quarta-feira, 11 de março de 2020

Portugal | O GOVERNO CORRE ATRÁS DO COVID 19, MAS NÃO O APANHA


Octavio Serrano* | opinião

"Mas uma coisa se sabe; as autoridades europeias, até meados de Fevereiro não olharam para o assunto com grande preocupação"

Escrevi este texto a 10 de Março; o governo italiano decidiu colocar a Itália em quarentena; ordem para ficar em casa; a não ser, que hajam motivos profissionais ou se trate de aquisição de alimentação; fecham escolas, serviços do Estado, não essenciais; proíbem-se todos os eventos, em que as pessoas se possam juntar; proíbem-se as deslocações não essenciais entre províncias; a palavra de ordem do país é parar a propagação do vírus! Mas constatando, até que ponto a disseminação do Covoid 19 chegou, tenho sinceras duvidas que tal seja possível.

Foi muito recentemente; concretamente na passagem de ano, que a Organização Mundial de Saúde deu a noticia; existiriam duas dezenas de casos de pneumonia, de origem desconhecida, em habitantes da cidade chinesa de Wuhan; só a 23 de Janeiro, as autoridades chineses isolaram a zona, num raio de 70 km; nesse intervalo de tempo as pessoas puderam sair e entrar dessa zona; viajar e transmitir; o resultado, foi aparecerem novos casos por toda a China; e que viajantes contaminados espalhassem o vírus por várias zonas do Mundo.

Afirma-se que foi um alemão o primeiro europeu contaminado no continente; num Congresso, uma participante chinesa contaminada, mas assintomática teria ficado ao lado dele; mas a zona onde o perigoso vírus de tornou uma epidemia, em relativamente pouco tempo foi no Norte de Itália; talvez devido, ao facto de se tratar de uma zona muito visitada por turistas chineses; ou por terem regressado italianos de viagens turísticas e de negócios à China. Realmente não se tem a certeza.

Mas uma coisa se sabe; as autoridades europeias, até meados de Fevereiro não olharam para o assunto com grande preocupação; a liberdade de movimentação de pessoas e bens, era um postulado sagrado; ninguém controlava as chegadas da China aos aeroportos; a classe politica encontrava-se mergulhada nas politiquices nacionais e comunitárias costumeiras; ao ponto de a quinze de Janeiro, a directora-geral de saúde portuguesa, afirmar que o surto de corona vírus estaria contido, e que de momento não se colocava a hipótese da sua propagação; o que a senhora, não sabia, foi que nessa mesma altura, a contaminação chegou à Europa. E a negligência dos poderes continuou; não esqueço o acontecido, com um avião particular vindo da China com passageiros chineses de estatuto elevado; foi proibida a entrada dessas pessoas nas Bermudas, Islândia e noutros locais; mas foi permitido que eles desembarcassem nos Açores, sem qualquer controlo sanitário; viajaram dos Açores para Lisboa; e de Lisboa, para o seu destino, o qual desconheço; só se soube que não estavam contaminados com o Covoid 19, porque não contaminaram ninguém; tivemos sorte; o português tem sempre sorte!

Quase sempre! Pois, começaram a chegar aos nossos aeroportos, portugueses contaminados que se tinham deslocado a Itália; claro que, como não existia controlo de temperaturas nos aeroportos, estes compatriotas puderam sem percalço ir às suas vidas e contaminar outras pessoas; foi o caso de um agente comercial de uma fabrica de calçado de Felgueiras que se deslocou a uma feira em Milão; ou de uma professora, que regressou de umas férias em Itália; resultado, fábrica e escolas fechadas.

Entretanto, vamos tendo por companhia uma senhora, com cara de simpática avozinha, que serve de porta-voz à Ministra da Saúde, para este assunto do corona vírus; que constantemente nos fornece uma visão optimista da situação; sim, o governo está a actuar; mas só actua na medida das necessidades; e impõe regras na medida do risco; estejamos descansados; mas percebe-se bem, que os nossos serviços de saúde e emergência, andam a reboque dos acontecimentos; o que se apreende da situação num momento, logo se encontra desactualizado; pois a disseminação da doença tem uma dinâmica que ultrapassa, os esforços para a acompanhar!

Por exemplo, não se percebe a proibição do uso de mascaras pelos funcionários públicos que atendem cidadãos; nomeadamente nas zonas que se estão a revelar mais problemáticas! Se calhar tardiamente, vão obrigar ao seu uso!

A sensação que se tem, é que os nossos governantes andam a correr atrás do prejuízo; quando tentam fechar a cancela, já o vírus passou!

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