A trama que retém Assange na
embaixada do Equador há sete anos parece estar para conhecer novo figurino
dentro de horas ou de dias. Ontem, 4/4, o portal Wikileaks afirmava que “Assange
deve ser expulso da embaixada equatoriana em Londres dentro de algumas horas ou
dias”. Da DW segue-se a cronologia do “caso Assange”.
Cronologia do caso Assange
Fundador do Wikileaks está há
quase sete anos na embaixada do Equador em Londres. Relembre
os principais fatos envolvendo o australiano desde a criação da plataforma de
vazamento de dados, em 2006.
Dezembro de 2006: O
Wikileaks é criado para divulgar anonimamente injustiças de "regimes
repressores".
Janeiro de 2007: Começa a
publicação de informes na internet.
Novembro de 2007: O Wikileaks
publica o manual de procedimento militar no Campo Delta da base de Guantánamo,
em Cuba.
Setembro de 2008: O Wikileaks
difunde fotos e trechos de e-mails pessoais da governadora do Alasca e então
candidata à vice-presidente dos Estados Unidos, Sarah Palin.
Abril de 2010: O Wikileaks
divulga vídeo que questiona a versão oficial sobre como o Exército dos Estados
Unidos matou 11 iraquianos em 2007.
Julho de 2010: O Wikileaks
publica 91 mil documentos secretos sobre a guerra no Afeganistão, gerando
grande repercussão na imprensa.
Agosto de 2010: A promotoria
sueca abre uma investigação contra o fundador do Wikileaks, Julian Assange,
acusado de assédio sexual. No mesmo mês, o Partido Pirata da Suécia cede ao
Wikileaks seus servidores para alojar os conteúdos da plataforma.
Outubro de 2010: O Wikileaks
publica 391 mil documentos do Pentágono.
Novembro de 2010: O
Wikileaks começa a liberar mais de 250 mil documentos diplomáticos
confidenciais dos EUA.
2 de dezembro de 2010: O
servidor francês OVH, em Roubaix, acolhe o Wikileaks depois que a americana
Amazon rescindiu o contrato com o site. Wikileaks.org é desalojado do sistema
de domínios da EveryDNS e se aloja num IP suíço.
7 de dezembro de 2010: Assange
é detido pela polícia de Londres pelas acusações que recebeu na Suécia. Nove
dias depois, é liberado após pagamento de fiança.
Fevereiro de 2011: O juiz
britânico Howard Riddle aprova a extradição de Assange para a Suécia.
Agosto de 2011: Nos últimos
cinco dias do mês, o Wikileaks publica cerca de 230 mil documentos da diplomacia
dos Estados Unidos.
Outubro de 2011: Assange
anuncia em Londres que o Wikileaks deixa de publicar documentos oficiais
secretos por falta de financiamento.
Novembro de 2011: O Tribunal
Superior de Londres dá luz verde para a extradição de Assange para a Suécia.
Janeiro de 2012: A rede de
televisão Russia Today anuncia que Assange irá entrevistar políticos e
personalidades de todo o mundo numa série de programas. A primeira das
entrevistas acontece dois meses depois, com o presidente do Equador, Rafael
Correa.
14 de junho de 2012: O
Supremo Tribunal do Reino Unido rejeita uma petição de Assange para reabrir o
seu caso, a fim de evitar sua extradição à Suécia.
19 de junho de 2012: O
ministro do Exterior do Equador, Ricardo Patiño, informa que Assange está na
embaixada do Equador em Londres e pediu asilo político.
20 de junho de 2012: A
polícia londrina adverte que Assange violou as condições de prisão domiciliar e
pode ser detido. Três dias depois, a polícia entrega uma carta a Assange para
que ele se apresente pessoalmente à delegacia.
20 de junho de 2012: O
porta-voz de Assange garante que ele não se entregará à polícia e permanecerá
na embaixada.
5 de julho de 2012: O Wikileaks
anuncia que começou a publicar mais de 2,4 milhões de e-mails de importantes
figuras políticas e empresas relacionadas ao regime sírio.
25 de julho de 2012: O
jurista espanhol Baltasar Garzón passa a integrar a equipe de advogados de
Assange. Cinco dias depois, Christine Assange, mãe do fundador do Wikileaks,
reúne-se com o Ministro do Exterior do Equador, em Quito, e diz que há um júri
nos Estados Unidos que estuda evidências para apresentar possíveis acusações
contra seu filho.
6 de agosto de 2012: O
procurador-geral australiano, Nicola Roxon, reitera que a Austrália não pode
fazer mais nada por Assange. Dez dias depois, o Equador anuncia que concedeu
asilo político a Assange.
19 de agosto de 2012: A
União de Nações Sul-Americanas (Unasul) respalda o Equador diante da
"ameaça" que disse ter recebido do Reino Unido de invadir sua
embaixada em Londres.
24 de agosto de 2012: A
Organização dos Estados Americanos (OEA) aprova uma resolução mostrando
"solidariedade e apoio" ao Ecuador. No dia seguinte, o Equador
anuncia retomar o diálogo direto com o Reino Unido e a Suécia para buscar
soluções para o caso Assange.
30 de agosto de 2012: Garzón
afirma que "está claro" que há nos Estados Unidos "uma
investigação por parte de um júri secreto" contra Assange.
17 de junho de 2013: Reino
Unido e Equador concordam em criar uma comissão de juristas dos dois países
para encontrar uma solução para o caso.
19 de junho de 2013: Assange
completa um ano na embaixada.
Julho de 2013: O ministro do
Exterior do Equador revela a descoberta de uma escuta clandestina na embaixada
em Londres.
Outubro de 2013: Equador
anuncia que o Reino Unido descartou criar uma comissão conjunta para estudar
uma solução para o caso.
Janeiro de 2014: O
presidente do Equador diz que a solução do caso está nas mãos dos
europeus.
Fevereiro de 2014: Os
advogados suecos de Assange pedem que ele seja interrogado na embaixada do
Equador em Londres.
17 de junho de 2014: Correa
denuncia que a retenção forçada de Assange fere os direitos humanos.
18 de junho de 2014: A
defesa de Assange pede à ONU uma investigação "independente" sobre os
crimes pelos quais Assange é acusado na Suécia, bem como uma revisão das ações
do Ministério Público e das autoridades do país.
19 de junho de 2014: Assange
completa dois anos na embaixada do Equador em Londres.
18 de agosto de 2014: Assange
anuncia que deixará a embaixada "em breve".
19 de junho de 2015: O
fundador do Wikileaks completa três anos na embaixada equatoriana.
4 de fevereiro de 2016: O
Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária das Nações Unidas determinou que a
prisão decretada contra Assange está "detido arbitrariamente" pelo
Reino Unido e pela Suécia. Segundo o grupo, o australiano deveria ter permissão
para sair livremente da embaixada do Equador em Londres e ser indenizado pelos
três anos e meio em que ficou recluso até então.
19 de junho de 2016: Assange
chega a quatro anos de isolamento na embaixada do Equador.
14 de novembro de 2016: A
procuradora sueca Ingrid Isgren chega à embaixada equatoriana para interrogar
Assange, acompanhada da inspetora de polícia da Suécia e do embaixador
equatoriano Carlos Ortiz, responsável pela condução do interrogatório.
19 de maio de 2017: A
promotoria sueca arquiva o inquérito contra Assange, encerrando a investigação
preliminar da acusação de estupro. A procuradora-chefe Marianne Ny afirmou que
a permanência de Assange na embaixada do Equador impediu a execução do pedido
de extradição e não era mais possível realizar a transferência em tempo
"razoável". Ela lamentou não poder prosseguir o inquérito e disse que
a decisão de interrompê-lo não implica qualquer tipo de julgamento sobre a
culpa do acusado.
19 de junho de 2017: O
fundador do Wikileaks completa cinco anos na embaixada equatoriana.
12 de dezembro de 2017: O
Equador concede a Assange a cidadania equatoriana. Ao confirmar a medida no mês
seguinte, a então ministra do exterior, María Fernanda Espinosa, afirma que a
naturalização dá mais proteção ao asilado.
11 de janeiro de 2018: O
Reino Unido afirma ter rejeitado um pedido de Quito para garantir a Assange
status diplomático, o que lhe teria dado certos direitos a imunidade legal e
potencialmente lhe permitido deixar a embaixada sem ser preso.
24 de janeiro de 2018: O
presidente do Equador, Lenín Moreno, afirma que o caso Assange é como "uma
pedra no sapato" do país sul-americano.
6 de fevereiro de 2018: A
Justiça britânica rejeita um recurso da defesa e mantém uma ordem de prisão
contra Assange, ditada após ele violar as condições da sua liberdade
condicional no Reino Unido ao entrar na embaixada equatoriana em Londres.
29 de março de 2018: O
governo do Equador restringe o acesso de Assange à internet em sua embaixada em
Londres, por ele ter violado um acordo no qual se comprometia a não opinar
sobre questões de outros países. A medida é adotada após Assange criticar no
Twitter a prisão do ex-líder catalão Carles Puigdemont e questionar se Moscou
foi responsável pelo envenenamento de um ex-espião russo na Inglaterra.
Outubro de 2018: O Equador
impõe novas regras a Assange, afirmando que ele deve limpar o próprio banheiro,
cuidar de seu gato e pagar pela eletricidade e internet que utiliza. No mesmo
mês, um juiz equatoriano rejeita a queixa de Assange de que as novas regras
estariam violando seus direitos.
22 de dezembro de 2018: Um
tribunal do Equador rejeita um recurso de Assange contra restrições sofridas
por ele na embaixada equatoriana em Londres. Entre outras coisas, durante meses o
fundador do Wikileaks foi proibido de receber visitas, telefonar e usar a
internet.
23 de janeiro de 2019: Os
advogados de Assange pedem à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)
por uma "intervenção urgente" em seu caso, pressionando pelo apoio do
órgão para forçar o governo do presidente americano, Donald Trump, a revelar
um suposto
indiciamento em sigilo do fundador do Wikileaks e garantir que o
Equador o proteja de uma extradição para os EUA.
15 de março de 2019: A CIDH
rejeita a queixa de Assange.
2 de abril de 2019: O
presidente do Equador, Lenín Moreno, acusa Assange de violar repetidamente os
termos de seu asilo. Em resposta, o Wikileaks afirma que as declarações de
Moreno são uma retaliação após o portal divulgar alegações de corrupção contra
o presidente.
4 de abril de 2019: O portal
Wikileaks afirma que Assange deve ser expulso da embaixada equatoriana em
Londres dentro de algumas horas ou dias.
CE/RC/LPF/rtr/dpa/afp | Deutsche Welle
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