quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Charlie Hebdo: QUE OS POVOS NÃO SE CONFUNDAM, O INIMIGO É COMUM


Bocas do Inferno

Mário Motta, Lisboa

O que aconteceu hoje em Paris no jornal satírico Charlie Hebdo deixou milhões de cidadãos pelo mundo atónitos e logo de seguida indignados. 12 colaboradores daquele jornal foram assassinados, outros 10 ficaram feridos. Foi um atentado terrorista. Disso não restam dúvidas. Fanáticos islamitas pensaram poder “lavar” ofensas ao profeta Maomé com aquele ataque porque o jornal havia em tempos ofendido o profeta num cartoon. E então é assim? Atentam contra a vida de mais de duas dezenas de trabalhadores que simplesmente usam a liberdade de expressam de acordo com a sua arte e o seu sentido crítico? Maomé, o profeta, certamente não concordaria com tal atentado que ceifou a vida de 12 e feriu com mais ou menos gravidade outros 10. Foi o terror à solta em Paris. Dois fanáticos julgaram estar a proceder bem. Mas não. A vida é para ser respeitada, ainda mais que a liberdade de expressão, porque sem ela a liberdade não tem sentido.

Em poucos minutos soltou-se o terror em Paris, como há muitos anos soltaram o terror no Iraque à revelia das Nações Unidas. Como o fazem na Palestina e quase por todo o Médio Oriente petrolífero ou estratégico. E esse é o terror do chamado Mundo Livre e Democrático do Ocidente. As vítimas são os povos daqueles países. Os terroristas são os chefes dos governos dos respetivos países, coligados para assassinar - com e sem drones - indiscriminadamente operacionais e civis inocentes, mais dos últimos que dos primeiros. Chamam a esses assassínios danos colaterais e dos seus efeitos não vimos que se insurjam ou arrependam pela morte de milhares de vítimas que causam com os seus acordos e assinaturas com ordens de ações para aterrorizar e matar. Com ordens que visam “legalizar” os seus atos igualmente fanáticos e terroristas. Que não se confundam os povos do oriente e do ocidente com tais fanáticos assassinos deste e daquele mundo. Desta e daquela religião. A liberdade de expressão está de luto e a liberdade dos povos também.

Constata-se que nem por isso, pelo ataque terrorista em Paris, calaram a liberdade de expressão. Ainda a espicaçaram mais. Cartoonistas solidarizaram-se com as vítimas parisienses de hoje – como o fazem com as vítimas do médio oriente dos drones e outros equipamentos militares do ocidente que causam terror, morte, choque e espanto. No Notícias ao Minuto pode ver a fotogaleria que demonstra que nem o terror cala o traço da razão, da indignação, do repúdio aos que não respeitam a vida, nem a arte, nem os povos. Os povos que não se confundam e que saibam identificar e isolar os seus inimigos comuns. Inimigos da liberdade e da justiça. (MM / PG)

Fotogaleria: Depois do ataque, a solidariedade pela mão dos cartoonistas

A cidade de Paris, acordou esta quarta-feira, sob um alvo terrorista que deixou em alerta não só o país como toda a Europa. Doze pessoas morreram num tiroteio que teve lugar na redação do jornal satírico Charlie Hebdo, e que é reivindicado pela Al-Qaeda.

Doze pessoas foram mortas esta quara-feira na sequência de um ataque terrorista da Al-Qaeda na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.

Acredita-se que na origem do ataque está a publicação de caricaturas de Maomé, em 2011, que geraram uma grande polémica e que foi alvo de diversas críticas por parte de responsáveis islâmicos.

Após o terror vivido, proliferaram nas redes sociais mensagens de solidariedade e apoio vindos de todo o mundo.  Nas mensagens tornadas públicas, defende-se, sobretudo, e segundo o Le Monde, a necessidade de lutar contra a ignorância, a intolerância e o fanatismo. E, acima de tudo, lembrar ao mundo que a liberdade de imprensa não pode ser negociável.

Através da hashtag #CharlieHebdo são vários os cartoonistas que fazem, através de caneta e papel, a sua representação daquilo que se está a passar, mostrando indignação e solidariedade para com os seus colegas de trabalho.


Notícias ao Minuto

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Atentado: Milhares de pessoas homenageiam vítimas do Charlie Hebdo em Paris




Vários milhares de pessoas juntaram-se hoje ao final da tarde na praça da República, em Paris, em homenagem às vítimas do ataque contra o semanário satírico Charlie Hebdo, que fez 12 mortos.

A concentração, convocada por vários sindicatos, associações, 'media' e partidos políticos, os participantes começaram a juntar-se a partir das 17:00 (16:00 TMG e Lisboa) na praça da República, no centro da capital francesa, relativamente perto da sede do jornal.

Várias pessoas tinham colado na roupa um autocolante preto com a frase "Je Suis Charlie" ("Eu sou Charlie"), frase que desde meio do dia se generalizou nas redes sociais e páginas internet como símbolo de solidariedade com a redação do jornal satírico.

Entre os cartazes de alguns manifestantes podia ler-se "Charb morre livre", uma referência ao jornalista, cartoonista e diretor do semanário, Stéphane Charbonnier, 47 anos, morto no ataque.

"É dramático que estas pessoas sejam assassinadas. Amanhã, não podemos mais falar. Devíamos ser milhares a sair às ruas", disse à agência France Presse Béatrice Cano, uma mulher de cerca de 50 anos com a mais recente edição do Charlie Hebdo, publicada hoje, nas mãos.

"A liberdade de imprensa não tem preço", lia-se num outro cartaz.

Dezenas de manifestações de solidariedade estão previstas para hoje em várias cidades francesas e junto de representações diplomáticas francesas no estrangeiro.

Três homens vestidos de preto e fortemente armados atacaram hoje de manhã a sede do Charlie Hebdo, no centro de Paris, fazendo pelo menos 12 mortos, dois dos quais polícias, e 20 feridos, quatro deles muito graves.

O jornal satírico tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu republicar cartoons do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polémica em vários países muçulmanos.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Cabo Verde: EXPLOSÕES DEIXAM POPULAÇÃO DA ILHA DO FOGO EM ALERTA




Dados monitorizados na noite de ontem, 06, mostram um aumento de explosões e estrondos com projecção de cinzas e pequenas partículas, deixando a população e as autoridades em alerta. Sónia Silva, técnica da Uni-CV, diz que não há motivos para alarmismos. "Trata-se de uma situação normal", afirma. Mas ninguém arrisca fazer previsões sobre o comportamento do vulcão.

Por causa do registo de fortes tremores de terra, as localidades vizinhas de Chã das Caldeira e de toda a ilha do Fogo estão em alerta, temendo-se o pior. As explosões eram audíveis na Cidade de São Filipe.

Gases diversos de cores diferentes e cinzas vulcânicas são vistas também em São Filipe e noutros pontos da ilha. Mas, para a técnica da Uni-Cv, Sónia Silva, “é uma situação normal e não há motivos para alarme”.

A técnica informa que se mantém a emissão de gases, mas em menor quantidade que os dias anteriores. Há também explosões e projeccão de material piroclástico, porém as frentes lávicas estão todas estagnadas.

Já na manhã de hoje, 07, a situação é de aparente acalmia. Mas como ninguém faz previsões sobre o comportamento do vulcão, não se sabe o que poderá acontecer nas próximas horas.

A equipa da Uni-CV continua no terreno a acompanhar cada sinal vindo do pico do Fogo. A recomendação é que as pessoas evitem aproximar-se da cratera por que este é um fenómeno com alguma imprevisibilidade.

O vulcão entrou em erupção a 23 de Novembro, não fez nenhuma vítima mortal, mas grandes estragos materiais.

A Semana (cv)

Líder rebelde de Casamance critica Guiné-Bissau em entrevista à Voz da América




Salif Sadio concedeu uma entrevista exclusiva ao nosso correspondente Lassana Cassamá no seu quartel general no território de Casamance.

Lassana Casamá – Voz da América

O líder do Movimento da Frente Democrática de Casamance, na região sul do Senegal, que luta pela independência do território, desferiu duros ataques à Guiné-Bissau pelo papel desempenhado nos últimos anos pelo país.

Salif Sadio concedeu uma entrevista exclusiva ao nosso correspondente, em Bissau, Lassana Cassama. no seu quartel general no território de Casamance.

O Líder do MFDC, ao destacar a razão da sua luta contra o Senegal, apontou que os dirigentes guineenses não souberam capitalizar os laços que unem os povos guineense e casamancense. Qualificou que uma parte da estrutura do poder na Guiné-Bissau, militar e civil, investida de corrupção, sempre actuou, de forma incompreensível contra o seu Movimento, pondo de lado todas as conquistas capitalizadas desde os primórdios da luta de libertação nacional, em que algumas bases do PAIGC, disse ele, se encontravam no território de Casamance. Salif Sadio, que sempre salvaguardou e destacou a simpatia que os guineenses têm para com os casamanceses, falou do último ataque das Forças Armadas guineenses contra a sua base em 2006, no período em que Tagme Na Waie era chefe de Estado-maior. Afirmou que, naquela operação, o que falara mais alto foi o capital financeiro do Senegal.

Na altura, as autoridades guineenses justificavam a operação, em como os homens do MFDC, tinham bases no território nacional, a partir da qual lançavam ataques contra as tropas senegalesas. Para Salif Sadio este argumento não colhe. Desmente que jamais o seu movimento teve base na Guiné-Bissau.

Presentemente, algumas forças que se identificam com o MFDC estão a operar na linha fronteira norte da Guiné-Bissau com o Senegal. Mas, nesta entrevista o líder do MFDC, nega haver a presença dos seus homens naquela zona. 


Moçambique: Governo considera "invenção" acusação de movimentações das forças armadas




O Governo moçambicano considerou hoje uma "invenção" as acusações da Renamo, principal partido de oposição, de que o exército aproximou-se da residência dos pais do líder do movimento, Afonso Dhlakama, onde se encontra desde a quadra natalícia.

"Essas declarações não correspondem à verdade. O presidente da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana), não se encontra cercado por nenhum exército. Isso é uma escandalosa invenção", disse à Rádio Moçambique Gabriel Muthisse, vice-chefe da delegação do Governo nas negociações com aquele partido da oposição.

Muthisse, que é também ministro dos Transportes e Comunicações, adiantou que permanece perto da casa dos pais de Afonso Dhlakama, na província de Sofala, centro de Moçambique, uma escolta policial que acompanhou o líder da Renamo ao local, quando lá foi para passar o Natal e o final do ano.

"O que nós sabemos é que o presidente da Renamo encontra-se na casa dos seus pais de férias e quem o foi lá deixar foi uma escolta da polícia. Ele está livre e pode sair quando quiser", acrescentou Gabriel Muthisse.

Na segunda-feira, em conferência de imprensa após mais uma ronda negocial com o Governo, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, acusou as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas de movimentações no povoado de Mangunde, onde está a casa dos pais do líder da Renamo.

"As tropas governamentais montaram até postos de controlo e cancelas na estrada que vai até à residência dos pais do presidente Afonso Dhlakama", afirmou Macuane.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Timor-Leste: GANGUES DE ARRUACEIROS DAS ARTES MARCIAIS INGRESSAM NA POLÍCIA




Situação no distrito de Baucau está segura mas aplica o estado de emergência

07 de Janeiro de 2015

O comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) do município de Baucau, Superintendente José M. Neto Mok, informa que a situação atual no referido distrito está tranquila mas vai aplicar o estado de emergência a partir das 20h00, segundo o Suara Timor Lorosa’e. 

“As ocorrências nos dias 22 a 31 de dezembro entre os grupos de artes marciais que resultou em mortes, lesões e incêndios de casas já foram resolvidas e a situação já está segura e controlada, pois fizemos uma colaboração com o administrador, líderes locais, os veteranos e incluindo os líderes de cada grupo de artes marciais a fim de assinar um acordo que poderá prevenir que este tipo de problemas volte a acontecer no distrito de Baucau”, informa o Superintendente.

Na mesma ocasião o bispo da diocese de Baucau, Dom Basílio do Nascimento informa que a maioria da comunidade não participou na celebração da missa de natal e do ano novo por causa destes acontecimentos.

SAPO TL com STL 

Novos candidatos da PNTL devem esquecer o juramento feito nos grupos de artes marciais

07 de Janeiro de 2015

O comandante geral da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), o comissário Afonso de Jesus solicita aos novos membros da sua instituição para cumprirem a promessa feita o de esquecerem o juramento feito nos grupos de artes marciais em que tenham participado, informa Suara Timor Lorosa’e.

"O princípio que tenho e como presidente do jurí para a seleção dos novos candidatos da PNTL peço à polícia da Unidade de Patrulhamento das Fronteiras, para não selecionarem novos membros da PNTL que estejam em algum grupo de artes marciais”, informa o comissário.

Na mesma ocasião o comandante do centro de formação acádemico da PNTL, superintendente chefe Júlio Hornai disse que as novas candidaturas desta instituição vão realizar-se no próximo dia 12 de janeiro, pelas 08h00. Neste momento está a decorrer a formação dos candidatos no centro de formação e existem cerca de 520 vagas.

SAPO TL com STL


*Título PG 

Governo timorense saúda aprovação de orçamento do Estado de 2015




Dili, 07 jan (Lusa) - O Ministério das Finanças timorense saudou hoje a aprovação, antes do final do ano passado, do Orçamento do Estado para 2015, destacando a aposta renovada no desenvolvimento de recursos humanos e em infraestruturas prioritárias.

Com um valor total de 1,57 mil milhões de dólares (cerca de 1,32 milhões de euros), o orçamento foi aprovado - pela terceira vez consecutiva - com o apoio da oposição e de forma unânime pelos 65 membros do Parlamento Nacional.

"Foi mais um momento histórico no processo orçamental de Timor-Leste, em que o interesse nacional prevaleceu sobre as diferenças políticas", refere em comunicado o Ministério das Finanças timorense.

Segundo o Governo timorense as contas públicas para este ano assentam nos "princípios de sustentabilidade fiscal, execução e capacidades de absorção económicas".

O investimento no desenvolvimento de recursos humanos e projetos de infraestrutura prioritários "são os dois pilares fundamentais que sustentam o crescimento económico inclusivo e sustentável, a criação de emprego, a prestação de serviços e os setores produtivos embrionários" do país, refere.

Mantendo o Fundo Petrolífero como "pedra angular da política do Governo para o desenvolvimento económico", o orçamento de Estado é financiado em 70% (915 milhões de dólares) "a partir do retorno do investimento esperado", a que se somam 170 milhões de dólares de receitas domésticas.

"Timor-Leste está no bom caminho para alcançar a sustentabilidade fiscal", considera o Ministério das Finanças timorense.

Cerca de um quarto do total orçamentado para 2015, ou 441 milhões de dólares, está destinado ao desenvolvimento de grandes infraestruturas, com 516 milhões para bens e serviços.

Neste último valor contam-se 41 milhões de euros para o Fundo de Desenvolvimento de Capital Humano "para financiar bolsas de estudo, formação profissional e assistência técnica para os setores judicial e do ensino superior".

Cerca de 406 milhões de dólares estão destinados a pensões, subsídios para os idosos, veteranos, famílias monoparentais, órfãos e grupos vulneráveis, entre outros.

Destaca-se ainda nas contas para este ano 81,9 milhões de dólares para a Autoridade da Região Administrativa Especial de Oé-cusse Ambeno, projeto liderado pelo ex-primeiro-ministro Mari Alkatiri que assenta no desenvolvimento económico inclusivo do enclave.

No comunicado o executivo destaca a participação pública no debate orçamental, com a sua tramitação a ser transmitida pela televisão e rádio.

ASP // JPS

Moçambique: RENAMO RECORRE HOJE AOS BOICOTES, AMANHÃ NÃO SABEMOS




Renamo boicota tomada de posse

Os eleitos da Renamo boicotaram hoje a tomada de posse da Assembleia Provincial de Manica, centro de Moçambique, mas o MDM usou o seu voto decisivo para viabilizar a constituição do órgão.

A assembleia provincial tem 80 deputados. Destes, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) tem 39 eleitos e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) tem um deputado.

"Fiz um voto de consciência em respeito a vontade do eleitorado" declarou à Lusa Domingos Soqueires, eleito do MDM, à saída da cerimónia de tomada de posse, adiantando que a sua "espectativa é de ver o órgão constituído completamente nos próximos dias".

Os eleitos da Renamo pelos 10 círculos da província de Manica não estiveram presentes, em resposta aos apelos do seu líder, Afonso Dhlakama, que rejeita os resultados eleitorais, validados na semana passada pelo Conselho Constitucional, e exige um governo de gestão.

Em declaração hoje à Lusa, Sofrimento Matequenha, delegado político da Renamo em Manica, disse que a ausência está relacionada com a "reivindicação dos resultados eleitorais" e os membros daquela formação política "deverão, em princípio, tomar posse depois de um entendimento político com o Governo".

Moçambique realizou as segundas eleições multipartidárias das assembleias provinciais e as quintas eleições legislativas e presidenciais a 15 de outubro passado, cujos resultados proclamados dão vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial Filipe Nyusi, colocando a Renamo e o seu líder, Afonso Dhlakama em segundo lugar e o MDM e o seu presidente, Daviz Simango em terceiro lugar.

Em contacto com a imprensa, após sua investidura, Rosita Lubrino, a presidente eleita da Assembleia provincial de Manica para este mandato, disse que espera a situação fique resolvida nos próximos 30 dias.

Para este mandato, a responsável considera que o maior desafio do órgão é a construção de um novo edifício.

Entretanto, a cerimónia, que decorreu num palco aberto numa das ruas da cidade, foi marcada por fortes medidas de segurança.

Lusa, Notícias ao Minuto

Renamo inviabiliza constituição de assembleias em três províncias

O boicote da Renamo à cerimónia de tomada de posse nas assembleias provinciais de Sofala, Tete e Zambézia, centro de Moçambique, inviabilizou" hoje as primeiras sessões dos órgãos, por não reunirem quórum para deliberar.

A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), maior partido da oposição, elegeu 45 dos 82 membros, contra 30 da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) e sete do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), terceira força politica, da Assembleia provincial de Sofala, centro de Moçambique, seu tradicional bastião militar e político, contra apenas um membro no anterior mandato, devendo eleger o presidente e vice-presidente, para o órgão funcionar e deliberar validamente.

"Não podemos constituir os órgãos de direção da assembleia provincial de Sofala com ausência da Renamo", declarou Manuel Ramissane, presidente cessante, eleito pela Frelimo, que dirigiu a cerimónia na Beira, Sofala, informando o "adiamento da sessão para uma data a anunciar".

O mesmo cenário repetiu-se em Tete, onde a Renamo ficou com 42 membros para o órgão, contra 37 da Frelimo e três do MDM, não reunindo os últimos dois, poderes para decidir. Já na Zambézia, o maior círculo eleitoral de Moçambique, a Renamo elegeu 51 membros dos 92 mandatos, cabendo à Frelimo 37 lugares e quatro ao MDM.

Os 294 membros da Renamo eleitos para as 10 assembleias provinciais moçambicanas não tomaram parte na cerimónia de investidura, realizada em simultâneo em todas as capitais provinciais, em cumprimento de uma diretiva da última sessão da Comissão Política do partido, realizada em dezembro na Gorongosa.

Moçambique realizou as segundas eleições multipartidárias das assembleias provinciais e as quintas eleições legislativas e presidenciais a 15 de outubro passado, cujos resultados proclamados dão vitória à Frelimo e ao seu candidato presidencial Filipe Nyusi, colocando a Renamo e o seu líder, Afonso Dhlakama, em segundo lugar e o MDM e o seu presidente, Daviz Simango, em terceiro lugar.

Os dois partidos da oposição rejeitam os resultados eleitorais, estando a Renamo a exigir a formação de um Governo de Gestão, como solução para a alegada fraude que ocorreu nas eleições gerais.

Entretanto, Manica foi a única província do centro de Moçambique que formou hoje a Assembleia provincial, com um voto decisivo do MDM, que viabilizou a constituição e legitimou o órgão, após ausência da Renamo.

Lusa, Notícias ao Minuto

*Título PG

Moçambique: PORTA-VOZ DA RENAMO FOI LIBERTADO




O porta-voz da Renamo, principal partido da oposição moçambicana, António Muchanga, foi já libertado, anunciou o portal de notícias privado Canal Moz, citando Alice Mabote, advogada do dirigente político.

Segundo Alice Mabote, o porta-voz da Renamo foi libertado "porque a detenção era ilegal e porque não houve mandado de captura", destacou o canal Moz.

António Muchanga tinha sido detido hoje de manhã sob a acusação de "incitação à violência e manifestação ilegal", segundo disse então à Lusa o porta-voz da polícia moçambicana em Maputo, Orlando Modumane.

O responsável da polícia indicou à Lusa que Muchanga, que é também conselheiro de Estado, foi detido numa estação de serviço na Matola Rio, cerca de cinco quilómetros da capital moçambicana e encaminhado para uma cela do Comando da Polícia da República de Moçambique da Cidade de Maputo.

Foi a segunda vez que o porta-voz da Renamo foi detido, depois de ter sido levado à cadeia em julho do ano passado, à saída de uma sessão do Conselho de Estado, convocada para lhe retirar a imunidade, por alegada incitação à violência.

António Muchanga veio a ser libertado em agosto, após 42 dias de detenção, sem ter sido julgado, ao abrigo da Lei de Amnistia aprovada pela Assembleia da República, para beneficiar pessoas presas no âmbito da violência militar que assolou Moçambique durante ano e meio.

No sábado passado, o porta-voz da Renamo, que não teve a sua imunidade de conselheiro de Estado reposta, foi um dos militantes que falaram na sede do movimento, em Maputo, apelando a marchas dos simpatizantes da organização em todo o país contra os resultados das eleições gerais de 15 de outubro.

A Renamo considera fraudulentos os resultados do escrutínio, ganho pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder.

Lusa, em Notícias ao Minuto (ontem)

ZONA EURO REGISTRA DEFLAÇÃO PELA PRIMEIRA VEZ DESDE A CRISE DE 2009




Preços nos países da moeda comum europeia caíram 0,2% em dezembro, quando comparados com o mesmo mês do ano anterior. Queda deve pressionar Banco Central Europeu a agir.

Os preços na zona do euro caíram em dezembro pela primeira vez desde a crise de 2009. Influenciado pela baixa do preço do petróleo, o índice de inflação negativa ficou na casa dos 0,2% na comparação anual, divulgou o Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) nesta quarta-feira (07/01).

A baixa foi maior do que a prevista por especialistas, de 0,1% e é considerado uma deflação técnica – já que só é possível falar de deflação consolidada a partir do segundo mês consecutivo. Desde setembro de 2009, quando a zona do euro registrou inflação negativa de 0,3%, os índices se mantinham positivos. Em novembro, a zona do euro havia registrado inflação de 0,3%.

Com a evidência de deflação, aumenta a pressão sobre o Banco Central Europeu (BCE). Observadores esperam que o BCE anuncie um programa de compra de títulos de governo no próximo dia 22 de janeiro.

Numa entrevista concedida ao jornal financeiro alemão Handelsblatt na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi, havia dito que o risco de que o banco não cumprisse sua meta de inflação – de pouco abaixo de 2% – era maior do que há seis meses.

Draghi afirmou que preparativos para "eventuais medidas adicionais necessárias" estavam em curso, e que a compra de títulos de governo faz parte do arsenal de ferramentas do BCE.

LPF/dpa/rtr/ap – Deutsche Welle

França - Charlie Hebdo: Vídeo mostra o momento em que atiradores matam polícia




O momento em que os dois atiradores, que hoje mataram 12 pessoas em Paris, França, foi captado em vídeo por uma testemunha que viu o momento em que os dois terroristas mataram um polícia a sangue frio. Alertamos para o facto de as imagens do vídeo podem ferir suscetibilidades.

Uma testemunha registou em vídeo o momento em que os dois atiradores mataram um polícia em Paris, momentos depois de terem disparado sobre dezenas de pessoas que se encontravam na redação do jornal satírico Charlie Hebdo.

As imagens podem ferir a suscetibilidade de pessoas mais sensíveis, pois vê-se o momento em que os dois terroristas disparam sobre um polícia.

Até agora estão confirmadas 12 vítimas mortais, entre as quais estão dois polícias, três jornalistas e o diretor do jornal.

Os atiradores fugiram num carro roubado, tendo ainda atropelado um peão, não se sabendo o estado de saúde da vítima.

Recorde-se que a redação já tinha sido, anteriormente, alvo de um atentado. Um incêndio de origem criminosa havia destruído o local. O ataque surgiu depois de o jornal ter publicado caricaturas de Maomé.

Testemunhas garantem que depois de dispararem sobre dezenas de pessoas, os dois atiradores gritaram: "Vingámos o profeta".

VER VÍDEO, em Notícias ao Minuto

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ATAQUE A REDAÇÃO DO JORNAL FRANCÊS HEBDO FAZ 12 MORTOS




Ataque a tiro contra a redacção matou 12 pessoas, entre elas quatro cartoonistas: Cabu, Charb, Tignous e Wolinski

Um ataque contra a redacção do jornal satírico francêsCharlie Hebdo, em Paris, causou pelo menos 12 mortos, incluindo dois polícias, dizem fontes da polícia citadas pela imprensa francesa.

Três homens encapuzados entraram no edifício do jornal armados com armas automáticas e dispararam contra a redcção, envolvendo-se depois num tiroteio com os seguranças e fugindo a seguir num automóvel que roubaram, atropelando um transeunte na sua fuga.

Entre as vítimas mortais estão quatro cartoonistas do jornal: Cabu, Charb, Tignous e Wolinski.

O mesmo representante da polícia confirmou que três homens armados com armas automáticas e espingardas terão entrado na sede do jornal esta manhã de quarta-feira, com o rosto coberto. “Abriram fogo sobre todos, foi um verdadeiro massacre”, contou a fonte policial. “Depois os indivíduos saíram, e houve outro tiroteio com a polícia.”

Jornalistas que se encontravam num edifício próximo da sede do Charlie Hebdo conseguiram filmar os atacantes, num vídeo em que se ouve “Allahu Akbar” (Deus – ou Alá – é grande). Testemunhas ouvidas pela polícia disseram ainda que os atacantes gritaram “Vingámos o profeta”, segundo o jornal Le Monde.

As autoridades colocaram o nível de alerta de segurança no máximo na região de Paris e o presidente francês, François Hollande convocou uma reunião do gabinete de crise para as 15h00 (a mesma hora em Luanda).

Este é o segundo ataque contra as instalações do Charlie Hebdo, depois das suas instalações terem sido destruídas em Novembro de 2011 por um incêndio de origem criminosa. Os radicais não gostaram do facto de o jornal ter feito uma edição especial sobre as eleições na Tunísia com o profeta Maomé como chefe de redacção.

Maomé já lhe tinha valido ódios fundamentalistas em 2006, quando o jornal republicou os cartoons sobre o profeta que o dinamarquês Jyllands-Posten havia publicado.

Rede Angola

Família de angolano morto na cadeia do Linhó lamenta falta de assistência




Familiares dizem que Lee dos Santos teria sobrevivido se fosse imediatamente assistido

Familiares do recluso angolano Lee dos Santos, assassinado este domingo, na prisão do Linhó, em Sintra (distrito de Lisboa), estão convictos que ele ainda teria sobrevivido se fosse imediatamente assistido, divulgou a Angop.

A “inexplicável” falta de guardas no momento do incidente, segundo os familiares, “foi determinante para que Lee dos Santos não recebesse imediatamente os primeiros socorros, depois de ter sido atingido com arma branca num ombro e no abdómen”.

“A sensação de que ele não teria logo morrido e que aguardava pela libertação já em Abril deste ano, torna a nossa dor ainda mais profunda”, queixa-se uma das primas do malogrado, abordada pela agência.

Aprisionado na cadeia de Linhó, desde 2011, depois de quase três anos antes ter estado detido no Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), Lee dos Santos tinha a sua libertação prevista para o mês de Abril deste ano, altura em que completaria os exactos sete anos e meio de prisão por furto, roubo e posse de arma proibida.

A morte de Lee dos Santos, morador no conhecido bairro lisboeta da Quinta do Mocho, maioritariamente habitado por imigrantes dos países africanos de expressão portuguesa, mereceu já, ontem, o repúdio da Federação das Associações Angolanas em Portugal (FAAP), que se mostrou indignada.

No seu comunicado, a FAAP deplora “profundamente” e manifesta que houve “ruptura dos serviços prisionais e falta de guardas”, expressa à imprensa pelas autoridades prisionais portuguesas.

A FAAP disse esperar ainda que a morte do cidadão não esteja associada a situações de “racismo ou outro análogo de discriminação condenável”, alertando, porém, que “se for o caso, os angolanos não irão tirar ilações precipitadas pelo facto de o processo estar sob investigação”.

Angop, em Rede Angola

Angola: "SOMOS ÚLTIMO ALVO DOS ‘SNIPERS’ DO REGIME”, diz jornalista do Folha 8




Com o encerramento do Angolense, um jornal tradicionalmente incómodo ao regime de Angola, o Folha 8 teme que as ameaças e perseguição de que tem sido alvo subam de tom.

Foi com preocupação que William Tonet recebeu a notícia do encerramento do jornal Angolense. Tonet teme que, agora, o regime angolano aperte ainda mais o cerco ao jornal que dirige, o Folha 8. Segundo ele, existe uma clara ofensiva para "tentar calar e sufocar" a publicação.

"Há perseguição para, economicamente, nos criarem todas as dificuldades", refere. "Há também uma perseguição capaz de nos levar às fedorentas masmorras do regime, uma vez que tem em sua mão, e de forma manietada, o poder judicial. E a outra forma, que é o assassinato. Temos tido vários assassinatos de pessoas que o regime acha que a melhor forma de os calar é tirar-lhes o bem sagrado que é a vida."

Ameaças de morte

O diretor do Folha 8 já foi alvo de 98 processosem tribunal. A 2 de janeiro, o jornal noticiou que William Tonet voltou a ser ameaçado de morte. As ameaças terão subido de tom após uma entrevista em que Tonet dizia que "Angola ganharia mais caso se tivesse efetivado um golpe de Estado, liderado por Nito Alves". Segundo o artigo, outro dos visados em ameaças foi o chefe de redação do Folha 8, Orlando Castro, que terá sido "acusado de dar vazão ao clamor dos cidadãos de Cabinda".

"A imprensa privada que, de facto, pretende dar voz a quem não a tem, está cada vez mais reduzida na sua expressão e, dessa forma, não consegue mostrar a verdade ou uma parte da verdade da realidade angolana", diz Castro.

Isolamento

O jornalista luso-angolano também condena o fecho do jornal Angolense. Segundo ele, o jornal Folha 8 fica assim mais isolado no panorama da imprensa angolana. Castro acredita que, por trás do encerramento, estejam fundamentalmente motivos políticos.

"Há uma apetência especial do regime no sentido de controlar os órgãos de comunicação social. Não lhes basta ter os que têm: o Jornal de Angola, a TPA, a Rádio Nacional de Angola, a ANGOP. O regime sempre quis controlar os órgãos privados." Orlando Castro refere ainda que teria o maior interesse numa concorrência sã com outros órgãos privados para melhorar as condições de vida dos angolanos. Mas, "estando sós, somos o último alvo que está no horizonte dos 'snipers' do regime", diz.

Quem são os donos do Angolense?

Segundo Agostinho Rodrigues, ex-diretor de informação do jornal Angolense, os jornalistas foram informados pelas chefias de que o jornal está a atravessar um processo de reestruturação, tendo-se decidido, por isso, dispensar o pessoal. Não terão sido avançados mais detalhes sobre o que levou à decisão. Rodrigues refere também que não se sabe quem são os novos donos do Angolense.

A secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola, Luísa Rogério, garante que já estão a ser tomadas medidas para se saber exatamente o que está por trás do encerramento e para se averiguar quem são os donos do jornal.

"O fecho do jornal e a ida para o desemprego de muitos jornalistas é realmente algo que nos deixa profundamente entristecidos", comentou Luísa Rogério em entrevista à DW África. "A morte de um jornal é sempre algo extremamente desolador. É péssimo para o panorama mediático angolano."

Entretanto, Orlando Castro, do jornal Folha 8, promete continuar a fazer o que tem feito até aqui: "Enquanto nos for possível, continuaremos de pé a lutar, já que nos recusamos a ficar de joelhos perante as injustiças que se notam todos os dias no nosso país."

Guilherme Correia da Silva – Deutsche Welle

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Angola: Empresa de Isabel dos Santos gere mal centralidade "Nova Vida"




A Sonip entregou a pasta do programa habitacional angolano à Imogestin que se confronta com problemas em gerir as centralidades conforme morador do Nova Vida

Coque Mukuta – Voz da América

O Governo angolano oficializou a saída da Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip) da gestão do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação, responsabilidade que passa para a empresa Imogestin para melhorar a sustentabilidade da operação.

A mudança, anunciada em Julho, deveu-se segundo as autoridades, ao facto de o projecto ter-se confrontado com vários problemas na comercialização de apartamentos, nas novas centralidades construídas pelo Estado.

Contudo, a passagem da gestão do programa para a Imogestin pode não resolver os problemas enfrentados antes pela Sonip. Os moradores do Nova Vida, uma urbanização gerida pelo Imogestin, queixam-se, por exemplo, da falta de estradas asfaltadas.

Um decreto presidencial publicado no final de Dezembro, ao qual a Voz da América teve acesso, cessa oficialmente o papel gestor que a empresa pública Sonangol Imobiliária e Propriedades (Sonip), tinha do Programa Nacional de Urbanismo e Habitação.

A responsabilidade de gestão do programa está agora a cargo da empresa Imogestin. A Imogestin tem como sócios maioritários Isabel dos Santos, e Leopoldino Fragoso do Nascimento, figuras ligadas ao núcleo presidencial angolano.

Segundo alguns moradores da urbanização Nova Vida, construída e gerida pela referida empresa, as ruas da centralidade não estão asfaltadas - " infelizmente passamos muitas dificuldades e a Imogestin não resolve” disse à reportagem da VOA o morador Manuel Mendes. Ele acrescentou que o Nova Vida enfrenta vários outros problemas como o fornecimento de água potável e serviços de saneamento básico.

“No tempo de chuva isso fica mal, e mais, nem mesmo agua potável temos como devíamos” disse.

De recordar que de acordo com o decreto que cessou a responsabilidade da Sonip no programa nacional de urbanismo e habitação, esta empresa do universo da petrolífera estatal Sonangol cessa também o seu envolvimento na área da gestão, construção, venda e transmissão de habitações e activos imobiliários que integram o aquele programa. 

Estas funções são agora da competência da Imogestin. À Sonip foram dados oito dias para proceder à entrega de toda a documentação e informações na sua posse à nova entidade responsável pelo programa. 

À Imogestin caberá agora a responsabilidade de preparar o desenvolvimento dos projectos para as centralidades - cidades com milhares de apartamentos construídas de raiz pelo Estado – como as do Kilamba e de Cacuaco (Luanda).

A Imogestin irá depois anunciar as regras que vão orientar a venda dos apartamentos e das vivendas em fase de conclusão. Por agora estão suspensas as vendas das habitações nas centralidades.

AS PALAVRAS FAZEM O MUNDO



Nuno Ramos de Almeida – jornal i, opinião

Corrupção foi considerada a palavra do ano de 2014 em Portugal. Era bom que democracia fosse a palavra de 2015

Há a ideia de que as palavras se opõem aos actos; que as acções transformam a realidade e que as conversas adiam essa transformação. Nada mais errado. As palavras criam as fronteiras da nossa forma de pensar. Quando as palavras mudam, também mudam os horizontes. Um país de "empreendedores", uma espécie de vendedores ambulantes sem direitos, é um sítio de escravos. Um país que transforma a compensação do trabalho em "direitos adquiridos", supostos privilégios corporativos, é um local onde mandam os especuladores e pagam os cidadãos.

As palavras, ao contrário do que se pensa, não estão gravadas na pedra. O seu significado e avaliação muda ao longo do tempo. Esse significado é um campo de batalha nunca encerrado.

Estudos políticos demonstram que nos anos 70, em França e em Portugal, a palavra "nacionalização" tinha um valor social positivo. Quando, pela primeira vez, François Mitterrand ganhou a presidência francesa, já no início dos anos 80, a palavra já causava pânico nas chamadas classes médias. Conta a revista "Nouvel Observateur" que, logo depois da vitória do candidato socialista, houve uma senhora que acorreu ao banco para levantar o seu dinheiro. Muito afogueada, repetia "Este banco vai ser nacionalizado, este banco vai ser nacionalizado", ao que o caixa retorquiu: "Minha senhora, este banco foi nacionalizado [pelo general De Gaulle] há 30 anos."

A forma como as pessoas entendem as palavras demonstra o seu posicionamento político e ideológico. Desse ponto de vista, é muito interessante que a palavra do ano de 2011 da Porto Editora, votada online, tenha sido "austeridade"; a de 2012 foi "entroikado"; e em 2014 venceu "corrupção". Elas espelham bem a mudança das condições de vida dos portugueses.

Mas estão enganados aqueles que pensam que são apenas as condições de vida que geram as respostas: se é verdade que a humanidade, regra geral, não responde a problemas que não se lhe colocam, é também verdade que condições sociais semelhantes podem não ter a mesma resposta. A vida e a história da humanidade estão sujeitas a escolhas e são produzidas pelos próprios. Por isso, embora seja de admirar, é perfeitamente possível que países que vivem situações sociais com traços idênticos, como a Grécia, Espanha, Irlanda e Portugal, tenham situações políticas muito diversas.

É interessante perceber qual a razão que faz com que em todos esses países, menos em Portugal, os partidos que governaram durante décadas estejam em crise, e aqui vamos continuar alegremente o rotativismo do centrão.

Segundo o professor de Ciência Política Ignacio Sánchez-Cuenca, "há uma dimensão especificamente europeia da crise da política. Um dos problemas principais, se não o principal, é que a pertença à zona euro estreita muitíssimo a margem de manobra dos governos, a qual não pode senão gerar uma enorme frustração na cidadania. Na minha opinião. a impotência dos governos na área do euro é uma das causas de descrédito da política nestes tempos". E, estranhamente, isso também se aplica às respostas políticas à crise: em Portugal, à impotência política dos governos do bloco central, somou-se a impotência política das forças que se lhe opõem. Não basta uma situação social para gerar uma resposta, é necessário um discurso e construir um sentido de acção comum.

Estamos mais de 90% dos portugueses de acordo que é preciso acabar com a corrupção, que é preciso discutir e tornar justas as medidas económicas, e que é fundamental tirar o poder das mãos de uns poucos para criar uma democracia de todos. Infelizmente, a esse consenso social não corresponde a uma força política que o traduza. Não se conseguiu transformar consenso social em prática. Ainda não criámos as palavras necessárias.

Editor-executivo - Escreve à terça-feira

Portugal: Jerónimo defende junto do PS ruptura de esquerda e recusa soluções tipo aspirina




O secretário-geral do PCP acentuou a disponibilidade dos comunistas para uma convergência entre as forças de esquerda

O secretário-geral do PCP defendeu hoje, após uma reunião com a direcção do PS, a necessidade de uma rutura efectiva face às actuais políticas e não apenas em termos de declarações de intenções, criticando soluções tipo aspirina.

Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas após ter estado reunido com uma delegação do PS liderada pelo secretário-geral socialista, António Costa, que decorreu na sede do PCP e que durou mais de uma hora e meia.

O secretário-geral do PCP acentuou a disponibilidade dos comunistas para uma convergência entre as forças de esquerda, mas salientou que essa convergência deve proporcionar uma efectiva ruptura "face às políticas de direita" e não se limitar "apenas a declarações de intenções" com "silêncios comprometedores" face a questões estruturantes como o Tratado Orçamental ou a renegociação da dívida.

Lusa, em jornal i

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