sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Portugal | "Perdoa-me", é campanha!


Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião

A ideia de António Costa (que afinal era de Rui Rio, mas que já tinha sido aplicada pelos reitores), o "perdoa-me" do PAN e a social-democracia de Catarina Martins. Ainda em fase de pré-campanha, já há alguns tesourinhos para guardar. O que nos esperará mais até à ida às urnas?

Da água a evaporar-se das barragens, da bloquista agora social-democrata, até à possibilidade de sessões de reconciliação entre condenados por crimes violentos e familiares das vítimas ou com as próprias vítimas, do PAN, lá vamos cantando e rindo até outubro.

Pelo meio, temos a promessa de António Costa em lançar o "Erasmus Interior" para os universitários que "só conhecem o país da onda do surf". Uma "boa ideia" que foi reclamada por Rui Rio, que já a tinha apresentado "há meses". Mas, como a memória às vezes é traiçoeira, o líder do PSD esqueceu-se que a proposta já tinha sido levada ao Parlamento, em março, e chumbada pelo PS, BE, PCP e PEV. Confuso? Talvez, mas quem terá ficado muito baralhado foram os reitores portugueses. A mobilidade interna para estudantes afinal já existe e está prevista em dois programas desenvolvidos pelo Conselho de Reitores e Conselho dos Politécnicos. Só faltou que a medida viesse a ser reivindicada por alguns promotores de festivais de verão que, na verdade, têm feito mais pelo interior do país que muitos atores políticos.

O combate eleitoral tem destas coisas. Mas, mesmo com uma agenda preenchida com tantas entrevistas televisivas e idas a feiras, não é normal que quem procura o nosso voto se esqueça dos elevados índices de abstenção que têm marcado os últimos atos eleitorais.
Os nossos políticos continuam a incorrer no erro de usar a mesma fórmula de sempre, no mesmo tom de sempre, com a mesma gravata de sempre, sem perceber que o Mundo mudou. As pessoas estão diferentes e o acesso à informação é distinto.

E se pensarmos que os eleitores fixam estas frases mais típicas de "silly season", e não as propostas programáticas, percebemos que a mensagem está toda errada.

Ninguém se surpreenda quando a abstenção voltar a ser o verdadeiro Governo eleito.

*Diretor adjunto

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