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Bolsonaro soltou sua metralhadora
de mentiras e impropérios durante a semana. O presidente que já mentiu em público mais de 200 vezes desde janeiro
resolveu usar mais uma vez a estratégia para desviar a atenção dos filhos: um
fritador de frango que sonha virar embaixador, outro enrolado com seu próprio
laranjal. A cortina de fumaça serviu muito bem. Enquanto Bolsonaro inventava histórias sobre Miriam Leitão, o Brasil Real
Oficial, uma newsletter escrita pelo jornalista Breno Costa, monitorou o
estrago que o governo faz no país. Abaixo, alguns tópicos para que vocês
repassem adiante. São essas coisas que merecem nossa atenção.
Uma portaria (assinada pelo ministro da Educação, Abraham
Weintraub) tirou das mãos dos reitores da universidades federais o direito de
nomeação dos pró-reitores. As nomeações serão feitas agora pela Casa Civil e
passarão pela aprovação da Secretaria de Governo. Ou seja: o governo concentra
mais poder em Brasília e poderá, eventualmente, nomear pró-reitores para
sabotar projetos ou tumultuar gestões. A destruição do conhecimento é, como se sabe, uma das etapas dos regimes autoritários.
Bolsonaro criou um grupo de apenas três pessoas, todas do governo
federal, e deu prazo de somente 30 dias para concluir um “estudo” (use aspas,
por favor) para a “simplificação do regime de outorga” da lavra garimpeira. Ou
seja: em pouco tempo, deverá ser ainda mais fácil ter autorização para
garimpar, sobretudo, ouro e diamante, no país que já sofre uma epidemia de garimpo e que sente a pressão de fundos
bilionários ameaçando cortar ajuda à Amazônia pelo evidente
compromisso do governo – e de Ricardo “Yale” Salles – com a destruição da floresta.
O governo decidiu levar o Conselho Superior do Cinema para a
Casa Civil. O órgão estava no Ministério da Cultura. Isso concentra, mais uma
vez, poder no núcleo de Brasília. Além de jogar o órgão no colo de Onyx
Lorenzoni, o decreto ainda reduziu de nove para cinco o número de
representantes da indústria do audiovisual e da sociedade civil no grupo. O
governo também tinha nove cadeiras. Agora, Brasília tem sete. Virou maioria.
Em apenas uma semana, distraindo a opinião pública com mentiras e insanidades, Bolsonaro amassou ainda mais as universidades federais (responsáveis por 90% da pesquisa no país), apontou para mais destruição do meio ambiente por meio de uma farra do garimpo, afrouxou o combate à corrupção e se pôs em guerra com a indústria do audiovisual – que movimenta bilhões. Bolsonaro é um trator em movimento. Cabe prestar menos atenção no ronco do motor e mais nas implacáveis esteiras.
Leandro Demori - Editor Executivo
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