segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Portugal | PS está colado à direita, com medidas "falsas e hipócritas" -- Jerónimo

Jerónimo encerra Avante com Costa na mira: "política do faz-de-conta" e "cumplicidade" na guerra

O secretário-geral do PCP diz que o PS está colado à direita, com medidas "falsas e hipócritas"

Ontem - Num discurso com 45 minutos, para encerrar a Festa do Avante, Jerónimo de Sousa não poupou nas críticas ao Governo "absoluto" de António Costa. Da guerra às medidas "do faz-de-conta", o líder comunista colou o Executivo socialista à direita, mas também aos Estados Unidos e à NATO.

O primeiro apupo da plateia comunista saiu para a "cumplicidade do Governo português" na escalada da guerra na Ucrânia e para a "espiral de sanções" à Rússia, lideradas pelos Estados Unidos, pela União Europeia e pela NATO.

"A escalada da guerra na Ucrânia e a espiral de sanções impostas pelos Estados Unidos da América, a União Europeia e a NATO, com a cumplicidade do Governo português, são indissociáveis da desenfreada especulação e aumento dos preços da energia, dos alimentos e de outros bens de primeira necessidade, do ataque às condições de vida dos povos, arrastando o mundo para uma ainda mais grave situação económica e social", atirou, sendo interrompido pelos apupos dos milhares de comunistas que assistiram ao discurso do secretário-geral.

Jerónimo de Sousa acrescentou que a realidade, com os prejuízos económicos e sociais, está a demonstrar que o PCP tem razão "ao estar desde a primeira hora do lado da paz, e não da guerra".

Numa segunda fase, a situação nacional "que está hoje bem diferente, no plano político, económico e social", numa referência a vitória com maioria absoluta do PS, depois do chumbo do Orçamento do Estado, que levou à queda do Governo.

O líder comunista volta a colar o PS à oposição, neste caso, à direita, pedindo medidas concretas para "melhorar a vida dos trabalhadores e do povo".

"Não menos grave é a política das medidas do faz-de-conta. Uma política que foge ao essencial, que foge à reposição do poder de compra dos salários e pensões e ao necessário e indispensável controlo dos preços", disse.

Jerónimo de Sousa, num tom muito crítico, acrescentou que as medidas do PS são "falsas e hipócritas medidas de assistencialismo", lembrando também as posições do PSD, CDS, Iniciativa Liberal e Chega, o que levou ao segundo apupo da noite, para o partido de André Ventura.

O PCP pede que o IVA da energia baixe para os 6%, tal como a aplicação de um novo imposto para os lucros extraordinários das empresas "que acumulam milhões". E, como habitual, o aumento do salário mínimo para os 800 euros.

"Quando não há inflação, recusam o aumento dos salários. Quando há inflação, não se aumentam os salários para não favorecer a espiral inflacionista. Ou seja, os trabalhadores e o povo pagam por ter cão e pagam por não ter, sempre à pala da inflação", criticou.

Já para o Serviço Nacional de Saúde, o comunista pede "investimento, valorização e fixação de profissionais" para "garantir o direito à saúde", lembrando a demissão de Marta Temido: "Não é com demissões de ministros que se salva o SNS, é com investimento".

Num outro tom, Jerónimo de Sousa teve uma palavra de agradecimento aos artistas que aceitaram o convite do PCP para participarem na Festa do Avante, apesar das críticas da oposição, pela postura dos comunistas em relação à guerra na Ucrânia. O terceiro e último dia da festa termina com concertos dos artistas portugueses Carminho e Dino D'Santiago.

Francisco Nascimento | TSF | Imagem: Tomás Silva - Observador

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