Manuel Molinos* |
Jornal de Notícias | opinião
A ideia de António Costa (que
afinal era de Rui Rio, mas que já tinha sido aplicada pelos reitores), o
"perdoa-me" do PAN e a social-democracia de Catarina Martins. Ainda
em fase de pré-campanha, já há alguns tesourinhos para guardar. O que nos
esperará mais até à ida às urnas?
Da água a evaporar-se das
barragens, da bloquista agora social-democrata, até à possibilidade de sessões
de reconciliação entre condenados por crimes violentos e familiares das vítimas
ou com as próprias vítimas, do PAN, lá vamos cantando e rindo até outubro.
Pelo meio, temos a promessa de
António Costa em lançar o "Erasmus Interior" para os universitários
que "só conhecem o país da onda do surf". Uma "boa ideia"
que foi reclamada por Rui Rio, que já a tinha apresentado "há meses".
Mas, como a memória às vezes é traiçoeira, o líder do PSD esqueceu-se que a
proposta já tinha sido levada ao Parlamento, em março, e chumbada pelo PS, BE,
PCP e PEV. Confuso? Talvez, mas quem terá ficado muito baralhado foram os
reitores portugueses. A mobilidade interna para estudantes afinal já existe e
está prevista em dois programas desenvolvidos pelo Conselho de Reitores e
Conselho dos Politécnicos. Só faltou que a medida viesse a ser reivindicada por
alguns promotores de festivais de verão que, na verdade, têm feito mais pelo
interior do país que muitos atores políticos.
O combate eleitoral tem destas
coisas. Mas, mesmo com uma agenda preenchida com tantas entrevistas televisivas
e idas a feiras, não é normal que quem procura o nosso voto se esqueça dos
elevados índices de abstenção que têm marcado os últimos atos eleitorais.
Os nossos políticos continuam a
incorrer no erro de usar a mesma fórmula de sempre, no mesmo tom de sempre, com
a mesma gravata de sempre, sem perceber que o Mundo mudou. As pessoas estão
diferentes e o acesso à informação é distinto.
E se pensarmos que os eleitores
fixam estas frases mais típicas de "silly season", e não as propostas
programáticas, percebemos que a mensagem está toda errada.
Ninguém se surpreenda quando a
abstenção voltar a ser o verdadeiro Governo eleito.
*Diretor adjunto
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