terça-feira, 26 de maio de 2020

Os EUA declaram guerra ao mundo através das vacinas


Prabir Purkayastha

Donald Trump lançou uma nova guerra de vacinas, mas não contra o vírus. Foi contra o mundo. Na Assembleia Mundial da Saúde, os EUA e o Reino Unido foram os dois únicos países a se manifestarem contra a declaração de que as vacinas e os medicamentos para o Covid-19 deveriam estar disponíveis como bem público, e não através de direitos exclusivos de patente. Tendo falhado na sua resposta ao Covid-19, Trump tenta recuperar as suas hipóteses eleitorais para as eleições de Novembro deste ano, prometendo uma vacina precoce. O seu lema "Fazer a América grande outra vez" (Make America Great Again) consiste agora em vacinas para "US" ( (nós ou Estados Unidos), mas o resto do mundo terá que fazer fila, esperar e pagar o que as grandes empresas farmacêuticas peçam, pois são elas que irão deter as patentes.

Em contraste, todos os outros países concordaram com a proposta da Costa Rica na Assembleia Mundial da Saúde, de que deveria haver uma fusão das patentes para todas as vacinas e medicamentos Covid-19. O presidente Xi disse que as vacinas chinesas estariam disponíveis como bem público, visão compartilhada também pelos líderes da UE. Entre as oito vacinas na Fase 1 e 2 dos ensaios clínicos, os chineses têm quatro, os EUA duas, o Reino Unido e a Alemanha uma cada um.

Trump apresentou um ultimato à OMS com a retirada permanente de fundos se a organização não alterar as suas orientações no prazo de 30 dias. Em nítido contraste, quase todos os países na Assembleia apoiaram a OMS, incluindo aliados próximos dos EUA. O fracasso dos CDC (Centers for Disease Control and Prevention) contra o Covid-19, com quatro vezes o orçamento anual da OMS, é bem visível. O CDC falhou em fornecer um teste bem-sucedido para o SARS-CoV-2, mesmo dois meses depois de a OMS ter distribuido kits de teste bem-sucedidos para um grande número de países. Trump ainda tem que responsabilizar a sua administração e o CDC por esse erro criminoso. Isso, mais do que qualquer outra falha, é a razão pela qual os números dos EUA para o Covid-19 são agora mais de 1,5 milhões (em 16 de Maio) e cerca de um terço de todas as infecções globais. Compare-se com a China, a primeira a enfrentar uma epidemia desconhecida, parando-a nos 82 mil infectados e aquilo que países como o Vietname e Coreia do Sul fizeram.

Os países que dão exemplo no combate à covid-19 nas Américas


Enquanto Brasil e Estados Unidos quebram tristes recordes em mortes e infecções por coronavírus, países como Paraguai, Uruguai e Costa Rica destacam-se pelas ações para conter o avanço da pandemia.

Com cerca de 2,3 milhões de casos confirmados, as Américas registam atualmente o maior número de infecções pelo coronavírus Sars-Cov-2 entre os continentes do mundo. No entanto, os dados de três países chamam atenção em nível regional e, em parte, global. De acordo com seus respectivos ministérios da Saúde, na Costa Rica foram registados 930 casos de covid-19  e 10 mortes; o Uruguai tem 22 mortes e um total de 769 casos; e as autoridades do Paraguai registram 862 infecções e 11 mortes.

Algo que os três países têm em comum é que seus governos agiram rapidamente, diz Carin Zissis, da organização Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA). A Costa Rica, por exemplo, foi o primeiro país da América Central em que foi registado um caso de covid-19 e, apesar de sua forte dependência do setor de turismo, em poucos dias, o país fechou suas fronteiras e restringiu as viagens.

O Uruguai declarou emergência de saúde e fechou as escolas no mesmo dia em que os primeiros casos foram confirmados. "Dos três países, é também o país com a maior taxa de testagem", afirmou Zissis à DW. O Paraguai, por sua vez, aplicou medidas de quarentena após a confirmação do segundo caso de contágio.

No entanto, como não são os únicos países latino-americanos que reagiram rapidamente à pandemia, Zissis também destaca fatores locais, como o facto de os três países terem populações relativamente pequenas. "Na América Latina, vimos que grandes áreas metropolitanas, como São Paulo e Cidade do México, são os epicentros."

Documento do Departamento de Estado dos EUA sem peso nem credibilidade


Documento enganador não contém provas de ligação entre COVID-19 e laboratório, diz mídia australiana

Sydney, 26 mai (Xinhua) -- Um documento do Departamento de Estado dos EUA, que foi usado por alguns jornais australianos para vincular a COVID-19 a um laboratório, não contém provas sólidas, mas sim baseando-se em informações publicamente disponíveis, noticiou a Australian Broadcasting Corporation (ABC) na terça-feira.

O documento apareceu na mídia de propriedade da News Corp Australia no início deste mês e foi presumido como inteligência de alto nível de governo ocidental.

A embaixada dos EUA em Canberra realizou reuniões com autoridades australianas para esclarecer o documento como um pró-memória, destinado apenas ao uso nos bastidores, de acordo com a ABC.

"Um pró-memória é um documento diplomático que pretende ter um status essencialmente não oficial, quase negável e usado basicamente para gerar discussões com governos estrangeiros. Ele não tem grande peso ou credibilidade", disse à ABC Rory Medcalf, chefe da Faculdade de Segurança Nacional da Universidade Nacional da Austrália.

A ABC citou vários altos funcionários do governo australiano que pediram anonimato mas confirmaram a verdadeira natureza do documento, dizendo que ele era amplamente distribuído pelo Departamento de Estado dos EUA.

Outras áreas da mídia australiana, bem como líderes políticos, estão entre os que criticam o uso do documento para criar conteúdo enganoso e lançar calúnias infundadas contra o tratamento do surto da COVID-19 pela China e sua origem.

Xinhua

Assuntos de Hong Kong pertencem exclusiva e internamente à China


Os EUA não têm nenhum direito de criticar ou interferir, diz porta-voz

Pequim, 26 mai (Xinhua) -- As questões de Hong Kong são puramente assuntos internos da China e os EUA não têm o direito de criticar ou interferir, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, nesta segunda-feira.

"Se os EUA estão empenhados em prejudicar os interesses da China, a China terá que tomar todas as medidas necessárias para contra-atacar", disse Zhao em entrevista coletiva de rotina.

O porta-voz fez as observações quando solicitado a comentar uma reportagem dizendo que o assessor de segurança nacional da Casa Branca, Robert O'Brien, disse que, se a legislação de segurança nacional do Legislativo nacional chinês para a Região Administrativa Especial de Hong Kong (RAEHK) for promulgada, os Estados Unidos provavelmente vão impor sanções à China.

China | Líder de Hong Kong diz que lei de segurança nacional não ameaça direitos


A líder de Hong Kong disse hoje que a lei de segurança nacional proposta pelo órgão legislativo da China não ameaça os direitos civis na região semiautónoma, apesar de críticos denunciarem perigos para a liberdade de expressão e reunião.

A chefe do Executivo da cidade, Carrie Lam, disse aos jornalistas "não existir a necessidade" de a população de Hong Kong se preocupar com a proposta de lei, que deve ser aprovada na quinta-feira, no encerramento da sessão plenária da Assembleia Popular Nacional.

"Hong Kong provou que defendemos e preservamos esses valores", disse Lam. "Hong Kong precisa dessa legislação para o bem da grande maioria da sua população", apontou.

Lam disse ainda que o trânsito será retomado no aeroporto internacional de Hong Kong, a partir do dia 01 de junho, mas que os estrangeiros vão continuar proibidos de entrar na cidade, como parte das medidas para evitar nova onda de infeções pelo novo coronavírus.

Rússia regista recorde de 174 mortes por Covid-19 num só dia


A Rússia, o terceiro país do mundo com mais contágios pelo covid-19, registou nas últimas 24 horas um recorde de 174 mortos num só dia, além de 8.915 novos casos, informaram hoje fontes oficiais.

"No último dia (segunda-feira) foram registados na Rússia 8.915 novos casos de covid-19, que se detetaram em 83 das 85 regiões do país", refere o relatório diário do gabinete de gestão da crise sanitária. 

Apesar de uma leve diminuição do número de novos contágios, nas últimas 24 horas registaram-se 174 mortes por covid-19m face às 92 do dia anterior.

A região de Moscovo continua a ser o principal foco de infeção do país com um total de 169.3030 casos confirmados, mais 2.830 do que na segunda-feira.

O autarca de Moscovo, Serguei Sobianin, explicou anteriormente que a referência à alta percentagem de infetados fica a dever ao número de testes médicos que foram realizados.

Sobianin reconheceu mesmo que o número pode não refletir a realidade, até porque muitos doentes são assintomáticos e não recorrem aos serviços de saúde.

O Exército USA retoma as grandes manobras na Europa


Manlio Dinucci*

O Exército dos EUA na Europa, “após cuidadosa avaliação e planificação”, decidiu que efectuará na Polónia, de 5 a 19 de Junho, o exercício  Allied Spirit , no âmbito da grande manobra estratégica Defender-Europe 20 (Defensor da Europa 2020). Participarão 4.000 soldados americanos de unidades blindadas e de infantaria, apoiados por 2.000 polacos.

O exercício, que deveria ter acontecido em Maio, foi adiado porque, devido ao Covid-19, o Defender-Europe 20 foi parcialmente modificado. Mas, especifica o US Army Europe, quando em Março, foi suspenso o envio de forças dos Estados Unidos, “mais de 90% dos equipamentos destinados ao Defender-Europe 20 já estavam a bordo de aviões e navios com destino à Europa”.

No total, chegaram mais de 3.000 equipamentos, a começar por tanques, aos quais foram adicionados mais de 9.000 veículos blindados e outros veículos provenientes dos depósitos “pré-posicionados” que o Exército USA mantém na Alemanha. Dos Estados Unidos chegaram mais de 6.000 soldados, incorporados por milhares de outros estacionados na Europa.

Personalidades pedem valorização das vidas dos idosos perante a pandemia


Em texto divulgado na Alemanha, políticos, cientistas e religiosos alertam contra seletividade nos sistemas de saúde em detrimento das pessoas mais vulneráveis e pedem "revolta moral" para "salvar vidas".

Personalidades da política, ciência e lideranças religiosas lançaram um apelo internacional pela valorização da vida dos idosos em meio a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, exigindo um "revolta moral".

"Toda a energia necessária deve ser investida para salvar o maior número de vidas e garantir a todos o acesso aos tratamentos", diz o texto publicado no último sábado (23/05) em anúncio no jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, assinado, entre outros, pelo filósofo e sociólogo Jürgen Habermas.

"O valor da vida deve ser o mesmo para todos. Os que desvalorizam as vidas frágeis e debilitadas dos idosos abrem caminho para a desvalorização de todas as demais vidas", diz o texto. Entre os vários signatários estão o ex-presidente da Comissão Europeia e ex-premiê da Itália Romano Prodi, a ex-ministra alemã da Educação Annette Schavan e o arcebispo de Bolonha, Matteo Zuppi.

O texto alerta que em muitos países surge "um modelo perigoso" que consiste na seletividade dos sistemas de saúde, onde a vida dos idosos é considerada secundária. "Sua maior vulnerabilidade, a idade avançada e a possibilidade da existência de outras doenças, servem para justificar uma seleção em favor dos mais jovens e mais saudáveis", prossegue.

Se omitir e permitir que isso aconteça é algo humanamente e legalmente inaceitável, afirmam os signatários. "A ética democrática e humana se baseia em não fazer distinção entre as pessoas, mesmo no que diz respeito à idade." Eles alertam que isso poderá gerar uma divisão na sociedade baseada nas faixas etárias.

Em todas as culturas, existe a percepção de que as gerações mais velhas são fundamentais. "A aceitação da existência de valores diferentes termina por rasgar o tecido social da solidariedade entre as gerações e dividir a sociedade. Não podemos deixar morrer a geração que lutou contra as ditaduras e que trabalhou na reconstrução do pós-guerra e reergueu a Europa", diz o texto, que resulta do aumento das preocupações com o alto número de mortes entre idosos nos últimos meses.

Os signatários afirmam que a "revolta moral" se faz necessária para que possa haver uma "mudança de direção no tratamento dos mais velhos, de modo que aqueles em condições mais vulneráveis jamais sejam vistos como fardos ou, ainda pior, como inúteis."

Deutsche Welle | RC/dpa

Portugal | “Relaxamento” nos comboios sobrelotados?


Para a ministra da Saúde, é o «relaxamento nas pausas do trabalho» que explica os novos casos em Lisboa e não o facto de milhares de pessoas irem para o trabalho em comboios que não cumprem a lotação exigida.

AbrilAbril | editorial

«Tudo leva a indicar que não serão os incumprimentos das regras gerais pelas estruturas laborais que estarão a originar provavelmente estes focos, mas, sim, algum relaxamento, alguma descontração, nos momentos que não são momentos de trabalho formal», disse ontem a ministra da Saúde, Marta Temido, em relação ao aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Não será ingenuamente que a ministra escolhe apontar o dedo ao que fazem os trabalhadores nas suas pausas, contrapondo esses momentos ao tempo de trabalho efectivo, onde as medidas de segurança seriam cumpridas e não haveria lugar a contágio.

Os trabalhadores, fora da «tutela» do patrão, põem-se em risco quando vão almoçar juntos, põem-se em risco quando trocam de roupa. Sugere ainda que «há indícios» de que alguns vêm juntos de carro, utilizando transportes colectivos mas não transportes públicos...

Marta Temido coloca-se, sem hesitações, do lado dos patrões e utiliza os seus argumentos. Não apresentando provas que suportem as suas insinuações, estas não passam de um posicionamento com uma intenção velada: desviar as atenções do facto de muitas empresas não garantirem as normas de protecção aos seus empregados e de o Governo não garantir que os transportes públicos permitam deslocações feitas em segurança.

Na imagem:
Marta Temido, ministra da Saúde, na conferência de imprensa diária, a 23 de Maio de 2020. | Imagem:  António Pedro Santos / Lusa

CUIDADOS A TER NA PRAIA


Henrique Monteiro em Henricartoon

Portugal | Estado social é forte com os fracos


Paulo Baldaia* | Jornal de Notícias | opinião

Não nos deixemos iludir com as praias cheias de gente bem-disposta, ora cumprindo, ora não cumprindo as regras que todos sabemos serem essenciais para que o desconfinamento corra bem.

Nem com as esplanadas que se enchem de pessoas sorridentes e ansiosas por respirar ar puro, alimentando-se de vitamina D que o sol fornece gratuitamente. Há centenas de milhares de compatriotas nossos que estão a viver tempos muito difíceis e este exército de deserdados, que já está a passar fome, vai continuar a recrutar, até que todos saibamos disso, porque alguém que nos é próximo se alistou involuntariamente.

Dizem-nos que esta crise sanitária, mais esta crise económica que está em curso, veio mostrar como o Estado social é imprescindível e nós nem questionamos, porque percebemos bem o desastre que teria sido esta crise sem um Estado forte. Aceitamos que tem de haver danos colaterais, gente que morre e gente que não consegue ter o apoio do Estado. Quanto aos primeiros, o SNS fez o possível e a lei da vida encarregou-se de fazer uma seleção. Pode custar muito, mas só olhando com alguma frieza para os números dos que partem, poderemos ganhar tempo para tratar dos segundos, os que ficam. Trabalhadores sem emprego, trabalhadores com emprego e o vencimento miserável do lay-off, trabalhadores do setor informal a que chamamos biscates, patrões com empresas falidas e até utentes do SNS com outras doenças.

Descobrimos aqui que o Estado social não é tão forte ou, pelo menos, não é tão justo como nos dizem, porque não apoia ou dá apoios miseráveis a quem não descontou ou descontou pouco. E esta fraca contribuição acontece, antes demais, porque estes portugueses são vítimas de um Estado que não regulou com justiça o mundo do trabalho. Um Estado que permitiu que se exigisse ao trabalhador precário a mesma produtividade, sem a devida compensação em vencimento anual e restantes direitos.

E quando este exército de deserdados engrossa, ter um governo mais à esquerda ou mais à direita pode fazer alguma diferença, mas será sempre pouca. No fim, o Estado social funciona como um seguro, contra todos os riscos para quem estava no topo da pirâmide e só com direito a fraca indemnização de um salvado para os que labutavam pela sobrevivência.

Ninguém pode colocar em dúvida a importância do Estado nas políticas sociais, mas a Esquerda que gosta de chamar pejorativamente caridade à solidariedade dos portugueses e das IPSS devia agradecer a sua existência, porque se um dia a solidariedade falha, toda a gente vai perceber que o rei vai nu.

*Jornalista

Tribunal Constitucional confirma coima de 3,7 milhões a Ricardo Salgado


Datado de 14 de maio, o novo acórdão do Tribunal Constitucional (TC) mantém a decisão tomada em janeiro deste ano

Tribunal Constitucional (TC) rejeitou o segundo recurso apresentado por Ricardo Salgado, ex-líder do Banco Espírito Santos, em relação à coima única de 3,7 milhões de euros aplicada pelo Banco de Portugal (BdP), no primeiro de quatro processos de contraordenação, avança o “Público” esta terça-feira.

A primeira decisão do BdP tornou-se agora definitiva. Salgado foi também proibido de exercer funções em órgãos sociais de instituições de crédito e financeiras nos próximos dez anos.

Datado de 14 de maio, o novo acórdão do Tribunal Constitucional (TC) mantém a decisão tomada em janeiro deste ano.

“A decisão recorrida corre inequivocamente no sentido da não verificação do referido elemento do ‘desfavor’ para o arguido (o qual seria indispensável para que pudesse considerar-se preenchido, em relação a esta questão, o pressuposto da ratio decidendi), sendo que, perante os elementos emergentes dos autos, o único exercício capaz de conduzir a uma conclusão diferente seria o de o Tribunal Constitucional substituir agora uma sua própria leitura desse estrito problema de direito ordinário à leitura que foi abertamente acolhida pelo tribunal a quo. Por razões abundantemente expostas e consabidas, isso não pode ocorrer”, lê-se.

Recorde-se: o BdP condenou neste processo Salgado de gestão ruinosa pela falsificação de contas da Espírito Santo e esquema fraudulento de emissão de dívida no valor de 1,3 mil milhões de euros, colocada em clientes do BES. Os restantes continuam por fechar.

Expresso | Imagem: Paulo Cunha, Lusa

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