quinta-feira, 30 de março de 2023

PREPARAÇÃO DE UMA NOVA GUERRA MUNDIAL

Thierry Meyssan*

Os Estados Unidos pressionam os seus aliados da União Europeia a fim de se prepararem para uma Terceira Guerra mundial. Se quiserem sair vitoriosos da «armadilha de Tucídides», eles não têm outra escolha a não ser travá-la. A menos que toda essa agitação seja apenas uma encenação para «manter» os aliados no seu lugar quando muitíssimos Estados, na América do Sul, em África e na Ásia, se declaram «neutrais». Ao mesmo tempo, o ruído das botas agita os militaristas japoneses que, tal como os «nacionalistas radicais» da Ucrânia, estão de regresso.

Face aos progressos feitos pelos partidários de um mundo multipolar, os defensores do «imperialismo americano» não demoraram a reagir. Duas operações serão aqui analisadas : a transformação do Mercado Comum Europeu numa estrutura militar e a reformulação do Eixo da Segunda Guerra Mundial. Este segundo aspecto faz entrar em jogo um novo actor: o Japão.

A METAMORFOSE DA UNIÃO EUROPEIA

Em 1949, os Estados Unidos e o Reino Unido criam a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Aí, eles colocam o Canadá e os Estados que libertaram na Europa Ocidental. Trata-se para eles, não de se defender, mas de preparar um ataque à União Soviética. Esta responde criando o Pacto de Varsóvia.

Em 1950, aquando da Guerra da Coreia, os Estados Unidos consideram alargar o conflito à República Democrática Alemã (chamada « Alemanha Oriental »). Para isso, têm que rearmar a República Federal Alemã (chamada « Alemanha Ocidental »), apesar da oposição da França, da Bélgica e do Luxemburgo. Portanto, eles propõem a criação de uma Comunidade Europeia de Defesa (CED), mas falham perante a resistência dos gaullistas e dos comunistas franceses.

Paralelamente, eles ajudam à reconstrução da Europa Ocidental com o Plano Marshall. Este inclui muitas cláusulas secretas, entre as quais a construção de um mercado comum europeu. Washington pretendia simultaneamente dominar economicamente a Europa Ocidental e preservá-la politicamente da influência comunista e do imperialismo soviético. As Comunidades Económicas Europeias ---e mais tarde a União Europeia--- formam a face civil da ficha dos EUA, cuja face militar é a OTAN. A Comissão Europeia não é uma administração de Chefes de Estado e de Governo membros da UE, mas, realmente, a interface entre eles e a Aliança Atlântica. As normas europeias em matéria não só de armamento e construção, mas também de equipamento, de vestuário e de alimentação, etc. são estabelecidas pelos serviços da OTAN, primeiro no Luxemburgo, depois na Bélgica. São transmitidas à Comissão e hoje em dia aprovadas pelo Parlamento Europeu.

Angola | VEDETAS EQUIVOCADAS E MANIFESTAÇÕES FALHADAS -- Artur Queiroz

Hariana

Artur Queiroz*, Luanda

O negócio do entretenimento televisivo precisa de criar vedetas que alimenta e promove para depois viver delas. Ilusão vezes ilusão dá ilusionismo. A TPA criou a Hariana, uma menina americanizada, certificada pela CIA e com entrada garantida na Casa Branca. Ser recebido por ela é o mesmo que uma audiência do genocida Biden. A Vice-Presidente da República Esperança da Costa teve essa benesse, em forma de entrevista.

A Hariana diz com sotaque gringo: Entre nós política é só para homens, mulher não dá nada, como se sente por ter chegado tão alto? E sua excelência respondeu mais ou menos assim: Nunca me passou pela cabeça chegar tão alto, mulher é para ficar em casa, menina não vai à escola. E eu aqui tão alto!

Com o devido respeito, o disparate é livre, a leviandade mais ou menos, a estupidez natural tolera-se. Mas convinha que a TPA tirasse do ar a promoção da entrevista e rapidamente. Porque a conversa de Hariana e a Vice-Presidente da República nada tem a ver com Angola. Adultera gravemente a realidade angolana. O canal público de televisão não pode fazer isso. Eu sei que os propagandistas de serviço passam esta falsificação: Angola só existe desde que o Presidente João Lourenço foi eleito em 2017, como cabeça de lista do partido MPLA!     

Não é verdade. Com paciência e indulgência vou explicar à Hariana e a sua excelência a Vice-Presidente da República o que está errada naquele paleio que se faz passar por entrevista. O MPLA era uma organização revolucionária que desencadeou a Luta Armada de Libertação Nacional, no dia 4 de Fevereiro de 1961. Engrácia Francisco Cabenha participou na revolução. 

Na guerrilha do MPLA participaram muitas mulheres. Deolinda Rodrigues de Almeida, Irene Cohen, Lucrécia Paim, Engrácia dos Santos e Teresa Afonso representam essas Heroínas. Pertenciam ao Esquadrão Kamy quando foram presas, torturadas e mortas em Kinkuzu, Zaire, (hoje RDC)) pelas tropas da FNLA. Maria Mambo Café pertenceu ao primeiro Bureau Político do MPLA. Foi ministra. A nossa Inga (Luzia Inglês) dirigiu muitos anos a Organização da Mulher Angolana (OMA). O que é esta organização? Um espaço para as mulheres fazerem política.

Angola | CALELA CALELA ME LEVA!

José Duarte

 Artur Queiroz*, Luanda

No tempo da chuva de Março o vento arrasava o capim e as águas abundantes amassavam as terras argilosas dos Pambos. A picada até ao Lucala ficava intransitável. A camioneta tinha una caixa extra para guardar comida, de fome não morríamos. Enquanto o sol não tornava o barro consistente, ninguém passava naqueles lamaçais. O Velho Tuma na sua juventude tinha percorrido todos os destinos, do Pingano até às terras altas do Golungo. Pernoitou no Kilombo. Chegou até Nambuangongo. Um sábio da geografia humana muito nossa.

Naquela viagem a camioneta ficou enterrada cinco dias. A caixa da comida estava quase vazia, E eu fazia figas para que o sol não secasse o lamaçal dos Pambos. O Velho Tuma contava-me histórias fabulosas que ali aconteceram. Uma delas ficou gravada para sempre na minha memória. Um jovem acabado de ser pai foi atacado pela terrível cobra suji que lhe cuspiu nos olhos. Ficou cego. Sua sogra declarou-o inútil e combinou com a esposa acabar com ele.

As duas mulheres disseram ao jovem atacado pela cobra cuspideira:

- Tu ficaste sem olhos. Não vais à tonga, não armadilhas a caça, não fazes nada. Pelo menos tens que rachar lenha.

E ele aceitou. Meteram-lhe o machado nas mãos e puseram um toro à sua frente. 

- Corta agora! E ele desfechou o primeiro golpe. O segundo e muitos outros. Quando estava entusiasmado, a sogra colocou o bebé no caminho da lâmina do machado e o cego matou o filho. Foi expulso da aldeia e colocado na beira da picada. Que partisse para muito longe, onde o filho morto não sentisse o cheiro do pai. 

E o cego ali passou dias e dias. Quando sentia o roncar de um motor gritava: 

- Calela, calela me leva! Mas a camioneta da carreira que fazia o percurso entre Camabatela e Dala Tando passava sempre cheia e não parava. 

Tata Tuma em que sentido o cego queria ir, Lucala ou Ambaca? 

O Velho Tuma respondeu: - Isso não interessa, o importante é partir. E tu tens de aprender com esta história que ninguém pode decidir sem ver.

- Mas Tata Tuma me disse que devemos percorrer todos os caminhos, mesmo os desconhecidos nem que seja para nos perdermos…

- Sim, meu filho. Todos os caminhos são nossos e devemos percorrê-los mesmo sem destino, partida ou chegada. Mas cada caminho tem as suas pedras, os seus encantos, os seus buracos, os seus lamaçais, a sua gente. Precisamos de ver tudo. Quem não vê não pode decidir porque não conhece.

E o cego à beira da picada, sem saber se ia ser levado para Ambaca ou o Lucala, passava os dias implorando:

- Calela, Calela me leva! 

Ninguém o levou até definhar e morrer na beira da estrada enlameada no tempo da chuva, empoeirada no cacimbo. E Samba Caju ali tão perto!

Portugal | GREVE NA AGÊNCIA LUSA INTERROMPE SERVIÇO ATÉ 3 DE ABRIL

Serviço da Lusa interrompido devido a greve

Por respeito à greve decidida pelos trabalhadores e na defesa da dignidade do serviço público prestado pela agência, a Direção de Informação da Lusa decidiu interromper o serviço da agência de notícias.

O serviço será restabelecido caso existam condições para esse efeito.

A greve foi decretada até às 00:00 de segunda-feira, 3 de abril.

Lusa

Portugal | CASO MONDEGO: QUISERAM MATAR O MENSAGEIRO

E agora, senhora ministra? Para além dos 13 militares que se recusaram a embarcar, o que fazer com o almirante Chefe do Estado-Maior da Armada, com o comandante naval e com o comandante do NPR Mondego?

A nova avaria do navio Mondego, quando se dirigia em missão para as Ilhas Selvagens, precisando de ser rebocado de volta à Madeira, mostra bem que a atitude dos militares que se recusaram a embarcar não foi mais que um grito de alerta. Para quem não tinha percebido a quem serviam, ficou agora claro que serviram a Armada e, consequentemente, o seu País. Aliás, este acontecimento veio facilitar muito a tarefa dos juízes deste processo.

Entretanto, a ministra da Defesa Nacional afirmou esta terça-feira que aguardava os resultados da avaliação técnica para se pronunciar. Então, não foi realizada uma inspecção e o navio dado como operacional? Não foi assumido que estava em condições de cumprir a missão? E onde estão as tais «redundâncias» que permitiam que o Mondego fizesse tudo e em todas as circunstâncias? E o sentido de responsabilidade dos militares que deveriam responder por estas e outras afirmações e por esta situação?

A imagem do País não ficou agora afectada junto da NATO e dos nossos aliados, perante a evidência que o NRP Mondego, que deveria acompanhar a passagem do navio russo, não tinha condições para o fazer. Caricaturando s situação, a ter sido cumprida a missão o Mondego ainda corria o risco de ser rebocado pelo navio russo.

O problema é que, para além das avarias nos navios, o estaleiro do Arsenal do Alfeite tem cada vez menos condições para as reparar, considerando as dificuldades com que se confronta, nomeadamente a falta de pessoal e os equipamentos obsoletos.

A verdade, é que não se podem cumprir as mesmas missões do passado, com menos meios materiais e humanos. E, se os ministros, por ignorância, incompetência ou apenas para mostrar serviço, não querem compreender a situação, os chefes militares têm a obrigação de não andarem a propagandear que podem cumprir todas as missões, com menos meios humanos e materiais, porque não é verdade, como se constata. E, quando o fazem é à custa do esgotamento do pessoal, cujos resultados se reflectem nas dificuldades de recrutamento e de retenção nas fileiras. 

Enfim, desta vez, mesmo sem tiro no porta-aviões, o navio-almirante foi ao fundo!

AbrilAbril, editorial | Imagem: Homem de Gouveia / Lusa

Relacionados em Página Global:

Portugal | SEDE DE PUNIR PARA FUGIR AOS PROBLEMAS

Portugal | MONDEGO NO ‘ESTALEIRO’. QUEM DIRIA, ALMIRANTE, QUEM DIRIA…

Portugal | Lá vai o Almirante das Vacinas a caminho de Belém. Vai? Oh, que desgraça!

Marinheiros | "Processos arriscam-se a ser uma farsa porque estão pré-decididos"

Portugal | SIGA A MARINHA SEM NARCISOS NEM PASSO TROCADO. VIVA NABEIRO!

Portugal | BANANAS DA MADEIRA

"DECLARAÇÕES LAMENTÁVEIS". DEFESA DE MARINHEIROS CRITICA GOUVEIA MELO

QUEM QUER UM ALMIRANTE MANIPULADOR E ABSOLUTO PARA PR EM BELÉM?

Portugal | Na Marinha: Mondego impróprio para missões e o CEMA Melo a meter água

REVOLTA DOS MARINHEIROS PORTUGUESES NO "MONDEGO"... TAL COMO OUTRAS

Portugal | ADEUS, “SENHOR JAZZ”

José Duarte ou «Jazzé», autor do Cinco Minutos de Jazz, programa escutado na rádio pública desde 1966, e um dos grandes divulgadores do jazz em Portugal, faleceu na madrugada desta quinta-feira. Tinha 84 anos. 

«A notícia da morte de José Duarte, divulgador, crítico de jazz, e autor de programas de rádio, televisão e livros essenciais para o conhecimento desse fenómeno musical em Portugal, incluindo a primeira História do Jazz escrita por um autor português, não entristece apenas os seus familiares, amigos e admiradores, mas também todos os que recordam nele um homem que, através da intervenção cultural, pugnou e contribuiu para a difusão de ideais democráticos de liberdade de expressão, justiça social e antirracismo, que a própria música que ele tanto amava, na sua génese, corporizam e que o 25 de Abril, há quase 50 anos, institucionalizou em Portugal», reconheceu o jornalista Pedro Tadeu, em declarações ao AbrilAbril.

Nascido em 23 de Junho de 1938, José Duarte começou a escrever sobre jazz em 1958 no boletim do Clube Universitário de Jazz e, a partir de 1960, de forma permanente, na imprensa de grande difusão. 

Nessa mesma época, recorda o jornalista que integra a Comissão de Espectáculos da Festa do Avante!, «Jazzé», como gostava de ser chamado, «começou a realizar programas de rádio e manteve até hoje aquele que era o mais popular programa de jazz em Portugal, o Cinco Minutos de Jazz, cuja primeira edição ocorreu a 21 de Fevereiro de 1966 e era, por isso, o programa mais antigo da rádio portuguesa, que a Antena 1 emitia diariamente, de segunda a sexta-feira».

No seu livro, Cinco Minutos de Jazz, saído em 2001 e inspirado no histórico programa, José Duarte escreve sobre o início do programa, em pleno fascismo: «cada simple Cinco foi outro pauzinho na engrenagem / cada um uma oportunidade arriscada / para deixar mensagens implícitas / contra o poder ditatorial», lembra Tadeu.

Outros aspectos mais relevantes da sua carreira incluíram a integração da direcção do Hot Clube de Portugal na segunda metade da década de 1970, a produção do primeiro fonograma de jazz gravado em Portugal (um disco de 1972 do concerto do quinteto de Steve Lacy), a organização de concertos, festivais, edição de discos, e inúmeras palestras e conferências, dadas em escolas, universidades e associações de todo o país.

Na televisão e na rádio, José Duarte foi ainda co-autor de programas muito populares, fora do âmbito do jazz, como «1,2,3» e «Pão Com Manteiga», nas décadas de 1970 e 80. 

Pedro Tadeu assinala que, com o desaparecimento de José Duarte, mas também de Luís Villa-Boas (1999), Manuel Jorge Veloso (2019) e Duarte Mendonça (2021), «desaparece também o quarteto mais influente em Portugal, a partir da década de 1960, na divulgação, através dos meios de comunicação de massa, do fenómeno jazz».

AbrilAbril | Imagem: RTP

Portugal | ESTE PAÍS NÃO É PARA QUEM CARECE DE APOIO

Paula Ferreira* | Jornal de Notícias | opinião

Este país não é para quem precisa de apoio. Não se sabe ainda o que levou um refugiado afegão a matar duas pessoas e a agredir outra, no Centro Ismaelita de Lisboa.

Se não tivesse sido rapidamente imobilizado pelas autoridades, a cifra podia não ficar por aqui. Sabemos contudo que este homem trazia consigo uma imensa tragédia. Em fuga do Afeganistão, da perseguição do regime talibã, perdeu a mulher e mãe dos seus três filhos num incêndio num campo de refugiados em Lesbos, na Grécia. Em Portugal há mais de dois anos, a única ocupação conhecida era a frequência de aulas de português, no Centro Ismaelita de Lisboa. Engenheiro eletrotécnico, pedia um emprego. E, de acordo com o presidente da comunidade afegã em Portugal, "necessitava de apoio psicológico desde que chegou ao país". Aqui poderá estar a explicação para a tragédia, embora várias vozes insistam em ver no ataque sinais de terrorismo, apesar das autoridades, nomeadamente o diretor da PJ, terem afastado quase de imediato essa possibilidade e o tenham voltado a reforçar ontem. Nem assim, o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo se absteve de pedir para não se pôr de lado essa possibilidade. E juntou outro aspeto muito caro a uma certa ala da política nacional: relacionou esse cenário com a necessidade de se rever a política de imigração.

É caso para dizer: o sentido de oportunidade não podia ser pior. Porque já era mau relacionar um caso de terrorismo perpetrado por um refugiado com a política de imigração. Indefensável é relacionar um surto psicótico, como o classificam as autoridades, com as políticas de acolhimento de imigrantes. Enfim, parece chegar a altura de se repensar o Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo - se serve para transmitir insegurança e demagogia.

* Editora-executiva-adjunta

Portugal | CURTO E GROSSO: MUITOS MANGUITOS PARA O ANIVERSÁRIO...

O vigésimo terceiro governo de Portugal completa hoje um ano de tomada de posse. Um ano a governar uns quantos e a desgovernar milhões de pobretanas, miseráveis e esfomeados de quase tudo - até de democracia de facto.

No Curto do Expresso do tio Balsemão Bilderberg o alerta da efeméride pós Geringonça é dado pela editora da SIC Cristina Figueiredo, que pergunta se vai haver festa. Só se for para alguns, muito poucos, daqueles fidelizados nos tais 1 por cento e seus fieis lambe botas à babuja de migalhas nem que seja misturadas com cremes de lavagens de dinheiro e corrupções. Para esses os crimes compensam... Oh, como sentimos isso na pele, no estômago e nas porcas e miseráveis vidas forçadas e penosas que nos reservam os salários indignos, os trabalhos indignos, as rendas de casa em que o salário mínimo não chega para a pagar mensalmente. E a carestia de vida, queridos senhores aniversariantes? E as promessas por cumprir e que deram a maioria absoluta ao falso Partido Socialista? E mais. Muito mais. Desonestidades, desigualdades, desumanidades, trapaças, etc., etc.. Não há desculpas para o atual governo aliado dos mais ricos e dos muito mais ricos, desse mercado esclavagista na prática a que chamam de capitais e outras coisas mais. Esses tais mercados que ditam guerras, fome e penúrias... E mortes. Estamos perante a desumanidade no seu pior, por enquanto. Porque ainda pode vir a ser muito, muito pior. E disso o 23º Governo não se demarca e não governa os portugueses igualitariamente, democraticamente, justamente, honestamente...

Assim sendo, expliquem-nos porque razões deve haver festa? Só se realmente fôr destinada a uns quantos. Muito poucos. Os que lucram com esta enorme rebaldaria do grande capital, dos milhões e múltiplos biliões para uma guerra de procuração ditada pelos EUA e operada pela subjugada elite que detém os poderes da União Europeia.

No Curto tem mais informação. Da melhor e principalmente da pior. Desfrute. Bom dia, se conseguirem. É evidente que por no PG sermos curtos e grossos não vamos à festa. Nem queríamos... Só se, assim, do nada, assente na revolta popular, acontecesse um novo 25 de Abril. Pois.

Muitos manguitos para o aniversário do XXIII governo de alguns...

MM | Redação PG

Hoje é dia de festa?

Cristina Figueiredo, editora de política da SIC | Expresso (curto)

Antes do mais um convite: Esta sexta-feira, dia 31 de março, às 12h00, irá realizar-se mais um “Visitas à redação”, exclusivo para assinantes. Inscreva-se através do mail producaoclubeexpresso@expresso.impresa.pt e venha conhecer o seu jornal.

O XXIII Governo faz hoje um ano, mas a prenda é para os portugueses (será?): o programa Mais Habitação vai ser aprovado em Conselho de Ministros, um mês depois de ter sido anunciado num muito mediático powerpoint e de ter sido sujeito a muitas e duras críticas, do atual Presidente da República (que o considerou “inoperacional” e “inexequível”, chamando-lhe “lei-cartaz”), do anterior Presidente da República (que o classificou “absurdo” e lhe apontou a “falta de credibilidade”), dos presidentes de Câmara de Lisboa e do Porto, de todos os partidos da oposição (sem excepção) e, enfim, da generalidade dos agentes do mercado imobiliário (senhorios e inquilinos incluídos).

António Costa aproveitou o encerramento das jornadas parlamentares do PS, na terça-feira, para mostrar que registou o debate “bastante animado” que o pacote motivou. Mas, fazendo jus à fama de “otimista irritante” (etiqueta que um dia Marcelo Rebelo de Sousa lhe colou), só vê nisso razões para brindar (com o copo obviamente meio cheio): “A primeira vitória que conseguimos foi dar centralidade ao tema da habitação”. Demorou (pelo menos os sete anos que Costa já leva em São Bento) mas, de facto, a habitação está hoje no centro do debate político e o chefe do Executivo não ignorará que esta é a sua grande oportunidade para deixar uma marca que verdadeiramente importe no país, algo mais além da habilidade política que todos lhe reconhecemos para o gestão quotidiana (e de curto prazo) dos problemas.

A conferência de imprensa do Conselho de Ministros está marcada para as 16h30 (hora indicativa). Mas a SIC já adiantou que o Executivo não vai deixar cair nenhuma das medidas que causaram mais controvérsia (nomeadamente o arrendamento coercivo, a taxa extraordinária sobre o alojamento local ou o fim de novas licenças para AL), ainda que tenha introduzido pequenas alterações às ideias iniciais. O que não significa senão que o Governo se reservou margem para negociar o consenso com que o Presidente pediu que estas leis fossem aprovadas. O debate transita agora para a Assembleia da República, onde já o aguardam projetos-de-lei do PSD (que o PS, abstendo-se, deixou passar para a especialidade). No fim se verá se há (ou não) recuo e se a maioria absoluta socialista é efetivamente “dialogante”, como Costa gosta de se vangloriar que é (voltou a fazê-lo no balanço deste ano de governação, nas jornadas parlamentares socialistas).

Pelos vistos descrente nos bons resultados desse diálogo, e antes mesmo de esperar para ver o que vai sair do Conselho de Ministros, a oposição já se foi adiantando: Luís Montenegro garantiu que quando o PSD for Governo revoga o arrendamento coercivo e descentraliza o tema Alojamento Local para as autarquias; já o líder do Chega, André Ventura, tem esperança que o problema fique já resolvido e que a ideia não passa sequer no Tribunal Constitucional, fazendo fé que o Presidente da República a envia para lá mal chegue a Belém. Por sua vez, Rui Rocha, da IL, junta-se, esta manhã, à manifestação nacional pelo Alojamento Local contra a proposta do Governo.

Para esclarecimentos adicionais, sobre este e outros assuntos da responsabilidade do primeiro-ministro, é favor assistir hoje ao Jornal da Noite da SIC: pelas 21h00, António Costa dá uma entrevista a Clara de Sousa. Antes, há-de haver notícia de uma sondagem SIC/Expresso que é bem capaz de não ser o presente de aniversário que ele mais gostaria de receber…

DEIXEM OS BANCOS QUEIMAR! -- Varoufakis

Diante de novas falências, Estados lançam outra rodada bilionária de resgates. Captura da riqueza social parece não ter limite. Mas o sistema atual tornou-se obsoleto. E há saída: bancos centrais podem libertar os cidadãos do cartel privado

Yanis Varoufakis* no Project Syndicate | em Outras Palavras  | Tradução: Maurício Ayer | # Publicado em português do Brasil

crise bancária dessa vez é diferente. Na verdade, é pior do que a de 2007-2008. Naquele momento, foi possível atribuir a culpa pelo colapso sequencial de bancos às fraudes cometidas no atacado, aos empréstimos predatórios generalizados, ao conluio entre agências de classificação e banqueiros obscuros que vendiam derivativos suspeitos – tudo permitido pelo desmantelamento do regime regulatório então recém-implementado por políticos cevados em Wall Street, como o secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin. Agora, as falências dos bancos não podem ser atribuídas a nenhum desses fatores.

Sim, o Silicon Valley Bank foi estúpido o bastante para assumir riscos extremos com a taxas de juros tendo como clientes principalmente depositantes não segurados. Sim, o Crédit Suisse tinha um sórdido histórico com criminosos, embusteiros e políticos corruptos. Mas, ao contrário do que ocorreu em 2008, nenhum denunciante foi calado, os bancos cumpriram (mais ou menos) com as regulações reforçadas pós-2008 e seus ativos eram relativamente sólidos. Além disso, nenhum dos órgãos reguladores, tanto nos Estados Unidos como na Europa, poderia alegar, com credibilidade – como fizeram em 2008 –, ter sido pego de surpresa.

A bem da verdade, os órgãos reguladores e os bancos centrais sabiam de tudo. Eles tiveram acesso total aos modelos de negócios dos bancos. Tiveram a oportunidade de ver nitidamente que esses modelos não sobreviveriam a uma combinação de aumentos significativos nas taxas de juros de longo prazo e a retirada repentina dos depósitos. Mesmo assim, nada fizeram.

ONU, AO SERVIÇO DA PRESSÃO E AMEAÇAS DOS MAJESTÁTICOS EUA-OCIDENTE

AS POTÊNCIAS OCIDENTAIS PRESSIONARAM OS MEMBROS DO CSNU A BOICOTAR A RESOLUÇÃO PROPOSTA PELA RÚSSIA NO NORD STREAM

De acordo com o embaixador da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy (foto), a grande pressão foi a razão pela qual os países se abstiveram de apoiar o projeto de investigação da Rússia.

LucasLeiroz* | South Front | # Traduzido em português do Brasil

Os países ocidentais aparentemente teriam obrigado as nações a não apoiarem a resolução proposta pela delegação russa no Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) com o objetivo de investigar os ataques contra os gasodutos Nord Stream. De fato, pressão e ameaça já se tornaram os principais mecanismos pelos quais os países da OTAN tentam impedir que estados neutros apoiem medidas propostas por Rússia e China. Como resultado, a crise diplomática global atinge níveis cada vez mais altos.

Em 27 de março, o Conselho de Segurança da ONU não conseguiu adotar um projeto de resolução apresentado pela delegação russa pedindo que um comitê internacional de investigação sobre o caso Nord Stream fosse estabelecido sob a liderança da própria ONU. China, Rússia e Brasil foram os únicos países que votaram a favor da medida, com todos os demais membros permanentes e temporários do Conselho optando pela abstenção. Com isso, a resolução foi rejeitada.

À primeira vista, pode parecer surpreendente que os Estados estejam “desinteressados” em saber quem realmente realizou os ataques terroristas contra a infraestrutura de energia da Alemanha. No entanto, para muitos especialistas, isso não é uma surpresa real. Diante de tantas evidências de que houve participação direta dos EUA – e possivelmente do Reino Unido – na destruição dos gasodutos, era de se esperar que esses dois países usassem todos os meios possíveis para boicotar uma investigação séria sobre o assunto.

O TPI CRUZA IRREVERSIVELMENTE A LINHA DA DECÊNCIA LEGAL

ICC - International Criminal Court = TPI - Tribunal Penal Internacional

O TPI é uma vergonha para a lei em todas as suas formas civilizadas. Os Estados Signatários devem ser encorajados a retirar-se enquanto ainda lhes é possível evitar constrangimentos por associação.

Stephen Karganovic* | Strategic Culture Foundation | # Traduzido em português do Brasil

Agindo a mando de seus controladores políticos e pagadores, o racista Tribunal Penal Internacional [TPI], cuja principal atividade desde sua fundação em 2003 tem sido a perseguição maliciosa de líderes negros africanos, agora, para variar, alvo de abuso judicial um distinto figura eurasiana.

Observadores com uma atenção de mais de quinze minutos (o que excluiria a grande maioria nos países ocidentais enganados) deveriam ter notado imediatamente várias anomalias gritantes no “mandado de prisão” do TPI.

O mandado pretende ser baseado na preocupação humanitária com o bem-estar das crianças supostamente transferidas ilegalmente de Donbass. A justificativa pública dos funcionários do tribunal, no entanto, omite fatos amplamente conhecidos sobre o bombardeio sistemático de civis em Donetsk e Lugansk desde 2014. Ignora o número de mortes comprovadas desse crime, totalizando pelo menos 14.000 vítimas, incluindo vários milhares de crianças. Nem esta ofensa manifesta contra a humanidade nem o desejo de responsabilizar os seus perpetradores óbvios, as estruturas militares e políticas do regime nazi de Kiev, parecem ter desempenhado qualquer papel nas deliberações do tribunal .

Por que não? Como a adesão meticulosa às disposições da Convenção de Genebra , que exige a evacuação de civis de áreas afetadas por conflitos armados (Artigo 49), pode ser considerada fundamento para a emissão de um mandado criminal, enquanto o bombardeio letal generalizado, sistemático e indiscriminado de civis é passou em silêncio, sem desencadear qualquer reação do Ministério Público?

EUA: INTENÇÕES DECLARADAS E AS AÇÕES EM CURSO: "ENTERRAR OS EUROPEUS"

ANTES, DEPOIS E ATUALMENTE

O cérebro do programa eleitoral de Bush, Grover Nosquist, revela seus planos de governo:

"Vamos enterrar os europeus, acelerar o declínio dos sindicatos, cortar o financiamento dos funcionários e levar o estado de bem-estar a um sistema privado"

Pablo Pardo | 17/09/2004, em O Mundo / Rebelión | # Traduzido em português do Brasil

'The Wall Street Journal' o chamou de 'o Lenin do Partido Republicano'. Outros conservadores proeminentes acham que o título é grande demais para ele, mas não há dúvida de que, aos 48 anos, Grover Norquist, um conselheiro externo da Casa Branca, tornou-se a força dominante na política econômica americana.

O caráter falador de Norquist é combinado com uma devoção ascética à sua causa. Tanto que o programa eleitoral que o Partido Republicano aprovou na semana passada para a reeleição de Bush repete, ponto a ponto, sua ideologia. Não é surpreendente. Norquist trabalha em estreita colaboração com Karl Rove, o principal estrategista eleitoral de Bush, e tem uma longa história de avanço da causa conservadora nos Estados Unidos e do anticomunismo em todo o mundo.

É difícil exagerar a influência de Norquist na política americana. Ele foi o artífice da vitória esmagadora dos republicanos nas eleições legislativas de 1994, que colocou seu aliado Newt Gingrich à frente da Câmara dos Deputados. Desde então, os conservadores não abriram mão do controle do Legislativo, tradicional feudo democrata .

Mais lidas da semana