"Usem-no para reflorestar a
Europa"
O anúncio da rejeição da ajuda
financeira do G7 foi feito pelo ministro brasileiro da Casa Civil, Onyx
Lorenzoni. O número de incêndios no Brasil aumentou 83% este ano,
O ministro brasileiro da Casa
Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou esta segunda-feira que o Governo rejeitará a
ajuda de 20 milhões de dólares (17,95 milhões de euros) oferecida pelo G7 para
combater os incêndios na Amazónia.
A informação foi obtida pelo portal de notícias G1 , tendo sido confirmada
pela assessoria do Palácio do Planalto, sede do Governo brasileiro.
"Agradecemos, mas talvez
esses recursos sejam mais relevantes para reflorestar a Europa. Macron
(Presidente francês) não consegue sequer evitar um previsível incêndio numa
igreja que é património da humanidade (incêndio na Catedral de Notre-Dame) e
quer ensinar o quê para nosso país? Ele tem muito o que cuidar em casa e nas
colónias francesas", disse Onyx ao G1.
Na cimeira do G7, dos países mais
industrializados do mundo, participaram durante o fim de semana os líderes da
Alemanha, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália, Japão e Reino
Unido.
Porém, Onyx Lorenzoni acredita
que Macron poderá ter "objetivos colonialistas" na ajuda atribuída
pelo G7.
"O Brasil é uma nação
democrática, livre e nunca teve práticas colonialistas e imperialistas como
talvez seja o objetivo do francês Macron", acrescentou o ministro da Casa
Civil.
As declarações de Onyz
assemelham-se às do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, que quando
confrontado com a oferta de ajuda do G7 mostrou ter dúvidas acerca da intenções
desses países.
"Será que alguém ajuda
alguém, a menos que seja pobre, sem retorno? Isto é, sem esperar por algo em
troca", questionou Bolsonaro, junto à entrada do Palácio da Alvorada, sua
residência oficial.
O chefe de Estado do Brasil
mostrou a capa do jornal brasileiro "O Globo", cuja manchete
principal dizia: "Macron promete ajuda dos países ricos para a
Amazónia".
Com o jornal nas mãos, Jair
Bolsonaro insistiu e perguntou: "O que eles querem na Amazónia por tanto
tempo?".
Sem mencionar qualquer país em
particular, o Presidente brasileiro disse que, no final da semana passada,
falou com "líderes excecionais" sobre a grave situação gerada pelos
incêndios na Amazónia, que na sua opinião realmente desejam colaborar com o
Brasil na luta contra as chamas.
Posição diferente teve na
segunda-feira o ministro do Meio Ambiente brasileiro, Ricardo Salles, que
afirmou que a ajuda anunciada pelo G7 aos países atingidos pelos incêndios da
Amazónia é "sempre bem-vinda".
"Acho uma excelente medida,
é muito bem-vinda", disse Salles, citado pelo portal de notícias G1.
O número de incêndios no Brasil
aumentou 83% este ano, em comparação com o período homólogo de 2018, com 72.953
focos registados até 19 de agosto, sendo a Amazónia a região mais afetada.
A Amazónia é a maior floresta
tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do
planeta.
Tem cerca de 5,5 milhões de
quilómetros quadrados e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia,
Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à
França).
TSF | Lusa
Na imagem: O Presidente Jair
Bolsonaro diz não querer conversar com os líderes mundiais que querem
"continuar vigiando o Brasil" © Adriano Machado/Reuters
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