O Partido Africano para a
Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje, em comunicado, a
detenção arbitrária de um outro dirigente do comité central, num ato que
classificou de "atentado monstruoso" às liberdades.
"O PAIGC vem dar conhecimento
que o camarada Bacai Sanhá (filho do antigo Presidente guineense Malam Bacai
Sanha) foi intercetado por agentes da Guarda Nacional em território guineense,
quando em viagem a Zinguichor (Senegal) para dar assistência à sua esposa que
se encontra em tratamento médico naquele país vizinho", refere o
comunicado do secretariado nacional do PAIGC.
Para o partido, aquele é
"mais um entre tantos atos de violência que o país vem assistindo à luz do
dia", com a particularidade de serem sempre contra "dirigentes do
PAIGC".
Bacai Sanhá,
"Bacaizinho", ocupava as funções de secretário de Estado das Comunidades
no Governo liderado por Aristides Gomes, que foi deposto na sequência da tomada
de posse do atual Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló.
"Mais uma vez perante os
olhares incrédulos e revoltados do povo guineense, um cidadão é capturado e levado
do norte do país para as instalações da Guarda Nacional, em Bissau, sem culpa
formada", salienta o partido.
O PAIGC sublinha que o
"pretexto para a prisão abusiva e arbitrária" é que Bacai Sanhá
estaria a organizar a fuga de Aristides Gomes, refugiado nas Nações Unidas em
Bissau.
"O camarada Bacai Sanhá foi
submetido a violência psicológica, interrogatórios durante horas, tendo sido
deixado à espera de ordens superiores para saber que destino lhe seria
imposto", refere o partido.
O PAIGC lamenta o "silêncio
ensurdecedor" dos parceiros da Guiné-Bissau, da sociedade civil e da
comunidade internacional.
Em junho, um outro dirigente do
partido foi detido pelas forças de segurança, acabando por ser posto em
liberdade.
Depois de a Comissão Nacional de
Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das
eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões
Pereira, líder do PAIGC, não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que
houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de
Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.
Umaro Sissoco Embaló assumiu
unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por
ser reconhecido como vencedor das eleições pela Comunidade Económica dos
Estados da África Ocidental (CEDEAO), que tem mediado a crise política no país,
e restantes parceiros internacionais.
Após ter tomado posse, o chefe de
Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições
legislativas de 2019 ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno
Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau
(APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que
ocuparam as instituições de Estado.
O programa de Governo de Nuno
Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputado
do PAIGC.
RTP | Lusa
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