Cidadãos nas cadeias e nos
comandos distritais da PRM de Tete e da Zambézia sujeitos à vergonha. Provedor
de Justiça pode absolutamente nada!
Emildo Sambo | @Verdade
Os cidadãos privados de liberdade
pelas autoridades nos distritos de Macanga, Chifunde e Tsangano, em Tete;
Milange e Mulumbo, na Zambézia; e Nipepe, no Niassa, vivem em situação
deplorável e que até mete dó. Nos estabelecimentos penitenciários provinciais
há reclusos tuberculosos, outros com problemas de pele, por exemplo, que
dividem o mesmo espaço com os demais. O sistema olha de frente para tudo isto
com aparente total indiferença, supostamente porque não existem recursos. É sofrimento
alheio, mas de que o próprio Provedor de Justiça, Isaque Chande, tem
conhecimento desde quando era ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e
Religiosos.
Alguns problemas, já com barbas,
detectados nas instalações em alusão, dizem respeito à sobrelotação das celas,
à falta de alimentação, à precariedade de higiene e saúde e prazos de prisão
preventiva largamente expirados.
Nesta quarta-feira (31), Isaque
Chande foi à Assembleia da República (AR) prestar a sua informação anual na
qualidade de Provedor de Justiça. O documento, produzido e depositado no
Parlamento pelo Provedor cessante, corresponde ao período de Abril de 2017 a Março de 2018.
Os dados por ele tornados público
não deixam dúvidas de que os direitos fundamentais dos cidadãos nas “masmorras”
dos comandos distritais da Polícia da República de Moçambique (PRM) de
Chifunde, Tsangano Chifunde, Milange, Mulumbo e Nipepe estão em constante
perigo. Naquelas instalações foram improvisados compartimentos para manter os
detidos por conta da ausência de cadeias. Os compatriotas sujeitos a esta
realidade vêm-se e desejam-se para sair do calvário ou no mínimo serem
submetidos ao julgamento, mas sem sucesso, porque os magistrados que deviam
proceder à triagem de detidos não o fazem tempestivamente.
Em Chifunde, por exemplo, o
procurador vive na capital provincial e não dispõe de instalações no distrito,
por isso, tem feito triagens de detidos e outros trabalhos no gabinete do chefe
de operações da PRM.
O @Verdade recorda que no
distrito de Mulumbo os reclusos percorrem pelo menos 300 quilómetros até
Milange, onde são submetidos a interrogatório pelo procurador, pois não tem
casa em Mulumbo.
Aliás, em Agosto de 2017, o
ex-governador do Niassa, Arlindo Chilundo, recebeu da população queixas segundo
as quais alguns funcionários da Procuradoria Distrital da República em Nipepe
recebiam quantias elevadas em dinheiro para soltarem criminosos.
Ainda nos distritos de Chifunde,
Tsangano, Macanga, Chifunde, Milange, Mulumbo e Nipepe a corporação deu a
conhecer, ao Provedor de Justiça, que não dispõem de dinheiro para custear as
despesas de alimentação dos detidos, nem de transporte quando eles devem ser
levados aos estabelecimentos penitenciários provinciais.
A alimentação dos presos é
fornecida pelos respectivos familiares mas de forma irregular porque vivem
longe das sedes distritais, por isso, não conseguem efectuar visitas diariamente.
Por conseguinte, os seus parentes em conflito com a lei chegam a permanecer um
ou dois dias sem refeição.
“É o que se passa” também “na 1a.
esquadra da PRM da cidade de Tete”, disse Isaque Chande, aos parlamentares. Ele
esclareceu ainda que há momentos em que a alimentação dos detidos depende da
boa vontade dos agentes da PRM e do juiz.
Nos estabelecimentos
penitenciários de Tete e Macanga, os reclusos passam noites em claro ou “dormem
no chão e em contacto com betão armado” porque as esteiras não chegam para
todos, segundo Chande.
Sem comentários:
Enviar um comentário