sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Toneladas de amianto continuam a ter Portugal como destino


Alerta é da plataforma SOS-Amianto, que neste último ano recebeu mais de duas centenas de denúncias e testemunhos sobre a presença deste material em edifícios e de quem já adoeceu por via da exposição a esta fibra.

Cerca de 53 mil toneladas de matérias perigosas, entre as quais figura o amianto, foram importadas para Portugal entre 2016 e 2017, últimos anos com dados disponíveis. A que se juntaram, no mesmo período, 727 toneladas de resíduos contendo amianto com o objectivo de serem depositadas em aterros.

Os números deste negócio foram evocados nesta terça-feira pela plataforma SOS-Amianto, criada há um ano pela associação ambientalista Quercus e têm por base dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e da Agência Portuguesa do Ambiente (APA). Esta é uma das facetas da presença de amianto em Portugal, quando ainda falta remover este material cancerígeno de 3730 edifícios públicos. Não existe ainda um balanço relativo aos espaços privados.

“Não há um dia em que alguém não nos questione ou denuncie esta problemática”, refere Cármen Lima, coordenadora da SOS Amianto, num comunicado divulgado nesta terça-feira a propósito do primeiro aniversário daquela plataforma. Um período ao longo do qual registaram “mais de duas centenas de contactos”, dando conta da “presença de amianto em fábricas abandonadas, coberturas de edifícios particulares, edifícios de escritórios, escolas, hospitais, teatros, bibliotecas, universidades, edifícios militares”, entre muitos outros. Destes contactos fazem também parte os que foram feitos por “vítimas que trabalharam nas fábricas de produção de fibrocimento, indústria naval e estaleiros, bem como da construção civil”, onde actualmente têm origem a maior parte dos resíduos contendo amianto.

As patologias derivadas da exposição a este material podem demorar mais de 20 anos a manifestarem-se. Segundo um alerta da Organização Mundial de Saúde, referido pela SOS-Amianto, entre estas doenças figuram o cancro do pulmão, cancro do ovário, cancro da laringe e cancro do estômago.

Bolívia | NÃO DESPREZE A RESISTÊNCIA


Surgem as primeiras marchas contra golpe de Estado — duramente reprimidas. Legisladores, impedidos de entrar no Parlamento, denunciam assassinatos e Constituição rasgada. População já prepara resposta a ultradireita

Sebastián Ochoa Sebastián Ochoa, em Lavaca | Outras Palavras | Tradução: Rôney Rodrigues

A três dias da renúncia forçada de Evo Morales à presidência da Bolívia, a máscara democrática dos golpistas começam a cair. Na terça-feira (12/11), os legisladores do Movimiento Al Socialismo (MAS) tentaram ingressar na Assembleia Legislativa Plurinacional para rechaçarem o autoproclamamento da senadora Jeanine Áñez como nova Presidenta. O plano era rechaçar a carta de renúncia de Evo Morales e exigir sua volta ao país para retomar suas funções. A polícia tentou impedir que eles ingressassem na Praça Murillo. No dia anterior, era Áñez quem lhes rogava que fossem ao Parlamento dar quórum às votações. Enquanto isso, as mortes de bolivianos em enfrentamento às Forças Armadas e à Polícia continuam aumentando.

Os legisladores do MAS solicitaram aos meios de comunicação que divulguem os assassinados dos defensores de Morales nesses enfrentamento de rua. Na terça, foi confirmada a morte de duas pessoas em Yapacaní e em Montero, povoados de Santa Cruz de la Sierra, compostos por camponeses. Não há uma contagem oficial dos mortos nos repúdios ao golpe. Segundo a Defensoria do Povo, até a manhã de quarta era quatro. Segundo a Procuradoria Geral, eram seis. Em El Alto [segunda maior cidade da Bolívia] dizem que são muito mais. Os meios de comunicação silenciaram-se sobre essas mortes. Salvo o sinal argentino da Crónica TV, nenhum meio cobriu a repressão a balas à população alteña, na terça-feira.

Nessa quarta uma notícia passou despercebida: o chefe das Forças Armadas, Williams Kaliman, renunciou a seu cargo. Imediatamente, Áñez nomeou uma nova cúpula militar. Kaliman fora empossado por Evo Morales em 2018. No último domingo, no entanto, deixou de obedecê-lo, somando-se ao movimento pela sua derrocada. Agora, quando está evidente que há muita gente disposta a sair às ruas para dar sua vida a Evo, optou por sair de cena. Tudo indica que se avizinha uma repressão mais impiedosa para quem defender o MAS.

No domingo, quando Morales renunciou, cerca de quarenta legisladores, ministros e funcionários de todos os escalões somaram-se a sua renúncia, com a intenção de “pacificar o país” – mas nenhuma dessas renúncias foram aceitas, de acordo com os processos administrativos.

BOLÍVIA PEDE SOCORRO - vídeo


A seletividade dos mídias europeus na cobertura dos eventos na América Latina e o silêncio perante cúmplice perante o GOLPE DE ESTADO RACISTA ocorrido na Bolívia estão a contribuir para o regresso de ditaduras e do fascismo na região.

Hoje lá, amanhã poderá ser aqui. Não é uma questão de direita vs esquerda. É uma questão de prevalência da democracia, da luta pela civilização contra o retrocesso da barbárie.

Alberto Castro, Londres

Sudão e Sudão do Sul: Nova amizade no horizonte?


A relação entre o Sudão e o Sudão do Sul, marcada por guerra e violência, parece estar a mudar, após a queda do ex-Presidente sudanês Omar Al-Bashir - com vantagens para os dois países.

Quando o novo primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, chegou à capital do vizinho Sudão do Sul, em setembro, mostrou-se "muito satisfeito" por estar na sua "segunda casa, Juba". No passado, declarações como esta de políticos sudaneses em relação ao Sudão do Sul seriam improváveis. A relação entre os dois países tem sido conturbada: após uma violenta guerra civil, que durou 22 anos, o Sudão do Sul, de população maioritariamente cristã, separou-se do norte predominantemente muçulmano e de língua árabe e declarou a independência, em 2011.

Com a destituição, em abril deste ano, do ex-Presidente sudanês, Omar al-Bashir, o relacionamento entre o Sudão e o Sudão do Sul tem melhorado a olhos vistos. Hamdok, que lidera um Governo de transição de 18 membros formado após a queda de Omar al-Bashir, que esteve no poder de 1989 a abril deste ano, diz que os dois países procuram um novo relacionamento mais estratégico.

E a saída de al-Bashir abre caminho não só à melhoria das relações, mas também ao trabalho conjunto para resolver os problemas internos dos dois países - que, por vezes, se agravaram com o apoio do Governo vizinho. "Os dois países dependem, de facto, da boa relação com o outro", afirma Marina Peter, especialista no Sudão na organização alemã Brot für die Welt (Pão para o Mundo). 

CPLP: Maioria dos países com quotas em atraso, no valor de dois milhões de euros


Dos nove países que compõem a CPLP, só três têm as contribuições de 2019 regularizadas. Ao todo, Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe devem cerca de dois milhões de euros.

O orçamento anual para o funcionamento da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é de 2,7 milhões de euros, suportado pelas contribuições dos nove Estados-membros, segundo indicam os documentos da organização a que a DW África teve acesso. Mas apenas 30 por cento das quotas de 2019 estão pagas.

Dos nove países membros, seis ainda não liquidaram as respetivas quotas deste ano. São eles: Angola, Brasil, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe. No total, devem perto de dois milhões de euros.

Necessário "fundo de maneio"

Em entrevista à DW África, Hélder Gomes, investigador em Ciência Política e Relações Internacionais, considera que uma organização como a CPLP tem de ser gerida da mesma forma que se administra um condomínio, ou seja, com fundo de maneio. E critica: "Seja por culpa da organização como um todo, seja por culpa de cada um dos seus Estados-membros, nesta questão das dívidas julgo que a CPLP põe a nu uma certa gestão amadora, quase de vão de escada, que tem de andar sempre preocupada com a liquidez e se tem ou não dinheiro para funcionar nos próximos meses e com a equipa que tem".

Para este investigador, não sendo esta uma situação inédita, é grave que a CPLP não disponha de um fundo de maneio, sendo esta para si uma das "muitas fissuras" da organização. "Uma dessas fissuras da CPLP é justamente não existir uma regra escrita sobre a altura em que a quota deve ser paga. [Mas] acho que isso não devia ser desculpa, uma vez que os valores para este ano foram aprovados em julho do ano passado". 

Hélder Gomes acrescenta ainda que os países incumpridores "têm de ser chamados à atenção" e "sofrer consequências" por isso. E apela à revisão dos estatutos.

Oposição guineense critica reforço militar da CEDEAO


Com oficiais militares da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) em Bissau, aumentam as críticas da oposição a reforço da ECOMIB. Primeiro-ministro Aristides Gomes desvaloriza.

A ida dos oficiais militares da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) a Bissau foi decidida pelos chefes de Estado da organização na última cimeira realizada em Niamey, capital do Níger, a 8 de novembro. No encontro foram tomadas várias decisões em relação à situação política na Guiné-Bissau, incluindo o reforço da força militar da CEDEAO no país, a ECOMIB, para as eleições presidenciais de 24 de novembro.

Esta quinta-feira, os oficiais reuniram-se com o ministro da Defesa, Luís Melo, e com o primeiro-ministro guineense, Aristides Gomes. A delegação vai ainda encontrar-se com o Presidente cessante, José Mário Vaz, e com o ministro do Interior, Juliano Fernandes, para preparar o envio das tropas da ECOMIB.

O reforço da força militar da CEDEAO foi fortemente contestado pelo candidato presidencial Umaro Sissoco Embaló: "Há guerra na Guiné-Bissau? As pessoas são mortas aqui? O que é que as tropas estrangeiras vêm buscar aqui?"

Sola Nquilin Na Bitchita, dirigente do Partido da Renovação Social (PRS), também critica a decisão da CEDEAO.

"O Partido da Renovação Social não hesitará em considerar declaração de guerra qualquer tentativa de estacionamento de mais contingente militar da ECOMIB, em qualquer ponto do território nacional", afirmou.

A missão militar, que chegou na quarta-feira (13.11), é integrada pelo Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da CEDEAO, general Usman Yussuf, e pelos Chefes do Estado-Maior da Nigéria, Abayomi Gabriel Olonishakin, do Senegal, Cheikh Gueye, do Níger, Ahmed Mahamed, e do Togo, Félix Abalo Kadangha.

Moçambique | Dívidas ocultas: Nome de ex-Presidente Armando Guebuza surge em tribunal


O antigo chefe de Estado trocou mensagens telefónicas em 2016 com o negociador da Privinvest que está em julgamento nos Estados Unidos, Jean Boustani, segundo uma agente do FBI.

O ex-Presidente moçambicano Armando Guebuza recebeu várias mensagens de Jean Boustani, homem forte da Privinvest, onde era apelidado de "papá", com comentários sobre as empresas envolvidas no escândalo das dívidas ocultas e sobre trabalhos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A agente especial do Departamento Federal de Investigações (FBI) dos EUA Fatima Haque disse na quarta-feira (13.11), num tribunal de Nova Iorque, que Jean Boustani, cidadão libanês e negociador da empresa Privinvest, escrevia a um número guardado sob o nome "AG" e que os investigadores norte-americanos identificaram como Armando Guebuza, Presidente de Moçambique entre 2005 e 2015.

Apresentando uma tabela com mensagens enviadas por Jean Boustani a números guardados na lista de contactos como António do Rosário 2, Makram Abboud, Iskandar Safa e AG, a agente especial do FBI que foi chamada para testemunhar no julgamento constatou que quatro mensagens foram dirigidas a Armando Guebuza.

Moçambique | Conselho Constitucional nega pedido da RENAMO para anular eleições


Conselho Constitucional de Moçambique negou provimento ao recurso do principal partido da oposição, que pediu a anulação das eleições gerais e provinciais de 15 de outubro alegando vários ilícitos.

"O Conselho Constitucional nega provimento ao pedido de declaração de nulidade da votação e do apuramento a todos os níveis das eleições presidenciais, legislativas e das assembleias provinciais", lê-se no acórdão datado de dia 11 e citado pela agência Lusa.

O recurso do principal partido da oposição tinha sido entregue em 29 de outubro.

Na altura, Venâncio Mondlane, mandatário da RENAMO, disse que o partido queria "a anulação das eleições, porque elas não foram eleições. Foram uma caricatura, uma exibição circense".

Será que pára-quedistas europeus irão saltar sobre Maputo?


Ruptures

Após as eleições em Moçambique a União Europeia intimou a comissão eleitoral desse país a que "se explicasse" sobre alegadas irregularidades.

Em Moçambique, o presidente cessante, Filipe Nyusi, foi reeleito em 15 de Outubro com 73,5% dos votos, contra 21,5% para o seu principal opositor, do movimento Renamo (antiga guerrilha apoiada pelos ocidentais, que em 1992 se transformou em partido político).

Nas eleições legislativas que desenrolaram em simultâneo, o partido no poder desde a independência do país – a Frelimo, do qual saiu o presidente reeleito – conservou a maioria absoluta.

A Renamo denunciou fraudes maciças e exigiu uma anulação dos escrutínios. Ela foi apoiada neste sentido por diferentes grupos de observadores estrangeiros, nomeadamente aqueles enviados pela União Europeia.

Consequentemente, em 8 de Novembro, a UE publicou um comunicado indignado, denunciando nomeadamente "votações fraudulentas, votos múltiplos, invalidações deliberadas de votos da oposição". Ela indignou-se igualmente com "taxas de participação improváveis" e com "um número significativo de contagens anormais".

Para onde vão os EUA? O "sonho americano" tornou-se um "pesadelo"



As expectativas mínimas de todas as famílias trabalhadoras são simples e nobres. Eles querem criar seus filhos para serem educados, satisfeitos e prósperos em um ambiente seguro. Esta é uma aspiração universal. De Bagdad a Boston, as famílias trabalhadoras compartilham as mesmas esperanças e expectativas; somente o grau de sofrimento os separa. Quando uma parte do corpo está em tensão, o corpo inteiro reage com complexidade. Pessoas de todo o mundo estão respondendo a seus problemas particulares de diferentes maneiras. Um agricultor no Equador é confrontado com a questão da vida e da morte, enquanto um agricultor americano enfrenta um futuro incerto e sombrio. Em outras palavras, nos diferentes níveis, todos estão sofrendo.

Nos EUA, para muitos, o "sonho americano" significava ser seguro e próspero. A América era a “terra do leite e do mel” e o “Sonho Americano” era o sonho dos imigrantes. Hoje esse sonho se transformou em um pesadelo. Se alguém é pobre nos EUA, ele ou ela, de uma maneira ou de outra, vive no estado de medo constante. Esse medo é real e está enraizado em um sistema económico que classifica as pessoas com base em sua classe; o status socioeconómico, raça e género. Logicamente, esse medo é muito mais intenso para aqueles que são rotulados como imigrantes pobres com ou sem um "status legal" claro.

Em geral, as famílias pobres e de baixa renda nos EUA, independentemente de sua raça, estão sofrendo. O relatório especial das Nações Unidas sobre a extrema pobreza e os direitos humanos nos Estados Unidos da América declara que

“Cerca de 40 milhões vivem na pobreza, 18,5 milhões na pobreza extrema e 5,3 milhões vivem em condições de pobreza absoluta no Terceiro Mundo”.

Amianto, um problema atual


Íria Roriz Madeira | Jornal de Notícias | opinião

Está ainda em todo o lado e não é só no fibrocimento. Existe em tintas texturadas, pavimento vinílico em mosaico, mosaico hidráulico, tetos falsos, divisórias, nos fios de eletricidade e condutas, apenas para enumerar alguns dos materiais. Pelo facto de ter sido proibido a partir de 2005 existe a sensação de que o amianto é um problema do passado. Efetivamente não é assim. Na euforia da reabilitação, nas últimas décadas, muitos resíduos de construção e demolição contendo amianto foram seguramente encaminhados e tratados como resíduos não perigosos contaminando meio ambiente e expondo transeuntes e trabalhadores a uma matéria cancerígena.

Das profissões consideradas de risco no manuseamento deste material o arquiteto, apesar de estar na linha da frente no processo da edificação, não é, ainda, tido em conta. Este é o agente de mediação entre a obra, dono de obra e empreiteiro. A forma como em Portugal a obra é tratada deixa espaço para alguns erros: desde o dono de obra que acredita poder levar a cabo a reabilitação do seu espaço sem contratar profissionais (ou chamando apenas o empreiteiro), ao empreiteiro que deixa os resíduos de construção e demolição (RCD) em locais ilegais e sem triagem, não propiciando a sua valorização onde possível. Há ainda uma grande falta de formação em particular e iliteracia no geral, no que diz respeito aos intervenientes deste setor de atividade (construção civil). Estes desconhecem os perigos a que estão expostos e a que expõem transeuntes e habitantes. De forma transversal parece ainda haver uma desvalorização do papel e trabalho do arquiteto, que fica confinado ao de desenhador quando o alcance do seu saber permite a integração das várias áreas e o planeamento da obra. No que diz respeito ao conhecimento dos materiais, por exemplo, este tem ainda, historicamente, o saber da prática aplicada à utilização dos materiais em diversos contextos e locais privilegiando a identidade do espaço onde se justifica ou delatando a presença de materiais tóxicos ou contextos inadequados.

O desconhecimento sobre a existência e consequências do contacto com esta substância pode originar erros fatais no entanto parece estarmos a descansar sobre o hiato de tempo em que esta demora a ser detetada. O período de latência das doenças provocadas pelo amianto vai de 10 a 60 anos. Num intervalo de tempo tão alargado a associação da causa da doença à exposição a este tipo de material pode ser tarefa árdua. Sendo os mesoteliomas e as asbestoses hoje seguramente ligados à exposição ao amianto, vários tumores podem ser diagnosticados sem, no entanto, se conseguir diretamente associação à sua presença desde o cancro do pulmão, ao gastrointestinal, esófago ou ovários.

Segundo a Organização Mundial de Saúde não há um número mínimo de partículas de amianto abaixo do qual possamos considerar a nossa exposição segura. A possibilidade de qualquer um de nós ter sido exposto ao amianto é enorme. Bastaria vivermos, termos vivido ou trabalhado em edifícios construídos entre 1940 e 2005 onde podem existir materiais que contêm esta matéria perigosa, termos frequentado uma escola ou passarmos com frequência junto a um desses equipamentos com as placas de fibrocimento degradadas, sermos frequentadores de um edifício público com amianto em condutas, vivermos numa casa reabilitada onde se conservou o mosaico hidráulico ou termos contacto com o vinílico do pavimento do centro de saúde que frequentamos com os nossos filhos e pais para estarmos sujeitos ao risco de contaminação. O Amianto está, potencialmente, em todo o lado.

Portugal | Secretas vigiam guerra por controlo das polícias


Movimentos anónimos disputam poder nas polícias que estava entregue aos sindicatos. A influência da extrema-direita preocupa serviços de informação.

Um novo grupo anónimo denominado "Comissão de polícias pela dignidade e a dignificação dos polícias" (CPDDP) acusa o "Movimento Zero" (M0), também anónimo e que junta elementos da PSP e GNR, de estar ligado a "forças políticas de extrema-direita", de "criar desacatos e violência" e de colocar "polícias contra polícias". As críticas, já rebatidas pelo M0, juntam-se a acusações do presidente do Observatório de Segurança e das associações sindicais de polícias. Esta "guerra" pela influência nas forças de segurança, em vésperas de uma manifestação nacional agudizou a atenção das secretas à situação.

O JN confirmou a preocupação dos serviços de informação com estes movimentos "inorgânicos" que irão vigiar com especial cuidado, durante a manifestação marcada para o próximo dia 21, em Lisboa, pelas associações sindicais. Elementos conotados com a extrema-direita e atos violentos são o principal foco.

Alexandre Panda e Roberto Bessa Moreira | Jornal de Notícias

Imagem: Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens

Portugal | Nazismo vs comunismo. Polémica chega à Assembleia da República


O Parlamento Europeu aprovou há dois meses uma resolução condenando as agressões e os crimes cometidos "pelos regimes nazi e comunista" no século XX. Equiparação lançou uma enorme controvérsia, que chega nesta sexta-feira ao Parlamento, com a direita de um lado da barricada, o PCP do outro, e o PS no meio.

A polémica lançada há dois meses por uma resolução do Parlamento Europeu (PE) que equiparou o nazismo e o comunismo vai chegar nesta sexta-feira à Assembleia da República. De um lado da barricada estarão o CDS, a Iniciativa Liberal e o Chega, que apresentam três votos a saudar o documento aprovado pelos eurodeputados, do outro o PCP, que não poupa nas palavras de condenação ao documento de Bruxelas. No meio, o PS avança também com uma proposta que condena os "regimes totalitários" do século XX, sem nunca referir o comunismo. Os cinco textos (que representam uma tomada de posição política, sem mais consequências) vão a votação ao final da manhã de hoje.

A Iniciativa Liberal, um dos partidos recém-eleitos para a Assembleia da República, foi o primeiro a apresentar uma proposta sobre este tema - naquele que é também o primeiro voto que o deputado único João Cotrim Figueiredo apresenta nesta legislatura - na forma de uma saudação ao Parlamento Europeu, por reafirmar a "condenação dos crimes dos regimes fascista e comunista como forma de resistência contra todas as formas de extremismo coletivista que ameaçam a democracia liberal".

Susete Francisco | Diário de Notícias | Imagem: © Orlando Almeida/Global Imagens

Extrema-direita cresce na UE. Uma explicação sobre a extrema-esquerda


Sete breves exemplos da aparente “retórica reconfortante” da extrema-direita e uma explicação sobre a extrema-esquerda

Com a eleição de 52 deputados pelo partido Vox em Espanha e de um pelo Chega em Portugal, a Península Ibérica já pertence, em definitivo, ao clube da extrema-direita europeia. Neste momento, Irlanda, Luxemburgo e Malta são os únicos países do continente sem deputados desse quadrante. O caso espanhol é paradigmático daquilo que pode ser uma ascensão meteórica de um partido de extrema-direita: em pouco mais de meio ano, o Vox mais do que duplicou o número de assentos parlamentares.

“As dúvidas sobre o liberalismo vieram para ficar. O apoio a partidos virados para dentro também vai crescer”, prognostica a jurista e académica búlgara Radosveta Vassileva. “A principal semelhança entre todos estes partidos é que oferecem um sentimento de orgulho e soluções fáceis”, o que “pode ser reconfortante em tempos difíceis”, conta ao Expresso.

“EXTREMA-DIREITA EM ASCENSÃO EM QUASE TODO O LADO”

O mapa reproduzido acima é ilustrativo do avanço da extrema-direita na Europa, com graus diferentes de afirmação e participação nas decisões políticas dos respetivos países. “A extrema-direita está em ascensão em quase todo o lado – partindo de Espanha, passando por França, Áustria, Hungria até ao extremo leste da União Europeia (UE), como a Bulgária”, descreve Vassileva.

“A principal semelhança entre todos estes partidos é que jogam com os sentimentos de deceção das pessoas e aproveitam-se disso. Eles oferecem um sentimento de orgulho (‘somos o melhor país’) e soluções fáceis (‘estamos melhor sozinhos’) quando a economia está a dar problemas. Esta retórica pode ser reconfortante em tempos difíceis”, prossegue.

E quais são as diferenças? “Observo uma gama de respostas quando se trata de xenofobia e racismo. Nalguns países, a extrema-direita é bastante extrema relativamente à imigração, como em França e na Áustria. Noutros, o ódio é dirigido a minorias há muito reconhecidas e que fazem parte do país, como na Bulgária”, distingue a académica.

Independentistas catalães têm direito ao mandato de eurodeputados, diz Tribunal da UE


Opinião do advogado-geral do Tribunal de Justiça da UE sobre o caso de Oriol Junqueras critica manobras do Governo espanhol para inviabilizar tomada de posse no Parlamento Europeu.

Num parecer que poderá influenciar o desfecho do caso dos concorrentes independentistas da Catalunha que foram impedidos de iniciar funções como eurodeputados, o advogado-geral do Tribunal de Justiça da União Europeia, Maciej Szpunar, considerou que o Governo e a Justiça espanhola não têm autoridade nem competência jurídica para alterar os requisitos exigidos para a tomada de posse dos candidatos eleitos pelo Parlamento Europeu, que têm direito a assumir o seu mandato assim que os resultados eleitorais são declarados e não “à condição de cumprirem outras formalidades subsequentes”.

O processo foi aberto a pedido do Supremo Tribunal espanhol, que decidiu consultar os juízes europeus antes de se pronunciar definitivamente sobre um recurso entregue por Oriol Junqueras, o antigo líder da ERC e ex-vice presidente da Generalitat, que foi eleito eurodeputado a 26 de Maio apesar de se encontrar detido temporariamente, e foi depois impedido de tomar posse e de beneficiar da imunidade concedida aos parlamentares europeus no decurso do seu julgamento.

DERIVA IMPERIAL SERÔDIA NA UNIÃO EUROPEIA


As intenções marciais e mesmo imperiais da União Europeia serão reforçadas com seus novos dirigentes, sra. Ursula Von der Leyen e sr. Josep Borrell.

A primeira afirma que "a Europa deve aprender a falar a linguagem da potência" e que o "soft power" já não basta. O segundo afirma que "a Rússia, nossa velha inimiga, tornou-se novamente uma ameaça" e que doravante a UE "deveria utilizar a linguagem da força" – o que exige o reforço das suas "capacidades militares" com verbas da ordem dos 10,5 mil milhões de euros.

Mas a estagnação da economia europeia, a começar pelo país da sra. Ursula, não deveria permitir tais arrogâncias serôdias. Estarão distraídos ou será uma fuga para a frente?

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