sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Ucrânia é 'grande, amplo e belo muro' entre Rússia e Europa, diz Trump


O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou durante uma conferência de imprensa nesta quarta-feira que a Ucrânia representa um grande muro que divide a Europa da Rússia.

"Eles [a Ucrânia] são como um muro entre a Rússia e a Europa", declarou Trump. "Eles são como uma parede, são uma parede grande, larga e bonita".

No entanto, Trump disse também que a Ucrânia era conhecida por "tremenda corrupção" e, embora ele tenha procurado ajudar Kiev, também não quer fornecer fundos para um país corrupto.

Trump explicou que decidiu prestar assistência militar à Ucrânia depois que parlamentares americanos preocupados o convenceram a parar de retê-la.

O comentário foi uma resposta aos mais recentes desenvolvimentos no inquérito de impeachment referente à ligação telefônica de Trump em 25 de julho com o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky.

Os democratas acusaram Trump de pressionar Zelensky a investigar uma possível corrupção na Ucrânia do seu provável oponente nas eleições presidenciais dos EUA em 2020, o democrata Joe Biden, e o seu filho Hunter.

Os democratas alegam que a conversa violou as leis eleitorais dos EUA e iniciaram na semana passada um inquérito de impeachment com base em uma denúncia.

Trump divulgou a transcrição de sua conversa com Zelensky, negou qualquer irregularidade e chamou a investigação de impeachment dos democratas como mais uma caça às bruxas política destinada a reverter o resultado das eleições presidenciais de 2016 nos EUA.

Sputnik | Foto: © REUTERS / Jonathan Ernst

Guerra comercial entre China e EUA traz 'instabilidade' para economia global, diz Merkel


A chanceler alemã, Angela Merkel, responsabilizou o Brexit e a escalada da guerra comercial entre China e Estados Unidos pela desaceleração do crescimento económico global e da Alemanha.

A chanceler fez o comentário nesta terça-feira (1) após agenda com líderes de instituições econômicas internacionais. O PIB da Alemanha recuou 0,1% no segundo trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período de 2018. 

"Chegamos à conclusão de que a economia global está em uma situação difícil. Todas as organizações prevêem um crescimento mais lento. Vemos isso na Alemanha e em nossas previsões de desenvolvimento", afirmou Merkel. 

A chanceler alemã disse que "a instabilidade existente criada pelo conflito comercial EUA-China" prejudica a economia global, enquanto a incerteza sobre os termos da saída do Reino Unido da União Europeia afeta toda a Europa.

Pequim e Washington estão em guerra comercial desde junho de 2018, quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu impor um aumento nas taxas de importação em produtos da China. Pequim revidou e foi criada uma escalada de tensão comercial.

Já o Brexit foi adiado e ainda não está claro quais serão os termos da saída do Reino Unido da União Europeia. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, defende a saída da União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo com o bloco europeu.

Sputnik | Foto: © Sputnik / Sergei Guneev

Greve na Justiça pode pôr em causa data das presidenciais na Guiné-Bissau


 A menos de dois meses das presidenciais na Guiné-Bissau, a realização das eleições a 24 de novembro pode estar em perigo. Paralisação dos magistrados tem impedido que juízes apreciem as candidaturas entregues no Supremo.

A paralisação de sete dias, que começou na passada quinta-feira (26 de setembro), foi convocada pelos Sindicatos dos Magistrados do Ministério Público e dos Magistrados Judiciais (AMAMP e ASMAGUI), para exigir o cumprimento de oito pontos do caderno reivindicativo, entre eles a aplicação do Estatuto Remuneratório dos Magistrados.

A greve está a ter efeitos negativos no setor da justiça, sobretudo porque os juízes conselheiros estão impossibilitados de dar início à apreciação das 19 candidaturas às eleições presidenciais, que na semana passada deram entrada no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), para a posterior validação das mesmas.

Bispos católicos buscam apoios na Alemanha para investir na educação dos guineenses


Foi uma semana de intensos contatos em várias cidades alemãs para pedir apoios que possam ajudar na formação do Homem guineense. Educação e saúde são duas prioridades para a igreja católica na Guiné-Bissau.

Os bispos da Igreja católica da Guiné-Bissau que terminaram, nesta terça-feira (01.10) uma visita pastoral à Alemanha com apelo aos guineenses para que preservem a sua maior riqueza, que é a identidade de um povo unido, apesar das diferenças étnica e religiosas.

Durante as reuniões com as várias instituições alemãs, a delegação religiosa defendeu uma aposta na melhoria da qualidade do ensino na Guiné-Bissau e mais garantias para o bem-estar dos guineenses. Os clérigos creditam que com mais investimento no setor da educação será possível melhorar a vida da população do país.

Em entrevista à DW África, os bispos de Bissau, Dom José Camnaté Nabissign e de Bafatá, Dom Pedro Zilli, também pediram aos políticos guineenses para evitarem discursos que possam pôr em causa a coesão nacional.

Angola | UM CONSTANTE BALANÇO, MAIS QUE NECESSÁRIO



Por ocasião do assinalar do 2º ano do corrente mandato do Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço.

O Presidente da República de Angola, João Manuel Gonçalves Lourenço, ensaiou o balanço de dois anos de mandato com um espírito de abertura que não só deve cativar todos os angolanos, mas também e sobretudo mobilizá-los e incentivá-los nas suas capacidades de reconhecimento identitário próprio (individual e colectivamente), de reconhecimento da história de Angola e de África, de reconhecimento sobre o imenso que há que realizar nos termos de resgate e luta contra um subdesenvolvimento que advém de múltiplas razões, entre elas as de raiz histórica, as de raiz antropológica e as de raiz sociológica.

Angola deve-se redescobrir a si própria na rica trilha do movimento de libertação em África, numa carga mental construtiva capaz de revitalizar o seu próprio tecido humano em prol da identidade nacional que é possível cultivar em pleno século XXI.

Ao voltar-se sobre si mesma, Angola deve atirar para um segundo plano as doutrinas, as filosofias e as ideologias que são injectadas a partir do exterior, que quantas vezes redundam de interesses e conveniências de outros e não estão vocacionadas para a prioridade que é o homem e o espaço físico-geográfico-ambiental angolano e regional.

Que negócio algum, que incentivo consumista algum, seja capaz de inibir ou ofuscar a prioridade à vida, individual ou colectiva, que qualquer cidadão deste país a si próprio e à identidade nacional deve fazer por merecer e devidamente equacionar!

Esse dever cívico, intelectual, ético e moral, é anterior e matriz de qualquer tipo de direito e deve-se considerar, com inspiração nas sucessivas comunicações do Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, como algo que deve estar em cima da mesa de cada um e para corrente prática!

João Lourenço aceita demissão do Presidente do Supremo de Angola


O Presidente angolano, João Lourenço, aceitou quinta-feira o pedido de renúncia feito pelo presidente do Tribunal Supremo. Segundo uma carta de Rui Ferreira, na origem da decisão está uma "campanha intensa de mentiras".

A informação foi avançada pela Casa Civil do Presidente. O comunicado da presidência não esclarece os motivos da demissão do juiz conselheiro, indicando apenas que "foi aceite, no interesse da salvaguarda do bom nome da justiça angolana".
De acordo com o mesmo documento, o processo de substituição vai ter início "nos próximos dias".

Rui Ferreira convocou uma sessão extraordinária e urgente do plenário na quinta-feira (03.10), onde terá informado os juízes conselheiros sobre a sua decisão. 

De acordo com uma carta de Rui Ferreira dirigida aos seus colegas e colaboradores mais próximos, a que a Lusa teve acesso, na origem da decisão está uma "campanha intensa de mentiras".

Na missiva, o juiz lamenta a "campanha intensa e cruel de mentiras, deturpação de factos, intrigas, calúnias e insultos" que diz terem lesado a sua reputação e dignidade, afetado a sua saúde e imposto" um sacrifício" à sua família.

Deutsche Welle | Agência Lusa, ms

Privatizações em Angola: Sindicatos temem mais desemprego


Com a privatização de mais de 190 empresas em Angola já em curso, multiplicam-se apelos pela salvaguarda dos direitos dos trabalhadores. Muitos movimentos sindicais encaram o processo como aumento da taxa de desemprego.

Até 2022, o Governo angolano pretende alienar 195 empresas detidas ou participadas pelo Estado. Cerca de 80 destas empresas serão privatizadas este ano. Em 2019, o Estado angolano já obteve um encaixe de 16 milhões de dólares com a privatização de cinco unidades industriais da Zona Económica Especial (ZEE) Luanda-Bengo.

Mas para muitos movimentos sindicais angolanos, o processo de privatizações é sinónimo de aumento do índice de desemprego, que já ronda os 28%, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Os sindicatos desconfiam que os novos patrões possam trazer novas forças de trabalho para substituir a já existente. Foi esta preocupação que Bernardo Castro, da organização não-governamental Rede Terra, apresentou por escrito ao Presidente angolano, João Lourenço.

O objetivo é  "ser informado " sobre a possível privatização da Aldeia Nova, um projeto agropecuário que está a ser desenvolvido no Waco Cungo, na província angolana do Kwanza Sul. Bernardo Castro entende que a comunidade devia ser ouvida, uma vez que se trata de terras nacionalizadas pelo Estado e que não foram devolvidas às comunidades locais. Também lembra que o projeto alberga ex-militares.

"A Rede Terra coloca-se no meio por duas razões: primeiro, porque a Aldeia Nova acolheu no âmbito da reconciliação e pacificação do país os ex-militares da FAPLA e FALA. É no interesse não económico, mas político, que ficaram dentro destes espaços. Agora que se vai privatizar a pergunta é: estes ex-militares estarão sobre orientação de um patrão? Estarão ali como trabalhadores?", questiona Bernardo Castro.

Governo angolano apresenta programa de privatizações "nunca" antes visto no país


Quem o diz é o economista Carlos Rosado de Carvalho, que defende que receitas das privatizações deviam também ser canalizadas para reduzir a dívida pública. Governo angolano vai privatizar 195 empresas públicas até 2022.

Em Angola, um decreto presidencial publicado no passado dia 5 de agosto dá conta da privatização de 195 empresas estatais até 2022. Destas, 175 serão alienadas através do sistema de concurso público, 11 por leilão em bolsa e nove através de oferta pública inicial.

Entre as empresas que constam desta lista estão algumas das grandes referências empresariais do panorama económico do país, como a petrolífera Sonangol, a a transportadora aérea nacional TAAG ou a empresa nacional de exploração e comercialização de diamantes Endiama. Como avançou o mês passado o jornal Expansão, a primeira a avançar para a bolsa de valores, ainda este ano, será a ENSA Seguros. Está ainda prevista para 2019 a abertura de concursos para outras 80 instituições.

Em entrevista à DW África, o analista angolano Carlos Rosado de Carvalho nota que "o timing do ponto de vista de mercado não é o melhor", dado a crise económica que o país atravessa, mas mostra-se otimista em relação a este que é um programa "muito concreto", nunca antes visto em Angola.

Angola | IVA vai encarecer ainda mais a vida da população


Entrou em vigor em Angola o Imposto de Valor Acrescentado. Governo diz que o IVA é mais justo em relação ao imposto de consumo. Mas cidadãos e economistas angolanos criticam.

Depois de vários adiamentos, inicialmente previsto para janeiro e depois para julho, a taxa do Imposto Sobre o Valor Acrescentado de 14% começou a ser plicado esta terça-feira (01.10) em Angola. O IVA vem substituir o imposto de consumo cuja taxa era de 10% e tornou-se o assunto dos vários segmentos da sociedade. Tudo porque falta mais informação sobre as vantagens e desvantagens deste imposto, diz Vencislau Manuel cidadão angolano residente em Luanda.

"Pese embora já se fez muita informação sobre a dinâmica desta implementação, mas ainda se regista um número considerável de pessoas que não conseguem perceber quais são as vantagens e desvantagens que o IVA apresenta para o sistema económico do país".

Dias antes da entrada em vigor, as operadoras móveis e televisões por satélite enviaram informações aos consumidores sobre o aumento dos preços dos seus bens e serviços.

João Zevunaboso outro cidadão residente em Luanda, afirma que a vida já estava difícil mesmo antes da entrada em vigor do IVA e que agora a situação vai piorar...

"As coisas estão muito caras e as nossas vidas estão a complicar-se a cada dia que passa: dinheiro difícil, vida cara, negócio não anda. Há muitas famílias que almoçam mas já não matabicham (pequeno almoço) e se matabicharem só há jantar. Muita gente está a lamentar esta situação. Já não sabemos o que fazer. Mas nós que acreditamos em Deus vamos orar para ver se o nosso país volte a normalidade conforme era anteriormente".

Moçambique | Secretário da FRELIMO assassinado em Manica


O secretário da FRELIMO na região de Paúnde, distrito de Mossurize, em Manica, foi morto a tiros por três homens. Polícia investiga o caso. Em outro ataque armado no centro de Moçambique, uma pessoa morreu na Gorongosa.

A pouco mais de 10 dias das eleições gerais, Moçambique regista mais um ato de violência contra membros de partidos políticos. Desta vez foi o assassinato do secretário da FRELIMO na região de Paúnde, no distrito de Mossurize, província de Manica, centro do país. A polícia já está a investigar o caso.

O crime foi protagonizado por três homens armados com metralhadoras AK47, que na madrugada da última quarta-feira (02.10) alvejaram Samuel Ndlovo, secretário da FRELIMO em Paúnde, segundo informou a polícia esta quinta-feira (03.10).

O secretário tinha duas esposas e uma delas explicou à imprensa que o ato aconteceu na calada de noite, quando surpreendentemente três pessoas arrombaram a porta da sua casa.

"Chegaram três pessoas e bateram à porta e o meu esposo questionou perguntando quem era e de que se tratava. Eles empurraram a porta e disseram-lhe 'cala-te', e arrastaram-no para fora de casa. Eu vendo isso desci da cama e sai pela janela. Já fora ouvi o meu esposo a dizer: porque me querem matar? E sem demoras ouvi som de arma. E ela tocou uma vez. Aconteceu isso a minha vista", contou a esposa.

Eleições em Moçambique: "Falta clareza nos manifestos eleitorais dos partidos"


Ativistas e analistas moçambicanos apontam para a falta de clareza nos manifestos eleitorais dos partidos políticos concorrentes às eleições de 15 de outubro. Entretanto, partidos desvalorizam críticas.

Está difícil compreender a essência dos manifestos eleitorais dos partidos políticos que pedem voto para governar Moçambique, após as eleições gerais de 15 de outubro deste ano. A constatação é de analistas e membros de organizações da sociedade civil, que discutiram esta quinta-feira (03.10), em Maputo, a agenda dos partidos que, há cerca de um mês estão em campanha eleitoral.

A falta de clareza quanto aos problemas que impedem o desenvolvimento, que os concorrentes pretendem resolver caso vençam as eleições, é um dos aspetos apontados por Dalva Mangoba, da Coalizão, uma organização da sociedade civil defensora dos Direitos Humanos das Mulheres.

"Como representante [da sociedade civil], [estou] um pouco dececionada, porque os partidos estiveram unânimes em repetir o que já vinham fazendo nos anos anteriores. Não disseram o que vão fazer", criticou Mangoba, dizendo, por exemplo, que os concorrentes "deixaram de lado as preocupações de mulheres rurais, assim como questões de educação".

Moçambique | Polícia investiga supostos recrutas de grupos armados


A polícia moçambicana reteve em Nampula 34 pessoas suspeitas de estarem a caminho de Cabo Delgado para integrar grupos armados. Operações de patrulha reforçam a segurança na região.

O caso ocorreu na semana passada, quando durante operações de patrulha a polícia mandou parar um veículo que saía de Nacala-Porto, na província de Nampula, que faz fronteira com Cabo Delgado, explicou Zacarias Nacute, porta-voz da polícia naquela província do norte de Moçambique, em entrevista à agência de notícias Lusa esta quinta-feira (03.10).

"Quando foram abordados, eles, na maioria jovens, tiveram dificuldades para explicar para onde seguiam. Disseram que iam para Angoche [também em Nampula] para trabalhar numa fábrica de castanha. A Polícia efetuou diligências e descobriu que isso era uma mentira", explicou o porta-voz.

De acordo com a polícia moçambicana, trata-se de um caso de recrutamento de pessoas que vão juntar-se às fileiras dos grupos criminosos que têm protagonizado ataques na província de Cabo Delgado desde outubro de 2017.

Portugal / Eleições | Para que pede Costa “um PS forte”?


António Costa reitera querer «condições de governabilidade». O objectivo é que lhe seja confiada representação parlamentar para poder desenvolver o seu programa sem qualquer sujeição à esquerda.

Perante a derradeira semana de campanha eleitoral, o secretário-geral e candidato do PS, António Costa, veio acenar aos eleitores o «fantasma» da instabilidade governativa dos partidos mais à esquerda, ou seja, BE, PCP e «Os Verdes».

Segundo o primeiro-ministro, entrevistado na RTP, «nenhum deles se comprometeu em assegurar condições de governabilidade durante os próximos quatro anos», e portanto será necessário «um PS forte», para serem asseguradas essas mesmas «condições de governabilidade».

Não é de agora que o PS coloca esta intenção, uma vez que, através de vários líderes, tem vindo a anunciar, o objectivo de governar de «mãos livres», sem quaisquer condicionamentos ou restrições, em particular pelos partidos à sua esquerda na Assembleia da República, utilizando tanto os exemplos de Espanha como de eventuais crises económicas.

O objectivo do PS será então o de retomar a governação para aplicar o seu programa sem quaisquer sujeições. De facto, as suas «mãos livres» permitiriam o retorno ao conforto da promoção de políticas, como já o fez no passado, que com a submissão à União Europeia, levaram à aprovação dos Pactos de Estabilidade e Crescimento (PEC), que se traduziram em cortes de salários e pensões e medidas de regressão social.

Portugal / Eleições | O peso dos indecisos


Miguel Guedes* | Jornal de Notícias | opinião

Mudar o sentido de voto ou a lógica dos apoios não implica romper com nenhum quadro de convicções pessoais. Uma questão de liberdade. Para os actuais indecisos, nenhum capítulo da História será reescrito quando decidirem o sentido de voto no próximo domingo.

Com a utilidade do voto útil a esfumar-se politicamente após a solução governativa da Geringonça, os indecisos escolhem agora onde depositar o voto com um tacticismo de que antes não desfrutavam. Este é o tempo em que votar é, mais do que nunca, a compreensão do exercício da liberdade e do funcionamento da democracia parlamentar.

Votar útil em PS ou PSD deixou de ter qualquer utilidade. O voto do centro pende agora para o juízo de prognose que adivinha a possibilidade de entendimentos relativamente a soluções governativas que, no passado, só estavam ao alcance de "partidos-muleta" como o CDS. Hoje, o equilíbrio não se faz pela sede de poder à direita mas sim pela noção de que uma maioria absoluta, venha ela de onde vier, é um cheque em branco a clientelas, autoritarismo, corrupção e laxismo. O equilíbrio faz-se pela forma como os eleitores indecisos irão "utilizar" os seus votos para reforçar os partidos da solução governativa à esquerda do PS. Hoje, a essência do voto útil só existe à esquerda de António Costa, as únicas forças capazes de entendimento com o PS. Se o equilíbrio do PS vier a ser o equilíbrio do país, o país que teremos joga-se pela força que BE e CDU vierem a ter no domingo. À semelhança do que sucedeu, inesperadamente, em 2015.

Portugal | Costa é primeiro-ministro porque Catarina e Jerónimo lhe deram a mão


O fundador e antigo líder do BE, Francisco Louçã, lembrou hoje que "António Costa é primeiro-ministro porque Catarina e também Jerónimo de Sousa lhe deram a mão", considerando que sem a firmeza dos bloquistas "a direita estaria no poder".

Apesar de já ter estado presente noutras iniciativas, foi só no penúltimo dia da corrida eleitoral que Francisco Louçã discursou pela primeira e única vez neste caminho para as legislativas, com respostas para quem definiu "o tom desta campanha pelo ataque ao Bloco, que provocaria ingovernabilidade se fosse mais forte".

"Fomos muitos os que nos lembrámos que António Costa é primeiro-ministro porque Catarina Martins e também Jerónimo de Sousa lhe deram a mão e nunca faltaram aos seus compromissos", atirou.

O BE, defendeu o seu antigo líder, "assegurou a governabilidade para proteger a vida de quem trabalha e sem essa firmeza a direita estaria no poder".

Na perspetiva de Louçã, "cada uma" das escolhas que o BE fez ao longo desta legislatura foi um sucesso.

"Se isto é uma geringonça pois foi dessa invenção que Portugal precisou para recuperar salários e pensões e este foi o triunfo dos quatro anos", elogiou.

Portugal | Dirigente de Os Verdes diz que PAN "não é carne nem peixe"


O dirigente de Os Verdes (PEV) José Luís Ferreira acusou hoje o PAN de não ser "de esquerda nem de direita", nem "carne nem peixe", em resposta a declarações do porta-voz e deputado único daquele partido, André Silva.

O deputado do PEV respondia a questões dos jornalistas à margem de um comício da CDU, que junta comunistas e ecologistas, na Marinha Grande.

"É natural, e não estranhamos, que partidos que não são de esquerda nem de direita, não são carne nem peixe, que tenham alguma dificuldade em distinguir a ficção da realidade, porque esse cinzentismo é que leva a que haja confusão. O PEV tem provas dadas ao longo dos anos. Não acordámos agora para os problemas ambientais, alterações climáticas e bem-estar animal", afirmou.

O porta-voz do PAN, André Silva, defendera hoje, em Almada, que o PEV "é um projeto que perdeu a sua validade" e uma "ficção política", que tem como "patrão" o PCP, igualmente em resposta a uma intervenção num comício em Setúbal de José Luís Ferreira, na qual o parlamentar ecologista disse que era possível defender o ambiente e os animais "sem `PANpulismos´" e sem "fundamentalismos, proibicionismos e penalismos".

"Não temos nada a esconder, com toda a transparência. Somos um partido de esquerda. Consideramos que o equilíbrio ambiental só é possível com justiça social até porque a defesa do ambiente não se compadece com modelos económicos que assentam na ideia do crescimento infinito como se infinito fosse o planeta e os seus recursos. Nós não temos patrões nem sobre nós recaem quaisquer suspeitas de envolvimento com pessoas ou organizações que agem de cara tapada, com métodos questionáveis do ponto de vista legal, do estado de direito democrático e até penal. Temos toda a transparência", continuou, referindo-se à polémica de alegadas ligações entre membros do PAN e o grupo Intervenção e Resgate Animal (IRA).

Mais lidas da semana