sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

ONU garante "estar a acompanhar" situação em Cafunfo

A coordenadora das Nações Unidas em Angola diz que acompanha "atentamente" os incidentes em Cafunfo, na Lunda Norte, que resultaram em várias mortes. E aguarda "com expectativa" o resultado das investigações.

Em comunicado enviado à DW, esta sexta-feira (12.02), o gabinete da coordenadora residente das Nações Unidas em Angola, Zahira Virani, garante "estar a acompanhar atentamente" os recentes acontecimentos em Cafunfo, na província da Lunda Norte, dos quais teve conhecimento "através dos meios de comunicação social", aguardando agora "com expectativa" o resultado das investigações atualmente em curso.

O gabinete da representante máxima da ONU em Angola reitera ainda que está "sempre alerta a todas as situações onde haja perda de vidas humanas e que possam pôr em risco os ganhos que o país tem alcançado no que toca à defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos."

As Nações Unidas também "apelam à calma e ao diálogo" e enfatizam "o valioso papel e a experiência de Angola no que toca à estabilidade da região, o que demonstra a capacidade do país na resolução pacifíca de conflitos."

UNITA quer ouvir Governo

O grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) quer ouvir o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social e os responsáveis dos canais televisivos TPA e TV Zimbo, por causa da cobertura noticiosa dada por estes meios aos incidentes de Cafunfo.

O pedido de audição já foi entregue ao gabinete do presidente da Assembleia Nacional. "Entre outros factos, omitiram a posição da UNITA sobre o massacre de Cafunfo apresentada em comunicação do presidente Adalberto Costa Júnior e em conferências de imprensa do grupo parlamentar, além da visita dos deputados à vila mineira de Cafunfo, onde estiveram retidos por três dias sem uma referência nos órgãos em causa", critica o grupo parlamentar em comunicado.

Em causa está a garantia constitucional relativa à igualdade de tratamento pela imprensa e oposição democrática, que a UNITA entende ter sido violada por estes canais.

A localidade de Cafunfo foi palco de incidentes entre a polícia e populares no dia 30 de janeiro.

As autoridades angolanas afirmam que seis pessoas morreram. No entanto, na terça-feira (09.02), deputados da UNITA, da Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE) e do Partido da Renovação Social (PRS) anunciaram que os incidentes resultaram em 23 mortos, 21 feridos e 10 pessoas desaparecidas, referindo que as forças policiais "dispararam indiscriminadamente contra os cidadãos".

Um dia depois (10.02), a UNITA reviu estes números, ao divulgar um relatório dos cinco deputados que se deslocaram a Cafunfo, mas foram impedidos de entrar pelas autoridades, informando que pelo menos 28 pessoas morreram de forma "bárbara, hedionda e fria" e 18 ficaram feridas.

Madalena Sampaio, Agência Lusa | em Deutsche Welle

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