quarta-feira, 19 de agosto de 2020

PAIGC denuncia detenção arbitrária de outro dirigente do partido na Guiné-Bissau


O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje, em comunicado, a detenção arbitrária de um outro dirigente do comité central, num ato que classificou de "atentado monstruoso" às liberdades.

"O PAIGC vem dar conhecimento que o camarada Bacai Sanhá (filho do antigo Presidente guineense Malam Bacai Sanha) foi intercetado por agentes da Guarda Nacional em território guineense, quando em viagem a Zinguichor (Senegal) para dar assistência à sua esposa que se encontra em tratamento médico naquele país vizinho", refere o comunicado do secretariado nacional do PAIGC.

Para o partido, aquele é "mais um entre tantos atos de violência que o país vem assistindo à luz do dia", com a particularidade de serem sempre contra "dirigentes do PAIGC".

Bacai Sanhá, "Bacaizinho", ocupava as funções de secretário de Estado das Comunidades no Governo liderado por Aristides Gomes, que foi deposto na sequência da tomada de posse do atual Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.

"Mais uma vez perante os olhares incrédulos e revoltados do povo guineense, um cidadão é capturado e levado do norte do país para as instalações da Guarda Nacional, em Bissau, sem culpa formada", salienta o partido.


O PAIGC sublinha que o "pretexto para a prisão abusiva e arbitrária" é que Bacai Sanhá estaria a organizar a fuga de Aristides Gomes, refugiado nas Nações Unidas em Bissau.

"O camarada Bacai Sanhá foi submetido a violência psicológica, interrogatórios durante horas, tendo sido deixado à espera de ordens superiores para saber que destino lhe seria imposto", refere o partido.

O PAIGC lamenta o "silêncio ensurdecedor" dos parceiros da Guiné-Bissau, da sociedade civil e da comunidade internacional.

Em junho, um outro dirigente do partido foi detido pelas forças de segurança, acabando por ser posto em liberdade.

Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.

Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.

Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.

O programa de Governo de Nuno Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputado do PAIGC.

RTP | Lusa

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