quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Como o Google favorece a manipulação política


Corporação permite que anunciantes confundam internautas, direcionando buscas a rumos opostos aos desejados. Desvio funciona em eleições, campanhas e atitudes. Em tempo de Cambridge Analytica, portas abertas para a fraude

Patrick Berlinquette | Outras Palavras | Tradução: Simone Paz

Kevin Hines tinha só um pensamento, enquanto despencava no Oceano Pacífico: posso mudar tudo na minha vida, menos o fato de que eu acabei de pular da ponte Golden Gate. “Uma frase poderia ter me impedido de fazer aquilo”, escreveu Kevin. “Se qualquer um das centenas de transeuntes tivesse se envolvido comigo, isso… provavelmente teria me mostrado que eu tinha a capacidade de escolher a vida”.

Ninguém impediu Kevin de tentar se matar. Uma propaganda do Google teria feito o mesmo?

Os publicitários do Google, como eu, sobrevivemos explorando sua impaciência e impulsividade (leia a Parte 2 deste texto). Precisamos estar a postos para lhe oferecer um anúncio em seu “micro-momento” — aquele segundo em que você usa o telefone para aliviar o desconforto causado por lhe faltar algo naquele instante. Cada um de nós tem cerca de 150 micro-momentos por dia.

Um anúncio oportuno no Google encaminhará as palavras-chave do seu micro-momento a algum site relevante. Mas, algumas propagandas fornecem contra-mensagens, ou destinos alternativos que vão contra as suas palavras de pesquisa. Eles são chamados de “anúncios redirecionados” (consulte a Parte 3).

Com o redirecionamento, os profissionais do marketing desviam sua carência — que é monetizável. Mas nós também podemos desviar coisas maiores: suas crenças, convicções e ideologia. Há anunciantes na indústria do marketing digital que querem descobrir quão efetiva é esta nova forma de engenharia social. Um desses anunciantes é o próprio Google.

A interminável audiência pública de impeachment


Os primeiros depoimentos televisionados do processo de impeachment (destituição) contra Donald Trump revelaram poucas informações novas. Com duração de seis horas, estiveram mais para um drama político entediante, opina Carla Bleiker.

As linhas divisórias entre democratas e republicanos no processo de impeachment estão claramente delineadas. Isso esteve perfeitamente visível na primeira audiência pública, nesta quarta-feira (13/11). Adam Schiff, chefe do Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes e deputado democrata, interpelou, a respeito do comportamento do presidente Donald Trump no escândalo da Ucrânia: "Se isso não é comportamento digno de impeachment, o que é?"

Devin Nunes, o membro republicano de cargo mais alto no comité, rebateu, alegando que a "farsa do impeachment" era uma "campanha de difamação cuidadosamente orquestrada" pelos democratas contra o presidente dos Estados Unidos. Tratava-se de um argumento bastante conhecido.

O interrogatório das duas primeiras testemunhas provavelmente não alterou a opinião dos apoiantes e oposicionistas de Trump entrincheirados em suas posições. Ao mesmo tempo, ambos os lados se esforçaram para reafirmar seus argumentos.

A audiência durou cerca de seis horas, durante as quais o embaixador em exercício dos EUA na Ucrânia, William Taylor, e o vice-secretário assistente para Assuntos Europeus e Eurasiáticos, George Kent, responderam tanto a perguntas dos membros do Comité de Inteligência quanto de deputados democratas e republicanos.

NATO | 4 de Novembro, ver Nápoles e depois morrer


Manlio Dinucci*

A economia de Nápoles transforma-se, lentamente, para se centralizar na base da NATO. Os jovens recrutados não provêm principalmente da região, mas do sul da Itália, em geral, atingidos duramente pelo desemprego juvenil três vezes e meia acima da média europeia. Não só o dinheiro investido no desenvolvimento dessas instalações militares não é uma despesa indispensável, mas doravante está a escasssear na economia do sul.

Nápoles, e não Roma, foi, em 4 de Novembro, o centro do Dia das Forças Armadas. No Lungomare Caracciolo, desfilaram 5 batalhões. Mas o ponto alto foi a área de exposições das várias Forças, que atraiu durante cinco dias, para a Piazza del Plebiscito, sobretudo, jovens e crianças. Eles puderam embarcar a bordo de um caça, conduzir um helicóptero com um simulador de voo, admirar um drone Predator, entrar num tanque, treinar com instrutores militares, para depois ir ao porto visitar um navio de assalto anfíbio e duas fragatas de mísseis. Uma grande «Feira da guerra» criada com um propósito específico: o recrutamento.

70% dos jovens que desejam alistar-se, vivem no sul, especialmente na Campânia e na Sicília, onde o desemprego juvenil é de 53,6%, em comparação com uma média da União Europeia de 15,2%. O único que lhes oferece uma ocupação “segura” é o exército. No entanto, após as selecções, o número de recrutas é menor do que o necessário.

As Forças Armadas precisam de mais pessoal, pois estão envolvidas em 35 operações em 22 países, desde a Europa Oriental aos Balcãs, desde África ao Médio Oriente e à Ásia. São as “missões de paz” efectuadas, sobretudo, lá, onde a NATO sob o comando USA fomentou, com a participação activa da Itália, as guerras que demoliram Estados inteiros e desestabilizaram regiões completas.

O império agonizante e os seus inimigos internos


Chris Hedges [*]

A democracia nos EUA não está em perigo – nós não vivemos numa democracia. A imagem da nossa democracia é que está em perigo. O Estado profundo – os generais, banqueiros, líderes de grandes corporações, lobistas, chefes de serviços secretos, burocratas do governo e tecnocratas – tem a intenção de salvar o que representam. É difícil trombetear-se como o guardião e da liberdade e democracia tendo Donald Trump a dizer incoerentemente idiotices acerca de si próprio, a incitar à violência racista, a insultar os nossos aliados tradicionais, assim como os tribunais, a imprensa e o Congresso, a escrever inanidades no tweeter com erros ortográficos e a denunciar ou sabotar impulsivamente a política interna e externa bipartidária. Mas o pecado mais imperdoável de Trump aos olhos do Estado profundo é sua crítica às guerras infindáveis do império, embora lhe falte a habilidade intelectual e organizacional para supervisionar um descomprometimento dessas acções.

O Estado profundo cometeu o maior erro estratégico da história americana quando invadiu e ocupou o Afeganistão e o Iraque. Tais fiascos militares fatais, uma característica de todos os impérios na sua fase de declínio, são os chamados actos de "micro-militarismo". Impérios moribundos historicamente desperdiçam o último capital que têm, económico, político e militar, em conflitos fúteis, intratáveis e invencíveis, até que desabam. Nesses actos de micro-militarismo eles procuram recuperar uma dominância anterior e da sua perda de estatura. Desastres acumulam-se atrás de desastres Os arquitectos da espiral da morte do império, no entanto, são intocáveis. Os generais e políticos despistados que impelem o império a expandir o caos e o seu colapso orçamental têm êxito numa coisa: perpetuarem-se a si próprios. Ninguém é responsabilizado. Uma imprensa servil trata estes mandarins com uma veneração quase religiosa. Generais e políticos, muitos dos quais deveriam ter sido afastados ou julgados, estão aposentados com lugares lucrativos nas administrações dos fabricantes de armas, para os quais estas guerras são imensamente lucrativas. São chamados por uma imprensa servil a fornecerem ao público análises do caos que criaram. São apresentados como exemplos de integridade, serviço altruísta e patriotismo.

Depois de quase duas décadas, todos os objectivos apregoados para justificar nossas guerras no Médio Oriente foram postos de cabeça para baixo. A invasão do Afeganistão deveria liquidar a Al Qaeda. Em vez disso a Al Qaeda migrou para preencher os vazios de poder que o Estado profundo criou nas guerras no Iraque, Síria, Líbia e Iémen. A guerra no Afeganistão transformou-se numa guerra com os Talibãs, que agora controlam a maior parte do país e ameaçam o regime corrupto que escoramos em Cabul.

Portugal | Salário de 635 euros é «adequado» para viver?


O primeiro-ministro anunciou que o Conselho de Ministros vai aprovar, na quinta-feira, o valor de 635 euros para o salário mínimo em 2020, considerando o aumento «adequado» à situação económica e social do país.

António Costa transmitiu a posição do seu executivo na Assembleia da República durante o discurso de abertura do primeiro debate quinzenal da presente legislatura, que teve como tema as políticas de rendimentos para os próximos quatro anos.

«Para o próximo ano, depois de termos consultado os parceiros sociais e ponderado as suas propostas, o Governo irá aprovar em Conselho de Ministros o valor do salário mínimo, fixando-o em 635 euros. Trata-se de um aumento de 5,8%, adequado à situação económica e social que vivemos e perfeitamente compatível com o nosso objetivo de legislatura», sustentou o primeiro-ministro.

Resta saber se é compatível com as necessidades dos trabalhadores e os custos de vida que lhes são impostos. Horas antes, em sede de concertação social, o Governo tinha apresentado esta proposta às confederações patronais e sindicais, tendo como meta atingir 750 euros até 2023.

Ana Mendes Godinho, ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, defendeu que estas primeiras reuniões em concertação social são o «arranque de um acordo global de rendimentos e competitividade». Uma ideia de «competitividade» que se sobrepõe ao objectivo com que o Governo se diz comprometer: «a erradicação da pobreza no trabalho».

Portugal | O POÇO


Henrique Monteiro | HenriCartoon

Portugal dos pobrezinhos. Sem direito a esmola…


Chuva e frio é o que não falta em Portugal. Até que enfim. Vem aí tempestade com vento forte. Uma tempestadezinha também fazia falta por cá. O mau hálito dos que tanto falam por cá empesta o ar que respiramos. A tempestade limpa o ambiente. Que maravilha,  serão os odores da natureza verde e revigorante a prevalecer...

Dizem, por exemplo, os dos maus hálitos: “Ah, e tal, Salário Mínimo Nacional aumentado, que bom. Grande governo, maravilha de patrões e de sindicatos.” Francamente, um euro por dia de aumento, 31 e uns tostões no final do mês… Aumento? Uma esmola. Malvado cheiro a bedum, desses. Os das esmolas, que esbanjam milhares de milhões aos das suas castas. Milhares de milhões... de todos, só para alguns.

Outra: Que prevalecem as diferenças nas políticas de saúde para ricos e para pobres. E é constatável todos os dias, a toda a hora. Mas os portadores de halitoses graves e fedorentas respondem: “Não, nem pensar. A saúde dos portugueses é uma das prioridades dos governos e também do atual do Costa & Companhia.” Mentira. As desigualdades florescem aqui e ali, acrescentando-se às anteriores. Mais que muitas. Inadmissíveis. Antidemocráticas.

Ainda outra: Crianças de rua. A miséria prevalece a reboque da indiferença e da inexistência de prevenção, substituída por esmolas - para que não se diga que nada fazem. Uma pobreza, retrato das elites desta fossa lusa.

Há mais. Muitas mais, coisas lusas...

Bom dia, a seguir vai acontecer o Expresso Curto. De pobreza, na nossa opinião. Por vezes acontece aos melhores jornalistas darem de caras com temas de pobreza. A dependência de acontecimentos é o que dá. Não que os diferentes e ricos de humanidade não aconteçam. Só que nem sempre são considerados acontecimentos de interesse para o sistema neoliberal global que nos coarta o enriquecimento do conhecimento… Porque sim. Porque alguém imagina que é o que convém.

"Eles" passeiam. Indiferentes às pobrezas dos reféns em Portugal...

Siga para o Curto Pobre… Sem direito a esmola. Até porque esmola não é futuro e é o que mais vimos acontecer em Portugal e no mundo neoliberal, a roçar o fascismo em tantas situações, opções e atitudes.

SC | PG

Portugal | Crianças de Rua. “Hoje são menos mas o perigo é muito maior”


Estão mais vulneráveis ao crime organizado, às redes de tráfico de pessoas, à prostituição. As crianças que se encontram nas ruas já não o fazem exclusivamente por motivos financeiros. Fogem para dizer basta e, de certa forma, “vão à procura de um sonho” mas a realidade que encontram é muito diferente, explica ao Expresso o Instituto de Apoio à Criança, que em 2018 acompanhou 52 casos no distrito de Lisboa

Era fácil reconhecê-las, “não só pelos locais onde estavam na cidade, mas também pelo seu aspeto”. As roupas estavam rotas, notavam-se os escassos cuidados de higiene. Hoje não é assim, embora crianças e jovens continuem a estar nas ruas. “Existem algumas situações de exclusão extremas, quase como encruzilhadas sociais”, diz ao Expresso Matilde Sirgado, coordenadora do Projeto Rua, que funciona como observatório social e é desenvolvido pelo Instituto de Apoio à Criança (IAC). “É uma realidade que persiste em países da União Europeia, não é um problema de terceiro mundo.” Estão mais escondidos e quase todos fugiram de casa ou da instituição, como “não têm sítio onde ficar, acabam por se abrigar no sítio onde os sem-abrigo costumam ficar”.

“Hoje há menos crianças e jovens sem-abrigo, mas o perigo é muito maior. Estão mais vulneráveis ao crime organizado, ao tráfico de pessoas, à angariação de jovens, à prostituição”, diz Matilde Sirgado. “Há uma maior prevalência na faixa etária entre os 13 e 18 anos, mas o grande pico de idades é entre os 14 e 16 anos.”

Em 1989, o Projeto Rua acompanhou 162 crianças e jovens e nos anos seguintes o número oscilou, nunca passando para lá das centenas de casos: 610 em 1994, 300 em 1995. Com o novo século, dispararam para 758 e, em 2009, chegaram aos 1385. Foi em 2010 que o número cresceu como nunca antes: foram acompanhadas 1836 crianças e jovens. Há cinco anos, as estatísticas voltavam a valores próximos do século passado (471) e, em 2018, o IAC acompanhou ainda 52 processos (16 novos casos e 36 que transitam de anos anteriores).

Fenprof, Zero e MESA lançam petição para erradicar amianto das escolas


PORTUGAL

As organizações esperam conseguir quatro mil assinaturas para levar petição a debate em plenário da Assembleia da República.

A associação ambientalista Zero, o Movimento Escolas Sem Amianto (MESA) e a Federação Nacional dos Professores (Fenprof) lançaram esta quinta-feira uma petição nacional para a remoção total do amianto das escolas do país. As organizações esperam recolher mais de 4 mil assinaturas para levar a petição a debate em plenário da Assembleia da República.

André Julião, coordenador do MESA, explica à TSF que depois de "várias tentativas" junto do Ministério da Educação para conseguir uma lista atualizada das escolas que ainda contêm amianto, e depois de vários pedidos de reunião sem resposta, decidiram avançar para uma petição de forma a que "sejam tomadas as necessárias medidas destinadas a impor ao governo, no respeito pela lei, a divulgação da lista".

"O governo tem dado pouca atenção a este problema. Tem até agido com alguma leviandade dada a seriedade do problema", afirma André Julião, explicando que se trata de problema de saúde pública de toda a comunidade educativa.

Literatura | "Escrevo sobre banqueiros que sabem a merda que fizeram"


De chofre, o entrevistado, Francisco José Viegas, autor de policiais, responde ao jornalista do Diário de Notícias, João Céu e Silva, por palavras que dão título ao texto. Recheio de ficção ou realidade na obra do autor? Para muitos leitores a realidade está inserida nos conteúdos, talvez numa quase perfeita simbiose com a ficção. Da sua obra e de muito mais fala o autor. A entrevista é fluente, com o mérito de agradar até aos mais exigentes. Leia o que aqui trazemos via DN:

O inspetor Jaime Ramos não aparece nos noticiários das televisões ou nas notícias de jornais, mas rivaliza literariamente com as figuras da polícia e da justiça que disputam o espaço mediático para explicar o crime à portuguesa.

No nono volume de investigações policiais, o mítico inspetor Jaime Ramos continua imbatível no desempenho das suas aventuras literárias de autoria de Francisco José Viegas. Sempre preocupado em também refletir a realidade nacional além do enredo policial, com acontecimentos verídicos ou aproximados da realidade que serão úteis à história, desta vez o escritor vai mais fundo e a presença da recente história de Portugal na narrativa é determinante para o desenvolvimento destas 400 páginas.

O inspetor Jaime Ramos já se tornou um clássico no quase inexistente género do policial português e Francisco José Viegas mantém-se o único escritor a fazer questão de manter um protagonista destes no ativo - mesmo que neste A Luz de Pequim lhe comece a fazer as malas na Judiciária -, conseguindo seduzir milhares de leitores que aguardam por cada novo título com alguma ansiedade.

O resumo na contracapa revela parte do imbróglio ao avançar que haverá um corpo que aparece pendurado nos pilares da Ponte de D. Luís, um cadáver de uma mulher abandonado que evoca os crimes do submundo da noite portuense, realidades que se conjugam e fazem Jaime Ramos viajar até Pequim e pôr dentro destas páginas muitas das polémicas sobre a colonização, por exemplo, bem como o modo de ser português nos tempos mais recentes. Em poucas palavras, Jaime Ramos vai confrontar o leitor "sobre o sentido de ser português num país dominado por elites cúmplices, endogamias e poderes ocultos".

Conforme se pode ler nesta entrevista, Francisco José Viegas é claro ao dizer que "tudo em Portugal dava um bom thriller" e aponta o dedo aos "protagonistas" bem conhecidos: "Os bancos, os partidos, os donos dos bancos e dos partidos, as famílias, os laços familiares, as traições nos partidos, as traições no governo, o PSD, o PS, o PCP." Considera que existe uma rede de amizades perigosas que tem origem num "certo ano da Faculdade de Direito de Lisboa", de onde nasceram "relações de uma certa endogamia e de grande cumplicidade". Vai mais longe no que diz: "Gente que se conhece há muito tempo, que faz um telefonema, que relembra uma amizade. É o nosso país."

Hong Kong | Portugal apela a estudantes que enviem dados pessoais para receberem apoio


Macau, China, 13 nov 2019 (Lusa) - O Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong pediu hoje aos estudantes portugueses na ex-colónia britânica que enviem os seus dados pessoais para obterem apoio, numa altura em que se registam violentos confrontos em universidades do território.

Em resposta à Lusa, o cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong disse estimar que "existam cerca de 20.000 indivíduos em Hong Kong com passaporte português, dos quais entre 500 e 1.000 serão portugueses expatriados".

Paulo Cunha Alves acrescentou que os estudantes têm estado em contacto com as autoridades consulares, que já reuniram "uma lista com perto de duas dezenas de nomes".
No entanto, esclareceu o diplomata, "alguns são chineses com passaporte português e, nestes casos, a proteção consular compete às autoridades da Região Administrativa Especial de Macau".

De acordo com a lei da nacionalidade chinesa "o passaporte português não concede a nacionalidade portuguesa, sendo considerado apenas um documento de viagem", explicou.

Num comunicado divulgado no Facebook , a representação diplomática solicitou "a todos os estudantes de nacionalidade portuguesa que se encontrem em Hong Kong que transmitam via email para o endereço macau@mne.pt as seguintes informações: nome; Cartão de Cidadão ou passaporte; contacto telefónico; email; universidade onde estão a estudar", lê-se num comunicado divulgado no Facebook do consulado português.

"Estas informações são essenciais para o consulado poder prestar qualquer apoio em caso de necessidade", apontou.

Em situação de emergência, acrescentou o Consulado, os estudantes podem "procurar apoio através do telefone +853 28356632 ou do endereço macau@mne.pt ou ao Gabinete de Emergência Consular (atendimento 24 horas) pelos números +351 217929714/ +351 961706472 ou do endereço gec@mne.pt".

As universidades de Hong Kong tornaram-se desde segunda-feira, pela primeira vez, palco de violentos confrontos.

Hong Kong | Corte de vias e lançamento de gás lacrimogéneo sobre manifestantes


Hong Kong, China, 14 nov 2019 (Lusa) - O corte de importantes estradas e o disparo de gás lacrimogéneo sobre manifestantes marcaram a manhã em Hong Kong, no quarto dia seguido de confrontos violentos que começaram com uma greve geral convocada para segunda-feira.

Pouco depois das 07:00 (23:00 de quarta-feira em Lisboa), grupos de manifestantes bloquearam o túnel que liga a ilha de Hong Kong ao continente, enquanto uma outra importante via, a de Tolo, que liga várias áreas da periferia, permanece cortada desde a noite de quarta-feira.

A ponte número 2 dessa rodovia está localizada ao lado da Universidade Chinesa de Hong Kong, onde foram registados os confrontos mais violentos nos últimos dias e onde numerosos estudantes permanecem entrincheirados, construindo barricadas e armazenando bombas incendiárias.

A associação estudantil daquela universidade tentou ontem obter uma ordem judicial para impedir que a polícia antimotim entre novamente no campus, mas o tribunal rejeitou a reivindicação.

Por outro lado há uma centena de estudantes barricados na Universidade Politécnica, que anunciou ontem que suspendeu as aulas até ao fim da semana por razões de segurança.

FRELIMO e 10 milhões das dívidas ocultas: "Oportunamente diremos alguma coisa"


FRELIMO ainda não consegue confirmar algo simples: se o valor entrou, ou não, na sua conta. Mas o comprovativo apresentado no julgamento nos EUA já é suficiente para que a PGR abra uma investigação, entende jurista.

Há cerca de duas semanas, no contexto do julgamento do caso de crimes financeiros ligado às dívidas ocultas moçambicanas que decorre nos EUA, procuradores apresentaram comprovativos de transferências bancárias de 10 milhões de dólares, em 2014, por uma subsidiária da empresa Privinvest para o comité central da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO, no poder).

Desde a divulgação, o partido manteve-se num silêncio sepulcral até esta semana. Depois de várias tentativas da DW, o porta-voz da FRELIMO, Caifadine Manasse, disse apenas: "Nós, como partido, estamos a acompanhar, como também a rádio está a acompanhar, sobre documentos que estão a ser apresentados no tribunal. São partes no tribunal e cada um está a apresentar aquilo que é a sua defesa."

Desculpando-se, o porta-voz acrescenta ainda: "Estamos a sair de um processo eleitoral, de uma campanha eleitoral, e sobre esse assunto estamos a acompanhar através da imprensa."

11 milhões de angolanos continuam sem registo oficial


É a conclusão de um estudo apresentado esta quarta-feira pela ONG Handeka: cerca de quatro em cada dez pessoas em Angola não tem registo de nascimento. Governo promete registar toda a gente até 2022.

Mais de 11 milhões de cidadãos angolanos não têm registo de nascimento. Um deles é Celendro Agostinho António, um jovem de 23 anos, que não pôde continuar os estudos e arranjar emprego porque não tem Bilhete de Identidade.

"Não consigo fazer nada: não consigo trabalhar e não consigo estudar. Estudei da 1ª até à 7ª classe, mas depois pediram documento", conta em entrevista à DW África.

Alexandra Simeão, presidente da organização não governamental Handeka, diz que, para além das dificuldades em conseguir emprego e no acesso à educação, quem não tem registo enfrenta muitos outros problemas no dia a dia: "Não pode casar, não pode abrir uma conta bancária, não pode fazer a escritura de uma casa ou de um terreno, não pode ter o registo de uma mota ou de um carro, não pode viajar de avião, não pode registar os próprios filhos."

"No limite, nem sequer pode ser enterrado no cemitério porque não tem Bilhete de Identidade. A pessoa não existe" para o Estado, acrescenta Simeão.

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