domingo, 17 de julho de 2022

China, Rússia e Irão realizarão exercícios militares na América Latina em Agosto

#Traduzido em português do Brasil

Pequim, Moscou e Teerã pretendem fazer uma demonstração de força para os Estados Unidos em seu “quintal”. Os três países planejam realizar manobras navais conjuntas na costa da América Latina e do Caribe no início de agosto. Segundo especialistas, isso é um sinal de que alguns países latino-americanos pretendem formar uma coalizão militar contra os EUA.

A intenção das potências de realizar exercícios conjuntos na América Latina foi noticiada em meados da semana passada. Como escreve o site de jornalismo político gratuito The Washington Free Beacon , as manobras são chamadas de Sniper Frontier .

A Venezuela sediará os exercícios no início de agosto, apesar do relacionamento muito complicado do país com Washington. China, Rússia e Irã enviarão suas forças militares e navios para a costa latino-americana.

De acordo com o Washington Free Beacon , as próximas manobras são uma clara indicação de que alguns países latino-americanos planejam formar uma “aliança militar” ou “coalizão militar” contra os Estados Unidos.

Como disse o especialista em segurança Joseph Humire ao Washington Free Beacon , durante os próximos exercícios “a convite da Venezuela”, a Rússia, juntamente com seus aliados Irã e China, pretende mostrar “força sem precedentes” no Hemisfério Ocidental. Segundo o especialista, após esses exercícios os Estados Unidos podem até perder sua “influência tradicional” na América Latina.

Deve-se lembrar que Moscou, Teerã e Pequim já realizaram três exercícios militares conjuntos. Notavelmente os exercícios do Cinturão de Segurança Marítima 2022 que ocorreram no norte do Oceano Índico.

De acordo com os observadores, durante esses exercícios os participantes demonstraram sua capacidade de interagir na realização de diferentes missões táticas. Praticavam resgatar um navio em chamas, libertar um navio capturado, atirar em alvos concretos, atirar à noite em alvos aéreos e outras missões táticas e operacionais.

Deve-se notar que, na época, a mídia dos EUA via os exercícios trilaterais do Cinturão de Segurança Marítima 2022 como um “sinal poderoso” para os Estados Unidos.

Em relação aos próximos exercícios no Caribe, a publicação americana The Washington Times os considera os maiores já organizados com a participação de navios chineses, russos e iranianos. Estas são as primeiras manobras militares em que o Irã participa desde seu convite oficial em setembro de 2021 para ingressar na Organização de Cooperação de Xangai (SCO), uma das alianças mais poderosas do continente eurasiano cujo objetivo é garantir a segurança global.

Alexandre Lemoine | Internationalist 360º

MINISTRO DA DEFESA RUSSO ORDENOU MAIOR OFENSIVA NA UCRÂNIA

#Traduzido em português do Brasil

Em 16 de julho, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, veio à Ucrânia para inspecionar os militares russos implantados no país vizinho. O chefe do departamento militar russo deu as instruções necessárias para aumentar ainda mais as ações dos militares russos em todas as áreas operacionais, a fim de excluir a possibilidade de o regime de Kiev infligir ataques maciços de mísseis e artilharia contra infraestrutura civil e moradores de assentamentos na região Donbass e outras regiões.

No posto de comando, o General de Exército Sergei Shoigu ouviu relatos do General de Exército Sergei Surovikin, Comandante do Grupo Sul, do Coronel General Alexander Lapin, Comandante do Grupo do Centro, e de outros comandantes sobre a situação atual, a natureza das ações inimigas e o progresso das missões de combate das Forças Armadas Russas.

A ordem do ministro da Defesa russo pode marcar o início de uma grande ofensiva das forças lideradas pela Rússia na área da cidade de Donetsk. Esta é uma das áreas mais fortificadas, onde o avanço russo quase foi interrompido. As Forças Armadas da Ucrânia posicionadas perto da cidade de Donetsk estão bombardeando civis que vivem na região diariamente, aumentando o número de vítimas.

Moscou havia alertado anteriormente que o lado russo ainda não estava “lutando com força total”, mas estava realizando uma operação especial com meios e forças limitados. Ao mesmo tempo, o Kremlin destacou sua disponibilidade para negociações desde o início da intervenção russa.

“Hoje ouvimos que eles querem nos derrotar no campo de batalha. Bem, o que posso dizer aqui, deixe-os tentar”, afirmou o presidente russo Putin em 7 de julho. O presidente acrescentou que “ainda não começamos nada”.

Putin disse que Moscou não está abandonando as negociações de paz. “Mas aqueles que se recusam devem saber que quanto mais longe, mais difícil será negociar conosco”, disse o chefe de Estado.

Ao mesmo tempo, Putin garantiu que os militares russos não mobilizarão nenhuma força adicional. A Rússia não declarou guerra à Ucrânia. Se os grupos russos estacionados no Donbass e outras regiões da Ucrânia não forem reforçados com forças adicionais, não está claro como os militares russos poderiam cumprir a ordem de Shoigu.

South Front

RUSSIA DESTRUIU MÍSSEIS ANTI-NAVIO HARPOON EM ODESSA, NA UCRÂNIA

#Traduzido em português do Brasil

Um ataque com mísseis russos destruiu um depósito de mísseis antinavio Harpoon na cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, anunciou o Ministério da Defesa russo em 17 de julho.

“Um armazém de mísseis antinavio Harpoon fornecidos à Ucrânia por países da OTAN foi destruído com mísseis [russos] de longo alcance de alta precisão em um local industrial em Odessa”, disse o porta-voz do MoD, tenente-general Igor Konashenkov, durante seu briefing diário.

O Harpoon é um míssil antinavio que desliza sobre o mar equipado com um INS [sistema de navegação inercial] auxiliado por GPS e um buscador de radar ativo. Quando lançado da superfície, o míssil tem um alcance de 124 a 280 quilômetros, dependendo da versão. Está armado com uma ogiva de alto explosivo de penetração de 221 kg.

O armazém foi relatado como alvo de mísseis de cruzeiro furtivos Kh-101, que foram lançados de bombardeiros estratégicos Tu-95.

O Kh-101, que foi desenvolvido pela MKB Raduga, tem um alcance máximo de 4.500 a 5.500 quilômetros. O míssil guiado por um INS [sistema de navegação inercial] auxiliado pelo GLONASS. É supostamente reorientável e também pode ser equipado com um radar ou buscador óptico para orientação do terminal. Está armado com uma ogiva convencional de 400 a 450 kg.

Nos últimos meses, a Ucrânia recebeu mísseis Harpoon de vários de seus aliados ocidentais. No final de maio de 2022, a Dinamarca enviou lançadores e mísseis Harpoon para a Ucrânia e, pouco depois, a Holanda enviou mísseis adicionais. Mais tarde, em meados de junho de 2022, os EUA anunciaram que forneceriam à Ucrânia lançadores e mísseis Harpoon e o secretário de Defesa do Reino Unido disse que também estava procurando fornecer à Ucrânia os mísseis.

Este não foi o primeiro ataque russo a atingir os mísseis Harpoon recém-adquiridos da Ucrânia. Em 8 de julho, um ataque de míssil pontual no oblast de Odessa eliminou dois lançadores de mísseis antinavio Harpoon que foram recentemente fornecidos pelo Reino Unido.

Os EUA e seus aliados alegaram que seu movimento para fornecer à Ucrânia mísseis Harpoon visa “derrotar o bloqueio naval da Rússia”. Rússia e Ucrânia já chegaram a um acordo para acabar com o bloqueio. No entanto, os mísseis Harpoons ainda estão aparentemente sendo enviados para a Ucrânia. O objetivo real desses mísseis é aumentar o conflito na Ucrânia.

South Front

Ler em South Front:

MoD russo divulga imagens de ataque com mísseis no lançador HIMARS ucraniano

Em vídeo: Míssil de cruzeiro furtivo russo confunde defesas aéreas ucranianas

“A UCRÂNIA É RECONSTRUÍVEL” -- Carlos Matos Gomes

– “Era urgente uma utopia, uma luz que desse ânimo…”

Carlos Matos Gomes [*]
Entrevistado por Humberto Costa, de A Voz do Operário

Este conflito era evitável?

Este conflito apenas não foi evitado porque foi deliberadamente provocado. Este conflito violento e até agora característico de uma guerra convencional, resulta da análise que os Estados Unidos fazem dos seus interesses estratégicos para manterem a supremacia do poder mundial, o que implica eliminar potências concorrentes, no caso a Rússia e a China.

Porquê a Ucrânia?

A Ucrânia é apenas o palco mais adequado ao conflito que opõe os EUA à Rússia e à China, uma barriga de aluguer. Aliás, o objetivo declarado dos EUA é o enfraquecimento da Rússia e a conclusão da cimeira da NATO de Madrid foi que a China é uma ameaça aos valores do “Ocidente”, aqui representado pela NATO, a aliança militar dos países de capitalismo avançado.

No plano militar qual é o ponto da situação?

No plano militar, depois de uma ação inicial de ameaça direta ao poder ucraniano – aproximação a Kiev – as forças russas alteraram o conceito de manobra e estão a executar um avanço lento e seguro, com táticas tradicionais de grande apoio de artilharia para amolecer defesas, cerco de pontos importantes, corte de vias de comunicação para dificultar o reabastecimento inimigo. As forças ucranianas tinham uma forte organização do terreno no Leste e conseguiram dificultar o avanço russo. Julgo que a Rússia, em termos militares, pretenderá dominar a fronteira Leste (Donbass), os portos do Mar Negro. Julgo que tem agora maiores hipóteses de sucesso, dado o esgotamento da capacidade de mobilização de cidadãos ucranianos, de dificuldades logísticas – reabastecimento de armas e munições – e da ausência de apoio aéreo, que os drones não substituem.

É possível parar o conflito?

Ele parará. Não há guerras eternas. Ele parará quando um dos contendores se der por satisfeito e o outro salvar a face. O custo da guerra para a Rússia é muito elevado em baixas e destruição de material, o que exige ao poder político do Kremlin que apresente uma vitória que justifique o custo. Do lado americano – e os americanos não costumam atender aos interesses dos seus aliados e vassalos, no caso a UE, ou o governo de Zelenski (veja-se o abandono dos aliados afegãos) – a administração Biden está interessada neste confronto em tempo de eleições. Também necessita de um bode expiatório para justificar as quedas das bolsas de valores (Wall Street) e o aumento do custo de vida.

Há uma solução militar?

Não haverá solução para esta guerra, no sentido tradicional, de um acordo de paz e de uma definição de vencedores e vencidos. Esta guerra provocará, já provocou, uma alteração radical no equilíbrio dos poderes mundiais. Esta guerra – tão perto de nós e por isso tão mediatizada – é apenas mais uma guerra no grande confronto planetário que irá marcar este século. Já agora, as sanções económicas e as ações diplomáticas comprovaram mais uma vez que os canhões são a última expressão da vontade do soberano, ou a versão maoista que o poder está na ponta das espingardas. Será o desequilíbrio de forças num determinado momento que irá ditar um fim das ações militares e o início da solução política, que pode ser uma não solução, isto é, um Estado de soberania disputada, ou de um Estado falhado.

O envio de material de guerra do Ocidente não está a adiar uma solução negociada?

O envio de material de guerra do Ocidente é, no fundo, uma operação dos governos ocidentais, dos Estados Unidos e da Inglaterra, em especial, de salvar a face. Depois de terem criado um regime vassalo, de prometerem aos seus homens de mão (Zelenski) a entrada na UE e na NATO, a troco da autorização de estacionamento de bases (uma ação marcada pelos acontecimentos da Praça Maidan e da conspiração da antiga embaixadora dos EUA em Kiev, Vitoria Nuland, atual subsecretária de Estado para os assuntos europeus, e do apoio ao grupo de oligarcas representado por Zelenski) os Estados Unidos e os seus complacentes aliados europeus não podiam fazer menos do que enviar armas para os ucranianos se baterem pela ilusão que lhes foi “vendida” de ingressarem no paraíso da União Europeia. Julgo ainda que as “conferências” internacionais para estudar a reconstrução da Ucrânia, quando não há previsão do fim da guerra, nem o que será a Ucrânia, são um lamentável embuste dos políticos ocidentais ao povo ucraniano, aos que morrem e sofrem. Zelenski presta-se a esse espetáculo de farsa de previsão de obras, pontes, viadutos, caminhos de ferro, hospitais, escolas, e até creches, nesta alínea por conta do governo português! A Ucrânia não é reconstruível!

Quem beneficia com isso?

Neste caso julgo que, no imediato, os beneficiários da guerra serão os acionistas dos complexos militares-industriais, a médio longo prazo, os beneficiados serão os Estados agregados sob a designação genérica de BRICS (Brasil, Rússia, India, China, a que se juntarão a África do Sul, a Argentina, porventura o México) – este grupo poderá criar uma moeda internacional alternativa ao dólar, poderá desenvolver políticas articuladas de comércio de matérias-primas essenciais, petróleo, gás, terras raras, de exploração espacial, de novas redes de comunicação fora do monopólio americano. É perigoso e errado fazer análise considerando o Ocidente o centro do mundo. O Ocidente representa apenas cerca de 15% da população.

Angola | O ESTADO DA NAÇÃO E AS ENTREVISTAS – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

Henrique Cymerman, correspondente da SIC em Israel, fez esta novela sobre a entrevista ao Presidente José Eduardo dos Santos, em 2013: “Gostaria de fazer uma entrevista ao presidente de Angola? A primeira desde que preside a este importante país africano?, perguntou-me, em 2013, ao telefone, um conhecido de Israel que tem uma relação muito próxima com a ex-colónia portuguesa. Mas a grande surpresa chegou pouco depois: "José Eduardo dos Santos disse-nos que tu és o único jornalista com quem está disposto a falar”.

Esta gente adopta o sistema vale tudo menos tirar olhos quando se trata de Angola. A novela foi publicada no “Expresso”, um jornal que já foi sério e agora é especialista em mentiras e notícias falsas. Não fosse o covil do Gustavo Costa, esse pobre diabo que se faz passar por jornalista só porque carregava a bagagem do Benjamim Formigo. 

A verdade é muito diferente. O Presidente José Eduardo dos Santos sabia, como ninguém, que só há lugar a entrevistas, quando existe um vazio de informação. Acontece que ele e os seus colaboradores na área da comunicação social tiveram sempre o cuidado de não deixar criar vazios. Logo, não eram necessárias entrevistas.

Mas desde que os seus pares o elegeram Presidente da República,deu duas entrevistas à RTP em1992. E mais duas entrevistas, a jornalistas angolanos, uma publicada em Angola e outra em Portugal., Os jornalistas que o entrevistaram foram José Ribeiro e Luís Alberto Ferreira, que publicou o texto no Jornal de Noticias, do Porto, na época o maior jornal português em tiragens, circulação e expansão. 

Luís Aberto Ferreira é o mais antigo jornalista angolano, ainda em actividade. O decano! E um mestre inigualável. As agências noticiosas e a rádio criaram a Linguagem Jornalística e a sua Gramática, com estas características: Directa, substantiva e afirmativa, tendencialmente imperativa. Mas se for o Luís Alberto Ferreira a escrever, o caso muda de figura porque ele criou uma mistura sábia e equilibrada entre a linguagem literária e a linguagem jornalística. Durante alguns anos foi colaborador permanente do Jornal de Angola onde publicava, semanalmente as suas “Subesferas”.

Mais um pormenor: Luís Alberto Ferreira foi o primeiro jornalista angolano a ganhar estatuto internacional. Quando percebeu que o panorama jornalístico em Angola era exíguo, partiu para Portugal onde não era muito diferente. Deu o salto para Espanha e aí mostrou a sua imensa categoria profissional! O nosso primeiro internacional. Nasceu no Bairro dos Coqueiros, na sua querida Luanda, território das mulheres mais bonitas da cidade, as manas Mascarenhas. Andou com o Rui de Matos (comandante Maio) ao colo e a sua família era íntima de Martinha Bessa Victor, fundadora da Escola da Liga e bisavó dos meus netos Lucas e Luna, príncipes do Catambor. Gente fina!

Em 1992, Luis Alberto Ferreira foi a São Tome e Príncipe em serviço. Lá estavao Presidente José Eduardo dos Santos. O repórter pediu-lhe uma entrevista e ele nem hesitou. Foi tiro e queda porque o nosso Presidente convidou-o a seguir para Luanda no avião em que se deslocou com a sua comitiva. E a entrevista foi realizada. O Luís Alberto vai escrever um livro sobre esse acontecimento agora que perdemos o nosso Presidente que rebentou com os karkamanos e pôs fim à carreira do criminoso de guerra Jonas Savimbi. 

Portanto, a RTP fez duas entrevistas ao Presidente José Eduardo (José Eduardo Moniz e Barata Feio), Luís Alberto Ferreira também o entrevistou e publicou o seu trabalho no Jornal de Notícias. José Ribeiro entrevistou-o e a entrevista foi publicada na ANGOP, depois retomada por todos os Media do sector empresarial do Estado. 

A entrevista concedida a Henrique Cymerman ocorreu em 2013, mas é mentira, não foi a única. 

Aquele ano de 2013 foi crucial para Angola. Hoje e para encerrar os sete dias de luto nacional envio, em apêndice, o seu discurso sobre o Estado da Nação, em de 15 Outubro de 2013. Um documento notável que devia ser distribuído profusamente, sobretudo entre todas e todos os que confundem propositadamente velocidade com precipitação ou políticas de Estado com corrupção.

*Jornalista

Angola: Vicente vendeu 1,5 mil ME de petróleo angolano que não foi pago ao Estado

O Ex-vice-PR angolano, Manuel Vicente terá autorizado, entre 2004 e 2007, a venda de petróleo a uma empresa chinesa, no valor de 1,5 mil milhões de euros, que não foram pagas a Angola, indica a justiça angolana.

Num despacho de acusação de Manuel Helder Vieira Dias, mais conhecido como General 'Kopelipa' e a Leopoldino Fragoso, chamado de General 'Dino', concluído pelo Ministério Público angolano no início deste mês, a justiça angolana refere que  Angola vendeu à Sonangol International Holding Limited, empresa detida em 70% por chineses e em 30% pela Sonangol EP, entre 5 de dezembro de 2004 a 6 de novembro de 2007, petróleo bruto no valor total de 1,598 mil milhões de dólares "sem qualquer benefício esclarecido para o Estado angolano ou para a própria Sonangol EP".

De acordo com a acusação, consultada pela Lusa, foi na sequência da viagem de uma delegação angolana à China, que se reuniu com o empresário chinês Sam Pa, e do desenvolvimento de contactos em Angola, ainda em 2004, que os responsáveis da empresa China International Fund Limited (CIF Limited Hong Kong) - veículo empresarial dos chineses para investir no mercado angolano - terão manifestado ao Governo de Angola, representado pelo Gabinete de Reconstrução Nacional e pelo seu diretor Manuel Helder Vieira Dias, mais conhecido como General 'Kopelipa', um dos arguidos no processo, a intenção de investir mediante cooperação em vários ramos, entre os quais petróleo, geologia e minas, água e energia e habitação (construção de imóveis). 

Os meandros do esquema

E neste contexto, em janeiro de 2005, foi solicitada ao então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, uma autorização, que foi concedida, para a assinatura de um memorando de entendimento entre o Gabinete de Reconstrução Nacional (GRN) e a empresa chinesa CIF.

O acordo foi então assinado, do lado de Angola, por 'Kopelipa' e, do lado chinês, pela responsável da CIF, Lo Fong Hung.

Mas, já em agosto de 2004, com fundamento no memorando de entendimento, Lo Fung Hung, socorrendo-se de uma outra empresa, a Beya International Development Limited, e em parceria com a petrolífera estatal angolana Sonangol, criou a China Sonangol International Holding Limited, ficando 70% do capital daquela empresa nas mãos chinesas, ou da Beya, neste caso, e 30% no Estado angolano, através da petrolífera estatal angolana Sonangol.

Também com base no mesmo memorando, Manuel Vicente, então presidente do conselho de administração da Sonangol, assinou em janeiro de 2005, mas com efeitos a partir de novembro de 2004, um contrato com a recém-criada empresa.

"Convém dizer que Manuel Vicente era chairman [presidente do conselho de administração da empresa China Sonangol International Holding Limited, sendo vice-chairman (vice-presidente) a senhora Lo Fong Hung", realça o texto da acusação a 'Kopelipa' e 'Dino'.

O contrato assinado então "era para um volume de 10.000 barris de petróleo por dia, ou equivalente a quatro carregamentos anuais com data efetiva de um de novembro de 2004", acrescenta o documento do Ministério Público de Angola.

Passado pouco mais de um ano, foi assinado "um segundo contrato, que na realidade foi uma adenda", aumentando de "10.000 para 20.000 barris de petróleo por dia, o equivalente a oito carregamentos anuais" a quantidade de petróleo a vender pela Sonangol àquela empresa, da qual também era responsável Manuel Vicente, homem da confiança de José Eduardo dos Santos, que chegou mais tarde a ser vice-presidente de Angola.

O MORTO RESSUSCITADO E A RESSUSCITADORA – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A vantagem de não ser candidato a deputado, ministro, secretário de Estado ou mesmo contínuo de ministério é podermos dizer o que pensamos sem medo de perder o emprego. A vantagem de não depender do poder político e económico é podermos pôr em causa os poderosos. A vantagem de não pertencermos a facções é não termos que entrar em negócios de ossadas para tratar da vidinha ou deitar abaixo pessoas que estão mergulhadas na dor e no luto. Eu tenho essas vantagens todas. Mas não as roubei dos cofres do Estado Angolano. Não as comprei. São mesmo da minha lavra. Juro mesmo!

Um dia já longínquo e que prova a minha longevidade, a despeito dos desejos de inimigos mais ou menos assanhados, pediram-me um parecer sobre o canal dois da TPA. Eu dei o parecer, devidamente fundamentado. Posso resumir: Aquilo está morto, em estado de decomposição e o melhor, é fechar ou privatizar. Não se gasta cera com maus defuntos. A decisão foi contrária ao meu parecer. A Dra. Welwitschia José dos Santos criou uma produtora e pegou no morto. 

Ao longo de 56 anos, a minha vida tem sido produzir conteúdos. Mas também analisá-los. Portanto, tenho alguma experiência na área. Foi com esta bagagem profissional que vi a entrevista da Dra. Welwitschia José dos Santos à CNN Portugal. Quando ela falou da sua actividade no canal dois da TPA invocou o nome do senhor José Eduardo Moniz. A perguntadora (nem sequer é simpatizante de jornalista) recebeu ordens do comando para não deixar ouvir a entrevistada. E ela fez um chinfrim tremendo. Ruído propositado!

Mas ouvi o suficiente. Quando a Dra. Welwitschia José dos Santos assumiu a direcção do canal dois da TPA contactou o senhor José Eduardo Moniz e pediu-lhe ajuda. Orçamento? Resposta do perito: Para fazer isso são necessários 40 milhões de dólares. Resposta: Mas eu só tenho nove milhões… Réplica do mago da televisão: Então lamento muito mas não alinho! Em vez de desistir, ela levou o projecto em frente e com os nove milhões ressuscitou o morto! E fez algo que me deixou perplexo. A melhor maneira de ancorar um canal de televisão à audiência é ter vedetas. Ajuda muito.

A Dra. Welwitschia José dos Santos não tinha vedetas televisivas. Também não podia importá-las porque uma vedeta brasileira, portuguesa, moçambicana, guineense (Bissau e Malavo), cabo-verdiana ou santomense não fala como uma vedeta angolana. A Língua Portuguesa em Angola, felizmente, é muito diferente daquela que se fala nos outros países que têm o português como língua oficial. Criaram duas vedetas no canal dois da TPA! Um tremendo sucesso. E depois do arranque ainda criaram mais. Notável.

Na entrevista à CNN Portugal, Welwitschia José dos Santos disse que meteu muitos milhões nos cofres do Estado (fez com nove aquilo que Moniz disse custar 40). E também afirmou que o Estado Angolano lhe deve muitos milhões em indemnizações. Isso resolve-se nos Tribunais. É lá que se faz Justiça em nome do Povo.

No final desse ano, a Dra. Welwitschia José dos Santos mandou-me uma mensagem que dizia mais ou menos isto: “Este ano tive muito sucesso, conquistei muitas vitórias. Tu és uma das pessoas que me ajudou a triunfar”. Gentileza, generosidade em excesso. Pouco ou nada ajudei. Mas sou seguramente um dos angolanos que reconhece e aprecia o trabalho de Welwitschia José dos Santos. Como profissional. Como oficial do mesmo ofício. Também tive uma produtora de televisão, que fechei para dar uma mão na criação do Grupo Medianova e depois na formação aos profissionais da Empresa Edições Novembro.

Sócrates apontou o dedo à nossa ignorância quando, sendo ele o mestre dos mestres, disse “só sei que nada sei”. Não, o filósofo não estava a referir-se à Ciência ou à Teoria do Conhecimento. Dizia aquilo que eu aprendi, antes de ir para a escola aprender a ler, escrever e contar. O meu professor Tuma um dia estava atriste, cabeça baixa, falava por monossílabos. E eu preocupado pedi-lhe que me explicasse o que se passava. Ele sentou-me no colo enquanto as cabras devoravam rebentos no capinzal e disse: Mesmo que eu te diga, nunca conseguirei explicar o que se passa no coração. Ninguém sabe o que se passa no coração. Só sentimos.

Ataques soezes contra duas filhas do Presidente José Eduardo dos Santos são isso mesmo, baixeza, leprosaria moral, indignidade, injustiça gritante, falta de respeito. Pela primeira vez na minha vida assisto, incrédulo, a um quadro dantesco. O Estado recorrendo a meios e instituições públicas para esmagar duas mulheres que acabaram de perder o pai. E que Pai! 

O Estado somos nós. Logo somos todos responsáveis pelo massacre. Sei que esta posição vai colocar a minha popularidade em níveis ainda mais baixos. Mas fico de bem com a minha consciência e, mais uma vez, provo aos meus mestres Acácio Barradas e Ernesto Mara Filho que continuo a viver entre as fronteias da honra e da dignidade.

E as meninas órfãs têm culpas no cartório? Não sei o que se passa naqueles corações. Nunca saberei. Nunca ninguém saberá. O que oiço e vejo não me agrada nada. Mas quem sou eu para julgá-las? O Estado, tenho a certeza absoluta, não pode pensar com a cabeça do Miala nem usar os métodos dos seus sequazes. Ao fazê-lo, faz de todos nós cúmplices da injustiça e do abuso de autoridade. Eu não sou cúmplice de iniquidades. Não alinho em assassinatos de caracter. Não faço julgamentos na praça pública. O Povo Angolano está de luto. Mas toda a família de José Eduardo dos Santos também está. E a essas mulheres e homens dói particularmente a perda.

Os atacantes acéfalos invocam a condição de “africanos” para condenarem filhas do Presidente José Eduardo dos Santos. Sob essa capa, fazem ataques racistas e xenófobos! Sabem qual é o problema de África? Os ocupantes do poder preocupam-se mais com os mortos do que com os vivos. Eu sou contra o culto dos mortos. E sou contra este espectáculo degradante de apostarem tudo na divisão entre familiares de José Eduardo dos Santos. Porque estão a dividir o Povo Angolano de uma forma dramática. 

Ontem contei o episódio de Jonas Savimbi num comício em 1992, durante o qual ele disse que no dia seguinte às eleições, os crioulos nem ficavam com os pés para fugir. Situei o acontecimento no Sumbe. Um ilustre filho da cidade disse-me que estou enganado, porque o criminoso de guerra nunca conseguiu fazer comícios na capital do Cuanza Sul. É verdade. Fui consultar os meus papéis e o episódio descrito ocorreu no Bailundo. Peço desculpa a todas e todos os que se sintam prejudicados com a minha imprecisão. E particularmente ao povo do Sumbe, que nunca pactuou com os sicários da UNITA. Dia 24 de Agosto a luta continua!

*Jornalista

ACJ confessa contratação de ex-Mossad e dá maus exemplos a países africanos

Tribuna de Angola

Encostado à parede pelas nossas revelações e o mal-estar que ex-agentes israelitas estavam a provocar na Unita, ACJ utilizou uma técnica de marketing político e fez o que se chama “come clean”. Veio confessar que era verdade o segredo que toda a gente já sabia: contratou os serviços de Adi Timor (ex agente da Mossad) e seus associados para intervirem nas eleições angolanas.

Para justificar essa contratação, Adalberto deu exemplos de países africanos onde os israelitas tinham trabalhado e mudado o poder. Mencionou o Malawi, o Botswana, a Zâmbia e o Gana.

No Botswana enganou-se redondamente sobre o papel de Adi Timor.

Desde a independência (1966) e até à data, todos os primeiros-ministros e presidentes representaram o Partido Democrático do Botswana (BDP). Todos.

Adi Timor não promoveu mudança nenhuma.

Aliás a sua passagem pelo Botswana foi bem controversa. Adi Timor foi contratada pelo partido no poder para as eleições de 2014, mas entrou em choque com eles devido a questões financeiras. Segundo se escreveu na época (jornal Sunday Standard) o partido que Adi Timor assessorou não lhe quis pagar porque considerou que ela não tinha cumprido os objectivos e levava demasiado caro.

Aparentemente, a desavença deveu-se ao facto do partido ter baixado para 46% dos votos quando queria 70%. É capaz de ser este o caminho da Unita, uma derrota estrondosa, pois as eleições não se decidem nas redes sociais.

Fraco exemplo que ACJ foi arranjar. Um trabalho caro e mal feito para manter o partido do poder no Botswana.

Na Zâmbia, a intervenção de Adi Timor foi em 2016, não nas actuais eleições, e foi descrita pela imprensa como “desonesta” e declarada indesejada. Aparentemente, cobrou 1,4 milhões de USD.

Um jornal escreveu: “A relação cordial que existe entre a Zâmbia e Israel será arruinada se a Timor Consulting for autorizada a permanecer no país e desempenhar um papel nas eleições gerais de 11 de Agosto de 2016” e o mesmo jornal acrescentou:” A Timor Consulting, uma empresa israelita de propaganda eleitoral, recebeu ampla condenação da opinião pública na Zâmbia que acusa a empresa de tentar defraudar eleições em favor do partido no poder.”

A presença de Adi Timor levou a graves dificuldades nas relações entre a Zâmbia e Israel.

Na Zâmbia, temos tal como no Botswana, Adi Timor a tentar manter um partido no poder, a ser acusada de levar dinheiro a mais, e sobretudo, isso é que é grave, a ser acusada de preparar a fraude eleitoral.

Há que haver verdade. Não é uma invenção de gabinetes psicológicos, é uma realidade nos outros países africanos. As acusações de fraude eleitoral a Adi Timor repetem-se em vários órgãos de imprensa de diversos países.

No Malawi, Adi Timor conseguiu explorar a fragilidade das instituições e ajudar a eleger o Presidente que se tem notabilizado por nomear familiares para cargos políticos e de topo.

Finalmente, onde ainda foi mais polémica do que no Botswana e Zâmbia, foi no Gana. As acusações sobre o seu papel e de mais 14 agentes israelitas que desembarcaram para perturbar as eleições no Gana sucedem-se e são referidas em vários órgãos da imprensa mundial.

A própria imprensa israelita conta a história escrevendo acerca de Adi Timor e do seu grupo que não estavam lá para reuniões de negócios comuns, mas tinham vindo com uma agenda para influenciar a eleição nacional do Gana. Adiantando mais à frente que a sua função era defraudar a eleição para garantir a eleição do Presidente, que ganhou por uma curtíssima margem e acusações generalizadas de fraude.

Adalberto acertou nos países em que Adi esteve (há mais e com semelhantes polémicas), mas não acertou em mais nada. Na maior parte dos casos, Adi Timor, ex agente da Mossad, acabou zangada e acusada de levar dinheiro a mais, ajudou a manter os que lá estavam e não a mudar, e há sempre histórias de uso de tecnologia para fraude.

Na verdade, com este historial, Adi Timor deveria ser colocada debaixo de investigação em Angola, e proibida de entrar, quanto à Unita-ACJ, há uma sombra de ilegalidade a investigar.

CIMEIRA DA LINHA DA FRENTE MAIS A NIGÉRIA * -- Artur Queiroz

A Maior Vitória Diplomática de Angola 

Presidentes dos Países da Região Apoiaram a Presença das Tropas Cubanas em Solo Angolano 

Artur Queiroz*, Luanda

O Presidente José Eduardo dos Santos, em Setembro de 1981, há mais de 40 anos, protagonizou a maior vitória diplomática de Angola, quando participou, em Lagos, na Cimeira dos Países da Linha da Frente “mais um”, a Nigéria. Os Chefes de Estado mais respeitados de África, entre os quais Julius Nyerere e Keneth Kaunda, defendiam a saída imediata das tropas cubanas de Angola, com o argumento de que a agressão sul-africana devia ter uma resposta exclusivamente regional. 

No final da cimeira, todos aceitaram as propostas da delegação angolana, que além do Presidente José Eduardo, era constituída por Afonso Van-Dúnem “Mbinda”, Paulo Teixeira Jorge e o então major António José Maria, hoje General Zé Maria e único dos Heróis que está vivo.

O Presidente da Nigéria, Shehu Shagari, foi o anfitrião da importante cimeira. Na mesa estavam Samora Machel e Robert Mougabe, que tinha acabado de negociar o Acordo de Lencaster House. O Presidente de moçambique aconselhou os angolanos a seguirem o seu exemplo. Pouco tempo antes derrotou os sul-africanos num combate em que Pretória teve várias baixas. Os “karkamanos” foram passeados pelas ruas de Maputo.

Mougabe era um neófito e a sua opinião valia pouco. Nyerere, Kaunda, Machel, Quett Masire (Botswana) e Shehu Shagari defendiam que as tropas cubanas deviam abandonar Angola de imediato e os invasores sul-africanos tinham de enfrentar uma força regional até saírem de solo angolano e deixarem a Namíbia. 

Sam Nujoma, também presente, pouco podia fazer ante a proposta colocada em cima da mesa. Foi então que o Presidente José Eduardo dos Santos revelou toda a sua capacidade diplomática. Os trabalhos foram interrompidos para almoço e no período da tarde, os defensores da força regional foram chamados à realidade esmagadora.

Ofensiva diplomática

A cronologia dos acontecimentos é importante. A África do Sul invadiu Angola em Agosto de 1981 com forças numerosas e meios sofisticados. O Presidente José Eduardo dos Santos organizou a defesa e de imediato partiu para uma ofensiva diplomática que o levou à Cimeira da Linha da Frente, em Lagos, mas também à Líbia. Depois de uma passagem pela Coreia do Norte, regressou à Líbia e partiu para Luanda. Em Lagos Angola teve uma vitória diplomática retumbante.

Na Cimeira dos Países da Linha da Frente “mais um”, a Nigéria, o Presidente José Eduardo dos Santos e os restantes membros da delegação angolana constataram que os EUA tinham convencido os sábios regionais da necessidade de substituir as tropas cubanas por uma força local. Só assim era possível obrigar a África do Sul a abandonar o Sul e Sudeste de Angola e a Namíbia. Todos aceitaram sem questionar. Robert Mougabe não considerava a solução aceitável, mas ainda tinha pouco peso. 

O Presidente José Eduardo dos Santos, na época com 38 anos, não podia afrontar a “sagesse” africana ali representada. Não contrariou ninguém. Mas encontrou uma saída para aquele beco em que queriam meter Angola e que ia deixar o país nas mãos dos EUA, sem darem um tiro!

LISBOA E O PAÍS

Carvalho da Silva* Jornal de Notícias | opinião

As políticas obcecadas com o crescimento ilimitado, o lucro, as engenharias financeiras e o determinismo tecnológico, no pressuposto de que tudo o resto vem por arrasto, não cumprem a missão central da política que se situa na construção de respostas aos reais problemas das pessoas, sempre com uma forte carga social. Concomitantemente, geram enredos que bloqueiam a utilização racional, a organização e a coesão dos espaços/territórios em que vivemos, e impedem a construção de estruturas sólidas para o desenvolvimento da sociedade.

A ansiedade social generalizada que hoje se vive resulta de desagrados dos cidadãos. No presente podem relevar-se quatro origens: as precariedades que invadem as nossas vidas e em particular o trabalho; a desvalorização da Administração Pública e do emprego público; o distanciamento dos centros de decisão e, por consequência, a desconfiança das pessoas face às elites públicas e privadas que decidem; a não resolução de tensões - verdadeiras, falsas ou enviesadas - entre os chamados interesses da capital e os do "resto do país".

Na passada quinta-feira, na pré-apresentação do Relatório do Observatório sobre Crises e Alternativas, titulado "A segunda crise de Lisboa" - a publicar no último trimestre do ano -, economistas, geógrafos e sociólogos refletiram sobre as crises que Lisboa (essencialmente enquanto metrópole) e a Área Metropolitana têm vivido. Na ação política e na discussão pública falta rigor na especificação das distintas realidades com que nos deparamos quando falamos do concelho de Lisboa, de Lisboa enquanto metrópole, ou da área metropolitana. Essa lacuna não possibilita a identificação do que é preciso articular nesses três espaços e, ao mesmo tempo, bloqueia a sua relação profunda com as políticas de caráter nacional. Vejamos alguns exemplos.

A decisão sobre o novo aeroporto de Lisboa exige reflexão sobre problemas que dizem respeito à cidade, à metrópole, à área metropolitana, à sua relação com outras áreas e com os interesses dos portugueses do todo nacional. A solução a encontrar na região de Lisboa condicionará ou potenciará as opções para todo o país, nomeadamente as relativas ao caminho de ferro, aos sistemas de transportes e mobilidades, à descentralização e regionalização. Com a aplicação do PRR, quer-se alterar o perfil da economia, ganhando a aposta da utilização das qualificações dos portugueses, das transições energética e digital, do aumento do valor acrescentado. Mas, esse caminho é muito difícil, pois a metrópole Lisboa continua fortemente assediada pelas forças externas que atuaram sobre ela, num processo que consolida a especialização do país em atividades de baixo valor acrescentado.

A região de Lisboa vem empobrecendo. Ela não resistiu à desindustrialização e perde centros de decisão privados que não ficam no território nacional. Grande parte dos cidadãos que nela habita vê as suas condições de vida degradarem-se. Até pode ter havido diminuição das desigualdades, mas num quadro global de empobrecimento. A Área Metropolitana de Lisboa, com mais de 3 milhões de habitantes, está em declínio. É pouco plausível que haja no país outra região com capacidades estruturais e dinamismo que compensem esta perda.

Só haverá soluções para o desenvolvimento do país com políticas transversais devidamente planificadas, aplicadas em várias escalas e articuladas para o todo nacional.

*Investigador e professor universitário

ELES TÊM UM PLANO

A recessão e o desemprego que resultam de uma política ao serviço dos credores atingirão os elos mais fracos, ou seja, os países endividados como Portugal e em particular as suas classes trabalhadoras

João Rodrigues | Setenta e Quatro

No meio de tantas crises entrelaçadas, até parece que as elites da União Europeia (UE) têm um plano. Se assim for, é caso para dizer que este combina uma avaliação equivocada da relação de forças, subordinação aos EUA e à sua aposta na corrida armamentista, dirigida em última instância contra a China, sem esquecer o tradicional enviesamento de classe inscrito na zona euro.

Podemos começar com a escalada sancionatória: a UE seguiu acriticamente os EUA, mas estes estão confortavelmente sentados em cima de recursos energéticos para exportar a preços mais elevados. Aparentemente na UE não se esperava que a Rússia aguentasse o embate e retaliasse, usando o gás como arma, como parece estar a acontecer. O imperialismo ocidental está habituado a sancionar e a destruir países mais fracos.

Dado que se trata de uma potência energética euroasiática, com décadas de ligações a países da UE, os resultados perversos estão sobretudo à vista neste continente: preços da energia com aumentos drásticos, pressões inflacionárias crescentes, espectro do racionamento de gás, maior dependência energética dos EUA e de outros países na vanguarda dos direitos humanos, como a Arábia Saudita ou o Qatar, de resto clientes das indústrias de guerra insufladas. E isto para já não falar do primeiro défice comercial registado pela Alemanha desde o início da década de 90. Entretanto, as centrais a carvão alemãs lá terão de funcionar.

Angela Merkel, antiga heroína do extremo-centro europeísta, entretanto caída em desgraça, advertiu recentemente para a dificuldade em isolar a Rússia a prazo e para o perigo de uma relação mais intensa desta com a China: “não tenho a certeza de que isto acabe bem para nós”, afiançou. Há de facto um ou outro detalhe que talvez não tenha sido tido suficientemente em consideração no tal plano: o mundo está a tornar-se verdadeiramente multipolar.

Nos círculos europeístas há, entretanto, uma grande esperança no reforço da integração. Na realidade, uma nova crise na sempre periclitante zona euro parece pelo menos igualmente provável, dado que do tal plano faz parte a perversa subida das taxas de juro pelo Banco Central Europeu (BCE) para debelar as pressões inflacionárias. E isto apesar da própria Christine Lagarde já ter reconhecido que “se subir as taxas de juro hoje, tal não fará descer os preços da energia”.  

A recessão e o desemprego que resultam de uma política ao serviço dos credores atingirão os elos mais fracos, ou seja, os países endividados como Portugal e em particular as suas classes trabalhadoras. Para estas classes, o conselho das instituições europeias e dos governos que lhes são submissos é o mesmo de sempre: aguenta, aguenta. No euro, os salários são a variável de ajustamento, seja em contexto deflacionário, seja em contexto inflacionário. É para isso que serve o desemprego promovido pelas mais difíceis condições de crédito e pela austeridade que inevitavelmente se seguirá.

O espectro da “fragmentação”, ou seja, de grandes discrepâncias entre as taxas de juro pagas pelo centro e pela periferia, é a declinação financeira de uma zona euro marcada pela instabilidade, intrínseca à opção de não garantir a solvência da dívida através do Banco Central. Para compensar, o BCE garante que tem um misterioso instrumento, a revelar oportunamente em data não definida, para evitar a fragmentação. Sabemos qual é: ou compra dívida e segura os juros da periferia ou nada feito. Na Alemanha, onde os credores têm mais poder, há quem não goste desta política. 

Realmente, isto assim não vai acabar bem para nós. E se calhar também não para eles.

GOLPE DE ESTADO NA BOLÍVIA PERPETRADO PELO REINO UNIDO/EUA

Evo Morales: papel do Reino Unido no golpe que o derrubou

Matt Kennard entrevista o ex-presidente da Bolívia sobre uma  série  de assuntos – incluindo o golpe apoiado pelos britânicos em 2019, Julian Assange, a OTAN e corporações transnacionais – na casa de Morales nas profundezas da floresta amazônica.

Traduzido em português do Brasil

Matt Kennard* Declassified Reino Unido | em Consortium News

O GOLPE: 'O Reino Unido participou - tudo pelo lítio'

OS BRITÂNICOS: 'A superioridade é tão importante para eles, a capacidade de dominar'

OS EUA: 'Qualquer relação com eles está sempre sujeita a condições'

NOVO MODELO: 'Não nos submetemos mais às corporações transnacionais'

JULIAN ASSANGE: 'A detenção do nosso amigo é uma intimidação'

OTAN: 'Precisamos de uma campanha global para eliminá-la'

BOLÍVIA: 'Estamos colocando em prática o anti-imperialismo'

Quando Evo Morales, o primeiro presidente indígena da Bolívia, foi derrubado em um  golpe apoiado pelos britânicos  em novembro de 2019, muitos acreditavam que sua vida estava em perigo. A história da América Latina está repleta de líderes de libertação abatidos por potências imperiais vingativas. 

O lendário líder da resistência Túpac Katari, como Morales do grupo indígena aimara, teve seus membros  amarrados  a quatro cavalos pelos espanhóis antes de fugirem e ele foi despedaçado em 1781.

Cerca de 238 anos depois, a autodeclarada “presidente interina” da Bolívia, Jeanine Áñez, apareceu no Congresso dias após o golpe contra Morales brandindo uma enorme Bíblia encadernada em couro. “A Bíblia voltou ao palácio do governo”,  anunciou ela .

Seu novo regime foi imediatamente forçado através do  Decreto 4.078  , que deu imunidade aos militares para quaisquer ações tomadas em “defesa da sociedade e manutenção da ordem pública”. Era uma luz verde. No dia seguinte, 10 manifestantes desarmados foram  massacrados  pelas forças de segurança.

Quando o golpe parecia inevitável, Morales passou à clandestinidade. 

Seu destino, com seu vice-presidente Álvaro García Linera, era El Trópico de Cochabamba, uma área tropical nas profundezas da floresta amazônica, no centro da Bolívia, e o coração de seu partido Movimiento al Socialismo (MAS) e sua base indígena.

Antes de renunciar oficialmente, ele voou para o remoto aeroporto de Chimoré, onde os produtores de coca locais  fecharam as  estradas de acesso. 

A folha de coca é a base da cocaína e o aeroporto, antes de Morales se tornar líder, era uma  base estratégica  para a Agência Antidrogas dos EUA (DEA) na região. Morales expulsou a DEA da Bolívia em  2008  e converteu a base em um aeroporto civil. A produção de coca logo  caiu . 

Dias depois que Morales e Linera chegaram a El Trópico, o presidente de esquerda do México, Andrés Manuel López Obrador  , enviou  um avião para resgatá-los, levando-os novamente para fora do aeroporto de Chimoré. 

Obrador disse mais tarde que as forças armadas bolivianas atacaram a aeronave com um  foguete RPG  momentos depois de decolar. Parece que o regime golpista apoiado pelo Reino Unido queria o presidente deposto – que serviu por 13 anos – morto. Morales credita a Obrador a  salvação de sua vida . 

Vila Tunari

Morales está de volta ao El Trópico agora, mas em circunstâncias muito diferentes. 

Após um ano do “governo interino”, a democracia foi finalmente  restaurada  em outubro de 2020 e o MAS de Morales venceu as eleições novamente. O novo presidente Luis Arce, ex-ministro da Economia de Morales, assumiu o poder e Morales fez um retorno triunfante do exílio na Argentina.

Depois de percorrer grande parte do país a pé, Morales voltou a morar em El Trópico. 

Ele se mudou recentemente para uma casa em Villa Tunari, uma pequena cidade que fica a apenas 32 quilômetros do aeroporto de Chimoré. Tem uma  população  de pouco mais de 3.000. 

Para chegar lá, partindo de Cochabamba, a cidade mais próxima, são quatro horas na traseira de um dos micro-ônibus que saem a cada dez minutos. Na saída, você passa por Sacaba, cidade onde o regime massacrou 10 manifestantes no dia seguinte à impunidade dos militares. 

À medida que a minivan se aprofunda no El Trópico, o significado de Morales e sua festa MAS se torna cada vez mais óbvio. 

As casas de blocos de brisa com telhados de ferro corrugado, alojamento dos pobres do mundo, passam a ter murais com o rosto de Morales na lateral. Seu nome em maiúsculas – EVO – logo está em toda parte. Assim é a palavra MAS. 

Tunari em si é uma cidade indígena tradicional e destino turístico, cercada por parques nacionais. A indústria do turismo voltou a crescer desde que a democracia foi restaurada.

Com El Trópico formando a espinha dorsal de apoio a Morales e ao MAS, foi submetido à repressão durante o regime golpista no poder. Por um período, o regime de Áñez desativou as máquinas bancárias da região, em um esforço para isolá-la completamente. 

Mas Tunari está fervilhando de vida novamente agora. Ao longo de sua faixa principal, há filas de restaurantes movimentados de frango frito e peixe. Os ônibus estão bombeando fumaça no centro de transporte da cidade, enquanto hotéis e albergues se espalham pelas estradas laterais. Um rio turbulento cor de sépia corre ao lado da cidade. Parece a parada estereotipada de mochileiros latino-americanos. 

EUA | BRANQUEAMENTO DO GOLPE DE ESTADO CONTINUA EM CURSO

#Traduzido em português do Brasil

A história das mensagens de texto do Serviço Secreto de 6 de janeiro mudou várias vezes, é dito ao painel

Hugo Lowell em Washington | The Guardian

A explicação de como as mensagens de 5 e 6 de janeiro de 2021 foram excluídas passou de atualizações de software para substituições de dispositivos

O relato do Serviço Secreto sobre como as mensagens de texto do dia anterior e do dia do ataque ao Capitólio foram apagadas mudou várias vezes, disse o inspetor-geral do Departamento de Segurança Interna ao comitê seleto da Câmara em 6 de janeiro em uma reunião na sexta-feira.

Em um ponto, a explicação do Serviço Secreto para os textos perdidos foi por causa de atualizações de software, disse o inspetor geral ao painel, enquanto em outro momento, a explicação foi por causa de substituições de dispositivos.

O inspetor-geral também disse que, embora o serviço secreto tenha optado por fazer com que seu escritório revise a resposta da agência ao ataque ao Capitólio em vez de realizar relatórios pós-ação, então impediu a revisão pela produção lenta de materiais.

Depois que o inspetor-geral levantou suas queixas, ele discutiu a viabilidade de reconstruir os textos. Mas as questões alarmaram tanto o comitê seleto que o painel mudou horas depois para intimar o Serviço Secreto , de acordo com participantes do briefing.

A série de desenvolvimentos em ritmo acelerado no Capitólio refletiu como o apagamento dos textos do Serviço Secreto – divulgados pela primeira vez em uma carta ao Congresso pelo inspetor-geral Joseph Cuffari – se tornou uma prioridade para o inquérito do Congresso em 6 de janeiro.

As circunstâncias que cercam o apagamento dos textos do Serviço Secreto do dia anterior e do dia do ataque ao Capitólio tornaram-se centrais para o comitê seleto enquanto investiga como planejava mover Donald Trump e Mike Pence à medida que a violência se desenrolava.

Os textos são potencialmente significativos para os investigadores, pois o Serviço Secreto desempenhou um papel crucial na prevenção de Donald Trump de ir ao Capitólio naquele dia e queria remover o então vice-presidente Mike Pence do complexo, de acordo com o painel.

Na carta, o inspetor-geral disse que certos textos do Serviço Secreto de 5 de janeiro e 6 de janeiro de 2021 foram apagados em meio a um “programa de substituição de dispositivos”, mesmo depois de solicitar as mensagens para sua investigação interna.

O Serviço Secreto contestou isso, dizendo em comunicado que os dados de alguns telefones foram perdidos como parte de uma “migração do sistema” pré-planejada em janeiro de 2021, e que o pedido inicial de comunicações de Cuffari veio semanas depois, no final de fevereiro de 2021.

Mas o comitê seleto questionou a ênfase do Serviço Secreto nessa data, disseram os participantes, e observou na carta de intimação que o pedido de comunicações eletrônicas de fato veio primeiro do Congresso , dez dias após o ataque ao Capitólio.

A solicitação do Congresso de 16 de janeiro de 2021 dirigida a várias agências do poder executivo – incluindo o Departamento de Segurança Interna, que supervisiona o Serviço Secreto – era para todos os materiais referentes ou relacionados ao tumulto.

Os membros do comitê seleto estavam céticos em relação à noção de que o Serviço Secreto conseguiu apagar inadvertidamente mensagens-chave durante um período de 10 dias que talvez esteja entre os mais tumultuados para a agência, disseram os participantes.

Se alguns dos textos foram deliberadamente apagados após o pedido de 16 de janeiro de 2021, isso pode significar obstrução de uma investigação do Congresso, acrescentou um dos membros do comitê selecionado na sexta-feira.

Um porta-voz do Serviço Secreto não pôde ser encontrado imediatamente para comentar.

O comitê seleto passou os últimos dias tentando estabelecer se todos os textos de 5 de janeiro e 6 de janeiro de 2021 foram perdidos ou apenas alguns, exatamente como os textos foram apagados e se os textos de dias adicionais daquele mês foram ausência de.

Os participantes do briefing disseram que Cuffari não foi capaz de fornecer respostas claras sobre essas perguntas, além do fato de que ele entendeu uma proporção dos textos do dia anterior e do dia do ataque ao Capitólio que permanecem desconhecidos.

As perguntas não respondidas foram por causa da falta de transparência do Serviço Secreto, disseram os participantes que Cuffari indicou. No briefing, Cuffari disse que a explicação para os textos perdidos mudou de atualizações de software para atualizações de dispositivos e ainda outros problemas.

Cuffari também expressou otimismo ao comitê seleto de que os textos apagados poderiam ser reconstruídos por meio de backups anteriores de mensagens ou ferramentas disponíveis para a aplicação da lei federal, disseram os participantes.

O inspetor-geral do departamento de justiça já havia conseguido recuperar textos perdidos , usando “ferramentas forenses” em 2018 para recuperar mensagens de dois altos funcionários do FBI que investigaram a ex-candidata presidencial Hillary Clinton e Trump e trocaram notas criticando o último.

A controvérsia sobre os textos apagados do Serviço Secreto irrompeu na quarta-feira depois que a carta de Cuffari se tornou pública, e o comitê seleto se esforçou para avaliar o impacto em sua investigação.

Isso levou o seleto presidente do comitê, Bennie Thompson, a discutir o assunto com o diretor de equipe do painel, David Buckley, e sua vice, Kristen Amerling, e mais tarde com todo o comitê selecionado, que pediu a Cuffari que fornecesse um briefing a portas fechadas.

O que Joe Biden estava pensando quando cumprimentou o príncipe herdeiro saudita?

#Traduzido em português do Brasil

Simon Tisdall | The Guardin | opinião

A mãe de todas as reviravoltas ao lidar com um homem que ele considera um assassino só faz o presidente dos EUA parecer mais frágil

Em que Joe Biden estava pensando? Sua dolorosa colisão com Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro saudita que ele e grande parte do mundo consideram um assassino, marca o ponto mais baixo de uma presidência que está morrendo lentamente de pé.

Talvez o presidente cambaleante dos EUA pensasse que estava fazendo isso pelo bem de seu país. Mas muitos em seu país ficarão consternados que um homem que Biden considerou um pária após o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018 voltou do frio.

“Com relação ao assassinato de Khashoggi, eu levantei no topo da reunião, deixando claro o que eu pensava sobre isso na época e o que penso sobre isso agora”, disse Biden defensivo mais tarde. Mas por que, evidentemente, seu pensamento mudou? Por que esses salaams para Salman?

Talvez Biden tenha pensado que a reviravolta da semana passada, essa mãe de todas as reviravoltas, como outro tirano não lamentado do Oriente Médio poderia ter dito, ajudaria a restabelecer os laços EUA-Saudita, assustar os iranianos – e conter os preços elevados do gás nos Estados Unidos . Em termos grosseiros: bombear a carne saudita, amortecer o pânico da bomba de gasolina.

Se assim for, ele e sua equipe de ases de relações públicas ficaram tristemente desapontados. Slippery Salman e seu pai, o rei, já haviam deixado sua posição clara. Não haveria aumento na produção de petróleo antes de uma reunião da Opep no próximo mês, se houver.

Então, o que Biden estava pensando?

Talvez ele não esteja pensando com clareza. Quando o índice de aprovação de um presidente cai para 33% , como o de Biden na semana passada, quando a maioria dos democratas diz que ele está velho demais para concorrer novamente e quando a inflação está levando eleitores enlouquecidos para os braços dos oponentes, a mente tende a ficar confusa.

Biden, produto de uma era passada, encarna não um novo século americano, mas uma nova fragilidade americana. No Oriente Médio árabe, eles costumavam chamar a atenção quando os presidentes dos EUA ligavam. Agora eles os colocam em espera e ligam para Moscou ou Pequim.

O pensamento nebuloso também pode explicar o caminho acidentado de Biden durante uma apresentação inútil anterior em Belém. Ele disse a Mahmoud Abbas, outro presidente que passou do seu melhor, que mesmo depois de todos esses anos de chumbo e lágrimas, uma Palestina independente era uma grande ideia cujo tempo ainda não chegou.

Abbas, 87, faz Biden, 79, parecer mal-humorado. Bem, na verdade não. Mas você não pode vencer Joe pela empatia do avô. "O povo palestino está sofrendo agora", disse ele. “Você pode apenas sentir isso. Sua dor e frustração. Nos Estados Unidos, podemos sentir isso.” Sério? Poxa.

Biden disse que os palestinos devem esperar até que tenham um “horizonte político que possam ver”. Ele quis dizer a Terra Prometida? Não. Isso está feito. De volta a terreno mais familiar, ele deu um golpe nos britânicos, sempre um alvo fácil para um homem em queda.

De acordo com Joe, a maneira como os israelenses perseguem os palestinos é exatamente como os britânicos perseguiram os católicos irlandeses , incluindo sua família, por mais de 400 anos.

Não é isso que Benjamin Netanyahu, o antigo e futuro primeiro-ministro israelense, Trump mucker e principal perseguidor, quer ouvir. Mas ei! Biden não suportava olhar MBS nos olhos em Jeddah. No entanto, ele alegremente apertou a mão de Bibi em Jerusalém.

O que ele estava pensando?

Imagem: O príncipe Mohammed bin Salman encontra-se com o presidente Biden em Jeddah na sexta-feira. Fotografia: Bandar Aljaloud/EPA

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