O
Diretor dos Serviços de Tática Operativa dos Bombeiros Humanitários de Bissau,
Luis da Silva, revelou em declarações exclusivas ao semanário O Democrata que
aquela corporação humanitária possui atualmente apenas três viaturas de combate
ao fogo a nível de todo o território nacional. Informou ainda que devido à
limitação de meios materiais e financeiros, os Bombeiros actuam na cidade de
Bissau e nos bairros periféricos da capital.
Uma
equipa de reportagem do jornal “O Democrata” deslocou-se aos serviços dos
Bombeiros para inteirar das condições de trabalho naquela corporação. A nossa
reportagem constatou “in loco” o posicionamento das viaturas no parque, sob o
edifício principal, onde se nota que a maioria das viaturas de combate aos
incêndios está inoperacional.
“O
Democrata” apurou que a situação de falta de meios com que o serviço de
bombeiros se depara pode no futuro minar a capacidade operacional desta
corporação. Segundo informações, os bombeiros estão muito limitados neste
momento devido à falta de meios que os permita combater incêndios sem pôr em
risco as vidas dos seus operacionais.
O diretor de Serviço da Táctica Operativa de Serviço Nacional da Proteção Civil
dos Bombeiros Humanitários de Bissau disse ainda ao nosso jornal que a
capacidade operativa dos Bombeiros é limitada devido à falta de meios
necessários e incapazes de combater incêndios que se registem em materiais
diversos de forma combinada com radiações e libertação de gás tóxico.
Luís
da Silva confessou que os serviços dos Bombeiros da Guiné-Bissau não têm
capacidade de dar resposta para certos tipos de incêndio, porque não têm meios
de proteção para os seus técnicos.
“O
combate ao incêndio ocorrido na Central Elétrica foi duro para o corpo dos
bombeiros, porque o fumo que o fogo libertava era pesado e tóxico. Para
combater incêndios desta natureza é necessário ter meios de proteção como
aparelhos isolantes, circuito aberto, proteção individual e máscaras antigás,
mas não temos tudo isso”, realça.
Neste
sentido, assegura Luís da Silva que para combater incêndios que envolvam
diferentes tipos de produtos, desde os inflamáveis até aos papeis, os homens da
sua corporação arriscam-se utilizando equipamento inapropriado como (roupa
molhada) para se proteger e poder aproximar-se do fogo.
“Na
Guiné-Bissau, é um risco lidar com incêndios desta dimensão. Aliás, a vida de
bombeiro guineense por natureza é de risco, porque não temos meios que os
bombeiros dos outros países têm. Fatos de aproximação de temperatura, aparelho
isolante, circuito aberto, proteção individual e máscaras antigás. Todos esses
materiais permitem que o bombeiro em combate ao incêndio penetre e respire
facilmente através do aparelho isolante e do filtro de gás da máscara”,
explica.
O
responsável pelo serviço de táctica operativa de serviço nacional da proteção
civil dos Bombeiros Humanitários de Bissau nega, no entanto, que a incapacidade
operativa dos bombeiros esteja ligada à falta de recursos humanos ou a
incapacidade técnica dos agentes dos bombeiros, que diz estarem cheios de energia
e de conhecimentos para combater qualquer tipo de incêndio, desde que sejam
disponibilizados os meios.
Afirmou
neste particular que os bombeiros têm apenas três carros de combate ao incêndio
para todo o território nacional; um primeiro chamado carro de reconhecimento
com capacidade para mil e duzentos litros de água, um segundo de três mil
litros de água e um terceiro carro de cinco mil litros de água. Às vezes não
conseguem cobrir incêndios de grandes dimensões, sobretudo quando usam o
“carrinho” de apenas mil e duzentos litros.
“Recorrentemente
os bombeiros são criticados na sua atuação. Ora a população diz que os
bombeiros deslocam-se para combate a incêndios sem água ou vendem água. Dizem
assim, porque desconhecem por completo as capacidades dos carros. Em nenhuma
parte do mundo um carro de bombeiros anda sem água”, nota.
Segundo
Luís da Silva, cada uma das linhas de agulheta 50 utilizada para lançar água
gasta três litros e meio de água por segundo o que significa que em um minuto
terá de gastar duzentos e dez litros de água. E tendo quatro linhas disponíveis
significa que em apenas um minuto e meio o carro fica sem água não por culpa ou
incapacidade dos seus técnicos, mas pela capacidade do carro, que não consegue
levar mais litros para além do seu limite.
Luís
da Silva referiu igualmente que em certas ocasiões os chefes que comandam as
operações são obrigados a fazer preliminarmente um trabalho de base para
determinar a superfície do incêndio, avaliação da situação, tomada de decisões
e cálculo das forças e meios disponíveis para saber se a capacidade da resposta
corresponde ou não à superfície do incêndio e que tipo de ataque será
necessário. Se intensivo (combater apenas o perímetro em chamas de dentro para
fora) ou defensivo (proteger as partes sob ameaça, quando a capacidade de
resposta é limitada).
De acordo com este responsável, neste momento quatro viaturas estão
inoperacionais devido a problemas ligeiros (duas ambulâncias de combate a
incêndios e duas ambulâncias de assistência).
“É
URGENTE ABRIR SERVIÇOS DOS BOMBEIROS NAS REGIÕES E NOS SECTORES”
Um
dos operadores de serviço da táctica operativa explicou à nossa reportagem que
neste momento não estão em condições técnicas e materiais de combater grandes
incêndios. Este homem, um dos que arrisca as suas próprias vidas para salvar
outras, mostrou-se indignado com a situação de “abandono e desprezo” a que os
sucessivos governantes deixaram os Bombeiros de Bissau. Na visão do nosso interlocutor,
é urgente abrir serviços de bombeiros nas regiões do país, bem como nos
sectores, acrescentando que é “é impensável achar que os Bombeiros de Bissau
podem cobrir todo o território nacional”, por isso deve-se começar a pensar na
possibilidade de abrir outros serviços nas regiões.
Sublinhou igualmente que é “irracional” pensar que equipar ou adoptar os
bombeiros de meios e materiais de combate ao incêndio é gastar dinheiro.
Rematou assinalado que os operacionais da corporação que combate o fogo não
podem trabalhar sem meios e materiais que os proteja.
“Se
houver um incêndio de grandes dimensões no país, a única coisa que poderemos
fazer é tentar trabalhar para controla-lo, porque não temos materiais de
trabalho que nos permitam combater o fogo, ou seja, para entrar e tentar apagar
o fogo. Outra coisa é que as nossas viaturas não têm capacidade de levar grande
quantidade de água. Portanto isso também é uma das desvantagens. As autoridades
devem pensar seriamente sobre o que querem, ou melhor, que tipo de serviços
querem que os bombeiros prestem ao país “, exortou o operacional da corporação
humanitária de Bissau
O nosso interlucotor avançou ainda que é urgente mudar o rosto dos Serviços dos
Bombeiros, tendo acrescentado que o executivo deve adotar aquela instituição de
meios de trabalhos necessários.
“Deve-se
arranjar novas viaturas que consigam levar grandes quantidades de água, bem
como comprar equipamentos de combate aos incêndios. É preciso também formar e
reciclar os homens dos bombeiros de acordo com a evolução do mundo. É urgente
abrir serviços dos bombeiros nas regiões e nos sectores, porque é impensável
achar que a corporação de Bissau pode cobrir todo o território nacional”, vincou
o nosso interlucotor, que entretanto, exortou ainda as autoridades no sentido
de priorizar os bombeiros para que não venham a arrepender-se mais tarde.
Filomeno
Sambú – O Democrata (gb)