terça-feira, 5 de maio de 2020

EUA estão em flagrante violação da Convenção sobre Armas Biológicas de 1972


Relatório sobre declarações de Francis Boyle, que redigiu a Lei de Implementação nos EUA da Convenção sobre Armas Biológicas


A autoridade legal norte-americana que redigiu em 1989 a lei que o Congresso promulgou dando cumprimento à Convenção sobre Armas Biológicas de 1972 diz que os EUA de hoje [11 de Outubro de 2015] estão em flagrante violação dessa Convenção.

Programas de guerra biológica dos EUA têm 13.000 “cientistas da morte” a trabalhar intensamente.

A autoridade legal norte-americana que redigiu em 1989 a lei que o Congresso promulgou dando cumprimento à Convenção sobre Armas Biológicas de 1972 diz que os EUA de hoje [11 de Outubro de 2015] estão em flagrante violação dessa Convenção.

“Desde 11 de Setembro de 2001 que gastamos algo à volta de US $ 100 milhares de milhões” em guerra biológica ofensiva, acusou o professor Francis Boyle, da Universidade de Illinois, Champaign.

Boyle disse que estimava que cerca de 13.000 “cientistas da morte”, em 400 laboratórios nos EUA e no exterior, são empregados na produção de novas estirpes de germes ofensivos mortíferos que serão resistentes a vacinas.

Por exemplo, o grupo do Dr. Yoshihiro Kawaoka na Universidade de Wisconsin encontrou uma maneira de aumentar em 200 vezes a toxicidade do vírus da gripe! Boyle diz que Kawaoka é “o mesmo cientista da morte que ressuscitou o genocida vírus da gripe espanhola para o Pentágono com objectivos ofensivos de guerra biológica”.


Dia Mundial da Língua Portuguesa - inquietação ou regozijo?

PORQUE ESTÁ A MORRER?
Margarita Correia | Diário de Notícias | opinião

Em 2009, a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) estabeleceu o dia 5 de maio como o Dia da Língua Portuguesa e das Culturas Lusófonas e comemorou-o pela primeira vez em 2010. Em 2019, a Assembleia Geral da UNESCO proclamou o Dia Mundial da Língua Portuguesa.

A proclamação da UNESCO foi amplamente noticiada em Portugal, levando os céticos do costume a defender que esta poderia ser não motivo de regozijo, mas uma nota inquietante, indicativa de alguma fragilidade do português, brandindo dois argumentos principais: 1) as grandes línguas não carecem de e não têm dias mundiais; 2) só entidades ameaçadas, desprotegidas ou discriminadas têm dias mundiais Será que têm razão?

Ninguém põe em dúvida hoje em dia o papel da língua inglesa no mundo, não apenas por ser a língua mais falada do mundo, mas sobretudo por ser a usada em mais situações de comunicação diversas e por constituir a grande língua veicular de conhecimento, de ciência, de tecnologia, de notícias, de entretenimento. Pois bem, a língua inglesa celebra o seu Dia Mundial a 23 de abril. As restantes seis línguas oficiais e de trabalho das Nações Unidas têm também o seu Dia Mundial (o árabe a 18 de dezembro, o chinês a 20 de abril, o espanhol a 23 de abril, o francês a 20 de março e o russo a 6 de junho). Que a UNESCO tenha proclamado o dia 5 de maio como Dia Mundial da Língua Portuguesa constitui, acima de tudo, um reconhecimento do seu devido lugar entre as grandes línguas do mundo, com os seus mais de 265 milhões de falantes e o seu crescente papel de língua internacional. A este reconhecimento falta, contudo, atribuir ao português o papel de língua de trabalho da ONU, embora passos decisivos estejam a ser dados para tal nos últimos anos.

Mais 11 mortes por covid-19 em Portugal. Regista-se primeira vítima com menos de 30 anos


É o menor número de mortes diárias registado no último mês. Também os infetados diminuíram desde ontem, segundo o boletim da DGS, desta terça-feira. No entanto, morreu a primeira pessoa com menos de 30 anos.

Em Portugal, nas últimas 24 horas, morreram mais 11 pessoas - o menor aumento diário do último mês (1%). No entanto, registou-se a primeira vítima mortal abaixo dos 30 anos - um homem entre os 20 e os 29, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS), desta terça-feira (5 de maio). O mesmo documento mostra que foram ​​​​​​confirmados mais 178 casos de covid-19 (uma subida de 0,7% em relação a ontem). No total há agora no país 25 702 infetados, 1743 recuperados (mais 31) e 1074 vítimas mortais.

Existem ainda 818 pessoas internadas (mais cinco que no dia anterior), destas 134 encontram-se nos cuidados intensivos (menos nove). Aguardam resultados laboratoriais 2671 pessoas e estão em vigilância pelas autoridades de saúde mais de 25 mil.SUBSCREVER
A taxa de letalidade global do país mantém-se nos 4,2%, sendo que sobe aos 14,9% no caso das pessoas acima dos 70 anos - as principais vítimas mortais (937 do total). Dos 1074 óbitos, 49,3% são homens e 50,7% mulheres.

Entre as 11 pessoas que morreram nas últimas 24 horas, sete tinham mais de 80 anos. Três encontram-se nas faixas etárias dos 50-59, dos 60-69 e dos 70-79 respetivamente. E uma estava na casa dos 20 - a primeira vitima mortal desta idade, como confirmou o subdiretor-geral da Saúde, Diogo Cruz, em conferência de imprensa. Não adiantando, no entanto, mais pormenores sobre esta situação, apenas lamentando todos os óbitos.

A nível da localidade de residência, cinco óbito foram registados na região de Lisboa e Vale do Tejo (que tem no total 223 mortes), quatro no Norte (a área mais afetada com 613 óbitos) e dois no centro (onde há agora 211 vítimas).

Açores e Algarve permanecem com 13 mortes, o Alentejo com uma e a Madeira é a única região do país onde não há notificação de nenhum óbito por covid-19.

Mais 11 mortes por covid-19 em Portugal. Regista-se primeira vítima com menos de 30 anos
Na segunda-feira, o país tinha notificado 20 novas mortes por covid-19 e mais 242 casos. Dia em que vários hospitais recomeçaram a atividade programada não urgente (consultas, análises, cirurgias). Uma tentativa de regresso à normalidade que deverá ser gerida, de forma gradual, com recurso a marcações e com horários mais alargados nos serviços hospitalares.

Rita Rato Nunes | Diário de Notícias

DIA MUNDIAL DA LÍNGUA... QUÊ?

Os noticiários em Portugal estão repletos da referência sobre o primeiro Dia Mundial da Língua Portuguesa. Nova efeméride que se assinala hoje "com uma cerimónia e um concerto 'online' em que participam duas dezenas de personalidades lusófonas da política, letras, música ou desporto”, diz a Lusa.

Certamente que existem muitos portugueses que por este dia tão repleto da notícia estão a perguntar se afinal agora se lembraram de dar destaque à língua porque está moribunda e saturada de maus tratos nunca antes visto.

È porque se vamos pelo que dizem os atuais sábios e dispensamos atenção a analisarmos constatamos que o português correto está perdido, após um acordo ortográfico de cariz abrasileirado que está a dominar a língua lusa e a avacalhar o que dela ainda de bom existe. É que nesse acordo o português pt foi de tal modo adulterado que na atualidade são usadas expressões e acentuações que nada têm que ver com o pt no dizer e no escrever de Portugal... Afinal os sábios é que sabem e sentem-se no direito de destruir a latinidade que é a base da língua portuguesa.

PG

Fretilin disponível para diálogo com todas as forças parlamentares timorenses


Díli, 05 mai 2020 (Lusa) -- O maior partido no parlamento timorense, Fretilin, disse hoje estar disponível para um diálogo para resolver a situação política em Timor-Leste, mas só se participarem todas as forças parlamentares.

"Estou disposto a conversar, com iniciativa presidencial, mas com todos os partidos no parlamento. Porque tenho muita coisa para falar e gostaria que todos falassem", disse à Lusa o secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), Mari Alkatiri.

"Para mim um diálogo com todos é a melhor solução, para que haja respeito pelos grandes e pelos pequenos partidos", afirmou.

Mari Alkatiri reagiu assim, em declarações à Lusa, a um comunicado do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), segunda força política, que apelou ao Presidente timorense para promover um diálogo entre os dois partidos.

"Não estou a ver que contribua para alguma coisa separar os dois maiores, Fretilin e CNRT", considerou, questionado sobre essa proposta.

"Não tem lógica nenhuma, este diálogo. Vem a propósito de quê? Porquê bilateral e porque não todos os partidos que estão no parlamento, sentarem-se juntos", questionou.

Apesar de insistir que "não há qualquer problema bilateral" entre os dois partidos, Mari Alkatiri responsabilizou o líder do CNRT, Xanana Gusmão, pelo impasse que se vive no país e que começou com a aliança de três forças políticas ao seu Governo em 2017.

"Este impasse político foi provocado por Xanana Gusmão e o seu partido que, posteriormente e com mais dois partidos formaram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), aquela aliança contranatura", salientou.

Alkatiri referia-se à aliança parlamentar que chumbou o programa do Governo que liderava em 2017, forçando a realização de eleições antecipadas em 2018, nas quais a AMP obteve maioria absoluta.

Deputados de três bancadas pedem destituição de mesa do Parlamento timorense


Díli, 05 mai 2020 (Lusa) -- Deputados de três bancadas partidárias, que representam a maioria dos deputados, apresentaram hoje um requerimento para a destituição da mesa do Parlamento Nacional, manifestando preocupação pelo trabalho parlamentar.

O requerimento foi assinado por deputados da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), do Partido Libertação Popular (PLP) e do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), que entre si representam 36 dos 65 deputados do parlamento.

Na carta, entregue hoje no gabinete do presidente do Parlamento Nacional, os deputados argumentam que o pedido de destituição se deve a "uma grande preocupação relacionada com o trabalho do Parlamento e a liderança do atual presidente do Parlamento".

Arão Noé Amaral, atual presidente do Parlamento, é membro do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), segunda força política e que liderava, até este ano, a aliança de maioria parlamentar, com o PLP e KHUNTO, que apoiava o executivo.

 "Desde o início desta V Legislatura, o Parlamento Nacional tem vindo a apresentar uma grande deficiência no seu funcionamento, principalmente no que se refere a elaboração e aprovação de legislações importantes necessárias, como por exemplo a Lei de Anticorrupção (que tem estado a ser discutido há mais de 2 anos e não foi finalizada até ao momento)", refere o requerimento.

Moçambique | Ataque armado faz um ferido grave e três ligeiros em Manica


Uma pessoa ficou gravemente ferida e outras três tiveram ferimentos ligeiros em consequência de um ataque armado ocorrido na manhã desta terça-feira, na região de Muda Serração, na província de Manica.

O alvo foi um autocarro de transporte de passageiros pertencente a companhia Transportes Terrestres de Moçambique (TTM), que saiu esta segunda-feira de Maputo com destino a província de Tete, tendo pernoitado na zona de Mutindiri, limite entre as províncias de Manica e Sofala, por receio de ataques armados.

Na manhã de terça-feira, por volta das 8 horas, não se foi a tempo de evitar o pior, uma vez que minutos depois de ter iniciado a marcha, eis que o autocarro é emboscado por homens armados que dispararam vários tiros, resultado em quatro feridos.

Abdul José, contou ao “O País” que o autocarro no qual seguia arrancou de Mutindiri, local da pousada, por volta das 7 horas e quando já estavam na zona de Muda Serração, foram surpreendidos com vários tiros que saiam de uma mata densa, os quais feriram parte dos ocupantes.

“Começamos a andar. Na zona de Muda Serração houve vários tiros disparados contra o carro. Um dos passageiros foi atingido na perna e pelo que pude testemunhar, só pode vir a ser amputado”, contou a fonte.

Após o ataque, os feridos foram encaminhados para o Centro de Saúde de Mutindiri, para depois serem dirigidos a uma unidade sanitária de referência, no caso o hospital provincial de Chimoio.

A viatura que teve várias perfurações de balas, seguiu depois viagem com destino à província de Tete.

Refira-se que o ataque desta terça-feira é o quarto que ocorre na província de Manica, com balanço a apontar para oito feridos.

O País (mz)

Moçambique | Morte de Afonso Dhlakama está a significar o fim da RENAMO?


Não, mas desencadeou uma descaracterização do maior partido da oposição moçambicana, entende o analista Alexandre Chivale, que aponta: pode haver uma instrumentalização da RENAMO nestas condições.

Passam dois anos desde a morte de Afonso Dhlakama, o líder do maior partido da oposição em Moçambique, que morreu a 3 de maio. Desde então a RENAMO tem se metamorfoseado num sentido que desagrada alguns correligionários e levanta questionamentos por parte da sociedade, como por exemplo sobre os acordos de paz de agosto de 2019.

Conversamos com o analista e jurista Alexandre Chivale sobre a RENAMO sem "o pai da democracia".

DW África: Desde que Afonso Dhlakama morreu que a RENAMO mostra também estar a perder os seus sinais vitais. Isso evidencia algum problema estrutural neste partido?

Alexandre Chivale (AC): Efetivamente desde que Afonso Dhlakama morreu que vemos uma verdadeira descaracterização da RENAMO. Vai daí que havia quem dizia que a RENAMO confundia-se com Afonso Dhlakama e Afonso Dhlakama confundia-se com a própria RENAMO. Isto evidencia efetivamente que a RENAMO sempre foi uma organização à imagem do seu líder, era efetivamente o coração da RENAMO, era uma espécie de Luis XIV; queria, podia e mandava. Não havia ao nível da liderança intermédia da RENAMO quem lhe pudesse fazer frente, portanto, tudo o que Dhlakama dissesse era visto como norma ao nível da RENAMO, daí que o desaparecer, e porque não há dois Dhlakamas, efetivamente temos a RENAMO numa verdadeira descaraterização, a RENAMO de Dhlakama não é esta RENAMO que vemos nos dias de hoje.

DW África: Dhlakama tinha os seus ideais, que segundo os membros da RENAMO não estariam hoje a ser observados, o que está a causar uma forte contestação interna. Acha que o resgate desses ideais seria uma das formas de ressuscitar o partido e manter satisfeitos os seus correligionários?

AC: A resposta a isso seria uma espécie de ressuscitar Afonso Dhlakama. Desaparecendo Afonso Dhlakama é muito complicado achar que podemos ressuscitar os seus ideias, significaria ressuscitar o próprio Dhlakama. Agora, é verdade que no seio da RENAMO havia pessoas que tinham certos privilégios que eram dados por Afonso Dhlakama diretamente sem oposição de quem quer que fosse e que hoje perderam estes privilégios. Obviamente que estes não se sentem atualmente satisfeitos com o curso das coisas. Agora, não deixa de ser verdade que, por exemplo, Ossufo Momade é tudo, menos alguém que pode personificar a RENAMO de Afonso Dhlakama.

A partir da forma como é feita a oposição política na RENAMO algumas práticas que Momade segue hoje são claramente as que Dhlakama não estava em condições de seguir. Vou dar dois exemplos que foram surpreendentes pela positiva: a solução do seu lugar no Conselho de Estado e também a admissão das mordomias principescas que são reservadas ao segundo candidato mais votado [nas eleições], pese embora relativamente a este aspeto há aí uma verdadeira dissonância, quando a própria RENAMO posiciona-se como sendo o defensor das causas do povo, e numa situação em que estamos de privações severas, a aparecer a RENAMO a aceitar esse conjunto de benesses quando temos uma série de médicos, professores e outros profissionais do aparelho de Estado em situações complicadas e ver Ossufo Momade a aceitar estes privilégios que são dados pelo Estado, não deixa de ser algo contraditório.

Em todo o caso, é uma forma diferente de Ossufo Momade se posicionar relativamente a Dhlakama. Significa que a partir daí que temos também uma RENAMO diferente. Amanhã se houver outro líder, certamente, pela forma como este partido foi estruturado ideologicamente, nos leva a crer que efetivamente ele é comandado com base nas visões das pessoas. Portanto, até ver, Momade está a fazer o mesmo que Dhlakama fazia do ponto de vista de gestão do partido, agora tem formas diferentes de ser e por isso é que temos RENAMOS absolutamente diferentes.

ANGOLA E A FASE 3 DO ESTADO DE EMERGÊNCIA

Martinho Júnior, Luanda 

A experiência angolana face aos riscos da pandemia Covid-19 numa época de crise capitalista que atinge o país em toda a linha, devolve Angola a uma situação similar à de 2002 quando, sem interferências externas, finalmente os angolanos conseguiram suspender as hostilidades e tentar partir para a reconstrução nacional, a reconciliação e a reinserção social em função da frágil plataforma de paz então alcançada.

Ao antes do mais contar humildemente com as suas próprias forças, animou-se o Estado de Emergência que está a proporcionar a oportunidade de colocar o homem no centro de todas as atenções, numa fórmula proactiva de segurança vital capaz de exercer com pedagogia as respostas à integral ameaça e fazendo com que desse modo se possa em muito “corrigir o que está mal e melhorar o que está bem”!

Colocar o homem no centro de todas as atenções, privilegiando no caso de Angola o sujeito angolano, tem sensibilidade à escala global apenas para alguns, para Cuba, para a China, para a Venezuela Bolivariana, pelo que o recurso à ajuda solidária dessas experiências, é logo à partida um sinal revitalizador de emergências!

Apesar disso, há que levar em conta os fundamentos de sérios argumentos que, pelo contrário, alertam para o reforço do neoliberalismo, tal como Michel Chossudovsky… (https://www.globalresearch.ca/towards-a-new-world-order-the-global-debt-crisis-and-the-privatization-of-the-state/5709755).

… Contudo, para alguma coisa de construtivo serve o facto de África ser a ultraperiferia económica global!...

As espectativas são por demais evidentes, pois admite-se que, em função da presente crise, o que se segue pode nada ter a ver com o que ficou temporalmente para trás… (https://paginaglobal.blogspot.com/2020/04/martinho-junior-luanda-as-profundas.html).

Angola | Os governos, a Covid-19 e o desconfinamento gradual


Jornal de Angola | editorial

Governos de vários países do mundo estão a permitir uma maior mobilidade dos cidadãos, com restrições indispensáveis à não propagação da Covid-19, e a reabertura gradual de empresas, num exercício de regresso progressivo à normalidade, que ninguém sabe quando chegará.

Tanto é assim que o primeiro-ministro de um país europeu que reduziu as restrições ao nível da mobilidade dos cidadãos e da actividade económica admitiu que podia voltar a tomar medidas de confinamento total, se durante o período de desconfinamento gradual se verificarem casos passíveis de agravar a actual situação pandémica.

Não é pois por acaso que os governos que estão a reduzir restrições, ao nível da mobilidade das pessoas e da actividade produtiva, estejam a fazê-lo com o máximo de cuidado, tendo em conta o alto grau de incerteza quanto à evolução de uma doença em relação à qual há mais perguntas por fazer do que respostas para dar. Os cientistas têm-se desdobrado em esforços para munir os governos de informações que possam ajudar os poderes públicos a tomar decisões que acarretem o mínimo de erros possível, no interesse das comunidades.

Covid-19: Médicos recém-formados sem emprego em Angola


Centenas de jovens médicos denunciam irregularidades no último concurso público de admissão ao setor da saúde em Angola. Dizem que foram reprovados injustamente e defendem o direito de ajudar o país na pandemia.

Num momento delicado para a saúde dos cidadãos de Angola, centenas de médicos, na sua maioria recém-formados, que reprovaram no concurso público realizado em fevereiro estão dispostos a trabalhar nos hospitais para ajudar no tratamento dos infetados pelo novo coronavírus.

Os candidatos queixam-se de várias irregularidades no concurso que visava recrutar mais profissionais para o setor da saúde. Há quem tenha feito provas, mas na pauta de classificação apareça como "ausente", e há ainda candidatos que dizem ter feito o teste "A", mas na pauta aparecem como tendo feito o teste "B".

O Ministério da Saúde (MINSA) garantiu recentemente que "houve transparência no processo de correção". Mas as queixas avolumam-se. Esta é a fase de reclamações. No entanto, a página online para as submeter não funciona há uma semana, sem justificação aparente.

Uma das candidatas que prestou o concurso, pede o anonimato, mas afirmou que considera a situação "bizarra".

"O senhor dos recursos humanos disse que houve transparência na correção dos testes de aptidão ao MINSA, e que quem passou, passou e quem não passou, paciência. Nós, enquanto candidatos, nos recusamos aceitar que houve transparência naquilo que foram os testes de aptidão. [...] Sabemos todos que as reclamações vão até ao dia 30 deste mês e até hoje não se voltaram a pronunciar", afirmou a jovem médica.

Covid-19: Governo são-tomense decreta confinamento geral obrigatório


A partir de quarta-feira (06.05), a população só poderá sair de casa para compras rápidas ou situações de emergência médica. Medida visa travar a Covid-19 em São Tomé e Príncipe, que já tem mais de 170 casos positivos.

O decreto do Governo são-tomense deixa claro que os cidadãos que não respeitarem o confinamento geral obrigatório poderão incorrer em crime de desobediência, segundo indicou um comunidado do Conselho de Ministros divulgado na noite desta segunda-feira (04.05).

O comunicado refere ainda que a medida não abrange "os funcionários dos setores essenciais, trabalhadores por turno e prestadores de serviços no setor alimentar, que deverão ser portadores de uma credencial para o efeito".

Todos os "serviços públicos e privados não essenciais" vão estar encerrados, devendo os serviços essenciais funcionar "com o pessoal reduzido", com exceção dos profissionais de saúde, comunicação social, bombeiros e forças de defesa e segurança.

Covid-19: Guineenses debatem eficácia de chá de Madagáscar


Chá "milagroso" de Madagáscar contra a Covid-19 chegou a Bissau no sábado (02.05). Eficácia ou não do "alegado tratamento" é tema de debate na Guiné-Bissau. Subiram para 413 os casos da doença no país, há 19 recuperados.

Esta segunda-feira (04.05), a Presidência guineense, através do Chefe de Gabinete de Sissoco Embaló, começou a distribuição para alguns países da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) das amostras do chá importado de Madagáscar, que também vai ser usado na Guiné-Bissau.

O medicamento tradicional é produzido a partir de ervas e tem sido utilizado em Madagáscar no âmbito do tratamento da Covid-19.

O chá, doado pela República de Madagáscar, chegou a Bissau no sábado trazido pelos enviados do Presidente Sissoco Embaló, o ministro da Defesa Nacional, Sandji Fati, e o Chefe do Gabinete de Embaló, Califa Soares Cassamá.

O ativista cívico guineense Badilé Domingos Sami admite que o medicamento natural seja eficaz no combate a coronavírus.

"São medicamentos tradicionais que não têm aprovação da Organização Mundial de Saúde, mas usámo-los e dão certo. E, neste momento, eu acho que temos que ter confiança neste produto", diz Sami. "Mas para oferecer mais confiança, apesar de ser um governo simbólico, os governantes têm que ter a coragem de criar as condições para que o povo, realmente, tenha confiança neste produto."

No entanto, o médico Hedwis Martins desaconselha o consumo do medicamento importado, porque há ainda muita coisa por esclarecer: "O chá proveniente de Madagáscar ainda carece de uma validação científica e farmacêutica. Ainda não há nada que confirme que tem efeitos para o tratamento da Covid-19."

A preferência da finança pelas metrópoles


Prabhat Patnaik [*]

A presente globalização sempre foi legitimada pelo argumento de que hoje o capital, ao contrário dos tempos coloniais, tornou-se cego a distinções raciais e outras entre países ao decidir sua localização. Ele agora fluiria sempre que houvesse oportunidades para investimento lucrativo. Considerando os salários mais baixos no terceiro mundo e portanto a maior lucratividade de localizar fábricas ali ao invés de localizá-las nas metrópoles, isto asseguraria não uma divergência cumulativa entre países metropolitanos e do terceiro mundo como acontecia anteriormente, mas, ao contrário, uma eliminação desta divergência.

Aos países do terceiro mundo foi pedido que permitissem capital estrangeiros nos seus territórios com base neste argumento. E na verdade a experiência de muitos países no Leste e no Sudeste da Ásia, para os quais se mudaram várias indústrias e actividades do sector serviços vindas das metrópoles, parecia confirmar esta visão. Opor-se a tal "abertura", a qual implicava globalização, parecia insensato, um resíduo de velhas posições ideológicas herdadas dos tempos coloniais. Muitos argumentaram mesmo que neste mundo onde ocorrera a descolonização e onde até mesmo "super-potências" económicas estavam a emergir no interior do terceiro mundo, o termo "imperialismo" perdera a sua relevância.

Houve dois problemas fundamentais com este argumento. O primeiro, que não discutiremos aqui em pormenor, é que, para um país permanecer competitivo no mercado global, tem de haver uma contínua mudança tecnológica e estrutural no seu interior, a qual aumenta o crescimento da produtividade do trabalho e portanto reduz a taxa de crescimento de emprego para qualquer dada taxa de crescimento do PIB. Isto, juntamente com o esmagamento da agricultura camponesa que inevitavelmente acompanha uma tal estratégia e a consequente migração de trabalhadores rurais aflitos para as cidades, significa que as reservas de trabalho nunca acabarão apesar da difusão de actividades das metrópoles. Portanto, o desemprego e a pobreza persistem e realmente são agravados – mesmo quando há uma taxa elevada de crescimento do PIB – causando um profundo hiato social e económico dentro do país. A experiência indiana confirma isto amplamente.

O segundo problema com o argumento acima é o tema com que nos preocuparemos aqui e este relaciona-se com o facto de que na "abertura" ao capital não é permitida qualquer distinção entre capital-como-finança e capital-na-produção. Mesmo que assumamos por um momento que o capital-na-produção se tornou realmente "cego" acerca de onde se localiza a si próprio e que se concentra em farejar lucros (o que não é verdade), a mesma certeza não se mantém para o capital-como-finança. Este facto sempre foi conhecido, mas a pandemia demonstrou-o mais uma vez de modo claro.

Há três propriedades cruciais do capital-como-finança. Uma é a sua extrema volatilidade, sua propensão para mover-se de uma localização para outra com velocidade notável e à mínima provocação, a qual pode então adquirir um carácter cumulativo e desestabilizar qualquer economia. A segunda é a dos seus dogmas claríssimos, incluindo acima de tudo o seu desgosto por um Estado economicamente intervencionista. Disso é indicativo o seu desgosto por um défice orçamental que não seja minúsculo sob quaisquer circunstâncias. Estas duas propriedades em conjunto explicam porque mesmo governos desejosos de assim faze-lo ficam sempre apreensivos quanto a empreender investimento em empresas públicas, despesas com educação pública e cuidados de saúde e, também, porque os défices orçamentais permanecem restritos mesmo em meio a uma recessão.

Mais lidas da semana