sexta-feira, 3 de abril de 2020

Brasil | ONDE VAI PARAR A RIQUEZA DO PRÉ-SAL?


Apesar da abundância de petróleo, país abandona projeto social e de desenvolvimento: recursos vão para os rentistas, em forma de juros da dívida. Venda acelerada de refinarias, no governo Temer e Bolsonaro, fez Brasil refém de importações

João Soares e Felipe Salgado na DW Brasil | em Outras Palavras

Às vésperas da crise financeira global de 2008, precipitada pela falência do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, nos Estados Unidos, a Petrobras fez a primeira extração de petróleo em um campo do pré-sal brasileiro. O então presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou o feriado do 7 de setembro, Dia da Pátria, para fazer um pronunciamento em cadeia nacional. “O pré-sal é um passaporte para o futuro”, afirmou. “Iremos transformar uma riqueza perecível, como o petróleo e o gás, em fonte de riqueza perene e inesgotável para o povo brasileiro”. 

Passados 12 anos, o Brasil se consolidou como um dos maiores produtores globais de petróleo, ocupando o 9º lugar no ranking atualmente. O trabalho de inteligência desenvolvido na Petrobras reduziu custos de produção e conferiu alta competitividade ao óleo brasileiro. Com um enorme volume de reservas por explorar, a euforia que marcou o discurso do ex-presidente parece se confirmar nos números. Todavia, a visão de longo prazo parece ter ficado no caminho, pois a receita gerada pela exploração de óleo e gás vem sendo endereçada como um “tapa-buraco” fiscal. 

Em meio aos efeitos do coronavírus sobre a economia global, uma guerra comercial entre Arábia Saudita e Rússia levou o preço da commodity ao “fundo do poço”, com o barril do tipo Brent cotado em menos de 24 dólares pela primeira vez desde 2002. Visto que o setor de óleo e gás tem a terceira maior contribuição para o PIB do Brasil, era previsível que os efeitos da desvalorização fossem sentidos no país. Mas o receio interno se dá, sobretudo, pela destinação imediatista dos recursos provenientes dessa atividade. 

+ Em meio à crise civilizatória e à ameaça da extrema-direita, OUTRAS PALAVRAS sustenta que o pós-capitalismo é possível. Queremos sugerir alternativas ainda mais intensamente. 

A situação do Rio de Janeiro ilustra esse quadro. Com participação de 71% na produção nacional de óleo e gás em 2019, o estado tem 20% do seu orçamento atrelado às receitas advindas do setor. Não à toa, o governador Wilson Witzel (PSC) tratou a queda do preço internacional como uma “hecatombe”. Nos últimos anos, municípios produtores do estado foram inundados com royalties do petróleo, contrapartida criada para compensar o impacto ambiental da atividade exploratória. 

O período de bonança possibilitou obras faraónicas que vão do calçadão de porcelanato em Rio das Ostras à Cidade da Criança, em Campos dos Goytacazes, conhecida como “Disney de Campos”. A obra custou 17 milhões de reais. Hoje, com a queda nos preços, essas cidades têm esgoto a céu aberto e outras carências sociais. 

A “diplomacia do coronavírus” pode aproximar a União Européia (UE) da Eurásia?


Global Research, April 03, 2020

A União Europeia (EU) e a União Económica da Eurásia (EEU), uma associação de estados pós-soviéticos, desempenham efetivamente uma função semelhante entre si como um bloco económico. Ao contrário dos 27 membros da EU, a EEU possui apenas 5 membros, pois muitos estados pós-soviéticos alegam que não passa de uma tentativa de reviver a União Soviética, que os países do Ocidente não querem promover. A resistência do Ocidente não trouxe nenhum benefício económico e esse duelo geopolítico se refletiu no sucesso limitado das sanções contra a Rússia. No entanto, a credibilidade da UE e das ordens liberais continua a diminuir como resultado da pandemia de coronavírus. Portanto, a pandemia de coronavírus na verdade cria uma oportunidade única para a EU e a EEU se integrarem em um único sistema, ou pelo menos se aproximarem.

O domínio da Rússia na EEU é positivo e negativo para a integração da Eurásia. O grande mercado da Rússia forma a base do potencial de integração da EEU, no entanto, o crescimento económico limitado, as sanções e sua participação na geopolítica global criam riscos para o processo de integração da Eurásia. No entanto, a integração da Eurásia seria do interesse da EU, pois conectará os países europeus a novos mercados na Ásia Central e Oriental com muito mais eficiência e rapidez do que outros meios. A EU alega que trabalha em prol de mercados e eficiência comuns, mas não considera seriamente conectar Lisboa no Oceano Atlântico a Vladivostok no Oceano Pacífico.

A EU está perdendo sua posição como principal parceiro comercial da EEU, e não é apenas por causa da crescente importância da China. Como parceiro comercial da EEU, a China já superou a maior parte da Europa. O papel da UE como parceiro comercial de toda a EU deve-se ao importante papel da EU para a Rússia. No entanto, a Rússia vem lentamente se voltando para o leste da EU há anos, à medida que as futuras economias líderes do mundo mudarão do Ocidente para a Ásia.

VIRAGEM DE PÁGINA GLOBAL


Martinho Júnior, Luanda   

As profundas alterações globais em curso estão em fase de agudização!... 

Está a passar-se das alterações climático-ambientais, com toda a sua panóplia de fenómenos que tanto tem a ver com a vida tal qual a conhecemos até agora, para o surgimento de ameaças globais desconhecidas que põem em risco a humanidade como um todo, reflectindo-se em cada continente, em cada região e em cada estado, nação, povo, ou comunidade...

Ao longo do século XXI esta é a primeira das ameaças ao nível de pandemia, todavia devem ser espectáveis outras mais, tão desconhecidas como esta ou ainda mais desconhecidas, em função dessas profundas alterações, o que obriga a um virar de página no carácter das sociedades, no carácter dos estados, no carácter das instituições e em todas as iniciativas humanas que estão obrigadas a ser muito mais solidárias, muito mais colectivas, muito mais participativas e “protagónicas” e muito mais racionalmente inteligentes na aplicação da lógica com sentido de vida, nos termos rigorosos de seus deveres e obrigações!...

A reconversão global deve tornar a humanidade muito mais introspectiva sobre si própria, vai obrigar a uma reconversão mental inexorável, por que finalmente a percepção é de enorme responsabilidade, sobre a humanidade como um todo (mas também sobre seus fragmentos) e sobre o imenso respeito devido à Mãe Terra!

Covid-19 | EUA registam pior recorde mundial diário de mortes: 1169 em 24 horas


Os Estados Unidos registaram esta quinta-feira 1.169 mortes em 24 horas causadas pela Covid-19, o pior recorde mundial diário, de acordo com a contagem da Universidade Johns Hopkins.

O número recorde de mortes em 24 horas datava de 27 de março, quando foram registados 969 óbitos em Itália.

O número total de mortes desde o início da pandemia nos Estados Unidos é agora de quase seis mil.

Os Estados Unidos também são, de longe, o país do mundo com o maior número de casos confirmados. Ainda de acordo com a universidade norte-americana, que atualiza continuamente os dados, há já mais de 240 mil casos identificados no país.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da Covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 52 mil.

Dos casos de infeção, cerca de 190 mil são considerados curados.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Jornal de Notícias com Agências

Imagem: Desde o início da pandemia nos Estados Unidos já morreram quase seis mil pessoas / AFP

Há 246 mortes por Covid-19 em Portugal e 9886 infetados


37 mortes nas últimas 24 horas

O número de casos de Covid-19 em Portugal subiu, esta sexta-feira, de 9034 para 9886, um aumento de 852 infetados. Há 246 vítimas mortais, mais 37 do que ontem.

A segunda fase do estado de emergência já está em vigor, prolongando-se até ao dia 17 de abril.

De acordo com o boletim da situação epidemiológica no país divulgado hoje pela Direção-Geral da Saúde, o número de infetados com o novo coronavírus aumentou 852 face a quarta-feira, para 9886. Destes, 1058 estão internados, 245 deles em cuidados intensivos.

A taxa de crescimento de novos casos manteve-se, esta sexta-feira, em 9,4% (na quarta tinha sido de 10,9% e, na terça-feira, de 13,9%).

Do total de mortes (246), 130 registaram-se no Norte, onde há 5899 casos de infeção, 61 na região Centro (1286 infetados), 51 na Grande Lisboa (2347) e três no Algarve (179).

O boletim desta sexta-feira dá ainda conta da primeira morte no Alentejo, onde se contabilizam 62 infetados.

Nos Açores e na Madeira, sem vítimas mortais a registar, há 63 e 50 doentes, respetivamente.

Mariana Albuquerque | Jornal de Notícias

Portugal | Adiar a Páscoa para termos Natal


Manuel Molinos* | Jornal de Notícias | opinião

Nestes dias que ficamos em casa já sabemos que, depois de abrirmos a porta, o Mundo não será o mesmo. A economia, o trabalho, as nossas relações sociais.

Porém, a memória coletiva é sempre curta e, portanto, convém guardar algumas frases para que não se percam nos feeds das redes sociais e para que sirvam como o melhor tratamento e terapia para a pós-pandemia.

Que ninguém as esqueça. Umas porque foram levianas, imprudentes, atentatórias da vida. Outras porque nos enchem de orgulho. Das que nem vale a pena transcrever, como as inúmeras proferidas por Jair Bolsonaro, Donald Trump e Boris Johnson, que só nos fazem pensar como é que o Mundo está entregue a esta gente, até às do general Ramalho Eanes, que, do alto da sua imagem rígida e quase sem expressão, diz que "nós, os velhos, vamos ser os primeiros a dar o exemplo, se for necessário oferecemos o nosso ventilador ao homem que tem mulher e filhos". Não esqueceremos também o "puxão de orelhas" que António Costa deu ao ministro das Finanças holandês. Há muito tempo que não nos sentíamos tão orgulhosamente portugueses.

No fim desta crise, seremos aquilo em que nos transformamos, na certeza de que os exemplos nacionais que temos tido não nos envergonham. As medidas ontem anunciadas, que aumentam o confinamento dos portugueses no âmbito da renovação do estado de emergência, são duras, mas necessárias. A Páscoa será mais triste, sobretudo para os nossos emigrantes que regressariam para ver a família. Mas só com este esforço será possível ter toda a família reunida no próximo Natal. E também nos devemos orgulhar disso. No termo desta etapa, seremos ainda mais maduros. Mais nobres e mais generosos, porque finalmente todos percebemos que éramos felizes e não sabíamos.

* Diretor-adjunto

Portugal | Operação recolhimento geral. Veja as ordens da PSP e da GNR


O cerco vai apertar para toda a população e quem quebrar as regras arrisca mesmo a ser apanhado pela polícia, que vai estar no terreno por todo o lado e no ar, com drones

É uma inédita conferência de imprensa conjunta, a PSP e a GNR, apresentaram a "Operação Recolhimento Total", que começa ao meio dia desta quinta-feira e termina na próxima na próxima quarta-feira às 23h59.

Esta megaoperação conjunta tem como objetivo obrigar toda a população a cumprir as regras determinadas pelo estado de emergência, as quais ficaram ainda mais apertadas com a renovação do diploma na quarta-feira - por exemplo, estão proibidos ajuntamentos com mais de cinco pessoa e quem sair de casa para trabalhar deverá apresentar uma declaração da entidade patronal.

De acordo com os respetivos diretores de operações da GNR e da PSP, coronel Rodrigues e superintendente Luís Elias, respetivamente, ambas as forças de segurança vão ter drones no ar para controlar, quer os fluxos nas estradas e nas zonas onde, tendencialmente, as pessoas se podem aglomerar mais (espaços públicos, jardins, etc.), quer nas fronteiras terrestres.

Estão definidos quatro grupos com regras específicas de limitação de circulação:

-- os infetados e que estão obrigados a quarentena por parte da Direção-Geral de Saúde (DGS), os quais cometem crime de desobediência se saírem de casa;
-- os maiores de 70 anos e com doenças de imunodepressão ou outras doenças crónicas, cujas saídas estão sujeitas as exceções; a população em geral, cujo dever é também ficar em casa, mas com mais exceções;
-- os estabelecimentos comerciais, cuja autorização de funcionamento está limitada aos que fornecem bens essenciais.

A GNR destaca as seguintes situações, como exemplo daquelas a que os militares vão estar especialmente atentos:

1- Fiscalização mais apertada nos principais eixos rodoviários, que ligam as maiores cidades ao interior do país, centro e Algarve;
Segundo o responsável pelas Operações da GNR estará destacado no terreno todo o efetivo territorial, reforçado pelas unidades de reserva, ou seja os militares das unidades especiais da Unidade de Intervenção
2- Haverá também também fiscalização em itinerários complementares;
3- A GNR já está a utilizares drones com som, na cerca sanitária de Ovar, e com câmaras em pontos de passagem da fronteira terrestre. Admite que possa também utilizar drones com câmaras para monitorizar os fluxos rodoviários.

A PSP vai ter a sua fiscalização focada nas seguintes situações:

1- Controlo apertado sobre as aglomerações de pessoas (limitadas a um máximo de cinco) nos grandes centros urbanos;
2- Controlo apertando sobre as medidas de confinamento e circulação de pessoas nos espaços públicos, zonas históricas e turísticas;
3- Fiscalização nas grandes vias - no caso de Lisboa, nas entradas e saídas da Ponte 25 de Abril, ou na marginal de Cascais
4- Fiscalização nos terminais rodoviários e ferroviários para averiguar dos motivos de viagem das pessoas;
5- Atenção especial às situações de violência doméstica e vigilância, através das equipas de investigação criminal, nos casos identificados como de maior risco.

Também a PSP vai usar drones com câmaras. Segundo avançou o superintendente Luís Elias, este equipamento "será utilizado nos momentos e locais que a PSP achar úteis, principalmente para verificar os fluxos viários e os locais de fruição pública".

Ambos os oficiais salientaram que "a esmagadora maioria da população" tem, até ao momento sabido cumprir as regras, embora a partir do meio-dia desta quinta-feira, elas se tornem mais apertadas e a presença da polícias nas ruas seja mais visível e intensa.

De acordo com o ministério da Administração Interna, desde o início do estado de emergência dia 22 de março, até às 18h00 de ontem, quarta-feira, tinham sido detidas 96 pessoas por crime de desobediência, designadamente por violação da obrigação de confinamento obrigatório e por outras situações de desobediência ou resistência. No mesmo período, foram encerrados 1.701 estabelecimentos por incumprimento das normas estabelecidas.

Valentina Marcelino | Diário de Notícias

Covid-19 agradece | VÃO À TERRA, MATAR OS VOSSOS “ENTES QUERIDOS”!


Bom dia. Portugal, refém do covid-19 como o resto do mundo. Apela-se à consciência dos cidadãos e as declarações de Estado de Emergência parece que dão em quase nada nas cabecinhas tontas de alguns. Alguns, que são bastantes. Pessoas que estão a pôr-se em risco e, pior ainda, a pôr em risco as vidas dos outros que com eles se cruzam e que levam com as gotículas transportadoras da transmissão do vírus. Gente que gosta de passear, de ver o mar, de estar em grupo (quem não gosta?), de tossir para os géneros alimentícios e respetivas embalagens dos supermercados… 

Temos por aí, globalmente, gente muito inconsciente, ignorante e muito estúpida. Por isso nunca é demais realertar e até, se necessário, fazer o desenho na parede. Por essas e outras Portugal prorrogou o Estado de Emergência e endureceu as medidas de coação. Vai ser suficiente? Ver para crer.

Perante este cenário escabroso em que não podemos exercer o convívio como habitualmente, nem os carinhos, nem um simples aperto de mão ou um abraço, seria ideal também não se constatar aquilo que se teme neste período da Páscoa: ir à terrinha ver os país e os tios já com idade, os primos e as primas… Teme-se e com razão, a falta de consciência é enorme. Temos visto – ao contrário daquilo que o PR e os do governo elogiam sobre o espetacular bom comportamento dos português. Há os que merecem mas também os que são recalcitrantes em entender que podem ser transportadores do vírus e que podem matar outros com essas “teimosias”. Sim, se quiserem matar alguém da família, os mais velhos porque são os de maior risco, vão lá à terra e abracem-nos, babem-se de gozo por os ver e ali conviver uns dias. Depois não se esqueçam que nem podem ir aos funerais dos que “sem querer” acabaram por matar.

Isto é duro de dizer, mas tem de se dizer. Talvez pela negativa entendam. É que há estúpidos que não entendem de outro modo.

NÃO VÃO À TERRA, OS MAIS IDOSOS AGRADECEM. ALIÁS, TODA A POPULAÇÃO LÁ DO SÍTIO AGRADECE.

Bom dia e um queijo. Escutem o que vos é recomendado pelo PR, pelo governo, pelos maravilhosos responsáveis e profissionais do setor da saúde que tanto se estão a sacrificar para nos salvar… a vida.

Seguidamente têm à disposição o Expresso Curto. Com covid-19 qb. Infelizmente. Passe a Páscoa em casa, preservem a saúde de todos... e a vossa.

AV | PG

A CHINA ESTENDE A ROTA DA SEDA PARA A SAÚDE


No âmbito da Iniciativa Cinturão e Rota, a China vem fornecendo a boa parte do mundo, inclusive à Europa assolada pelo vírus, materiais médicos e sanitários

Pepe Escobar*, para o Asia Times

Quando, em meados de março, o Presidente Xi Jinping conversou por telefone com o Primeiro-Ministro da Itália Giuseppe Conti, antes da chegada de um voo da China Eastern de Xangai a Milão carregado de ajuda médica, o principal tópico foi a promessa chinesa de desenvolver uma Rota da Seda da Saúde (Jiankang Sichou Zhilu).

Essa proposta, na verdade, já estava embutida na estratégia da Iniciativa Cinturão e Rota desde pelo menos 2017, no contexto de uma maior conectividade sanitária pan-eurasiana. A pandemia só fez acelerar o cronograma. A Rota da Seda da Saúde correrá paralela aos múltiplos corredores terrestres e à Rota da Seda Marítima.  
   
Em uma demonstração explícita de poder brando, a China, até agora, ofereceu ajuda médica e equipamentos hospitalares relativos ao Covid-19 a nada menos  que 89 países, lista essa que continua a crescer.

Incluídos aí estão países africanos (em especial a África do Sul, a Namíbia e o Quênia, sendo que a Alibaba de fato anunciou que enviará ajuda a todas as nações africanas); América Latina (Brasil, Argentina, Venezuela, Peru); o arco que vai do Leste ao Sudoeste Asiático e a Europa. 

Entre os principais recipientes europeus estão Itália, Espanha, Bélgica, Holanda, Sérvia e Polônia. Mas a Itália, principalmente, é um caso muito especial. A maior parte da ajuda consiste de doações. Outra parte é de transações comerciais - como as milhões de máscaras vendidas à França (e aos Estados Unidos).

Covid-19: Confinamento social pode evitar morte de 65 mil moçambicanos


Cumprir as medidas de prevenção contra a Covid-19 é crucial, conclui um estudo realizado antes do início do estado de emergência. Se o contacto social não diminuir, até 65 mil moçambicanos poderão morrer da doença.

A equipa de resposta à Covid-19 do Imperial College, em Londres, publicou um relatório na semana passada que conclui que "ações rápidas, decisivas e coletivas podem salvar milhões de vidas" durante o combate ao novo coronavírus.

A equipa chefiada pelo professor Neil Ferguson realiza modelos sofisticados sobre a progressão da pandemia de Covid-19 e construiu um modelo baseado na redução do contacto social. O estudo demonstrou que, se os governos impuserem restrições rígidas, os números de mortes e de infeções por coronavírus serão bastante mais baixos do que se nada for feito. Se nenhum governo agir, mais de 7 mil milhões de pessoas em todo o mundo serão infetadas e 41 milhões morrerão.

Covid-19 pode matar até 65 mil moçambicanos

O modelo de Ferguson revelou números alarmantes para Moçambique. Se o Executivo não fizesse nada para limitar o contacto social – ou se as medidas implementadas não forem cumpridas - entre 61 e 65 mil moçambicanos poderiam morrer de Covid-19.

O estudo mostra ainda que 94% da população de Moçambique poderá ficar infetada com o novo coronavírus e que, no pico, 190 mil pacientes vão precisar de camas hospitalares, dos quais 32 mil vão precisar de cuidados críticos. Estes números ultrapassam largamente a capacidade dos serviços de saúde locais.

O Presidente Filipe Nyusi decretou o estado de emergência em Moçambique durante todo o mês de abril. À semelhança do que vigora na vizinha África do Sul, uma das restrições às liberdades individuais que pode ser invocada é a "obrigação de permanência em local determinado".

Antes, o Governo moçambicano já tinha anunciado algumas medidas de restrição de contacto social, como o fecho das escolas e a suspensão da emissão de vistos - o que poderá ajudar a baixar os números do modelo matemático da equipa do Imperial College.

Estado de emergência em Moçambique: "Há aglomerações nas esquinas"


Está a ser difícil mudar os hábitos das pessoas na prevenção contra a Covid-19. A DW acompanhou o primeiro dia de estado de emergência em Inhambane, no sul de Moçambique. São já dez os infetados com coronavírus no país.

Moçambique entrou esta quarta-feira (01.04) em estado de emergência para conter a propagação do novo coronavírus. Em Inhambane, no sul do país, notou-se uma fraca movimentação de pessoas nas ruas. Mas mudar de hábitos está a ser difícil.

Muitas pessoas recusam-se a ficar em casa, e cumprir uma distância mínima de dois metros das outras pessoas é praticamente impossível.

Francisco Massigue, residente de Inhambane, afirma estar preocupado com a situação e garante que "não há prevenção nenhuma, uma vez que existem aglomerações nas esquinas".

Conta que as viaturas de transporte de passageiros, por exemplo, vão cheias porque os 'chapas' não estão a obedecer às regras de prevenção. "Cumprem na saída da paragem e pelo caminho enchem na mesma, como se nada acontecesse neste país. Há muito trabalho que se deve fazer e as autoridades devem colaborar", reclama.

Nem as pessoas que residem nas áreas urbanas, nem as que moram nas zonas rurais estão a cumprir com as medidas recomendadas.

Hélio Clemente, um residente do distrito de Inhassoro, pede mais consciencialização, porque continua a ver as pessoas "a andar aglomeradas" e a apertar as mãos.

"A coisa pode piorar", avisa.

A LÓGICA COM SENTIDO DA VIDA – V


Martinho Júnior, Luanda   

OS ASPECTOS HUMANOS

De acordo com os índices de densidade populacional no mundo do Wikipedia, Angola é o 187ºclassificado à escala global, com apenas 8 habitantes por quilómetro quadrado.

É notório que as extraordinárias riquezas naturais de Angola, incluindo os “escândalos geológicos” que conformam “as minas de Salomão”, podem vir a beneficiar um país muito mais povoado.

Nos termos actuais, Angola possui um acervo natural e de biodiversidade de primeira grandeza, maior ainda se tivermos em conta a sua escassa população, pelo que a partir do momento em que deixaram de ocorrer tiros em 2002, a emigração proveniente da Europa, de África, da América Latina e da Ásia acentuou-se, acompanhando o ritmo de crescimento “explosivo” que se tem vindo a registar.

O aumento de população do país atingiu cifras nunca antes sentidas, de acordo com os observadores, pelo que é muito oportuno a realização do censo populacional de Angola, que ocorrerá no próximo ano.

Presume-se que a população actual de Angola já esteja acima dos 20 milhões, com uma densidade neste caso um pouco acima dos 16 habitantes por quilómetro quadrado, o que é manifestamente pouco!

Presume-se também que há desequilíbrios redundantes das guerras prolongadas: a população feminina é maior que a masculina, o que não passa despercebido à emigração.

A emigração africana é em parte proveniente de países muçulmanos que compõem a África do Oeste, pelo que o casamento com as angolanas pode estar a contribuir para a expansão islâmica sunita em Angola, algo que só um censo poderá descortinar.

Angola: Covid-19 é "soberba oportunidade" para repatriar capitais


Procurador-Geral de Angola apelou ao "espírito humanitário" dos cidadãos que não devolveram ativos ilícitos no exterior, incentivando-os a contribuir para "aliviar a situação" do país em estado de emergência.

"As pessoas que não fizeram o repatriamento de capitais têm agora uma soberba oportunidade" para apoiar Angola, considera o Procurador-Geral da República.

Em entrevista à Rádio Nacional, Hélder Pitta Grós lembrou que o país está "numa situação de exceção" devido à pandemia de Covid-19 e apelou ao "espírito humanitário" dos cidadãos que ainda não repatriaram os recursos transferidos ilicitamente para o exterior para que contribuam "com os seus bens, quer financeiros, quer monetários, para aliviar a situação de dor e sofrimento que se vive em Angola".

No final de 2019, um ano depois de o Governo de Luanda ter dado início à fase coerciva do repatriamento de capitais, estimava-se que a maior parte do dinheiro transferido ilegalmente continuava fora de Angola.

Covid-19: Angolanos violam regras de prevenção


"O povo está a desobedecer, porque onde há fome não se respeitam leis", diz ativista Nelson Euclides. Angola está em estado de emergência desde sexta-feira (27.03) por causa da pandemia de Covid-19.

O isolamento social imposto pelas autoridades para conter a cadeia de propagação do novo coronavírus mudou significativamente a vida dos angolanos. Com o estado de emergência, em vigor desde sexta-feira (27.03), os cidadãos são obrigados a ficar em casa, com exceção de jornalistas, médicos, enfermeiros ou agentes de defesa e segurança.

Em Angola, há ruas desertas, com universidades, escolas, igrejas, mercados informais a céu aberto e estabelecimentos comerciais encerrados. Mas também há quem tenha de continuar a sair à rua para poder alimentar a família.

Alimentos mais caros

Às primeiras horas da manhã desta quarta-feira, já se notava a concentração de pessoas em pequenos centros comerciais para aquisição de produtos da cesta básica.

"As coisas estão muito caras", desabafou uma habitante de Luanda. "Anteriormente, com 5.000 kwanzas (pouco mais de 8 euros), poderia comprar alguma coisa. Agora não se poder comprar nada".

Há zonas em que um saco de fuba de 25kg está agora a ser comercializado a 18 mil kwanzas (30 euros) contra os anteriores dez mil (mais de 15 euros).

Outro luandense queixa-se que "o que está mais em falta é mesmo o gás, que não está aparecer". A petrolífera angolana Sonangol prometeu resolver o problema da escassez de gás de cozinha brevemente. A garrafa de gás de 12kg é comercializada ao preço de 1.600 kwanzas (quase 3 euros).

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