quarta-feira, 5 de julho de 2023

Angola | O Negócio da Inteligência Artificial – Artur Queiroz

Artur Queiroz*, Luanda

A inteligência artificial dá os primeiros passos mas anseio pelo dia em que esteja à venda na zunga ou mesmo nas cantinas de bairro. Nessa altura, quem não tiver uns trocos para comprar o produto, o Estado deve subsidiar a compra, custe o que custar. Mesmo que tenha fome, resolva o problema da inteligência em primeiro lugar. Ainda que faminto, seja inteligente. Não tenha medo de pensar. Nunca recuse pensar. 

A falta de inteligência em alguns seres humanos tem causado tragédias terríveis. Hitler foi eleito por muitos dos que depois ele atirou para as câmaras de gás e campos de concentração. Se tivessem comprado um nadinha de inteligência, nunca votariam no nazismo. Muitas mulheres queimadas vivas nas fogueiras da Jamba seguiram Jonas Savimbi confiantes, crentes, decididas. Se tivessem pensado um segundo esperavam para ver.

Dona Isabel Paulino, uma mulher culta e inteligente, aceitou ser esposa do criminoso de guerra Jonas Savimbi. Se tivesse ficado em Paris quando concluiu o curso, hoje, quando muito, era apenas incomodada pelos miúdos que queimam e partem tudo. Mas não acabava enterrada viva no covil de um jimbo. No momento da decisão dava-lhe jeito um cartucho de inteligência artificial para evitar a tragédia que lhe custou a vida.

O material que circula nas redes sociais é perigoso porque quase sempre falso, ou simplesmente manipulado criminosamente. Mas há peças que não deixam qualquer dúvida. Eu vi e ouvi Marcolino Moco fazer um longo discurso de improviso durante a “conferência de imprensa” dos mentores do Partido Democrático Conservador. Se já existisse inteligência artificial à venda numa cantina próxima da sua mansão do Alvalade, ele tinha tomado duas ou três pilulas e não dizia as enormidades que disse. 

O antigo secretário-geral do MPLA e primeiro-ministro do primeiro governo saído das eleições multipartidárias, em 1992, disse que em 1975 “cometemos muitos erros”. E garantiu: “Holden Roberto, Agostinho Neto e Jonas Savimbi representavam os grupos étnicos a que pertenciam.” Bastava uma pilula de inteligência para ele raciocinar. Aí percebia que o Comandante Pedalé era angolano de Cabinda. Esqueceu a etnia e lutou sob a bandeira do MPLA. O Comandante Ndozi nasceu no Soyo. Esqueceu a etnia. Foi um Herói Nacional ao qual devemos o que somos. O vencedor da Grande Batalha de Kifangondo. 

Comandante José Condesse de Carvalho (Toka). Herói Nacional. Guerrilheiro do MPLA no Norte, Centro, Leste e onde foi preciso para libertar Angola. Conterrâneo de Holden Roberto. Norman Lanvu organizou os programas em Línguas Nacionais na Emissora Oficial de Angola (RNA) com Concha de Mascarenhas, Horácio da Fonseca e este vosso criado. Parente de Holden Roberto. Lutou sob a Bandeira do MPLA.

Comandante Margoso, o Herói Nacional que comandou a Grande Insurreição de 15 der Março der 1961. Combateu na II Região Política e Militar do MPLA em Cabinda. Heroico comandante do braço armado do MPLA. Herói das Luta Armada de Libertação Nacional. Não lhe falassem em etnias ou raças. A tribo dele era Angola. Só conhecia a raça humana. 

Comandante Foguetão. Prendeu o governador português Temudo Barata no seu palácio em Cabinda. Era o chefe de operações na Frente Norte do MPLA. Comandante Delfim de Castro. Nasceu a Norte e lutou pela libertação do Povo Angolano em todos os pontos cardeais. Foi um dos Heróis que derrotou os golpistas de 27 de Maio de 1977. Vamos para o Centro e Sul.

Comandante  Kwenha Kwangungo (Makai Mpande). Lutou até à morte (em 1973) sob a Bandeira do MPLA pela libertação de Angola.  Pedro Mutindi, combatente e dirigente do MPLA.  Comandante Max Merengue, Herói da Grande B atalha do Ntó. Nasceu no Lobito. Joaquim Kapango Herói Nacional. Nasceu no Planalto Central e lá foi assassinado por Jonas Savimbi, quando estava sob protecção das tropas portuguesas, em 1975. Membro do Bureau Político do MPLA. General Ndalu, nasceu na Caala. Mais um Herói Nacional, combatente na Frente Leste e todas as frentes de todas as batalhas. Kundi Payama onça da montanha que destroçou os bandidos da UNITA.  

Os nomes citados surgiram na memória ao correr da pena. Mas o MPLA tinha nas suas fileiras, desde o início da Luta Armada de Libertação Nacional, angolanas e angolanos de todas as tribos, de todas as raças, de todas as ideologias, de todos os credos. Como mandava o seu manifesto. Que Viriato da Cruz quis rasgar para fazer do “amplo movimento” um ninho de maoistas fanáticos. Marcolino Moco foi líder do MPLA e nasceu em Chitué, uma aldeia perto da antiga Vila Flor (Ekunha), província do Huambo, Angola. 

Marcolino Moco diz que “cometemos erros graves em 1992”. E afirmou, candidamente, que agora compreendeu a posição de Jonas Savimbi, quando recusou os resultados eleitorais e regressou à guerra. Se Marcolino Moco antes de ir para a cerimónia tivesse tomado uma pilula de inteligência artificial, não dizia tamanha enormidade. Ele era cabeça de lista do MPLA nas primeiras eleições multipartidárias por ser secretário-geral do partido. O presidente José Eduardo concorreu à Presidência da República. Nessa época as eleições eram legislativas e presidenciais. 

Marcolino Moco ganhou as eleições! A UNITA regressou à guerra. O vencedor das eleições hoje compreende o criminoso de guerra! Venha daí uma dose de inteligência artificial. O mentor do Partido Democrático Conservador está a precisar.

O cabeça-de-lista do partido que ganhou as eleições (MPLA) foi indigitado pelo Presidente da República para formar Governo. Marcolino Moco convidou todos os partidos que elegeram deputados. Indicaram ministros, vice-ministros e secretários de Estado. A UNITA não aceitou! Moco qual foi o erro que cometeste? Convidar a UNITA? Adiar a tomada de posse do teu Governo até a UNITA mandar os seus ministros? Antes de responderes vê se arranjas uma pilula de inteligência artificial. Não me respondas no mesmo registo do discurso na conferência de apresentação do Partido Democrático Conservador. Respira fundo e toma uma pastilha de inteligência nem que seja artificial

Marcolino Moco diz que em 2002 “voltámos a cometer erros”, Não disse quais. Foi um erro reforçar o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN)? Foi um erro nomear dirigentes da UNITA para embaixadores, governadores, administradores, além dos Ministérios que já tinham? Foi um erro obedecer ao Presidente José Eduardo dos Santos quando ordenou “nem mais um tiro”? Foi um erro poupar a vida aos rebeldes que seguiram Jonas Savimbi no banditismo? Foi um erro amnistiar os Numa, Gato, Uambu e outros sicários da UNITA? Foi um erro fazer deles generais das FAA depois de desertarem? 

Fala Moco! Não entres no caminho da falsificação e da manipulação. E se o negócio do Partido Democrático Conservador for em frente, quando puderes compra meio quilo de inteligência artificial na cantina mais próxima da tua mansão do Alvalade. Não insultes os teus amigos e camaradas mesmo que estejas muito necessitado de capital. Não faças a figura do Pai Querido, PCA da Sonangol, que depois de encher a pança (ele e a família toda!) agora diz que o presidente José Eduardo dos Santos liderava um governo de cleptocratas. 

O Pai Querido PCA da Sonangol chamou ladrão ao Presidente da República, João Lourenço. Porque ele foi do governo de José Eduardo dos Santos. Chamou ladra à Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, porque ela foi ministra do governo de cleptocratas. O bandalho ainda está no cargo e mantém a fortuna que amealhou à custa dos cleptocratas. Além de pilulas de inteligência artificial, alguns polítricos angolanos (no Poder) também estão a precisar de um xarope de dignidade. Mas isso é lá com eles.

Marcolino Moco nunca mais te atrevas a comparar Agostinho Neto com o criminoso de guerra Jonas Savimbi, mesmo que tenhas recebido algum dos diamantes de sangue. Estás a cuspir na tumba daquele que fez de ti gente. E a endeusar o assassino do teu irmão e de milhares de angolanas e angolanos que não pensavam como ele. Nunca te esqueças daquela mortandade na cidade do Huambo, quando o Savimbi assassinou a sangue frito os quadros angolanos que lá trabalhavam, apenas porque não tinham cartão da UNITA. Tu sabes o que aconteceu. Eu também sei. Estava lá em serviço de reportagem. Escapei por pouco à fúria assassina do “Dr. Savimbi” que tu agora compreendes e admiras!  

A ofensiva das tropas da OTAN na Ucrânia contra a Federação Russa vai finalmente começar. O Zelensky anunciou que “os ocupantes vão destruir a central nuclear de Zaporíjia”. Tropas russas controlam a central. E vão destruir-se! Os ventos dominantes sopram em direcção ao território da Federação Russa. Vão receber festivamente a nuvem radioactiva. Mas o chefe dos nazis de Kiev está certo. A tropa da OTAN vai destruir a central para infringir uma “derrota estratégica a Putin no campo de batalha”. O pior vai ser a resposta. Querem festa.

*Jornalista

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