Líder do Partido Trabalhista saiu
à rua para se juntar aos milhares de britânicos que nesta tarde protestaram
contra a decisão de Boris Johnson em suspender o Parlamento britânico no
período que antecede o Brexit. E deixou recados.
Jeremy Corbyn foi dos políticos
britânicos que saíram à rua para se juntar aos protestos anti-Brexit. O líder
do Labour, que discursava em Glasgow, na Escócia, na George Square, dirigiu-se
especificamente ao primeiro-ministro, Boris Johnson, dizendo-lhe: "Nem
pense que nos tira da UE sem acordo, vamos travá-lo. Dê ao povo os seus
direitos e deixe-o definir o seu futuro."
Corbyn manifestou ainda, perante uma multidão, sentir-se orgulhoso por estar ali e ter aquele apoio. Voltando a repetir: "Nem pense, é o nosso Parlamento." O líder dos trabalhistas referia-se assim à decisão tomada pelo primeiro-ministro, nesta semana, e já aceite pela rainha, de suspender o Parlamento por dois meses, prazo que antecede o Brexit.
Corbyn manifestou ainda, perante uma multidão, sentir-se orgulhoso por estar ali e ter aquele apoio. Voltando a repetir: "Nem pense, é o nosso Parlamento." O líder dos trabalhistas referia-se assim à decisão tomada pelo primeiro-ministro, nesta semana, e já aceite pela rainha, de suspender o Parlamento por dois meses, prazo que antecede o Brexit.
O trabalhista referiu ainda que
os protestos que se registaram em mais de 30 cidades do Reino Unido e que
levaram milhares à rua "são uma demonstração de como as pessoas estão
revoltadas com o que está a acontecer".
As vozes dos trabalhistas
fizeram-se ouvir hoje contra Boris Johnson. John McDonnell, que discursou em
Londres, junto a Downing Street, acusou mesmo o primeiro-ministro de ser
"um ditador". Lembrando que no passado "já derrotámos ditadores.
Por isso, também derrotamos o ditador Johnson".
Durante toda a tarde, em Londres,
Belfast, York, Liverpool, Glasgow, Manchester, milhares de manifestantes
reuniram-se para mostrar a sua insatisfação com este governo. Em Londres,
milhares juntaram-se perto do n.º 10 de Downing Street e bloquearam o trânsito
na cidade.
Até ao final da tarde, as
autoridades londrinas apenas tinham detido três pessoas que participaram neste
protesto.
Em Londres, gritou-se "Boris
Johnson, tem vergonha" e mostraram-se faixas prometendo "defender a
democracia". Os manifestantes gritaram também "parem o golpe" e
agitaram bandeiras da União Europeia, numa tentativa de resistir à paralisação
do Parlamento, segundo relata o jornal The Guardian.
Num grupo do Facebook criado para
convocar o evento de protesto da capital, chamado "Pare o golpe, defenda a
democracia", os organizadores escreveram que "Boris Johnson está a
tentar encerrar a nossa democracia para que ele possa cumprir a sua agenda no
Brexit. Não podemos confiar apenas nos tribunais ou no processo parlamentar
para salvar o dia. Todos temos o dever de nos levantar e fazer que nos
ouçam", segundo o jornal britânico.
Os protestos estão a ser
organizados por vários grupos, incluindo o Momentum, ligado ao Partido Trabalhista
de Jeremy Corbyn. "Esta é a nossa democracia e não permitiremos que um
primeiro-ministro não eleito faça esse assalto ao poder", disse Laura
Parker, coordenadora nacional do Momentum, à multidão que se juntou do lado de
fora dos portões do n.º 10 de Downing Street. "Ele quer desligar o sistema
e esconder-se... Nós sabemos onde você mora, Sr. Johnson."
Em Liverpool, a conta oficial da
autarquia local (City Council) partilhou no Twitter um vídeo a dar conta de
milhares de pessoas em protesto, com a hashtag #DefendOurDemocracy
(Defende a Nossa Democracia).
E nas redes sociais
multiplicam-se imagens ou vídeos dos protestos em várias cidades do Reino
Unido.
O plano de Boris Johnson tem
também a oposição de alguns deputados no Parlamento, que planeavam introduzir
legislação nesta semana para prevenir uma saída desordenada da União Europeia.
Na sexta-feira, o
primeiro-ministro britânico avisou os deputados que travar o Brexit a 31 de
outubro "causará danos duradouros à confiança das pessoas na
política" e alegou que a ameaça de saída sem acordo facilita as
negociações com Bruxelas.
Neste sábado, e após os protestos
de milhares na rua, vários órgãos de comunicação social britânicos davam conta
de que Boris Johnson estaria já a preparar uma estratégia para manter a
fidelidade nas fileiras dos conservadores, a qual consistiria em retirar das
listas às próximas eleições todos os deputados que se manifestaram contra a
saída da UE sem um acordo.
O encerramento do Parlamento por
Johnson está também a ser alvo de três processos judiciais separados.
Na sexta-feira, um tribunal de
Edimburgo escusou-se a travar - para já - a suspensão do Parlamento britânico
pedida pelo primeiro-ministro e autorizada pela rainha Isabel II na última
quarta-feira. O Parlamento ficará suspenso durante cinco semanas, a partir de
um dia ainda por determinar - mas que será obrigatoriamente entre 9 e 12 de
setembro -, até 14 de outubro.
Nesse período, Boris Johnson diz
querer "apresentar uma nova agenda legislativa nacional ousada e ambiciosa
para a renovação do país após o Brexit". Mas o anúncio foi recebido com
fúria pelos deputados, que prometeram usar todas as figuras legais disponíveis
para bloquear a suspensão, que dizem não ser mais do que uma forma de impedir a
ação dos parlamentares nas semanas anteriores à data prevista para o Brexit, a
31 de outubro.
Entretanto, também na
sexta-feira, o antigo primeiro-ministro John Major afirmou-se disponível para
apoiar uma ação judicial contra a suspensão da atividade parlamentar. "Prometi
que, se o primeiro-ministro suspendesse o Parlamento para impedir que os
deputados se opusessem aos planos do Brexit, pediria um controlo judicial da
sua ação. Tendo em vista a iminência da suspensão, e para evitar
duplicação de esforços e ocupar o tempo do tribunal por meio da repetição,
pretendo solicitar a permissão do tribunal para intervir na ação já iniciada
por Gina Miller, em vez de iniciar um processo separado", anunciou.
Primeiro-ministro entre 1990 e
1997, John Major pertence ao Partido Conservador de Boris Johnson, mas opõe-se
à saída do Reino Unido da União Europeia e defende um novo referendo.
Diário de Notícias
Fotos: Manifestações reprovam
Boris Johnson em dezenas de cidades do país | Reuters/Henry Nicholls
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