plena consolidação em liquidações comerciais, a ameaça do petro-yuan ao US dólar, inscrita num processo complexo e de longo prazo, disseminará o Santo Graal: contratos a termo de petróleo bruto com preço em yuan plenamente convertível em ouro.
Isso significa que o vasto conjunto de parceiros comerciais da China será capaz de converter o yuan em ouro sem ser obrigado a manter fundos em activos chineses ou transformá-los em US dólares. Exportadores que enfrentam a ira de Washington, tais como a Rússia, o Irão ou a Venezuela, podem então evitar sanções dos EUA ao comerciarem petróleo em yuan convertível em ouro. O Irão e a Venezuela, por exemplo, não teriam problema em redireccionar petroleiros para a China a fim de vender directamente no mercado chinês – se for o que é preciso.
Como contornar o US dólar
No curto a médio prazo o
petro-yuan certamente promoverá a atractividade da Belt
and Road Initiative (BRI), especialmente no que concerne à Casa de
Saud.
Ainda não está claro em que condição Pequim participará do lançamento de acções (initial public offering, IPO) da Aramco, mas será um passo decisivo rumo ao fatídico momento histórico em que Pequim dirá – ou obrigará – Riad a começar a aceitar pagamentos pelo petróleo em yuan.
Só então o petrodólar poderá ficar em risco grave – juntamente com o US dólar como divisa global de reserva.
Enfatizei antes como, na cimeira de 2017 dos BRICS, o presidente russo Vladimir Putin apoiou o petro-yuan sem restrições, desafiando especificamente a "inequidade" da dominância unipolar do US dólar.
Como contornar o US dólar, bem como o petrodólar, tem sido discutido em cimeiras dos BRICS desde há anos. A Rússia é agora o maior fornecedor de petróleo bruto da China (1,32 milhão de barris por dia no mês passado, mais 17,8% do que no ano anterior). Moscovo e Pequim têm estado a contornar decididamente o US dólar no comércio bilateral. Em Outubro último, a China lançou um sistema de pagamentos em ambas as divisas – o yuan e o rublo. E isso aplicar-se-á ao petróleo russo comprado pela China.
Contudo, todo o edifício do petrodólar repousa na OPEP – e na Casa de Saud – cotar o preço do óleo em US dólares. Como todos precisam das notas verdes para comprar petróleo, todos precisam comprar dívida dos EUA. Pequim começa energicamente a romper o sistema – pelo tempo que for preciso.
O petro-yuan, como se apresenta, não proporciona acesso aos mercados chineses de petróleo. Ele arranca como um grande negócio, especialmente para companhias chineses que precisam comprar petróleo mas que preferem evitar as oscilações de câmbios estrangeiros. Nada muda para o resto das commodities do planeta dominado pelo US dólar – pelo menos por enquanto.
O jogo começará realmente a mudar quando outros países perceberem que descobriram uma alternativa real crível ao petrodólar – e a comutação em massa para o yuan certamente disparará uma crise do US dólar.
O que o petro-yuan pode ser capaz de provocar no curto prazo é uma aceleração das próximas crises em mercados de títulos do tesouro e de acções, as quais inevitavelmente serão propagadas na forma de crise nos mercados globais de divisas.
O cabaz dos recursos pan-eurasianos
O aspecto inovador, por agora, tem a ver principalmente com um cronograma refinado. Pequim carpinteirou um plano a ultra-longo-prazo e ainda assim optou por lançar o petro-yuan bem no meio de um período de deterioração aguda nas relações comerciais com Washington.
A resposta ao enigma geoeconómico tem de ser O Momento Dourado. Finalmente o ouro elevar-se-á a um nível em que Pequim – nessa altura já com o controle total sobre mercados físicos de ouro – sentir-se-á pronta para estabelecer uma taxa de conversão.
O lado "petro" da equação do petrodólar – o Arabian Light – deveria ter sido substituído há muito por um inestimável cabaz de recursos pan-eurasianos. Era no que Dick Cheney sonhava – centrando seus sonhos sobre a riqueza energética da Ásia Central e da Rússia.
Isso não aconteceu. O que temos ao invés é berraria, russofobia maníaca – o que soa mais como indicação ilustrativa de quão precária é a posição das elites banqueiras do ocidente. No topo disto, com o petro-yuan, a China instala a arma chave, incorporada na Belt and Road Initiative, capaz de acelerar o fim do momento unipolar.
Mas isto é apenas o passo inicial num jogo de apostas ultra-altas. Dever-se-ia manter os olhos firmemente cravados nas interpolações entre conectividade comercial e avanços tecnológicos. O petrodólar pode estar em perigo mas está longe de acabado.
29/Março/2018
O original encontra-se em www.atimes.com/article/china-taking-long-road-solve-petro-yuan-puzzle/
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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