domingo, 23 de fevereiro de 2020

Moçambique | Há muitas lágrimas nos olhos de Sua Excelência


Miguel Luís | O País | opinião

Fazia já algum tempo que a noite tinha caído sobre a capital do país. É verão; a escuridão que dorme sobre Maputo por estes dias não tem sido demasiado pesada. É uma ninharia se compararmos com a escuridão dos dias de Inverno. Em contrapartida, durante o dia a cidade tem aquecido demais, não há quem não reclame. Tem sido uma espécie de estágio para o inferno. À noite sobram alguns resquícios desse calor que os mais sabidos dizem que se deve aos efeitos das mudanças climáticas. A situação está grave, contudo ainda vamos a tempo de evitar o pior.

Enquanto uma parte da cidade já dormia, Sua Excelência estava acordado. Desde que o ano iniciou não tem conseguido dormir como deve ser. Nada disto tem que ver com o calor que tem assolado a capital. Mesmo se tivesse, a sua casa tem ar condicionado. Para Sua Excelência, calor só mesmo fora de casa e do seu carro no qual no confortável assento do motorista o seu corpo pesado estava sentado. Um carro preto no meio de uma noite coberta por uma leve escuridão. Enquanto não saía do carro as suas mãos grossas estavam sobre o volante. O carro estava estacionado algures num dos bairros da periferia da cidade.

Sua Excelência não sabia como tinha chegado ali, mas sabia que estava indeciso se saía ou não do carro.

A Escuridão e ansiedade nunca foram bons aliados e Sua Excelência sabia perfeitamente disso. No mandato anterior tinha desempenhado a função de ministro de uma pasta muito importante na máquina governativa do país. Na profissão que ele tinha desempenhara muito antes de ser ministro controle emocional é uma arma muito poderosa e lá tinha aprendido aquilo que naquele momento ecoava na sua mente – Escuridão e ansiedade nunca foram bons aliados.

Moçambique | Fome em Inhambane assola mais de 25 mil crianças em idade escolar


Mais de 25 mil crianças em idade escolar estão a ser assoladas pela fome na província de Inhambane. O sector de educação diz que a situação está a prejudicar o desempenho dos alunos na sala de aula.

“Não comemos porque não temos comida, viemos à escola com fome e ficamos até às 12 horas sem comer. Em casa comemos Matapa, feijão e cacana com xima, mas sem amendoim nem coco”, disse uma aluna entrevistada pelo “O País”.

Ao todo, são mais de 25 mil crianças assoladas pela fome em toda província de Inhambane. Destas, pelo menos cinco mil já recebem lanche escolar no distrito de Panda, um número muito aquém das reais necessidades.

Mais do que apenas, matar a fome, outra preocupação prende-se com o estado nutricional das crianças.

Em finais do ano passado, número considerável de crianças já não ia a escola em distritos de Inhambane devido a fome.

Para este ano, o sector de educação ainda não começou a registar desistências e por isso trabalhar com parceiros para garantir lanche escolar a mais crianças em toda província.

Hugo Firmino | O País

Angolanos saem à rua contra corrupção em protestos convocados pelo MPLA


Uma manifestação convocada pelo partido no poder em Angola, o MPLA, juntou neste sábado (22.02), em Luanda, e outras 16 províncias, milhares de pessoas em apoio às medidas do Governo.

Em Luanda, a marcha convocada pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) teve início no Comité Provincial do partido e terminou no Largo das Escolas, com um ato político presidido pelo primeiro secretário do partido do poder na capital do país, Sérgio Luther Rescova.

Manifestações semelhantes à de Luanda - que segundo a agência de notícias angolana, ANGOP, terá contado com pelo menos três mil pessoas -, aconteceram no Namibe, Zaire, Bié, Benguela, Lunda Sul, Huíla, Moxico, Cuanza Norte, Bengo, Cuando Cubango, Lunda Norte, de Malanje, Cunene, Cuanza Sul, Huambo e Uíje.

Atos de corrupção

A iniciativa acontece numa altura em que o Governo do Presidente João Lourenço, suportado pelo MPLA, promete não dar tréguas aos envolvidos em atos de corrupção.

Recentemente, em entrevista à rádio alemã Deutsche Welle, o Presidente angolano afirmou que as pessoas envolvidas em atos de corrupção tiveram oportunidade de beneficiar de uma amnistia para devolverem os recursos que indevidamente retiraram do país, rejeitando novas oportunidades para quem não aproveitou o "período de graça".

O Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, em janeiro, mais de 715 mil ficheiros num dossier que designou como "Luanda Leaks", detalhando alegados esquemas financeiros montados por Isabel dos Santos e pelo marido, Sindika Dokolo, que terão permitido à filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos retirar verbas avultadas ao erário público angolano através de 'offshores'.

"Psicologicamente estamos esgotados", diz estudante angolano em Wuhan


Cerca de 40 estudantes angolanos estão há um mês em quarentena na cidade chinesa de Wuhan, o epicentro do surto do novo coronavírus. Luanda ainda estuda como fazer o repatriamento dos cidadãos.

Os cerca de 40 estudantes angolanos retidos em Wuhan estão "psicologicamente esgotados" face à crise "sem fim à vista". As afirmações são do representante dos estudantes angolanos em Wuhan, Euclides Simeão, à agência de notícias Lusa.

"Já é um mês sem sair, a alimentação sempre a mesma e uma preocupação constante", descreveu. "Procuramos notícias boas, mas só vemos a situação piorar. Psicologicamente estamos esgotados", admitiu.

Situada no centro da China, Wuhan foi colocada sob quarentena em 23 de janeiro passado com entradas e saída interditas. A cidade com cerca de onze milhões de habitantes contabiliza cerca de 45 mil infetados e mais de 1.700 mortos devido ao surto do novo coronavírus, o Covid-19.

Aluno de engenharia de Ciências da Computação, Euclides Simeão admite que, da "maneira que as coisas estão", a quarentena vá durar até três meses.

Entre os 38 estudantes angolanos que ficaram retidos em Wuhan, não há casos de contaminação pela doença, mas o representante apontou a falta de apoio prestado por algumas universidades. "Há universidades que fornecem alimentação aos estudantes, as três refeições diárias, mas há outras que não têm acorrido tanto", diz.

Ativistas denunciam desvios no combate à fome no sul de Angola


A região sul de Angola continua a ser assolada pelo fome e desnutrição, apesar das chuvas. Ativistas relatam que os apoios enviados pelo Governo são desviados e as pessoas continuam a morrer.

A fome e a seca no sul de Angola deixaram de ser notícia com a chegada da chuva que cai sobre as regiões afetadas. Entretanto, engana-se quem pense que a situação conheceu melhorias. 

Segundo Domingos Fingo, diretor-executivo da Associação Construindo Comunidades, ainda não há produtos resultantes do presente ano agrícola que possam saciar a fome da população.

"As pessoas pensam que pelo simples facto de estar a cair chuva que neste momento a realidade da fome e da seca na região sul de Angola e substancialmente na dos Gambos está ultrapassada. Não. Não é isso, porque neste momento as comunidades estão a cultivar e os produtos resultantes do cultivo só estão disponíveis a partir de maio ou junho", alertou.

Por isso, Domingos Fingo entende que o apoio às vitimas não deve parar. "O espírito de solidariedade para com as vítimas da seca, da fome e da desnutrição deve continuar até que haja condições de suporte dos produtos que poderão ser retirados do campo. A solidariedade de todos nós exige-se enquanto não chegar à altura das colheitas que se impõem na região", disse.

Angola | ESTIVE NO PARAÍSO! -- Martinho Júnior


Martinho Júnior, Luanda 

ENTRE 17 E 19 DE FEVEREIRO DE 2020... ESTIVE NO PARAÍSO!...

"Praia Paraíso" era o nome do Hotel em que fui hospedado durante os dias da Iª CONFERÊNCIA NACIONAL SOBRE A HISTÓRIA DOS ÓRGÃOS DE INFORMAÇÕES E SEGURANÇA DO ESTADO... situado a menos de um quilómetro do local onde se encontrava o Hospital do CFB, um "bungalow" onde nasci a 4 de Dezembro de 1949!...

Lobito, conhecida como a "sala de visitas" de Angola (agora nem tanto por que a actual administração não está a cuidar devidamente da "sala", provavelmente por que também ele não quer que hajam mais visitas), é a única cidade do litoral angolano que nasceu parida da revolução industrial, não do comércio de perdidas feitorias coloniais que conduziram ao abjecto tráfico de escravos de vários séculos!...

... E não é que fui encontrar a "sala de visitas" cada vez mais industrial?...

Nem imaginam a refinaria que vai ganhar corpo nos morros fronteiros em redor do carismático farol, Quileva adentro!...

Uma "sala de visitas" numa cidade industrial, é nisso que se está a tornar o Lobito!...

... Por agora estive no Paraíso!

Martinho Júnior -- Luanda, 20 de fevereiro de 2020

Imagens do paraíso

Angola | DERIVAÇÃO PERIGOSA


Víctor Silva | Jornal de Angola | opinião

Começa a ser preocupante a forma pouco séria como são tratados assuntos que a todos dizem respeito, no cumprimento de agendas e propósitos que visam, em última instância, tornar o país ingovernável e a viver em permanente estado emergencial.

Em Setembro de 2017, foi inaugurado um novo ciclo político, resultante da assumpção da mea culpa do partido no poder de que, ultrapassado o conflito militar, muito mais poderia ter sido feito a favor dos cidadãos e das famílias angolanas e que isso não estava a ser possível pela "cartelização" das riquezas nacionais por um grupo selecto, a si afecto, mas não exclusivo, assente sobre um complexo esquema de corrupção e onde a impunidade era quase que institucional.

Identificadas algumas das principais causas, decidiu-se pelo virar da mesa e pela troca de cartas, com a separação clara dos distintos poderes e exigindo-se da Justiça que deixasse a sua máscara de faz de conta e assumisse o seu real papel, indispensável para o funcionamento de um verdadeiro Estado Democrático e de Direito. Logo aos primeiros sinais de mudança, começaram a escutar-se as vozes contestatárias sobre os critérios que levavam os órgãos de justiça a dar seguimento a determinados casos e a "ignorar" outros, como se, de repente, houvesse capacidade humana e técnica para investigar e julgar todas as denúncias e processos que vão chegando em catadupa.

Daí à ideia da justiça selectiva foi um passo que se tem repetido aos dias de hoje, com as descaradas pressões e, fundamentalmente, com a descredibilização das principais instâncias de administração da justiça e dos seus magistrados, sejam eles judiciais ou do Ministério Público, porque ora "bloqueiam" a legalização de uma nova formação política, ora só mandam para a cadeia a chamada raia miúda, ora porque prendem ou julgam alguém mais importante e estão a esquecer-se de outros, ora porque andam mancomunados na viciação de concursos para provimento de órgãos ligados à Justiça.

A cena da última quarta-feira, na Assembleia Nacional, foi mais um capítulo triste da nossa política, propício a fomentar a distância entre os cidadãos e os políticos, desencantados com o seu comportamento que se revela, cada vez mais, distante das reais e verdadeiras preocupações das populações.

Guiné Equatorial | Quero, posso e mando: como Obiang libertou um preso político


Até a libertar presos políticos o Presidente da Guiné Equatorial mostra que é um ditador: sem um único papel, o informático da oposição Joaquín Eló Ayeto foi libertado depois de um ano na prisão de Black Beach.

Joaquín Eló Ayeto sobreviveu a um ano na Black Beach, a prisão de Malabo onde a tortura é comum, e acaba de ser libertado da mesma forma que foi preso: sem aviso, sem diligências e sem papéis.

“Paysa” Eló, como é conhecido, foi preso em Fevereiro de 2019 e acusado de conspirar para matar o Presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang Nguema. Torturado duas vezes nas primeiras semanas, as acusações acabaram por ser retiradas. No total, passou 12 meses na prisão, incluindo longos períodos incontactável, durante os quais nem a família nem os advogados sabiam se estava vivo ou morto. Agora, de um momento para o outro, foi libertado.

“Obiang libertou-me a seu bel-prazer, sem nenhuma diligência, nem sequer um papel a declarar a minha liberdade”, diz ao PÚBLICO “Paysa” Eló, de 41 anos, por telefone, a partir da sua casa em Malabo, a capital. “Simplesmente declarou a libertação. Estou livre, mas se um polícia quiser prender-me, será fácil dizer que fugi da prisão.”

Eram seis da tarde de 14 de Fevereiro quando abriram o portão da Black Beach — que está dentro da Zona da Presidência da República, a 300 metros do palácio de Obiang — e Eló saiu em liberdade. A decisão foi tomada horas antes, numa audiência do Presidente a três militantes da Convergência para a Democracia Social (CPDS), partido da oposição no qual Eló milita. “A reunião com Obiang foi feita a nosso pedido. O objectivo era pedir a libertação de presos políticos, especialmente os que estão detidos sem julgamento nem condenação, incluindo Joaquín Eló Ayeto e Luis Mba Esono”, conta ao PÚBLICO Andrés Esono Ondo, secretário-geral da CPDS.

“Joaquín Eló foi preso a 25 de Fevereiro de 2019. Foi levado a julgamento a 22 de Novembro, um julgamento [de um dia] sem garantias processuais e no qual foi provado que era inocente do crime de injúria contra o chefe do Estado. Não foi proferida sentença, mas ele ficou incomunicável na Black Beach. Luis Mba Esono foi preso a 11 de Julho de 2019, com mais oito pessoas. O Governo não explicou os motivos da prisão. “Foram levados para um local desconhecido, os seus familiares não sabiam nada sobre o seu paradeiro e não tiveram autorização para obter apoio de um advogado”, conta Esono, que é sociólogo e antigo professor universitário.

Para espanto dos três oposicionistas, Obiang tomou a palavra e disse que Joaquín Eló e Luis Mba seriam libertados. “O Presidente decidiu libertá-los naquele momento. Deu instruções ao ministro do Interior, que estava na audiência, para que os libertassem. E assim foi”, conta ao PÚBLICO o advogado de direitos humanos Ángel Obama Obiang, secretário das relações institucionais da CPDS, que integrou a delegação do partido (o outro era Wenceslao Mansogo Alo, médico e terceiro vice-secretário-geral do partido). Nessa tarde, foram soltos.

Guiné-Bissau | Umaro Sissoco confirma tomada de posse para quinta-feira (27.02)


O major-general Umaro Sissoco Embaló confirmou neste domingo (23.2) que tomará posse como Presidente da Guiné-Bissau na próxima quinta-feira, e que a cerimónia será simbólica para evitar custos aos "cofres do Estado".

Em declarações aos jornalistas, momentos após ter chegado ao aeroporto Osvaldo Vieira, em Bissau, proveniente de Dacar, Senegal, Umaro Sissoco Embaló, que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNES), venceu as eleições presidenciais do país de 29 de dezembro, confirmou a tomada de posse na quinta-feira (27.02).

Questionado pelos jornalistas se iria tomar posse mesmo sem uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça, Umaro Sissoco Embaló disse que o "Supremo terá tempo de se pronunciar".

"Eu deixo o Supremo fazer o trabalho dele e eu farei o meu trabalho político. Isto haverá duas fases. Há uma coisa simbólica, como sempre disse, a minha tomada de posse não iria acarretar custos aos cofres de Estado", afirmou.

Guiné-Bissau | CEDEAO vai impor sanções a quem impedir normalização política


A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental apelou aos atores políticos guineenses que evitem declarações que arrisquem a paz. Organização pede que CNE e STJ cooperem para salvaguardar o processo eleitoral.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) admitiu impor sanções aos atores guineenses que não contribuírem para a normalização política da Guiné-Bissau e pediu aos políticos para evitarem declarações que ponham em risco a paz no país. 

Num comunicado, com data de sexta-feira, e divulgado este sábado (22.02) à imprensa, a CEDEAO pede também à Comissão Nacional de Eleições (CNE) e ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para "cooperarem de maneira construtiva para salvaguardarem a integridade do processo eleitoral, uma condição e garantia para a paz e estabilidade no país".

No texto, a CEDEAO salienta que vai continuar a trabalhar para um "diálogo construtivo" entre as várias instituições, nomeadamente o Supremo Tribunal de Justiça e a CNE para uma "rápida resolução das disputas eleitorais na Guiné-Bissau". 

A organização, que tem procurado desde 2012 uma solução para a "profunda crise política e de segurança" no país, refere que os resultados das eleições presidenciais de 29 de dezembro de 2019 foram "anunciados pela CNE a 17 de janeiro e posteriormente confirmados a 21 de janeiro e 04 de fevereiro".

"Nesta base, a comissão recorda o seu comunicado de imprensa de 22 de janeiro, no qual anotou os resultados e felicitou o vencedor", escreve a CEDEAO em referência ao candidato eleito Umaro Sissoco Embaló.

Marrocos inflige tratamento desumano continuado aos presos políticos saharauis


PUSL.- Dois anos e oito meses após o último julgamento do grupo de presos políticos conhecido como Grupo Gdeim Izik, estes 19 saharauis detidos nas prisões marroquinas continuam a ser objeto de maus tratos.

Os presos políticos de Gdeim Izik continuam a ter falta de assistência médica, a qual é repetidamente recusada pelas autoridades marroquinas, embora a maioria sofra de doenças crónicas e outras resultantes de quase dez anos de encarceramento, tortura e isolamento.

A maioria destes prisioneiros está em isolamento prolongado desde a sua dispersão em diferentes prisões em 2017. Essa forma de punição é considerada uma das piores torturas que tem não apenas um sério impacto psicológico, mas também físico.

As restrições ao contato com suas famílias devido não apenas às longas distâncias a que as prisões estão localizadas de El Aaiun (642 a 1300 km), mas também à negação arbitrária dos direitos de visita e ao facto de as chamadas telefónicas serem reduzidas a alguns minutos por semana aumentam o fator de isolamento.

Vários prisioneiros estiveram incontactáveis durante um mês, como foi o caso de Sidahmed Lemjeyid e Mohamed Lekhfir detidos na prisão de Ait Melloul, em novembro de 2019. Nenhum contato foi estabelecido com a família.

A advogada de defesa francesa Maitre Olfa Ouled desses prisioneiros ainda aguarda autorização para visitar os seus clientes, tendo sido expulsa de Marrocos em sua última tentativa de visita após o julgamento.

Maitre Ouled apresentou várias queixas em nível nacional em Marrocos, solicitando repetidamente assistência médica e respeito ao direito básico dos presos ás autoridades judiciárias marroquinas, sendo o caso mais recente o de Ait Melloul.

Este grupo de homens que foram sequestrados e estão sob detenção arbitrária desde 2010 nas prisões marroquinas foi condenado num julgamento militar ilegal em 2013 e rejulgado num julgamento civil em 2016/2017. O julgamento foi resultado de uma decisão do Tribunal de Cassação (Tribunal Supremo Marroquino), que declarou que o julgamento anterior não apresentava provas suficientes além dos documentos produzidos pela polícia e das “confissões” dos acusados.

Todos os acusados ​​declararam repetidamente que todas as confissões foram obtidas sob coação e tortura e que nada do que continham era verdade desde sua primeira aparição em frente do juiz investigador.

Maitre Ouled explicou ao PUSL que o Tribunal de Cassação ainda precisa dar a decisão final, o que significa que o processo não está encerrado.

Por Un Sahara Libre

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A França, Portugal, e os estranhos passageiros venezuelanos


Dois cidadãos venezuelanos a bordo de um avião da TAP Air Portugal chegaram a Caracas, onde foram recebidos no aeroporto pelo Embaixador da França.

O primeiro passageiro viajava com uma identidade falsa, em contravenção com os acordos internacionais da OACI (Organização Internacional de Aviação Civil). O segundo passageiro, que era tio materno do primeiro, transportava explosivos no porão.

O governo venezuelano sancionou a TAP Air Portugal proibindo-a de voar sobre o seu território durante 90 dias. Escreveu, igualmente, ao Governo francês para denunciar as violações do Tratado de Viena sobre o estatuto de dos diplomatas.

O passageiro que voava sob uma identidade falsa não era outro senão o antigo Presidente da Assembleia, Juan Guaidó. O Embaixador de França é Romain Nadal (foto), muito próximo de Laurent Fabius e de François Hollande.

Itália confirma 132 contágios por coronavírus


Itália se torna primeiro país europeu a decretar quarentena em cidades inteiras, isolando cerca de 52 mil pessoas. Veneza cancela Carnaval por medo de propagação da doença. Coreia do Sul ativa nível máximo de alerta.

O número de contágios pelo coronavírus na Itália subiu para 132, após a realização de cerca de três mil exames em pacientes suspeitos de ter a doença, informou neste domingo (23/02) o chefe de Proteção Civil italiana, Angelo Borrelli.

A proliferação da enfermidade afeta principalmente quatro regiões do norte da Itália, e a maioria dos casos foi registrada na região da Lombardia, onde há 89 contaminados. Em Vêneto, foram relatados 24 (dois deles na cidade de Veneza). 

No sábado, as autoridades italianas confirmaram a morte de duas pessoas pela doença, em Vêneto e na Lombardia.

A medidas para conter a disseminação do coronavírus provocaram o cancelamento do tradicional Carnaval de Veneza, um dos eventos mais importantes da cidade dos canais e que havia começado há uma semana, com encerramento originalmente previsto para esta terça-feira.

No norte italiano, cerca de 52 mil pessoas despertaram neste domingo em áreas onde nem a entrada nem a saída estava autorizada "salvo exceções particulares", como anunciou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.

UE | SAI UM OFFSHORE


Marisa Matias* | Diário de Notícias | opinião

Passou praticamente despercebida a notícia de que a União Europeia colocou nesta semana as ilhas Caimão na lista dos paraísos fiscais. A razão foi o Brexit, e a leitura não poderia ser mais clara. A União Europeia protege e continuará a proteger os seus paraísos fiscais, o que significa que nada mudará nas chamadas políticas de "otimização fiscal" por muito que se acumulem casos atrás de casos. As ilhas Caimão jogaram um papel fundamental nos escândalos associados aos Panama Papers, mas como ainda eram território europeu nada foi feito. Este é um sinal muito importante da falta de vontade em atuar contra o crime financeiro. Se dúvidas houvesse, o recente caso do Luanda Leaks aqui estaria para desfazê-las. É por demais evidente o papel que teve o offshore de Malta, um dos paraísos fiscais europeus, e as consequências são, para já, nulas.

Há cerca de um ano, o Parlamento Europeu aprovou um importante relatório em que ficava a claro a identificação dos paraísos fiscais europeus e a recomendação para alterar profundamente as suas práticas fiscais. Não se trata apenas de localizações como as ilhas Caimão, em pertença do Reino Unido, mas de países inteiros a funcionar como paraísos fiscais. Malta é um desses países paraísos fiscais, a que se juntam mais quatro: Chipre, Irlanda, Luxemburgo e Países Baixos. Muito perto das práticas verificadas nestes países estão ainda a Bélgica e a Hungria. Sobre estes nada se fez. Mas as propostas não diziam apenas respeito aos regimes que se configuram como paraísos fiscais, considerando também as práticas fiscais agressivas e perigosas, como é o caso dos vistos gold.

Covid-19 | Comandante do Diamond Princess, atracado no Japão, é "amigo do vírus"


"Proibiram-nos de usar máscara": Tripulante português infetado pelo coronavírus está "revoltado" 

A TSF falou com o português infetado com o novo coronavírus que está dentro do navio atracado no Japão.

Sem respostas, sem comida fornecida pelo navio e sem saber quando vai sair do Diamond Princess, Adriano Maranhão diz-se "revoltado". O português infetado com o novo coronavírus está há várias semanas de quarentena, no porto de Yokohama, no Japão, e lamenta, em entrevista à TSF, a falta de respostas, sublinhando que a embaixada portuguesa já tem conhecimento da sua situação.

"A embaixada já tem conhecimento do meu caso, já falou com as autoridades japonesas, já tem o comprovativo em como é positivo e a única coisa que me disseram foi que vão tentar tirar-me daqui para um hospital local o mais cedo possível", explica à TSF.

Adriano Maranhão é canalizador no Diamond Princess, ainda não sabe quando vai sair do navio e garante que não foi visto por nenhum médico nos últimos dias: "Não fui visto por ninguém. Telefonaram para a minha cabine a perguntar qual era o meu estado, se eu estava bem, se eu tinha medido a minha febre. Eu disse que sim, que não tinha febre nem sintomas. Não me disseram mais nada."

O português infetado adianta ainda que só recebeu comida graças à solidariedade de dois portugueses: "Deram-me comida, mas não foi o navio que me deu. Quem me deu comida foram dois colegas portugueses que temos a bordo. Eu consegui falar com eles e eles trouxeram-me comida à cabine, não foi o navio. O navio não me trouxe nada."

Portugal | Sombras negras na Justiça


Domingos De Andrade* | Jornal de Notícias | opinião

Há duas formas de encarar a mais grave crise exposta dos últimos 45 anos que a Justiça atravessa e que atinge o coração do Tribunal da Relação de Lisboa, um dos principais do país.

A primeira é benévola, a prova de que a ação da investigação e das magistraturas, sejamos magnânimos em as incluir, não pára nem perante os seus pares.

A segunda remete-nos para os tempos sombrios que parecemos atravessar, com a corrupção em estado larvar a estender tentáculos em todas as áreas da sociedade, a que nem a Justiça está imune, num caso cujas suspeitas não se circunscrevem a um ato isolado de um juiz que temporariamente terá perdido a noção de moral e da representação social que o uso da toga implica. O problema é que a perceção do mal anula qualquer tentativa de fazer prevalecer o olhar do bem.

O caso em questão chama-se Operação Lex e carrega já 17 arguidos, o último dos quais é o ex-presidente do Tribunal da Relação de Lisboa, Luís Vaz das Neves, já interrogado pelo Ministério Público, que se junta aos juízes Rui Rangel e Fátima Galante. São suspeitos, cada um com a sua carga, de tráfico de influências, branqueamento de capitais, viciação na distribuição de processos e acórdãos a pedido.

As suspeitas sobre Luís Vaz das Neves remetem para os processos distribuídos aos juízes Orlando Nascimento, atual presidente da Relação, e Rui Gonçalves, que assinaram acórdãos favoráveis a Rui Rangel e ao empresário de futebol José Veiga.

Para trás estão mensagens trocadas entre Rangel e Luís Vaz, para que este distribuísse um processo a Orlando Nascimento. O que veio a suceder.

A sucessão de nomes e cargos é de tal forma grave que não basta à ministra da Justiça acreditar piamente que tudo está bem, até porque, justifica, os processos são distribuídos aleatoriamente por via informática.

Mas mais do que o pormenor de cada uma das suspeitas, são preocupantes as dúvidas que o caso lança sobre a imparcialidade dos tribunais e a integridade dos juízes. As sementes dos regimes extremistas medram nestas incertezas.

*Diretor

Japão | Governo confirma infeção de tripulante português com coronavírus


As autoridades japonesas confirmaram que o português Adriano Maranhão, canalizador no navio Diamond Princess, atracado no porto de Yokohama, foi infetado com o novo coronavírus.

A informação foi avançada pelo ministério dos Negócios Estrangeiros, em comunicado: "Foi confirmado pelas autoridades de saúde japonesas que a pessoa em causa deu teste positivo. A família está informada, assim como o próprio". A nota acrescenta que Portugal está a "insistir junto das autoridades locais" para que se proceda à transferência do doente "para o hospital de referência", no Japão.

O cidadão português é Adriano Luís Maranhão, de 41 anos, natural da Nazaré. Trabalha há cinco anos como canalizador do navio cruzeiro Diamond Princess, colocado em quarentena a 3 de fevereiro, e é um dos cerca de 620 infetados dentro do navio. Está na embarcação desde 13 de dezembro e fez análises na quinta-feira passada, tendo sido colocado numa cabine em isolamento no sábado. A informação do diagnóstico,a penas confirmada este domingo, foi avançada ontem pela mulher do próprio, Emmanuelle Maranhão, com quem tem três filhos menores.

Jornal de Notícias

Coronavírus em Itália: 80 infetados e dez cidades isoladas. Números não param de crescer


Conselho de ministros extraordinário aprovou legislação de emergência para travar o avanço da epidemia. Reunião do governo de Giuseppe Conte terminou perto da meia-noite, na sede da Proteção Civil. Na noite deste sábado, foram confirmados 16 novos casos. Já há 80 doentes diagnosticados em Itália e dois mortos, zonas 'vermelhas', dez cidades isoladas, jogos de futebol cancelados, universidades fechadas e forças armadas de prevenção

Governo de Giuseppe Conte aprovou legislação especial que prevê sanções para quem violar o isolamento das zonas mais afetadas pela epidemia, na região lombarda e no Venetto.

Numa conferência de imprensa que começou perto da meia noite em Itália, 23h00 em Lisboa, na sede da Proteção Civil, o primeiro-ministro Giuseppe Conte, disse que o principal "objetivo é proteger a saúde dos italianos".

Com o número de infeções confirmadas a aumentar ao longo do dia deste sábado, Conte, afirmou que a saúde da população "é o que é mais importante para nós. A saúde ocupa o primeiro lugar na hierarquia ideal de valores constitucionais".

SANÇÕES PARA QUEM INFRINGIR PERÍMETRO SANITÁRIO

A violação do "procedimento de entrada e saída" do epicentro da zona onde foram detetados mais casos de coronavirus, é passivel de "sanção penal, de acordo com o artigo 650 do Código Penal", escreve o diário "Corriere della Sera" na edição digital.

As restrições impostas à circulação de pessoas nas zonas mais atingidas pelo surto, serão "avaliadas periodicamente".

Perante a escalada do número de novos casos, foi criado um perímetro de segurança no Venetto e na Lombardia, que inclui o encerramento de diversos locais de trabalho, escolas e universidades, eventos públicos, o que inclui o cancelamento dos eventos desportivos previstos para este domingo, incluindo o jogo entre o Inter de Milão e o Sampdoria.

O efeito prático desta medida é o isolamento de uma dezena de cidades, em particular na Lombardia (norte). "Nas zonas consideradas como de surto, não será autorizada nem a entrada nem a saída, à exceção de autorização particular", declarou aos media o primeiro-ministro italiano. Giuseppe Conte anunciou ainda o encerramento de empresas e escolas nessas zonas, e a anulação de todos os eventos públicos (carnavais, competições desportivas, excursões escolares, entre outros).

O chefe do Governo disse ainda que as forças de segurança já têm instruções para "agir". Se for necessário, e a os cidadãos não acatarem as instruções, haverá intervenção das "forças armadas. Mas temos muita confiança na colaboração dos cidadãos", esperando que tal não seja necessário, acrescentou.

Filme de Carlos Fraga alerta para discriminação de chineses em Portugal


Um grupo de jovens chineses, residentes em Portugal há vários anos, pediu ao realizador Carlos Fraga para fazer um vídeo com o objectivo de combater a discriminação de que a comunidade chinesa em Portugal está a ser vítima devido ao surto do novo coronavírus.

O filme passa-se na zona do Chiado, em Lisboa, onde o grupo de jovens, com máscaras, enverga cartazes que apelam à não discriminação. No final, vários transeuntes dão abraços e apertos de mão, solidários com a acção.

Ao HM, Carlos Fraga diz que resolveu dar o seu contributo a esta causa por conhecer de perto vários casos de discriminação. “Falo principalmente de discriminação no trabalho. Alguns estão dispensados do trabalho durante dois ou três meses, quando são pessoas que nasceram cá ou que vivem cá há vários anos. Não há explicação. Não vieram da China, nem estão cá temporariamente. São diversos os empregos que têm, mas trabalham por conta de outrem. Os que têm negócios próprios, como lojas ou restaurantes, também se estão a ressentir seriamente.”

COM FÉRIAS E SEM TRABALHO

Anting Xiang, uma das promotoras do vídeo, vive em Portugal há vários anos e trabalha numa loja de uma conhecida marca de alta costura na Avenida da Liberdade há cinco anos. Apesar de não ter viajado para a China recentemente, os chefes pediram-lhe para tirar férias durante dois meses assim que começou a crise do coronavírus. Anting acabou por tirar apenas um mês de férias.

“Ligaram-me a dizer que podia tirar as férias todas naquele momento. Mas tenho uma amiga que tem uma filha na escola e os colegas não querem aproximar-se dela, dizem-lhe coisas más. Os colegas não se querem aproximar no recreio. Por isso quis fazer este vídeo para dizer às pessoas de todo o mundo para nos dar apoio e para dizer que não somos um vírus”, disse ao HM.

A jovem assegura que as lojas na Avenida da Liberdade se ressentiram muito com a falta de turistas chineses. Já Lucas Borges, um colega de trabalho brasileiro, diz ter assistido a muitas cenas na loja, em que clientes estrangeiros evitaram aproximar-se de clientes chineses.

Xu Ye, com 23 anos, também participa no vídeo e viu-se obrigado a deixar de trabalhar temporariamente como agente de viagens. Daniela Yin, trabalhadora num escritório de contabilidade, não foi vítima de discriminação, pois o patrão é chinês. Mas a jovem deseja que o racismo não estrague a boa relação que portugueses sempre tiveram com chineses. “A relação entre a China e Portugal é muito boa e vai desenvolver-se”, adiantou ao HM.

Andreia Sofia Silva | Hoje Macau

Rins e morcegos


Andreia Sofia Silva | Hoje Macau | opinião

É triste ouvir, por estes dias, em Portugal, as maiores barbaridades sobre o novo coronavírus e os hábitos alimentares dos chineses. Há quem pense que, por entrar numa “loja de chineses” e experimentar roupas e sapatos que fica infectado com o Covid-19.

Por toda a parte se ouve “ai, eu agora entrar nos chineses, nem pensar! Ainda me pegam o vírus”. E quando tentamos explicar como o vírus se transmite, ignoram-nos e duvidam do que dizemos. É gritante a desinformação e a falta de interesse em saber a verdadeira origem deste problema. Os portugueses também estão a deixar de ir a restaurantes chineses por pensarem que, por comer o crepe chinês ou o arroz chau chau (a falsa comida chinesa, como todos sabemos) ficam infectados.

E no campo dos hábitos alimentares, recordo-me das palavras que o artista José Drummond, a residir em Xangai, escreveu na sua página de Facebook. Nós, portugueses, comemos rins e coração de porco como petisco a acompanhar uma cerveja, lampreia, tripas à moda do Porto, pés de porco de coentrada e pratos onde usamos o sangue do porco acabado de matar. Eu não como, porque sempre odiei.

Ok, não comemos cobras, morcegos ou pangolins porque não faz parte dos nossos hábitos europeus. Devemos pensar em nós, primeiro, antes de criticarmos o outro só porque é para nós um corpo estranho e vive a milhares de quilómetros. A comunidade chinesa em Portugal e no mundo necessita, por estes dias, de muita solidariedade e apoio face à discriminação de que é alvo.

Covid-19: Número de mortos sobe para 2.442 na China continental


O número de mortos de coronavírus Covid-19 subiu hoje para 2.442 na China continental, com mais 97 vítimas mortais nas últimas 24 horas, anunciaram as autoridades.

Comissão de Saúde da China registou mais 648 novos casos de infeção para um total de 76.938.

Na província chinesa de Hubei, sobretudo na cidade de Wuhan, onde a epidemia surgiu em dezembro passado, foram registadas 96 novas mortes (menos dez do que no sábado) e mais 630 pessoas infetadas (264 mais) com o Covid-19.

Há um mês, as autoridades chinesas isolaram Wuhan e, em seguida várias cidades de Hubei, no centro do país, para tentar controlar a epidemia, medida que abrange cerca de 60 milhões de pessoas.

Mais de 80% dos casos confirmados na China continental encontram-se em Hubei, onde o número de mortos também é mais elevado do que no resto do país.

Além de 2.442 mortos na China continental, morreram seis pessoas no Irão, três no Japão, duas na região chinesa de Hong Kong, duas na Coreia do Sul, duas em Itália, uma nas Filipinas, uma em França e uma em Taiwan.

Em Portugal, já se registaram 12 casos suspeitos, mas nenhum se confirmou.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC), há mais de meia centena de casos confirmados na União Europeia e no Reino Unido.

Notícias ao Minuto | Lusa | Imagem: © Lusa

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