Apesar do esforço dos partidos em
fazer alianças, analistas advertem que transferência de votos não deve ser
"automática".
O cenário político da
Guiné-Bissau está a configurar-se para a disputa da segunda volta das eleições
presidenciais, marcada para 29 de dezembro. Domingos Simões Pereira, o
candidato do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC) enfrentará nas urnas Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para
Alternância Democrática (MADEM-G15).
Enquanto se negoceiam alianças,
os observadores estão céticos quanto a uma transferência automática de votos.
O analista político Suleimane
Cassamá acredita que as alianças políticas que estão a ser desenhadas não terão
o efeito desejado. Para ele, a ideia de transferência de votos não é
automática. "Não se pode pensar que vamos apoiar o fulano e [ele] já terá
os votos dirigidos. Isso não vai acontecer."
Os grupos de jovens que estiveram
com José Mário Vaz e Carlos Gomes Júnior na primeira volta anunciaram apoio a
Simões Pereira. Por sua vez, Gomes Júnior e Nuno Nabiam - dois candidatos
derrotados na primeira volta - anunciaram que estarão ao lado de Sissoco Embaló
na reta final das presidenciais.
Debates no APU-PDGB
A aliança entre Nabiam e Sissoco
Embaló está a tornar-se um capítulo à parte na disputa por aliados. A
aproximação entre os dois políticos não terá sido bem aceite por muitos membros
da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau
(APU-PDGB), partido de Nabiam. O partido poderá pronunciar-se em breve para se
distanciar da atitude do seu líder.
Um integrante do APU-PDGB revelou
à DW África que o apoio de Nabiam a qualquer um dos candidatos à segunda volta
"deveria ter sido decidido pelos órgãos do partido".
Para o analista Cassamá, Nabiam
não conseguiu convencer o seu próprio partido a apoiar a sua candidatura na
primeira volta, então "dificilmente isso ocorrerá com uma candidatura
diferente”.
O acordo que consolidou a aliança
entre Nabiam e Embaló foi assinado no Senegal, na terça-feira (03.12). Nuno
Nabiam é o líder do APU-PDGB, partido que representa a quarta força no
Parlamento e integra o atual Governo do PAIGC.
Discurso e mobilização
O analista político Bacar Camará
opina que o discurso e a capacidade de mobilização dos candidatos serão fatores
determinantes para a vitória na segunda volta.
"A capacidade de gerar uma
narrativa que crie expetativa e repudie aquilo que se introduziu na nossa
democracia: uma ameaça de fragmentação social e da nossa convivência pacífica,
que é o argumento étnico-religioso."
Na terça-feira, a Comissão
Nacional de Eleições (CNE) definiu por sorteio que o boletim de voto da segunda
volta terá Simões Pereira na primeira posição e Sissoco Embaló na segunda.
Iancuba Dansó (Bissau) Deutsche
Welle
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