terça-feira, 24 de junho de 2014

BARAK OBAMA, O NOVO PROFETA DO DESTINO MANIFESTO




Barack Obama confessou que acredita com cada fibra de seu ser no excepcionalismo de seu país sobre qualquer outra nação no mundo.

Gilberto López e Rivas - La Jornadaem Carta Maior

Na cerimônia de formatura da Academia Militar de West Point, no último dia 28 de maio, o presidente Barack Obama confessou que acredita com cada fibra de seu ser no excepcionalismo de seu país sobre qualquer outro no mundo e enfatizou, num exaltado discurso nacionalista, que os Estados Unidos “é e continua sendo a nação indispensável. Isso foi certo no século passado e será certo no próximo século”. Essa mentalidade abertamente imperial – que se assenta na crença quase religiosa de que os Estados Unidos constituem um Estado-nação escolhido e predestinado, com direitos e responsabilidades em âmbito planetário autorreferenciados e acima do marco jurídico internacional, estabelecido particularmente no último pós-guerra – se expandiu em outros dogmas e sofismas, transformados em políticas de Estado, igualmente reveladores: “A disposição dos Estados Unidos para aplicar a força em todo o mundo é a última salvaguarda contra o caos” (e o que acontece com o caos ocasionado pelo intervencionismo imperialista?)

“Os Estados Unidos devem sempre liderar no cenário internacional. Se não o fizermos, nenhum outro o fará. A força militar à qual vocês se incorporaram (refere-se aos oficiais da academia militar) é, e sempre será, a espinha dorsal dessa liderança”. E, caso tenha ficado alguma dúvida: “Os Estados Unidos usarão sua força militar unilateralmente, se necessário, quando nossos interesses básicos assim exigirem, quando nosso povo se sentir ameaçado, quando nossos meios de vida estejam em jogo, quando a segurança de nossos aliados esteja em perigo... A opinião internacional (e, eu acrescentaria, o direito internacional) importa, mas os Estados Unidos jamais devem pedir permissão para proteger nosso povo, a nossa pátria, a nossa maneira de viver”.

Essas ideias expressadas por Obama revelam a continuidade do pensamento da classe dirigente daquele país por mais de dois séculos.

O suposto direito de intervir militarmente quando e onde seus interesses assim requisitarem, a se expandir e conquistar territórios por qualquer meio, incluindo a guerra colonial (por certo, levada a cabo em 1898 contra a Espanha, apoderando-se de várias de suas colônias), a partir da justificativa de impor a povos e nações as leis e formas de governo consideradas “as melhores na terra” conformam a mentalidade das elites governantes desde o século XVIII. Naquela época, os Pais Fundadores da República, que acabara de se ver independente da Inglaterra, planejavam se apoderar de todo o continente. Jefferson acreditava em 1786 que a nascente confederação deveria se considerar “o ninho” por meio do qual “toda América, a do Norte e a do Sul, será povoada”, e o preocupava que a Espanha fosse tão frágil para manter seus domínios coloniais, “até que nossa população tenha avançado o suficiente para ganhar seu domínio palmo a palmo”.

A declaração de James Monroe em 1823 – baseada nas ideias de John Quincy Adams sintetizadas na frase “América para os americanos”, que rapidamente se transformou em “doutrina” para lhe dar seu ar de misticismo e outorgar alguma respeitabilidade – e a crença de que o “Destino Manifesto” constituem as formas ideológico-discursivas para indicar aos poderes coloniais da Europa que os Estados Unidos entravam, em igualdade de condições, na partilha colonial do mundo.

Nela, a América deveria ser considerada como campo livre de toda a ingerência europeia para benefício exclusivo dos norte-americanos. Além dessa renovação das crenças do povo escolhido, o profeta Obama, certamente com maior capacidade retórica e intelectual do que seu antecessor Bush, distorce a verdade histórica ou demonstra sua profunda ignorância na realidade contemporânea ao defender que:

“Os Estados Unidos tiveram a sabedoria de estabelecer instituições para manter a paz e apoiar o progresso humano – desde a OTAN até as Nações Unidas, desde o Banco Mundial até o FMI”. A iniciativa de fundar um novo organismo internacional foi discutida no final da Segunda Guerra Mundial pelas potências vencedoras, e a carta de criação da ONU foi assinada inicialmente por 51 estados. Por outro lado, a OTAN foi a própria expressão do militarismo, das provocações e das agressões bélicas norte-americanas e europeias, especialmente durante a Guerra Fria – muito longe da paz e do progresso humano.

Por sua vez, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional constituem as principais instituições da exploração financeira dos países capitalistas ao mundo subdesenvolvido, bem como a imposição da atual transnacionalização neoliberal em escala planetária.

Obama defende que um dos elementos da liderança de seu país é “sua disposição de atuar em nome da dignidade humana. O apoio dos Estados Unidos à democracia e aos direitos humanos vai além do idealismo, é um assunto de segurança nacional”. E, nesse sentido, lembra “que, devido aos esforços dos Estados Unidos, devido à diplomacia dos Estados Unidos e à ajuda ao exterior, assim como ao sacrifício de nossos militares, mais gente vive hoje com governos eleitos, mais do que em nenhum outro momento da história humana”.

O Iraque é um dos exemplos mais recentes e notáveis dessa disposição de atuar em nome da dignidade humana e, sobretudo, dos sacrifícios dos militares norte-americanos: um país devastado, com toda a infraestrutura sanitária, de saúde e educação destruída; com mais de um milhão de motos; 4 milhões e meio de desalojados e refugiados; 5 milhões de órfãos; mais de 8 milhões que requerem ajuda humanitária; 70% da população não dispõe de água potável; e um país imerso no caos de uma guerra confessional propiciada pela potência ocupante.

Parafraseando Simón Bolívar: “Os Estados Unidos parecem destinados pela Providência a infestar o mundo com misérias e morte em nome da liberdade”.

Tradução: Daniella Cambaúva


QUEREMOS UMA ALTERNATIVA A AUSTERIDADE!




Milhares marcharam sobre Londres para mandar um recado ao governo: não foram os mais pobres que causaram a crise e não são eles que devem ser punidos.

Andrea Germanos, do Common Dreams – em Carta Maior

Dezenas de milhares de pessoas se reuniram em Londres no último sábado sob a bandeira da Assembleia Popular Contra a Austeridade, demandando uma alternativa às políticas que eles declaram terem beneficiado os ricos, arriscando empobrecer milhões e ignorando a verdadeira raiz da crise econômica.

A Assembleia foi formada em 2013 para mobilizar a população e oferecer uma plataforma de visões anti-austeridade que seus membros declaram estar de fora do Parlamento. O ativista anti-guerra Tony Benn disse em entrevista ao Democracy Now!, “você deve avaliar um país segundo a contemplação de suas necessidades, e não apenas se as pessoas estão lucrando.”

A marcha de sábado começou em frente à sede da BBC, se manifestando contra o que os organizadores veem como “a falta de cobertura das ações anti-austeridade, tanto regional quanto nacionalmente.” A marcha então continuou até a Praça do Parlamento.
À frente da marcha, Lindsey German, do Parem a Coalizão de Guerra, descreveu porque ela apoia a Assembleia Popular, “um mundo melhor é possível”:

“(...) um governo perverso que piorou a vida das pessoas, é contrário àqueles que possuem benefícios, está privatizando o NHS (Sistema Nacional de Saúde) e tem gastado com armamento e guerras, não pode clamar que está representando a maioria.

Nós devemos tomar as ruas para nos opormos a isso e exigir que todos neste país extremamente rico tenham o direito a um salário decente, à moradia, à educação gratuita e à saúde. Um mundo melhor é possível.”

Entre aqueles que discursavam no evento estava o comediante Russel Brand, que disse à multidão, “o poder não está lá (na Casa dos Comuns), ele está aqui, conosco. A revolução de que necessitamos não é feita de ideias radicais, mas de ideias que nós já temos - será uma revolução pacífica e cheia de alegria.”

A deputada Caroline Lucas, do Partido Verde, também falou com os manifestantes, “nós estamos aqui mandando uma mensagem importante ao governo, a de que não foram os pobres que causaram a crise econômica. Não foram as pessoas com seguro-desemprego que derrubaram os bancos. Não são as pessoas com deficiência que estão gastando bilhões especulando em mercados de risco. Não são os imigrantes que estão roubando bilhões em bônus. Então é por isso que aqui estamos, para dizer que parem de punir os mais pobres, parem com essa austeridade contraproducente.”

O deputado Jeremy Corbyn declarou durante a manifestação que “tem havido uma campanha na mídia que basicamente passa a seguinte ideia: se você é pobre, então a culpa é sua. Se você está requisitando benefícios, você não deveria. Se você está usando o NHS excessivamente, então pare… a culpa é toda sua de que estamos passando por uma crise econômica no presente.”

“Há um jogo de culpabilidade ocorrendo que está desenhado para tirar toda a atenção dos sonegadores, dos que especulam sobre as propriedades, dos grandes banqueiros, todos eles que são a causa real do problema, a causa real da crise de moradia.”

*Imagens da matéria por Cadi Cliff / Flickr

Tradução de Roberto Brilhante 


Novo embaixador de Timor-Leste em Brasília quer reforço da cooperação bilateral




Díli, 24 jun (Lusa) - O novo embaixador de Timor-Leste em Brasília, Gregório de Sousa, afirmou hoje à agência Lusa que vai tentar fortalecer as áreas de cooperação entre ambos os países, que estão essencialmente focadas na educação.

"Vou tentar fortalecer as áreas de cooperação que existem entre ambos os países e tentar encontrar novas áreas a nível bilateral", afirmou Gregório de Sousa, que foi nomeado novo embaixador de Timor-Leste no Brasil no passado 13 de maio.

Segundo o embaixador, que viaja quarta-feira para Brasília, a área mais visível da cooperação entre os dois países é a educação, mas precisa de ser fortalecida.

"Atualmente estudam no Brasil cerca de 140 jovens timorenses espalhados por vários estados e também temos professores (brasileiros) que aqui estão para lecionar na Universidade Nacional de Timor-Leste", disse.

Questionado sobre em que outras áreas os dois países poderiam cooperar, o embaixador salientou a agricultura e os recursos minerais.

"Mas isso é só quando estiver no terreno e me debruçar sobre esse assunto", ressalvou.

Licenciado em Relações Internacionais e Diplomacia, Gregório de Sousa, de 58 anos, viveu quase 30 anos entre Angola, Portugal e Moçambique, onde esteve quase 20 anos.

Regressou a Timor-Leste em 2000 para integrar o Gabinete para Assuntos Económicos, na altura liderado por Mari Alkatiri.

Após as eleições de 2001, ganhas pela Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), foi nomeado secretário de Estado do Conselho de Ministros.

Em 2007, após a vitória de José Ramos-Horta nas eleições presidenciais, assumiu funções de chefe de gabinete e chefe da casa civil do gabinete do antigo Presidente timorense.

MSE // APN / Lusa

Fundado no exílio primeiro grupo de oposição à junta militar tailandesa




Banguecoque, 24 jun (Lusa) -- Um político do governo deposto da Tailândia fundou hoje no exílio a primeira organização de oposição à junta militar, no poder no país desde o golpe de Estado de 22 de maio.

Jarupong Ruangsuwan, ex-presidente do partido Puea Thai e ex-ministro, lidera a "Organização dos Tailandeses Livres para os Direitos Humanos e Democracia", cuja criação foi anunciada através de um vídeo publicado no portal Youtube.

"A junta violou o Estado de Direito, abusou dos princípios democráticos e destruiu a liberdade e dignidade humanas", disse Jarupong Ruangsuwan em comunicado.

O grupo, estabelecido em paradeiro desconhecido fora da Tailândia, insta os tailandeses a oporem-se "sem violência" à junta militar com o objetivo de restaurar a democracia no país.

"Proporcionaremos apoio psicológico a todos que estão contra o golpe e aos grupos democráticos dentro e fora da Tailândia", declarou o mesmo responsável.

Pelo menos dez pessoas foram detidas no passado domingo por terem supostamente tecido críticas, ainda que de forma pacífica, à junta militar.

Os chefes de diplomacia da União Europeia (UE) decidiram, esta segunda-feira, no Luxemburgo, reduzir a cooperação com a Tailândia, como protesto contra o golpe de Estado militar, garantindo que só haverá normalização nas relações quando houver governo democraticamente eleito.

Na declaração adotada, os 28 instam a junta militar atualmente no poder a "restabelecer, com urgência, o processo democrático legítimo e a Constituição", através de eleições credíveis.

A decisão foi tomada no mesmo dia em que a junta militar na Tailândia pediu à UE que compreendesse as razões do golpe de Estado, reiterando que tomou o poder para evitar uma espiral de violência após mais de seis meses de protestos antigovernamentais.

Mais de 500 pessoas, incluindo políticos, ativistas e jornalistas, foram convocadas e detidas temporariamente pela junta militar tailandesa desde o golpe.

A Tailândia vive uma grave crise política desde o golpe de Estado de 2006 contra o antigo primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, que vive exilado no Dubai para evitar cumprir a condenação à revelia de dois anos de prisão por corrupção.

Thaksin ou aliados ganharam todas as eleições na Tailândia nos últimos 13 anos, incluindo a vitória eleitoral em 2011 da irmã, Yingluck, destituída em maio pelo Tribunal Constitucional.

Desde o fim da monarquia absoluta em 1932, a Tailândia foi palco de 19 tentativas de golpe de Estado, das quais 12 tiveram êxito.

DM (ACC) // DM / Lusa

Líder do Governo de Hong Kong defende respeito pela vontade democrática dos cidadãos




Hong Kong, China, 24 jun (Lusa) - O líder do governo de Hong Kong defendeu hoje que a China deve respeitar a "esperança e exigências" dos habitantes da cidade, que manifestaram num referendo informal a vontade de escolher democraticamente o seu líder e parlamento.

A participação no referendo informal, atualmente acima das 700 mil pessoas, está acima do previsto, apesar dos receios de que Pequim volte atrás na sua promessa de permitir que os eleitores de Hong Kong escolham em 2017 o seu líder, e em 2019 todos os deputados do Conselho Legislativo, o parlamento local.

Depois de inicialmente ter afirmado que o referendo, feito através de consulta eletrónica, seria contra a Lei Básica local, uma espécie de constituição que rege a cidade, Leung Chun-ying disse hoje que os eleitores "manifestaram a sua esperança e exigências" para as eleições de 2017.

O mesmo responsável reagiu negativamente à opinião do diário oficial chinês Global Times, que classifica o referendo de "farsa ilegal" e que sustenta que a opinião da população chinesa, de 1.300 milhões de pessoas, supera a vontade da população de Hong Kong.

"Ninguém deve colocar a população de Hong Kong em confronto com os cidadãos da China continental", disse, ao defender o direito de escolha da população local, que apenas manifesta a sua opinião.

O líder do Governo de Hong Kong é atualmente designado por um comité eleitoral de 1.200 pessoas controlado por Pequim, que afirmou estar disposto a aceitar em 2017 a eleição de um candidato que tenha o aval desse comité.

Até ao início da tarde de hoje (hora local), cerca de 732.000 pessoas tinham votado no referendo que dá a escolher um de três métodos de votação para a escolha do próximo líder do Governo, os quais incluem a nomeação civil dos candidatos, como requer Pequim.

Se na sexta-feira Leung Chun-ying afirmou que as escolhas possíveis no referendo estavam contra a Lei Básica, hoje afastou-se de qualquer comentário da 'votação' que se prolonga durante 10 dias na antiga colónia britânica.

Para Sonny Lo, líder do departamento de Ciências Sociais no Instituto de Educação de Hong Kong, Leung Chun-ying demonstra que o Governo da antiga colónia britânica está "ensanduichada" entre a posição oficial e a da população, que reclama a escolha do líder do Governo por voto universal.

O diário Global Times, controlado por Pequim, volta hoje a criticar o referendo, no que é o seu terceiro editorial a propósito da consulta popular.

"Os radicais de Hong Kong estão a levar a cidade a um futuro sombrio", refere o jornal ao salientar que a China não é a Ucrânia e Hong Kong não será "Kiev ou Donetsk" até porque "é o poder de Pequim que garante a prosperidade e o desenvolvimento político estável" da antiga colónia britânica.

Os receios de uma maior influência do poder chinês sobre Hong Kong tiveram lugar já este mês quando Pequim revelou um "Livro Branco" onde estabelecia considerações sobre o futuro do desenvolvimento democrático de Hong Kong.

Tal como Macau, Hong Kong é uma região administrativa especial da China com autonomia administrativa, legislativa e judicial sob o princípio "um país, dois sistemas"' idealizado pelo antigo líder chinês Deng Xiaoping para a reunificação chinesa, que inclui Taiwan.

JCS // APN / Lusa

Macau associa-se ao movimento dos 800 anos da Língua Portuguesa




Macau, China, 24 jun (Lusa) -- A Escola Portuguesa de Macau é o palco, sexta-feira, das comemorações dos 800 anos da Língua Portuguesa com uma cerimónia de lançamento de balões na qual participam responsáveis ligados à divulgação da língua e cultura portuguesas na Região.

Em declarações à agência Lusa, Pedro Ribeiro e Castro, advogado e um dos promotores da iniciativa local, explicou que a cerimónia de Macau "pretende juntar várias personalidades ligadas, direta e indiretamente, à promoção da língua e cultura portuguesas, sendo que o palco da Escola é o local mais adequado à afirmação desse objetivo".

"A Escola Portuguesa é um dos principais atores desta divulgação, deste trabalho de disseminação da nossa língua e cultura em Macau e por isso é o centro destas comemorações, que pretendem juntar todos aqueles que contribuem para este trabalho", explicou.

Pedro Ribeiro e Castro disse também que o manifesto dos 800 anos da Língua Portuguesa "recorda o papel da língua nas mais variadas intervenções sociais, da simples conversa até à oração", momentos que "transmitem emoções e o sentir de um povo, um modo de pensar e uma maneira de ser".

Em Macau, além do cônsul-geral Vítor Sereno, associam-se ao movimento o diretor da Escola Portuguesa de Macau, Manuel Machado, o diretor do Instituto Português do Oriente, João Laurentino Neves, o presidente do Instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel, a presidente da Casa de Portugal, Amélia António, e diversos professores de escolas e universidades ou institutos locais.

São, acrescentou Pedro Ribeiro e Castro, comemorações paralelas às que serão realizadas no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, "marcando-se também a data em Macau".

Na sexta-feira passam 800 anos sobre o mais antigo documento oficial conhecido escrito em português -- o testamento do terceiro rei de Portugal, D. Afonso II.

O movimento dos 800 anos da Língua Portuguesa é subscrito pelas mais diversas personalidades nacionais da área da política à escrita, do jornalismo à televisão, da diplomacia à ciência, sempre em português e com apoio nas mais diversas geografias do planeta.

JCS // APN / Lusa

CPLP saúda regresso da Guiné-Bissau à ordem constitucional, mas alerta para obstáculos




Bissau, 23 jun (Lusa) - O secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, saudou hoje o regresso da Guiné-Bissau à ordem constitucional, mas considera que o país ainda tem "muitos obstáculos" pela frente.

"É preciso superar muitos obstáculos" no contexto em que "está a viver ainda a Guiné-Bissau. É preciso muito trabalho, muita seriedade e muito patriotismo também", destacou o diplomata moçambicano.

O secretário-executivo da CPLP falava em Bissau onde participou na cerimónia de posse do presidente José Mário Vaz.

Murade Murargy defendeu estarem criadas as condições para o regresso à ordem constitucional na Guiné-Bissau, mas que deixou um aviso: é preciso continuar com a transição rumo à estabilidade efetiva.

José Mário Vaz foi eleito à segunda volta a 18 de maio depois de o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que o apoiou, já ter conquistado maioria absoluta nas eleições legislativas realizadas a 13 de abril.

Foram as primeiras eleições realizadas na Guiné-Bissau desde o golpe de Estado de 12 de abril de 2012 e que permitem ao país voltar a normalizar relações diplomáticas e de cooperação com a generalidade da comunidade internacional - que não reconheceu as autoridades de transição nomeadas depois do golpe militar.

MB/LFO // EL / Lusa

Mais de 50 signatários contestam adesão da Guiné Equatorial à CPLP




Lisboa, 23 jun (Lusa) -- Mais de 50 pessoas assinaram uma carta para mostrar "desagrado" face à provável adesão da Guiné Equatorial à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que criticam por "falta de transparência" no processo.

Entre os signatários estão, entre outros, os portugueses Ana Gomes (eurodeputada), Alfredo Bruto da Costa (sociólogo), Ferro Rodrigues (político e economista), Helena Roseta (política e arquiteta), Manuel Alegre (político e escritor) e Manuel Carvalho da Silva (sindicalista e investigador), os músicos brasileiros Chico Buarque, Gilberto Gil e Ivan Lins, a poeta angolana Ana Paula Tavares, o artista plástico cabo-verdiano Leão Lopes, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Luís Vaz Martins, e o escritor timorense Luís Cardoso.

A estes signatários lusófonos juntam-se personalidades como o sociólogo Immanuel Wallerstein (Estados Unidos) e o político Alberto Acosta (Equador).

Todos pretendem manifestar "reprovação" face à adesão da Guiné Equatorial à CPLP, que deverá ser formalmente aprovada na próxima cimeira da organização lusófona, agendada para 23 de julho, em Díli, capital timorense.

Os signatários da carta divulgada hoje consideram que, da parte da CPLP, não tem havido "transparência na divulgação" de informação sobre os "progressos" que terão levado a organização a mudar de ideias face à Guiné Equatorial, país com estatuto de observador desde julho de 2006, mas que viu sempre rejeitado o pedido para ascender a membro de pleno direito.

"Não há informação sobre isso [os progressos], absolutamente nenhuma", critica a socióloga Ana Lúcia Sá, signatária da carta, em declarações à Lusa.

"A política de transparência não é o apanágio da CPLP nesta questão", denuncia, apontando que a "falta de informação" tem "manietado" os movimentos da sociedade civil, que acusa o regime de Guiné Equatorial de violações de direitos humanos.

O "grande argumento" apresentado a favor da adesão tem sido a moratória à aplicação da pena de morte, que "é temporária" e "não se coaduna com as exigências da CPLP", realça a socióloga portuguesa.

"A CPLP não tem estado a cumprir absolutamente nada dos cinco eixos estratégicos do plano de adesão", contrapõe Ana Lúcia Sá.

"Se uma organização estabelece um roteiro para a adesão de um determinado país como membro de pleno direito e em cada um dos pontos não há o cumprimento mínimo das exigências da instituição, a instituição fica completamente descredibilizada. E foi a CPLP que instituiu determinados parâmetros", recorda.

A carta, endereçada aos chefes de Estado e de Governo dos países da CPLP, é, portanto, "mais uma chamada de atenção", diz Ana Lúcia Sá. "Não sei se esta pressão será suficiente, com certeza não será suficiente", reconhece.

A um mês para a cimeira que deverá oficializar a entrada da Guiné Equatorial na CPLP, os signatários rejeitam essa hipótese "enquanto não estiver comprovado, na lei e na prática do país, o cumprimento das condições dos Estatutos da CPLP", escrevem na carta.

SBR // EL / Lusa

Angola: Unita acusa serviços da Segurança do Estado de impedir actividade do partido




Partido do Galo Negro revela casos de intolerância no acesso ao trabalho

Manuel José - Voz da América

O secretário provincial da Unita em Luanda Alvaro Tchikwamanga disse que o seu partido tinha tudo preparado para a reunião municipal na comuna do Bom Jesus no Icolo e Bengo, mas quando se dirigiam para o restaurante Zidane, encontraram portas fechadas e nem o proprietário do estabelecimento estava presente.

“Alugamos o restaurante há uma semana, temos os comprovativos do pagamento, o senhor do restaurante foi intimidado pelos serviços de segurança aqui na comuna do Bom Jesus e ele disse isso mesmo ao telefone, foi intimidado e não está em condições de abrir o estabelecimento para a reunião da UNITA", conta Tchikwamanga.

Aquele responsável lamenta o “ponto a que chegou o país” e diz que “se esse pagamento fosse feito pelo MPLA a actividade se realizaria sem qualquer problema".

Tchikwamanga revela que casos de intolerância no Bom Jesus se estendem até aos postos de trabalho, como testemunhou o cidadão Pedro que disse ter sido despedido da empresa por ser militante da Unita.

Nataniel Simão, por seu lado, diz ter dificuldades em conseguir um emprego por causa da ligação que tem com o partido de Isaias Samakuva.

A VOA contactou as autoridades locais mas nenhuma se mostrou disponível para reagir às acusações da Unita.

Angola: Criminalidade aumenta em Luanda e polícia não tem respostas




Populares dizem que o Governo deve combater o desemprego e a falta de ocupação da juventude como forma de diminuir a criminalidade.

Coque Mukuta – Voz da América

Duas semanas após o Presidente angolano José Eduardo dos Santos exigir um maior combate à crescente criminalidade na capital angolana, não há indícios de qualquer melhoria. E a polícia não tem explicações para crimes que se multiplicam e que aumentam ainda mais a insegurança em Luanda.

A cidade de Luanda mostra-se cada vez mais violenta, segundo  relatos dos pouplares.

Na Centralidade do Kilamba existem roubos de viaturas, nas zonas do Sambizanga, Cazenga, Cacuaco e Viana registam-se vários crimes violentos, deste roubo a agências bancárias a roubos a mão armada, assaltos e até assassinatos.

Por outro lado, várias viaturas são encontradas carbonizadas ao longo de algumas estradas na província de Luanda.

Por exemplo,  junto à cidade universitária encontram-se duas viaturas queimadas. A primeira encontrada a 1 de Junho que nem a polícia nem os habitantes daquela zona sabem explicar.

Na via expressa junto à paragem da Mutaba, na zonal do Kilamba, outra viatura também apareceu queimada. Segundo o Inspector da Brigada Especial de Trânsito Luis Nguimbi, que não gravou entrevista, disse ter sido posto fogo por populares na sequência de  um atropelamento.

Na zona de 11 de Novembro, uma vitura foi incendiada e depois o corpo do seu proprietário,  Domingos Kunambua Cufua, de 45 anos de idade, foi encontrado  na morgue do Hospital Maria Pia, como explica o filho que não quis identificar-se.

Em reacção a algumas práticas criminosas, a Polícia Nacional tem apresentado nos meios de comunicação do Estado elementos mortos supostamente ligados a prática de crimes. Há quem diga que alguns inocentes já foram vitimas dessas acções da polícia.

Segundo alguns populares, o Governo devia antes combater o desemprego e a falta de ocupação da juventude como forma de diminuir a criminalidade.

Debate parlamentar sobre o estado da Comunicação Social sem transmissão televisiva




Unita diz que vai tomar uma posição

Manuel José – Voz da América

O debate sobre o estado da Comunicação Social em Angola que acontece esta sexta-feira no parlamento não terá transmissão em directo pelos órgãos de comunicação social, de acordo com decisão presidência do órgão legislativo.

Esta medida desagrada a oposição principalmente a bancada da UNITA que já disse não admitir a decisão.

Mesmo depois da decisão tomada pela Assembleia Nacional de se transmitir apenas as declarações políticas dos lideres das bancadas, no debate sobre a comunicação social do Estado não haverá nenhum minuto de transmissão, segundo o vice-presidente do grupo parlamentar da Unita Adalberto da Costa Júnior.

Em resposta, Costa Júnior promete que o seu grupo parlamentar vai reagir, sem especificar a medida a tomar contra esta decisão da Assembleia Nacional:  "Nós não vamos, de forma alguma ,baixar os braços até que os angolanos, de Cabinda ao Cunene, tenham esse direito garantido, de informar de ser informado que é constitucional".

Para o deputado da Unita, este tipo de postura em países verdadeiramente democráticos os governantes são castigados nas urnas.

Adalberto Júnior diz que  este é apenas um indicador de como as coisas vão mal no país: “O estado da Comunicação Social é um mero exemplo, o estado da segurança e da falta dela, a indiferença social, as assimetrias regionais, o estado da educação que é uma vergonha, de uma maneira geral o país está sem rumo,sem responsabilidade as pessoas estão mais interessadas no seu bolso, a corrupção que temos é um exemplo das lideranças do país, é um problema sério temos de alterar".

Conselho da RENAMO promete dividir Moçambique se diálogo com Governo falhar




O Conselho Nacional da RENAMO escolheu Afonso Dhlakama como candidato às presidenciais de 15 de outubro próximo. Também a divisão do país foi decidida, caso as negociações com o Governo não sejam frutíferas.

A avaliação da candidatura do líder do maior partido da oposição, a RENAMO, o desempenho dos órgãos do partido e a situação em que se encontra o país foram discutidos no III Conselho Nacional da RENAMO que decorreu entre esta segunda-feira (23.06) e terça-feira (24.06).

Novas estratégias desenhadas e divulgadas à imprensa no fim do encontro referem que o país deve ser dividido a partir do rio Save, local onde acontecem os ataques supostamente perpetrados pela Perdiz, símbolo do partido RENAMO.

Segundo José Manteiga, porta-voz do III Conselho Nacional da RENAMO, por questões de segurança Afonso Dhlakama não participou das discussões internas do partido, mas teve a oportunidade de falar aos conselheiros via Skype.

Manteiga afirmou que o reaparecimento do seu líder, ou seja, o seu abandono definitivo das matas de Gorongosa, na província central de Sofala, está dependente da revisão da política de defesa e segurança.

Moçambique em retalhos

E como a solução pacífica tarda em chegar, a RENAMO traçou a sua própria saída, caso o consenso não seja alcançado. Neste contexto, José Manteiga diz que o "Conselho Nacional deliberou que não havendo condições de co-habitação entre a RENAMO e a FRELIMO, significa que a FRELIMO quer a divisão deste país."

Por isso, o porta-voz do III Conselho acrescenta: "A RENAMO entende que não havendo consenso nas negociações, e não tendo sido criadas as condições para que o nosso presidente saia das matas para fazer a sua campanha, temos que que separar as regiões, a RENAMO fica nas zonas centro e norte e a FRELIMO na zona Sul."

O político sustenta ainda que o processo das negociações entre o Governo da FRELIMO e a RENAMO não está a produzir quaisquer resultados.

Em cima da mesa está atualmente a composição das Forças Armadas de Moçambique e a desmilitarização da RENAMO. O maior partido da oposição exige que o exército seja composto pelos seus homens em 50% e para o Governo o mesmo valor, conforme o definido nos Acordos de Paz de 1992, que puseram fim à guerra civil de 16 anos entre as partes.

Tudo está nas mãos do Governo?

José Manteiga contou também que, depois do encerramento do Conselho Nacional os mais de 100 Conselheiros e a população dialogaram com a população através do skype.

O porta-voz garante que se na mesa de diálogo tudo correr de feição, "a RENAMO e o presidente Dhlakama podem sair das matas e hoje mesmo ir a Maputo, amanhã começar a sua pré-campanha."

A RENAMO garante que os conselheiros saíram satisfeitos do encontro e tomaram como desafio trabalhar com as comunidades da base, para garantir a votação plena do candidato nas eleições de 15 de outubro, tanto do partido como do seu líder Afonso Dhlakama.

O encontro que juntou mais de 800 participantes, entre delegados e concorrentes aos órgãos deliberativos, foi antecedido de intensos debates à volta do desempenho do partido ao nível de base.

Deutsche Welle / Autoria: Nelson Carvalho (Nampula) / Edição: Nádia Issufo / António Rocha

Moçambique foi o segundo país africano que mais beneficiou do investimento estrangeiro




O investimento estrangeiro em África cresceu quatro por cento em 2013, para um valor total de 57 mil milhões. Moçambique, em particular, foi o segundo país em todo o continente a beneficiar mais com o aumento.

A atração pelos recursos naturais é o motivo do investimento. Os dados são do Relatório de Investimento Mundial de 2014, publicado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (CNUCED).

Apesar do investimento em África ter crescido 4 por cento, os 57 mil milhões de dólares aplicados neste continente não chegam a representar 4 por cento do total do investimento mundial.

A aposta na infra-estrutura e as expetativas de crescimento da classe média nos mercados das indústrias orientadas para o consumidor - como a alimentação, nova tecnologias e retalho - parecem ser as áreas que mais captam investimento África.

De acordo com os dados do último relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Moçambique e África do Sul surgem como os dois países que mais gozaram de investimento externo.

No total, a quantidade absorvida pelos dois países mais que duplicou para os 13 mil milhões. Só em Moçambique, esse valor ronda os 5,8 mil milhões.

Gás atrai investimentos

Masataka Fujita, especialista das Nações Unidas para a região, explica o aumento:

“Houve alguns grandes investimentos em Moçambique. Um foi feito pela Finlândia, os outros pela África do Sul. A África do Sul continua a ser um dos maiores investidores em Moçambique. Ambos os países investiram à volta de dois mil milhões de dólares cada um. No caso da Finlândia, foi na área das florestas. No caso da África do Sul, o investimento foi feito na área do petróleo e do carvão.”

O setor do gás natural não foi, em 2013, um dos que mais gerou investimento externo, mesmo depois da entrada da China no setor.

De acordo com Masataka Fujita “no ano passado, as instalações da italiana ENI em Moçambique foram em parte compradas por empresas chinesas. Tratou-se de um investimento da China para adquirir bens já existentes em Moçambique."

O especialista lembra entretanto, que "não é um novo investimento, é apenas uma mudança na propriedade, que deixou em parte de ser da Itália para ser também da China”.

Vários relatórios recentes têm revelado um crescimento interesse em Moçambique, sobretudo por causa dos recursos naturais. Por outro lado, há uma combinação de fatores que atrai os investidores, como explica o especialista das Nações Unidas.

Fatores atrativos em Moçambique

Masataka Fujita recorda também que “Moçambique tem muitos recursos naturais, é muito rico em recursos naturais. Por outro lado, o país tem sido bem sucedido em atrair investimentos privados em conjunto com programas de assistência oficial ao desenvolvimento, os chamados ODA, como por exemplo do Japão."

Para o especialista da ONU refere auinda que "os investimentos do Japão, que não são pequenos, são em conjunto com programas de assistência oficial. De facto, em países pobres esta combinação entre o setor privado (que são o investimento estrangeiro) e o setor público (os ODA) é fundamental porque ambas têm papéis diferentes”.

Globalmente, o investimento estrangeiro aumentou em todo o mundo cerca de 9 por cento. Cinco pontos percentuais acima do crescimento verificado em África. Os Estados Unidos da América, a China e a Rússia são os países onde mais se investe.

Por outro lado, são os Estados Unidos Japão e a China também os que mais aplicam dinheiro no estrangeiro.

Olhando para a distribuição do investimento no mundo inteiro, percebe-se que é nos países desenvolvidos que este sobretudo se fixa. Regiões como a Europa e os Estados Unidos absorvem, em conjunto, 566 mil milhões de dólares.

A Ásia e a América Latina surgem depois como as mais atrativas com 426 mil milhões e 292 mil milhões de dólares respetivamente.

Norte de África em declínio

Por outro lado, o Norte de África e o Sudoeste da Ásia foram as regiões que mais sofreram uma redução no investimento. Masataka Fujita aponta os motivos: “O região do Sudoeste da Ásia foi a que mais viu um declínio do investimento por motivos políticos. Na verdade, o investimento nesta região tem caído nos últimos cinco anos."

Mas o fenómeno não aconteceu só no Sudoeste da Ásia, Fujita diz que "também no Norte de África, aconteceu o mesmo. Mas quando as restrições ao investimento são por motivos políticos, assim que esses problemas são resolvidos o investimento privado estrangeiro regressa.”

Ainda assim, a Ásia é uma das regiões mais atraentes para os investidores. O especialista revela que enquanto “a Ásia capta cerca de 30 por cento do total de investimento estrangeiro, enquanto a África consegue apenas 4 por cento. Essa é a grande diferença entre as duas regiões.”

Quanto ao futuro, Masataka Fujita aponta que os países desenvolvidos continuarão a ser os preferidos: “O investimento nos países europeus vai continuar e aumenta. E eu acho que especialmente nos próximos anos, em 2015 e 2016, o investimento nos países desenvolvidos vai estar em destaque.”

Deutsche Welle / Autoria: Nuno de Noronha / Edição: Nádia Issufo / António Rocha

A CONTRAOFENSIVA DA DIREITA INTERNACIONAL




A nova ofensiva contra a Argentina tem que ser respondida por todos os governos latino-americanos que são igualmente vitimas do capital especulativo.

Emir Sader – Carta Maior, em Blog do Emir

A nova ação dos fundos abutre contra a Argentina faz parte de uma contraofensiva mais ampla da direita internacional contra os países progressistas da América Latina. Conduzida por suas principais vozes na mídia – Financial Times, Wall Street Journal, The Economist, El País – atacam sistematicamente esses governos, que não aceitaram os ditames do Consenso de Washington. E por isso mesmo conseguiram contornar a recessão capitalista internacional, que se instalou já faz mais de 6 anos no centro mesmo do sistema, arrasando os direitos sociais, sem prazo para terminar.

Por isso os países latino-americanos que seguiram crescendo e distribuindo renda, diminuindo a desigualdade que aumenta exponencialmente no centro do sistema, são um fator de perturbação, são a prova concreta que outra forma de enfrentar a crise é possível. Que se pode distribuir renda, recuperar o papel ativo do Estado, apoiar-se nos países do Sul do mundo e resistir à crise.

Daí a contraofensiva atual, que busca demonstrar que já não haveria mais espaço para que a economia desses países continuasse crescendo; que os avanços nas políticas sociais não seriam reais; que o tema da dívida externa não estaria ainda resolvido. É crucial para as grandes potências tentar voltar ao ponto onde se dizia que não haveria alternativa ao Consenso de Washington.

A formidável arquitetura de renegociação da dívida argentina nunca foi assimilada por eles. Caso dê certo, que mau exemplo para a Grécia, para Portugal, para a Espanha, para o Egito, para a Ucrânia e para tantos outros países presos nas armadilhas do FMI! Eles têm que demonstrar que os ditames da ditadura do capital especulativo seriam incontornáveis.

A nova ofensiva contra a Argentina tem que ser respondida por todos os governos latino-americanos que são, em distintos níveis, igualmente vitimas do capital especulativo, que resiste a se reciclar para os investimentos produtivos que tanto necessitamos. É hora de que os governos dos outros países da região não apenas acompanhem as missões argentinas, mas também assumam a disposição de taxar a livre circulação do capital financeiro. Uma medida indispensável, urgente, que só pode ser assumida por um conjunto de países concomitantemente.

Tantos países do mundo olharam para a América Latina, para entender como pudemos livrar-nos das nossas dívidas externas.  Eles mesmos olham agora para a Argentina. Porque sabem que se joga ali muito mais do que simplesmente 7% da divida restante. Se joga a soberania dos países frente aos que querem subjugá-la com o peso das dividas contraídas pelos governos subservientes ao FMI e a seus porta-vozes.

Brasil - Eleições 2014: QUAL O CURSO QUE O RIO VAI TOMAR?



Hayle Gadelha, Rio de Janeiro - Correio do Brasil, opinião

Até pouco mais de um ano, o Rio seguia um curso eleitoral tranquilo, tanto para os governos federal, estadual e municipal quanto para a população – o pódio já estava definido na cabeça de cada um. Mas surgiu a primeira curva perigosa quando o PT decidiu ultrapassar seu companheiro de escuderia, o PMDB, e lançou o nome de Lindberg para disputar o Governo do Rio.

Daí em diante, PT e PMDB praticamente deixaram o resto da corrida em segundo plano e cuidaram de um jogar o outro para fora da pista. O prejuízo maior nessa disputa, digamos, fratricida foi da líder petista, Dilma Roussef, e dos líderes peemedebistas, Sérgio Cabral e Pezão, que, até então, contavam com vitória com ampla margem de diferença. Essa corrida maluca continuou disputadíssima – mas de certa forma previsível – até a semana passada, quando tínhamos informações (não comprovadas) de que Crivella, do PRB, ampliava a sua liderança na corrida, seguido do candidato do PR, Garotinho (que viria perdendo terreno), Pezão (na faixa dos 15%-16%, avançando) e Lindberg, que teria estancado a queda na faixa dos 11%.

Quando todo mundo pensava que Lindberg, isolado, iria rodar na primeira curva, ele conseguiu reduzir o efeito do arrasto aerodinâmico abrindo as asas para Romário (PSB) participar de sua chapa como Senador. O público ficou de pé. Alguns, de cabelos em pé. Mas os personagens que estavam no meio do trânsito não se deram por vencido. Crivella intensificou sua busca para o cargo de vice. Garotinho intensificou suas arrancadas, sem grandes alianças (chegaram a comentar que ele seria Senador na chapa de Crivella, algo bastante improvável), mas ainda com bons índices nas pesquisas. E Sérgio Cabral, em manobra igualmente arrojada, saiu da disputa para o Senado e trouxe o líder do DEM, Cesar Maia (que andava meio deslocado na disputa para Governador apoiado pelo tucano Aécio), para o seu lugar, ampliando o apoio a Pezão.

Os comentaristas de plantão reagiram imediatamente. O sempre mal humorado Sirkys, alijado do processo decisório dentro do PSB, esbravejou contra a aliança do seu partido com o PT, qualificando-a como orgia política – em outras palavras, suruba. Na mesma linha orgiástica, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, incomodado com a aproximação com seu antigo mentor e atual inimigo público nº 1, Cesar Maia, qualificou a aliança de seu partido, PMDB, com o DEM de ‘bacanal eleitoral’. Ele certamente está vislumbrando na recuperação de Cesar Maia uma ameaça naseleições municipais de 2016.

Mas uma coisa é certa: ninguém sabe com absoluta segurança o que pode ocorrer no Grand Prix Eleitoral do Rio de Janeiro. Talvez seja o caso de “alguém” lançar um safety car na pista. Ou correr o risco de ter que reescrever Dee Brown e lançar “Enterrem meu coração na curva do Rio”…

Hayle Gadelha é publicitário e editor do Blog do Gadelha

Copa2014: Para Felipão, rival das oitavas tem catimba, qualidade e organização



Gazeta Esportiva, Brasília (DF)

Luiz Felipe Scolari tanto falou que temia um encontro com o Chile nas oitavas de final da Copa do Mundo que terá esse confronto. A equipe dirigida por Jorge Sampaoli – que avançou na segunda colocação do Grupo B, eliminando a atual campeã Espanha – ganhou novos elogios do técnico da Seleção Brasileira após a confirmação do embate.

“Se pudesse, escolheria outra seleção. É mais difícil por se tratar de uma seleção sul-americana. Catimba, qualidade, organização... Tudo isso o Chile tem”, afirmou o gaúcho. “Vou analisar o time deles e fazer as adaptações necessárias para que a gente chegue bem ao jogo.”

Felipão recordou que o adversário de sábado enfrentou o Brasil em duas ocasiões recentes. Um amistoso em abril do ano passado, em Belo Horizonte, terminou com empate por 1 a 1. Ainda em 2013, em novembro, a Seleção levou a melhor por 2 a 1 em Toronto.

“Joguei duas vezes contra o Chile. Vi as dificuldades da nossa equipe e as qualidades do Chile. Algumas pessoas não viam dessa forma, achavam que o Chile seria descartado logo, e não foi assim. Agora, tenho que pensar na minha equipe, ver se tem condições de melhorar para conseguir essa vitória no mata-mata”, comentou Scolari.

Para o gaúcho – que também já manifestou sua admiração por Augusto Pinochet, ditador chileno por 17 anos –, será necessário um cuidado maior no Mineirão. Oferecer oportunidades, como aconteceu nas vitórias sobre Croácia e Camarões e no empate com o México, poderá ser fatal.

“Na primeira fase, a gente poderia ter um tropeço. Na fase seguinte, a do mata-mata, não dá para ter tropeço, conceder como a gente concedeu uma ou outra oportunidade viva ao adversário. Tem que ter uma estratégia pensada porque, muitas vezes, é jogo de um gol. Não pode cometer tantos erros”, avisou Felipão.

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Tese de Duarte Lima sobre honorários de Rosalina Ribeiro é insustentada – juíza




A juíza que conduziu o interrogatório a Duarte Lima, no âmbito da carta rogatória das autoridades brasileiras, sublinhou hoje que a tese do ex-deputado relativamente a cinco milhões de euros de honorários de Rosalina Ribeiro "é manifestamente insustentada".

Lisboa, 24 jun (Lusa) - A juiza que conduziu o interrogatório a Duarte Lima, no âmbito da carta rogatória das autoridades brasileiras, sublinhou hoje que a tese do ex-deputado relativamente a cinco milhões de euros de honorários de Rosalina Ribeiro "é manifestamente insustentada".

Cláudia Pina, juíza do 5.º Juízo do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, inquiriu novamente Duarte Lima sobre o pagamento de cinco milhões de euros por parte da ex-companheira do milionária Tomé Feteira e manifestou estranheza pela "provisão generosa".

"Espanta-me que tenha sido pago, à cabeça, cinco milhões de euros, um terço do valor que ela [Rosalina Ribeiro] tinha direito na herança. É invulgar", disse a magistrada.

Acrescentou ainda que a tese tem "pouca sustentação objetiva", depois de Duarte Lima ter frisado que Rosalina Ribeiro realizou "um pagamento inicial", porque, como já tinha afirmado no interrogatório de 16 de maio, "ela esperava que iria ter uma disputa judicial e que contava que iria receber uma importância generosa".

João Paulino, Lusa / em MSN

PORTUGAL ENFORCADO



Nuno Ramos de Almeida / jornal i, opinião

Em Portugal a corrupção não é um desvio do sistema, é a própria normalidade, num regime em que os pobres pagam os prejuízos do bancos e os ricos têm o dinheiro na Holanda

O responsável máximo da fundação do Pingo Doce, um think tank inteligente do neoliberalismo, declarou, ao jornal i, que os juízes do Tribunal Constitucional tinham mentalidade de funcionários públicos. Como se isso fosse um insulto, como se ser professor, médico, polícia, homem do lixo, funcionário de uma autarquia, bombeiro e enfermeiro desqualificasse as pessoas e significasse que andam a roubar o dinheiro dos outros.

Para certa gente, servir a população é um crime. Todos os serviços públicos e o Estado social são vistos como privilégios de madraços e coisas que em última instância estão a impedir algum negócio chorudo de um amigo privado.

No fundo o Sr. Garoupa tem alguma razão: neste país há duas atitudes mais pronunciadas, uma espécie de ideal de tipo weberiano, que resumiriam as atitudes em disputa: por um lado, temos a maioria da população, que tem "mentalidade de funcionário público", por outro lado, temos os governantes, as fundações, que justificam o nosso sistema, e as elites económicas, que têm mentalidade de banqueiro.

É essa atitude que permite o Sr. Ricardo Salgado ir ter com o primeiro-ministro, que ele ajudou a colocar no poder, e pedir 2500 milhões de euros para tapar um dos buracos no BES. Mentalidade de banqueiro é aquela que acha natural que os lucros da especulação sejam para os accionistas e os prejuízos dessa nobre actividade sejam pagos pelo contribuinte. Foi o que funcionou até agora. Nós pagamos os BPN, os BCP, as parcerias público-privadas e os swaps especulativos com os nossos ordenados, impostos e reformas. Infelizmente, para o líder do BES aproximam-se as eleições e nem mesmo Passos Coelho o pode salvar e tirar mais 2500 milhões de euros da cartola que alimentou tanto rico com o nosso dinheiro.

Mas não sejamos cegos, a crise continua a ser uma máquina ideológica que destrói a vida da maioria da população, aquela que tem a "mentalidade de funcionário público", e permite salvar os negócios da casta que manda neste país. No meio da maior crise que a Europa viu desde a Segunda Guerra Mundial, os mais ricos viram crescer a sua riqueza individual. É caso para usar uma expressão, do na altura primeiro-ministro Cavaco Silva, sobre alguns dos empreendedores portugueses dos anos 80: "Há milionários prósperos que são donos de empresas falidas."

Nos países da periferia da Europa a corrupção não é um acidente. Ela não é combatida pelo sistema porque é a própria garantia da manutenção das elites e da casta que manda e lucra. O capitalismo rentista, em que as fortunas são feitas à conta do Estado e do contribuinte, tem a desigualdade económica e política como condição de existência. Só uma sociedade em que a maioria da população é expulsa do campo da decisão política permite o seu roubo e empobrecimento continuado.

Mas de tanto puxar a corda, as coisas são cada vez mais voláteis. É por isso que ninguém pode dizer que o rei vai nu. Só assim se percebe que um estudante da Universidade do Algarve esteja a responder em tribunal por ter feito uma obra em que denunciava a situação no país. Como fez uma instalação em que enforcava a bandeira nacional, pode ir preso. Aqui em Portugal quem denuncia a pouca-vergonha pode acabar na cadeia, aqueles que na realidade enforcam o país e roubam a sua população ainda ganham medalhas de comendadores.

Editor-executivo / Escreve à terça-feira

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