Quem queimou os camiões da «ajuda
humanitária»? O que transportavam? Que papel teve a Guarda Nacional
Bolivariana? Desvendamos os «falsos positivos» de um dia marcado por informação
enganosa.
Quem incendiou os camiões?
A Ponte Internacional Francisco
de Paula Santander, na fronteira da Venezuela com a Colômbia, foi um dos
cenários escolhidos pela extrema-direita venezuelana para o denominado «falso
positivo». A estação de televisão TeleSur revelou que quatro camiões
estavam estacionados em solo colombiano com a propalada «ajuda humanitária» da
Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), com
ligações à CIA.
Na tarde de sábado, segundo
testemunhos divulgados pela estação venezuelana, grupos violentos da oposição
incendiaram dois desses camiões com cocktails Molotov, tendo incriminado
de seguida a Guarda Nacional Bolivariana e a Polícia Nacional Bolivariana.
Que tipo de «ajuda humanitária»
transportavam?
Um correspondente da TeleSur revelou
que foram encontrados pregos, fios e apitos nos camiões queimados junto à
fronteira, na localidade de Ureña. Materiais que seriam usados nas «guarimbas»:
acções de violência caracterizadas pelo encerramento arbitrário de ruas,
agressões com objectos contundentes, fios colocados à altura do pescoço e
disparos.
Este tipo de ofensiva contra o governo de Nicolás Maduro
foi iniciado pela extrema-direita em Fevereiro de 2014, data em que
morreram 43 pessoas.
Que responsabilidade teve a
Guarda Nacional Bolivariana nos incêndios?
As imagens mostram que os
elementos da Guarda Nacional Bolivariana estavam em posição de defesa e
resistência, em solo venezuelano, enquanto à sua frente deflagravam os
incêndios.
Onde estava a Cruz Vermelha?
Enquanto se queimavam camiões foi
possível observar pessoas com coletes da Cruz Vermelha. Perante as imagens, o
Comité Internacional da Cruz Vermelha viu-se na obrigação de desmentir a sua
participação na operação de ingerência levada a cabo pelos EUA com a
extrema-direita venezuelana, tendo criticado a utilização abusiva do seu
nome na dita operação «humanitária».
Os camiões chegaram a solo
venezuelano?
Não. Tampouco ultrapassaram a
fronteira com o Brasil, apesar de Juan Guaidó ter afirmado no Twitter que um
primeiro carregamento tinha passado entre a cidade brasileira de Picaraima
e Santa Elena de Uairén, na Venezuela. Os repórteres no local, designadamente um
jornalista da CNN, testemunharam que nenhum camião passou para solo
venezuelano.
O governo de Nicolás Maduro
fechou as fronteiras terrestres com a Colômbia e o Brasil, e marítimas,
com as ilhas holandesas de Aruba, Bonaire e Curaçao, para impedir que os
carregamentos dos EUA entrassem na Venezuela.
A «ajuda humanitária», expressão
que tem servido de pretexto para liquidar a soberania de vários
países, foi denunciada por Caracas como uma tentativa de promover o caos,
o fornecimento de armas aos grupos paramilitares e uma intervenção armada
externa na Venezuela.
Houve deserção de militares
bolivarianos?
Nas primeiras horas da manhã
de sábado, três desertores da Guarda Nacional Bolivariana investiram com dois
carros blindados roubados contra o cordão de segurança junto à Ponte
Internacional Simón Bolívar, tendo ferido com gravidade várias pessoas, entre
as quais uma agente venezuelana e uma fotógrafa chilena, e chegaram à Colômbia,
onde foram recebidos por deputados da extrema-direita venezuelana, com a cumplicidade
da polícia colombiana.
«Não disparem, é um dos nossos»,
gritou um dos deputados da oposição, deixando perceber que se tratava de um
acto planeado e não de uma «deserção massiva» nas fileiras militares
bolivarianas.
AbrilAbril | com imagens @teleSURtv
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