Jovens protestaram pela recondução do líder da oposição à presidência da UNITA. Membro do partido no Kwanza Norte diz que Samakuva vai reconduzir todos os secretários provinciais eleitos por Adalberto Costa Júnior.
Com o objetivo de defender o Estado Democrático de Direito, milhares de membros da sociedade civil e centenas de jovens afetos aos partidos União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Bloco Democrático e do projeto político PRA-JA Servir, congregados na plataforma Frente Patriótica Unida (FPU), realizaram este sábado (16.10) em Luanda uma marcha de repúdio à anulação do XIII Congresso da UNITA.
Adalberto Costa Júnior foi retirado da presidência da UNITA por decisão do Tribunal Constitucional angolano. A justificativa foi de irregularidades no congresso que o elegeu, em 2019.
"O 'ditador' João Lourenço pretende restaurar um regime totalitário semelhante ao que vivemos nos últimos 16 anos. É uma tentativa de restaurar e manter aquele partido único, que visa também acabar com a liberdade de imprensa e valores democráticos que conseguimos com muito esforço", disse o ativista Hitler Samussuco.
Filomeno Vieira Lopes, presidente do Bloco Democrático e membro da FPU, também lançou críticas. "Pensamos que a UNITA vai manter o mesmo presidente. E, portanto, os atos que este presidente sempre fez serão ratificados", sublinhou.
Protestos no Kwanza Norte
Na cidade de Ndalatando, capital da província do Kwanza Norte, centenas de jovens marcharam nas ruas. "As organizações juvenis dos partidos políticos da oposição e da sociedade civil no Kwanza Norte decidiram realizar a marcha de repúdio para protestar contra as manobras do regime do MPLA que continua a subverter a ordem democrática do país", afirmou Edvaldo Cabral, secretário provincial da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA) no Kwanza Norte.
Katenda Bolongongo, jovem militante afiliado à UNITA no Kwanza Norte, também falou das razões que o levaram a juntar-se à manifestação.
"Primeiro pelo sentido patriótico e segundo pelo dever de cidadania e de lutar pela democratização e independência das instituições do Estado", destacou. "O Tribunal Constitucional não é independente do poder político."
Lina Lemos, secretária provincial para mobilização urbana da UNITA no Kwanza Norte, diz que o líder do seu partido tem sido vítima de "diabolização do atual regime". Por isso, Lemos, pede calma à sociedade angolana, sublinhando que a UNITA vai ultrapassar "estas armadilhas macabras do partido MPLA e do seu presidente, João Lourenço".
Edivaldo Cabral, secretário provincial da Juventude Unida Revolucionária de Angola, braço juvenil da UNITA, tranquilizou aos presentes dizendo que o atual presidente da UNITA, Isaías Samakuva, vai reconduzir todos os secretários provinciais eleitos por Adalberto Costa Júnior.
Tentativa de inviabilização da FPU
Cabral diz ainda ser consensual no seio do partido que acórdão do Tribunal Constitucional visou, entre outras coisas, inviabilizar apenas a Frente Patriótica Unida, pelo facto de resultar de uma deliberação do congresso anulado.
"Nós, os angolanos, devemos defender e exigir os nossos direitos estatuídos na Constituição da República", declarou Evaristo Nguala, da sociedade civil contestatária do Kwanza Norte.
O analista político José Neto disse que as manifestações mostram quão os jovens do Kwanza Norte e da sociedade em geral estão solidários com o presidente destituído da UNITA e coordenador da FPU.
Para Neto, Adalberto Costa Júnior não é apenas um candidato da UNITA, "mas sim do povo e de todos angolanos como sendo a esperança da alternância". "Por isso, apelo prudência na atual direção do maior partido na oposição para melhor gerir esta situação que a UNITA está a passar, porque os angolanos querem Adalberto Costa Júnior na corrida eleitoral de 2022", referiu.
Borralho Ndomba (Luanda), António Domingos (Ndalatando) | Deutsche Welle
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