O presidente da Câmara de Alcácer
do Sal critica o Governo pela «falta de respostas» para enfrentar a seca
na bacia hidrográfica do Sado. Agricultores exigem medidas «fora da rotina».
«É uma situação
extraordinariamente preocupante que exige de todos nós medidas para mitigar e
acelerar respostas, que há muito temos defendido e o Governo não tem tomado as
medidas suficientes para resolver este problema ou para atenuar as
consequências das alterações climáticas», disse esta quarta-feira à
agência Lusa Vítor Proença (CDU).
Com os níveis da albufeira de
Pego do Altar, em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal, abaixo dos 50% e
perante esta «dura realidade», Vítor Proença reclama «medidas e acções»,
porque, segundo diz, «se não chover, não há resposta» para enfrentar os efeitos
da seca.
«As barragens são alimentadas
pela água da chuva e se não chove não há água para os agricultores. O arroz de
Alcácer do Sal representa 30% da produção nacional, o que significa que o País
perderá, assim como os agricultores, a economia local, tudo aquilo que o arroz
movimenta, mas também as pastagens, o gado e outras culturas», alertou.
O autarca recorda que no ano
passado, para atenuar os efeitos da seca que atinge a bacia hidrográfica do Rio
Sado, foi constituído um grupo de trabalho «que só recentemente entrou em
funcionamento».
«Em Abril do ano passado reunimos
com o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, e só nove meses depois, e
devido à insistência da Câmara Municipal, é que aceleradamente se veio a
constituir o grupo de trabalho que é coordenado pela Agência Portuguesa do
Ambiente (APA)», criticou.
O grupo de trabalho defende «a
ligação de Alqueva às barragens do Vale do Gaio e de Pego do Altar», uma vez
que «existem soluções técnicas» que a EDIA [Empresa de Desenvolvimento e
Infraestruturas de Alqueva] já ponderou».
«Tem havido uma desvalorização
muito grande em relação a esta matéria, designadamente a ligação de Alqueva a
estas duas barragens [Pego do Altar e Vale do Gaio], que não é nada de
extraordinário e que tem de ser feito», apelou.
Quebra na produção de arroz ronda
os 25%
A Conferação Nacional da
Agricultura (CNA) defende num comunicado que o Governo deve definir e aplicar
medidas de combate à seca a médio e longo prazo, mas aponta propostas que o
Ministério da Agricultura e o Governo devem encarar «desde já», designadamente
a «antecipação das ajudas da Política Agrícola Comum (PAC), as linhas de
crédito bonificado, o apoio directo à alimentação animal (comida e água) e o
reembolso de parte do custo com a electricidade "verde"».
Tendo em conta que períodos
prolongados com falta de chuva vieram para ficar, a CNA diz que, em vez das
respostas «rotineiras», devem ser definidas e aplicadas medidas estatais,
adaptadas a cada região e aos modos de produção, em especial atenção à agricultura
familiar e às produções autóctones, que são mais resistentes à falta de água.
No imediato, alerta para a
possibilidade de as sementeiras da Primavera e do Verão ficarem comprometidas,
se não chover nos meses de Abril e Maio. Realça que as culturas permanentes em
pomares, vinhas e olivais vão «ficar afectadas», havendo já regiões e culturas,
como o arroz, «em que já é alto o grau de carência hídrica e produtiva».
O Agrupamento de Produtores de
Arroz do Vale do Sado (APARROZ), de Alcácer do Sal, já estimou «uma quebra
entre 20 e 25%» da área de cultivo de arroz, devido à seca.
Abril Abril com agência Lusa
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