quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Portugal | Família de José Afonso rejeita trasladação para Panteão Nacional


A família do compositor José Afonso rejeitou hoje a proposta da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) de trasladação dos restos mortais do músico para o Panteão Nacional.

"José Afonso rejeitou em vida as condecorações oficiais que lhe haviam sido propostas. Foi, a seu pedido, enterrado em campa rasa e sem cerimónias oficiais, em total coerência com a sua vida e pensamento. Por isso, apesar da meritória intenção que inspira a proposta, é a sua vontade que deve ser respeitada" refere uma nota divulgada pela família do criador de "Grândola, Vila Morena".

A nota, assinada por Pedro Afonso, um dos quatro filhos do músico, adianta que "a família considera fundamental a salvaguarda e fruição da obra de José Afonso e a defesa dos seus direitos de autor, contando para tal com o superior envolvimento do Estado Português e da SPA, nomeadamente para que se garanta a recuperação e preservação das gravações originais".

Em comunicado divulgado na terça-feira, a SPA defendeu a trasladação dos restos mortais de José Afonso para o Panteão Nacional, em Lisboa considerando que "é este o tributo e é esta homenagem que Portugal deve a quem como mais ninguém o soube cantar em nome dos valores da liberdade, da democracia, da cultura e da cidadania".

Em maio de 1983, o músico foi homenageado pelo município de Coimbra, tendo recebido a Medalha de Ouro da cidade. Na ocasião o então presidente da câmara, Mendes Silva, agradeceu a José Afonso a quem se dirigiu tendo afirmado: "Volta sempre, a casa é tua". O compositor retorquiu: "Não quero converter-me numa instituição, embora me sinta muito comovido e grato pela homenagem".

Também nesse ano, o então Presidente da República, António Ramalho Eanes, atribuiu a José Afonso a Ordem da Liberdade, mas o cantor recusou-se a preencher o formulário.

Em 1994, o Presidente da República, Mário Soares, tentou condecorar postumamente José Afonso com a Ordem da Liberdade, mas Zélia Afonso recusou, alegando que o músico não desejou a distinção em vida e também não seria condecorado após a sua morte.

JMR (CP) // JPF

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Zeca Afonso no Panteão Nacional… Bem… Já lhe perguntaram se quer? Olhem que não, olhem que não! Sim, o corpo está morto e a carne já se terá ido, mas ele, o Zeca, continua vivo e a pairar por aí. Será eterno. Além disso, agora, qualquer bicho careta vai para o Panteão, até já lá há grandes banquetes e dança cor-de-rosa. Para além de haver uns quantos que nem deviam ali estar porque em vida de sacanas nada lhes faltou. Tinham a formação toda. É assim, condecorações à farta e Panteão ao desbarato. Tudo do grande tamanho da hipocrisia dos que nos (se) governam, de certos e incertos políticos que são deputedos em prol  do sucesso do grande capital, das grandes corporações, dos grandes salafrários, dos grandes ladrões “assertivos e de colarinho branco”.

"Fiquei bastante surpreendida", diz. "Ninguém me contactou, ninguém me disse nada". Zélia Afonso diz que vai conversar com os filhos e só depois a família vai tomar uma posição sobre esta iniciativa.

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