Em depoimento na Câmara, o
jornalista Glenn Greenwald se disse "chocado" com as relações promiscuas que ficaram registradas nas conversas de Telegram entre o ex-juiz
Sergio Moro e os procuradores de Curitiba
Jornal GGN – O jornalista
Glenn Greenwald afirmou, durante depoimento na Comissão de Direitos Humanos da
Câmara dos Deputados, nesta terça (25), que o ex-juiz Sergio Moro “colaborava o
tempo todo” com o Ministério Público Federal no processo que levou o
ex-presidente Lula à prisão e o impediu de disputar a eleição presidencial de
2018. Ele ainda disse que ficou “chocado” quando começou a ler as conversas de
Telegram entre Moro e a força-tarefa da Lava Jato.
“Não era às vezes, era o tempo
todo colaborando”, afirmou o jornalista. “É impensável que um juiz se comporte
assim, em qualquer caso. Seja em casos pequenos, ou em um caso importante como
esse”, acrescentou.
Moro, de acordo com Glenn, era
tratado pelos procuradores como “chefe” da operação. Ele colaborava com o Ministério
Público ativamente e, depois, entrava nas audiências, na presença dos advogados
de defesa, e “fingia que era neutro”.
Segundo Glenn, quando ele recebeu
o material de sua fonte – mantida sob anonimato – a primeira coisa que ele fez,
“enquanto jornalista”, foi ler o dossiê e consultar “professores de Direitos,
juristas, advocados, de direita à esquerda, mas pessoas sem perspectivas
políticas fortes, para entender o material.”
Contrariando a tese de Sergio
Moro, de que há um crime de hacking em andamento, Glenn explicou que
recebeu as conversas e outros documentos de uma vez só, sem ter participado de
qualquer parte do processo ilegal (o vazamento) para obtê-los.
O jornalista ainda afirmou que
Moro não é honesto quando diz que o material não é autêntico. A estratégia,
disse ele, ainda por cima é ruim, porque o ex-juiz não mostrou sequer uma
evidência de adulteração das conversas divulgadas até agora.
Ele ainda lembrou que a Folha de
S. Paulo fechou parceria com o Intercept para fazer as reportagens sobre o
dossiê, e que o jornal cruzou mensagens trocadas entre seus repórteres e
membros da Lava Jato, que estariam presentes no material. Assim, a Folha confirmou
que os diálogos não foram alterados.
O Intercept divulga desde o dia 9
de junho uma série de reportagens sobre mensagens de Telegram trocadas entre
Moro e procuradores da Lava Jato. As conversas demonstram que Moro dava dicas
de investigação fora dos autos, traçava estratégias de defesa na imprensa,
demandava ações específicas do Ministério Público e tratava a defesa de Lula
com desdenho.
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