domingo, 17 de novembro de 2019

Despartidarização das instituições do Estado é prioridade para nova liderança da UNITA


ANGOLA

Numa altura em que ainda se analisa a composição da nova direção do partido, o presidente Adalberto Costa Júnior, disse ainda que vai lutar pela devolução do património da UNITA que está na posse do Governo angolano.

A eleição de Adalberto Costa Júnior ao cargo de presidente da UNITA vai levar para a direção do maior partido da oposição angolana muita juventude e também nomes sonantes que há muito tempo estão afastados das estruturas do topo da organização, soube a DW África através de fontes do galo negro.

A comissão permanente da segunda força política de Angola está reunida desde a noite de sexta-feira (15.11), altura em que foi revelado o nome do vencedor das eleições do partido. Os membros estão analisar a lista do pessoal que vai compor a direção.

Quem será a nova direção?

O nome do general Paulo Lukamba Gato, figura que dirigiu o partido depois da morte de Savimbi até ao congresso, que elegeu Isaías Samakuva em 2003, é apontado como o possível vice-presidente. Sabe-se também que Adalberto Costa Júnior terá uma mulher no cargo de vice-presidente. Já para secretário-geral do partido, fala-se do nome do ex-secretário provincial de Luanda da UNITA, Álvaro Chikwamanga.

O novo líder da oposição angolana conquistou 50% mais um dos votos, conforme previsto nos estatutos da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), num universo de 960 eleitores, segundo uma fonte partidária.




Objetivos

Esta sexta-feira (15.11), Adalberto Costa Júnior disse que a sua equipa vai trabalhar para defender a devolução do património da UNITA que está em posse do Governo angolano. Lutar pela despartidarização dos órgãos do Estado é outra das tarefas da nova presidência, disse.

"Entendemos que, sem a revisão da Constituição, sem a despartidarização das instituições do aparelho do Estado, sem uma Comissão Nacional Eleitoral independente, sem uma justiça isenta e credível, sem um regulador do sistema financeiro independente do Executivo, o país não terá condições para se desenvolver como todos esperamos", disse Adalberto Costa Júnior durante o seu discurso de tomada de posse.

A nova direção da UNITA tem a missão de, no próximo ano, vencer as primeiras eleições autárquicas que o país vai realizar. Com a eleição de uma figura com apoio popular, os militantes da  UNITA esperam chegar também ao poder em 2022.

É também este o desejo de Isaías Samakuva, que liderou o partido durante dezasseis anos. O presidente cessante do galo negro afirma que vai continuar na vida política ativa e já está a preparar as suas memórias sobre o tempo que liderou a maior força política da oposição angolana, uma tarefa que, a seu ver, foi bem sucedida:

"Acho que sim, por isso mesmo, é que me sinto aliviado. Vou continuar ativo na política, tenho as minhas memórias por escrever, tenho vários outros livros também, alguns em quase acabados. Tenho muitos planos para o meu futuro", afirmou.

Quem é o novo presidente da UNITA?

Nascido em Quinjenje, que pertence, atualmente, ao Huambo, a 8 de maio de 1962, Adalberto Costa Júnior é deputado. É formado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior de Engenharia do Porto, e em Ética Pública na Pontifícia Universidade Gregoriana, e militante da UNITA desde 1975.

Adalberto Costa Júnior já exerceu vários cargos de direção: foi responsável da JURA no Porto, em Portugal, e representante da UNITA em Portugal, Itália e no Vaticano.

No seio da UNITA, assumiu as funções de Secretário Provincial em Luanda, secretário para a Comunicação e Marketing, porta-voz, secretário Nacional para os Assuntos Patrimoniais, Primeiro Vice-Presidente e presidente do Grupo Parlamentar.

"Eleição de ACJ representa menos um tabú"

Para o jornalista e analista político, Alexande Neto Solombe, o novo presidente da UNITA vai ter de explicar aos militantes, quais os sacrifícios a consentir para ganharem as eleições de 2022.

"O que acontece é que os partidos, ontem movimentos, carregam sempre pesadas heranças que os convertem em organizações assistencialistas, perdendo muita da energia ou até gerar tensões internas. Uma oposição forte obriga o MPLA a deixar as zonas de conforto e eventualmente aproximar-se dos equilíbrios. A eleição de ACJ representa menos um tabú e é a quebra de um "pau" de arremesso contra a UNITA, explorado pelos seus adversários".

A eleição de Adalberto Costa Júnior, a 15 de novembro de 2019, foi felicitada pelo Presidente da República, João Lourenço, que na sua conta do Twitter escreveu: "Felicito Adalberto Costa Júnior pela sua eleição a Presidente do maior partido da oposição. Que esta eleição represente o fortalecimento da oposição, a bem da democracia".

Borralho Ndomba (Luanda) | Deutsche Welle

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