domingo, 21 de abril de 2019

Portugal | Ensinamentos a retermos


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

Analisando a greve dos Motoristas de Transporte de Matérias Perigosas, a justeza das suas reivindicações, o comportamento dos atores envolvidos, os impactos daquela luta na sociedade; e, procurando refletir sobre o que nestes dias preocupava o comum dos cidadãos, tenho esperança que todo este processo nos ajude a tomar consciência de algumas realidades de que porventura andamos esquecidos.

O trabalho é e continuará a ser central na economia e na sociedade. Alteram-se formas da sua organização e prestação, alteram-se os instrumentos de trabalho e as profissões. Há mudanças fortes vindas da evolução tecnológica e científica, há verdades e mentiras nas apregoadas desmaterialização e individualização do trabalho, mas tudo isso não anula aquela centralidade.

O trabalho continuará a ser, por muito tempo, o elo fundamental na cadeia de relações que fazem funcionar a sociedade. Ele tem expressões organizativas aos níveis do individual, do grupo e de coletivos bem amplos. É imperioso identificar e valorizar as profissões, reconhecer e estruturar carreiras, retribuir justamente o trabalho, combater as precariedades e as práticas ilegais ou semilegais que hoje invadem as relações de trabalho.

Portugal | Os trafulhas, que emergem com discursos fascistas


Jorge Rocha* | opinião

Anuncia-se que a «coligação» fascista encabeçada pelo «gauleiter» Ventura tem mais dinheiro para investir na campanha eleitoral do que o CDS de Assunção Cristas. Razão para ficarmos, particularmente, atentos sobre quem estará por trás desse financiamento, que não seria ideia despicienda começar a ser investigado pelo Ministério Público. Porque havendo regras bem concretas sobre como se podem financiar os partidos, convém aferir se elas estarão a ser cumpridas por quem da legalidade tem tal conceção, que nem sequer conseguiu legalizar o respetivo partido no Tribunal Constitucional.

Identificados esses generosos investidores, poderemos compreender quais os desígnios, que lhes vão na alma para complementarem os apoios financeiros habitualmente concedidos aos outros partidos das direitas e aos vários jornais, rádios e televisões, e assim contarem com uma voz extremada, quer na assumida xenofobia, quer na despudorada defesa de valores exógenos a uma sociedade democrática.

Lição aprendida: Rússia faz na Venezuela o que errou ao não fazer na Iugoslávia, na Síria



Quando insistia para que os EUA iniciassem guerra aérea contra a Síria em 2012, Hillary Clinton argumentou em seus e-mails que a Rússia “não se intrometerá”, assim como “nada fez além de reclamar”, quando EUA e aliados bombardearam a Iugoslávia em 1999:

O segundo passo é desenvolver apoio internacional para uma operação aérea da coalizão. Rússia jamais apoiará essa missão; portanto não faz sentido operar no Conselho de Segurança da ONU.

Alguns dizem que o envolvimento dos EUA cria o risco de guerra mais ampla com a Rússia. Mas o exemplo do Kosovo mostra coisa diferente. Naquele caso, a Rússia tinha laços étnicos e políticos genuínos com os sérvios, laços que não existem entre Rússia e Síria; e mesmo naquele caso, a Rússia nada fez além de reclamar.

Funcionários russos já reconheceram que não se intrometerão, se houver intervenção.

O que Hillary não percebeu é que Putin não é Yeltsin, que Putin voltou à presidência depois que uma abstenção de Medvedev na ONU permitiu ao Império iniciar guerra aérea contra a Líbia, não Yeltsin, e tampouco percebeu que mesmo Yeltsin fez um pouco mais que só “reclamar” em 1999.

"Coletes amarelos" entram em confronto com polícia em Paris


Protestos em França entram no quinto mês com alusões ao incêndio de catedral. "Milhões para Notre-Dame, e para nós, os pobres?", estampava cartaz de um manifestante.

Manifestantes entraram em confronto com policia em Paris neste sábado (20/04), que marca o 23° fim de semana de protesto do movimento dos "coletes amarelos". Os choques ocorreram após manifestantes vestidos de negro atirarem pedras na polícia. Alguns também atearam fogo em motocicletas e latas de lixo no centro da cidade.

Os agentes da lei responderam disparando gás lacrimogéneo. Até o início da tarde, pelo menos 126 pessoas foram presas, 11 mil passaram por controle de identidade, informou a promotoria de Paris. Segundo o Ministério francês do Interior, os protestos reuniram cerca de 9.600 manifestantes em todo o país, dos quais 6.700 em Paris.

Le Pen adere à aliança eurocética de Salvini


Partido da líder francesa é a mais nova adição ao grupo organizado pelo vice-pm italiano para ampliar presença de populistas de direita no Parlamento Europeu. Aliança já conta com partidos da Áustria e da Alemanha.

O partido populista de direita Agrupamento Nacional da França resolveu aderir formalmente nesta sexta-feira (19/04) a uma nova aliança pan-europeia de populistas de direita. A coligação, liderada pelo ministro do Interior da Itália e vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, foi formada para unir e fortalecer os partidos populistas de direita nas eleições para a formação do novo Parlamento Europeu, que ocorrem no próximo mês.

"Sinceros agradecimentos à líder do Agrupamento Nacional, Marine Le Pen, e aos nossos amigos históricos e aliados por se juntarem ao manifesto de Milão "Rumo a uma Europa de bom senso ", escreveu Salvini no Twitter.

Ucranianos voltam às urnas para eleger novo presidente


Pesquisas indicam que comediante Volodymyr Zelensky, astro de uma série cómica sobre um professor que vira presidente, deve derrotar o atual mandatário do país, Petro Poroshenko, no segundo turno.

Os colégios eleitorais abriram neste domingo (21/04) na Ucrânia para o segundo turno do pleito presidencial com o comediante Vladimir Zelenski aparecendo como favorito para conquistar o cargo do atual presidente do país, Petro Poroshenko, que tenta a reeleição.

Três semanas depois do primeiro turno, quase 31 milhões de ucranianos foram convocados às urnas em cerca de 30 mil seções eleitorais, que abriram às 8h (horário local, 2h em Brasília) e serão encerradas às 20h (17h).

A libertação da consciência popular

Zillah Branco* | opinião

O mundo vive um momento alto da emancipação popular que coincide com o agravamento da crise sistémica e a maior, e mais pérfida, agressão do imperialismo. São os polos opostos do confronto entre os explorados e os exploradores.

As migrações forçadas em busca de melhores condições de vida, que sempre existiram ao longo da história da humanidade em função de catástrofes naturais que provocavam a fome e a morte, ou de agressões de grupos mais fortes em busca de escravos ou de territórios mais ricos. Com o surgimento de conceitos "civilizacionais" foram sendo definidas as castas e classes dominantes dentro de impérios e Estados que deram origem a instituições que atribuíam o poder (com alegações religiosas e de superioridade cultural) imposto como uma fatalidade (garantida pela violência armada) aos povos trabalhadores privados das condições de desenvolvimento físico e cultural. Eram os nobres ricos que tinham o direito de escravizar os que precisavam servi-los para sobreviver.

Para reforçar a distância que separavam ricos de pobres, foi afirmada como indiscutível a superioridade com que nasciam os nobres em relação aos seus subordinados. Foram milénios de imposição desta fraude que só pode ser contestada a partir do desenvolvimento científico. Vamos encontrar "descobertas", louváveis na época e "óbvias" hoje, nas primeiras décadas do século XX, de observadores europeus, portanto brancos, de que os povos negros da África, ou os "amarelos" do Oriente, ou os "escuros" da Índia, da Polinésia e os indígenas dos países do Terceiro Mundo eram tão humanos como os brancos. Lentamente a ciência foi comprovando que todos têm as mesmas aptidões e capacidades para o desenvolvimento mental e físico desde que respeitadas as suas condições de vida e compreendidas as suas respectivas culturas, que eram destruídas nos processos de colonização.

Portugal | Sonho sénior, mas só para alguns...


Ana Gomes* | Jornal de Notícias | opinião

Desde 2009 que Portugal tem um regime fiscal especial, dito para Residentes Não Habituais, que visa "atrair para Portugal profissionais não residentes qualificados em atividades de elevado valor acrescentado ou da propriedade intelectual, industrial ou know-how, bem como beneficiários de pensões obtidas no estrangeiro".

A ideia é simples: aqueles que tenham rendimentos provenientes do estrangeiro podem requerer uma isenção total do pagamento de impostos sobre o rendimento singular (IRS) por um período de 10 anos, enquanto os cidadãos com rendimentos recebidos em Portugal, mas que não tenham residido em Portugal nos últimos cinco anos, beneficiam de uma taxa fixa de 20 por cento de IRS.

Os pensionistas estrangeiros ganham verdadeiramente a lotaria ao ser-lhes concedida isenção total de IRS para as suas pensões provenientes do exterior, pelo mesmo período. Pior: tendo em conta os acordos de dupla tributação celebrados por Portugal, na prática, estes pensionistas (muitos franceses, suecos, finlandeses, italianos, etc....) acabam por não pagar impostos em lado nenhum. Um verdadeiro "sonho sénior"!

Portugal | Últimos presos da cadeia de Peniche celebram 45 anos da libertação


José Pedro Soares estava entre os 50 presos da cadeia da Fortaleza de Peniche, aquando do 25 de Abril de 1974, que foram libertados dois dias depois, uma data que é celebrada no próximo sábado, passados 45 anos.

"Noutros dias, os que saíam da cadeia só tinham a família e uns amigos à espera e, naquele dia, tínhamos uma multidão que abriu um corredor, batia palmas e cantava as cantigas da libertação da altura", recorda José Pedro Soares, enquanto visita as obras a decorrer na fortaleza, para instalar o Museu Nacional da Resistência e da Liberdade.

Na manhã do 25 de Abril de 1974, lembra, um grupo de presos, do qual fez parte, juntou-se na sala de convívio da cadeia para ver televisão, e estranhou o facto de o ecrã estar "escuro e ouvir-se apenas música sinfónica".

Poucas horas depois, chamaram todos os companheiros e assistiram pela televisão à leitura de um documento do Movimento das Forças Armadas, que "dava já indicação da tomada de vários pontos" no país pelos militares, assim como as reportagens ao longo do dia.

"Percebemos que tinha havido um levantamento militar popular", concluiu.

Escutem, Zés Ninguém!


Porque não na Páscoa católica, apostólica e romana, pespegar com a verdade frente aos nossos olhos? Verdade dita por um Francisco que é papa. Dita e sentida por via das corporações e dos profissionais rastejantes que as sustentam com seu labor.

São muitos milhões os que sentem aquele colonialismo ideológico que todos os dias nos invade as casas via um ecrã e uns jornalistas com outros que obedecem às vozes dos donos tal qual cachorros amestrados, dóceis, servis, sem a merecida consideração e respeito pela profissão que uns quantos ainda exercem com rigor e deviam ser modelos a gerar mais e melhor jornalismo por parte dos que encaram aquela profissão como mercenários, numa busca incessante por quem lhes dê mais e pague melhor. E depois argumentam que também têm família para sustentar... E antes? Quando não a tinham? Porque tão jovens se venderam e vendem ao galopante colonialismo ideológico  disseminado, que já nem o diferenciam da pesquisa obrigatória e luta pela verdade de factos e respetiva divulgação pública sem sofismas?

A ressurreição de um torturado e crucificado: Jesus de Nazaré

Leonardo Boff*

A páscoa da ressurreição deste ano se celebra no contexto de um país onde quase toda a população está sendo sufocada por um governo de extrema-direita que tem um projeto político-social radicalmente ultra-neoliberal. 

Ele se mostra sem piedade e sem coração pois desmonta os avanços e os direitos de milhões de trabalhadores e de pessoas de outras categoriais sociais. Coloca à venda bens naturais pertencentes à soberania do país. Aceita a recolonização do Brasil no intuito indisfarçável de repassar a nossa riqueza para as mãos de pequenos e poderosos grupos nacionais e internacionais. Não há qualquer sentido de solidariedade e de empatia para com os mais pobres e com aqueles que vivem ameaçados de violência e até de morte pelo fato de serem negros e negras, de habitarem em favelas, indígenas, quilombolas ou de outra condição sexual.

Andando por este país e um pouco pelo mundo, ouço, de muitas partes, gemidos de sofrimento e de indignação. Então, parece-me ouvir as palavras sagradas:”Eu vi a opressão de meu povo, ouvi os gritos de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci pra libertá-los e faze-los sair desse país para uma terra boa e espaçosa” (Ex 3,7-8).

Deus deixa sua transcendência (“Deus acima de todos?”), desce e se coloca no meio dos oprimidos para ajudá-los a fazer a passagem (pessach=páscoa) da opressão para a libertação.

Vale enfatizar o fato de que há algo de assustador e de perverso em curso: um chefe de estado exalta torturadores, elogia ditadores sanguinários e considera um mero acidente o fuzilmanto com 80 tiros, por militares, de um negro, pai de família. E ainda propõe o perdão pelos que promoveram o holocausto de seis milhões de judeus. Como falar de ressurreição num contexto de alguém que prega uma perene “sexta-feira santa” de violência? Ele tem continuamente o nome de Deus e de Jesus em seus lábios e esquece que somos herdeiros de um prisioneiro político, caluniado, perseguido, torturado e crucificado: Jesus de Nazaré. O que faz e diz é um escárnio, agravado pelo apoio de pastores de igrejas neo-pentecostais, cuja mensagem pouco ou nada tem a ver com o evangelho de Jesus.

Brasil | Em 100 dias, 6 em cada 10 declarações de Bolsonaro são falsas ou distorcidas


Levantamento do site 'Aos Fatos' aferiu que de 283 declarações passíveis de checagem proferidas pelo presidente nos primeiros 100 dias de governo, 161 são totalmente falsas ou apresentam algum grau de erro

Ao completar 100 dias de governo na quarta-feira (10), o presidente Jair Bolsonaro havia proferido 283 declarações passíveis de checagem, das quais 161 eram totalmente falsas ou apresentavam algum grau de erro. Isso quer dizer que, a cada 10 declarações do presidente nesse período, em torno de 6 eram falsas ou distorcidas. Economia e relações exteriores foram os dois assuntos mais comentados por Bolsonaro, e também o que ele mais errou.

A contabilidade é feita diariamente pela equipe do Aos Fatos, que mapeia redes sociais e meios de comunicação e publicada nesta base de dados. A organização deste agregador de declarações parte de uma ideia concebida originalmente pelo Fact Checker, a tradicional coluna de checagem do jornal americano Washington Post.

Brasil | Paulo Guedes é um ministro "chicagão", diz presidente do Ipea


Carlos Doellinger afirmou que por trás da "reforma" da Previdência Social tem um saco de maldades

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Carlos Doellinger, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) disse que a proposta de “reforma” da Previdência Social “tem saco de maldades por trás”. É uma questão complicada, disse ele, a a “reforma” vai atingir o velho, o aposentado. “É mais complicada politicamente. É algo que beneficia a sociedade como um todo, dá segurança para investimento. Agora, mexe com a vida das pessoas e isso cria embate político perfeitamente compreensível”, afirma. 

Notas internacionais: suicídio de García (Perú) diz muito sobre a América Latina


Morte de ex-presidente peruano, investidas norte-americanas contra Cuba e congelamento de preços de Macri: destaques desta quinta, 18 de abril de 2019

O suicídio de García diz muito sobre a América Latina. O suicídio de Alan García (1985-1990 e 2006-2011), ex-presidente peruano, levou ao inevitável debate mundial sobre o que está acontecendo na América Latina em termos de judicialização e criminalização da política. Segundo a imprensa peruana, ainda havia poucas evidências concretas dos crimes de corrupção de que García era acusado. O único pagamento por ele recebido da Odebrecht de que se tinha prova material eram 100 mil dólares por uma palestra realizada pela Fiesp em São Paulo no ano de 2012. Não coincidentemente, líderes latino-americanos do período progressista vivido nas duas primeiras décadas do século XXI na região, como Lula, C. Kirchner e Correa estão sendo processados ou já presos, como no caso de Lula, sem que haja material probatório consistente de crimes de corrupção.

Garcia morto, Kuczynski na UTI. Ao total 4 ex-presidentes peruanos (Garcia, Toledo, Kuczynski e Humala) e uma líder da oposição (Keiko Fujimori) estão envolvidos com denúncias de corrupção e ontem, após o suicídio de Alan Garcia, um deles, Pedro Paulo Kuczynski foi hospitalizado em uma UTI com crise de hipertensão. Ele está preso preventivamente também acusado de corrupção com a Odebrecht.

Assim como na baía dos Porcos, Cuba vai resistir às hostilidades dos EUA, diz Díaz-Canel


Presidente cubano reagiu ao recrudescimento das sanções norte-americanas contra a ilha anunciadas na quarta-feira

A vitória na baía dos Porcos, em abril de 1961, motiva e inspira Cuba a resistir à escalada na hostilidade dos Estados Unidos, afirmou nesta quinta-feira (18/04) o presidente cubano Miguel Díaz-Canel.

Às vésperas da comemoração do 58º aniversário da vitória contra uma invasão mercenária organizada por Washington na praia de Girón, e algumas horas após a Casa Branca ter anunciado nova medidas para recrudescer o bloqueio econômico, o presidente disse no Twitter que os cubanos “seguirão fiéis” ao histórico legado de Girón.

“O 58º aniversário da vitória de Praia Girón motiva-nos e inspira. Fiéis a seu histórico legado histórico, Cuba e a Revolução Cubana reiteram sua firme determinação de enfrentar e prevalecer ante a escalada agressiva dos Estados Unidos', escreveu.

Nesta quarta (17/04), a administração de Donald Trump reforçou o bloqueio imposto há quase 60 anos, com a ativação do Título III da Lei Helms-Burton, capítulo com o que aposta pela asfixia econômica como instrumento para uma mudança de regime.

Washington anunciou que aumentará as restrições às viagens dos norte-americanos a Cuba e limitará as remessas que enviam os cubanos residentes nos Estados Unidos a seus familiares.

O Governo de Cuba repudiou em uma declaração a agressividade da Casa Branca e chamou a comunidade internacional a tentar frear o que classifica de ambições imperiais dos EUA.

Prensa Latina | em Opera Mundi

Na foto: Diaz-Canel em visita ao Kremlin

Washington monta guerra colonial na América Latina

José Goulão*

Os acontecimentos sucedem-se em cascata nos últimos dias tendo como alvos a Venezuela e, por arrastamento, a Nicarágua e Cuba – a "troika da tirania", citando o triunvirato fascista que comanda Trump: Michael Pompeo, John Bolton e Michael Pence. Os movimentos militares não estão apenas em cima das mesas de conspiração, conforme reconhece a própria CNN, as sanções económicas e políticas multiplicam-se, as ondas de choque extravasam em muito a região latino-americana e desconcertam até alguns dos mais fiéis súbditos de Washington, como a União Europeia.  

A CNN, citando fontes próprias do interior do establishment norte-americano, revelou a existência de actividades militares orientadas para a América Central e do Sul resultantes da coordenação do Estado-Maior conjunto do Pentágono com o Comando Sul (SouthCom), aprofundando a interacção com países vizinhos – sobretudo Colômbia e Brasil. De acordo com as mesmas fontes, trata-se de dissuadir a alegada penetração da Rússia e da China na região, que recentemente o secretário de Estado, Michael Pompeo, qualificou como "uma provocação" além de, imagine-se, uma "ingerência nos assuntos internos" da Venezuela.

Tais razões serão válidas apenas para consumo propagandístico e agitação de fantasmas; porque, em termos práticos, o que continua a ganhar forma, depois do espaço dado à vocação "humanitária", são os preparativos de uma agressão militar norte-americana contra a Venezuela, que Washington continua a preferir por procuração, isto é, através de exércitos e mercenários alheios. As movimentações militares, especialmente navais, serviriam de enquadramento das operações ofensivas e teriam igualmente cariz intimidatório.


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