Os
cérebros financiados pelo centro do poder mundial do sistema capitalista
inventam e divulgam teorias que utilizam os conceitos desenvolvidos por Marx
acerca da evolução dialética da História dos povos, mascarados com uma profusão
de termos teóricos para esquecer o verdadeiro autor e a perspectiva
revolucionária, e apresentam um momento da história como sendo a realidade
global com a sua imagem paralisada e congelada que anula a dinâmica natural do
seu desenvolvimento.
Em
outras palavras, apropriam-se de uma idéia livre, transformando-a no seu
contrário aprisionado como um roubo qualquer, e divulgando através dos órgãos
de estudos universitários e de comunicação social, como "base do
conhecimento formador da consciência e a cultura dos povos". Então consideram
o sistema capitalista como o único possível e a sua crise financeira como uma
fatalidade para toda a humanidade e até a natureza planetária.
Esquecem-se
de que a liberdade real não está sujeita à prisão e que o empobrecimento da
maioria dos cidadãos no mundo tem aumentado o número dos que são marginalizados
dos benefícios sociais do sistema capitalista inclusive o da formação, o que os
liberta também da influência nefasta do modelo de robotização veiculado para
"congelar a dinâmica da evolução dialética da realidade" em que vive.
As
massas trabalhadoras, organizadas em seus movimentos sociais - sindicatos,
associações, grupos e partidos - assumem a condução de uma classe explorada,
marginalizada, despojada do património da sua pátria e dos serviços do Estado
nacional que tem sido vendida a retalho a empresas privadas estrangeiras, a
constituírem um exército em defesa da liberdade humana, dos direitos adquiridos
historicamente pelos trabalhadores e da soberania nacional do seu país, contra
os desmandos de uma elite que se reune a nível internacional no clube dos ricos
para forjar a imagem de uma falsa realidade que lhes permite exercer o poder.
"O
chefe de Estado da Bolívia participou na inauguração da escola Aniceto Arce, na
cidade de Oruro, e recordou que o neoliberalismo, instaurado no país desde
1985, só intensificou a profunda crise e deixou a maioria da população na
pobreza.
"Essas
políticas legaram-nos mais crise econômica, mais pobreza, mais desemprego.
Custaram 20 anos para começar a recuperação do país: as empresas, os serviços
básicos, as escolas, tudo estava privatizado. Em alguns países vizinhos tudo
está privatizado, até o mar", recordou o Presidente Evo Morales."
A
situação a que foram conduzidos os povos europeus pela crise sistémica que
levou as instituições financeiras ao desequilíbrio e que a União Europeia tenta
compensar com a aplicação da austeridade que retira o poder aquisitivo às
camadas sociais mais pobres, levou as nações mais ricas a colonizarem as mais
pobres, assim como permitiu à NATO destruir as sociedades em países ao norte da
África que serviam como zona tampão para permitir o relativo isolamento das
regiões árabes ricas em minérios.
Dessa
situação de empobrecimento, surgiu uma grande massa de emigrantes que foge dos seus
países em busca de sociedades mais livres onde possam sobreviver, uns com
formação profissional que o sistema precisa e pode contratar em países ricos, e
outros marginalizados e famélicos que fogem com suas famílias aos bombardeios,
e caem nas malhas
de traficantes que os transportam ao oceano atlântico para que sejam
"pescados caritativamente" pelos países costeiros como náufragos
miseráveis ou cadáveres. Semelhante a esta situação passam do México pelo
"Muro" dos Estados Unidos os emigrantes latino-americanos, também
sujeitos aos crimes dos traficantes que prestam um serviço ao sistema eliminando
fisicamente os indesejáveis. E em outras partes do mundo capitalista surgem
esquemas semelhantes, como na Indonésia, resultantes dos conflitos tribais ou
religiosos acirrados pelos agentes mercenários do sistema de poder.
Assistimos
ao florescimento de povos que foram capazes de coordenar os movimentos sociais
produzidos pela luta popular no seu desenvolvimento histórico. Assim como foi
possível em Portugal a realização de um momento revolucionário em que criou a
nacionalização dos bancos e das empresas fundamentais ao Estado, implantou a
legislação do trabalho, deu início à Reforma Agrária com capacidade para gerir
os serviços essenciais ao seu desenvolvimento com autonomia, lançou as bases de
um sistema nacional de educação e de saúde pública (que levou o centro imperial
de poder a destacar as suas figuras máximas no cenário político/ policial - o
Secretário de Estado Kissinger e o diretor da CIA Carlucci) para levantar a
direita portuguesa contra- revolucionária), na América Latina surgiu o caminho
contra o neoliberalismo dominante no final do século passado que se difundiu
pelo continente como um rastilho de consciência nacionalista e popular que tem
vencido as pressões do imperialismo em crise.
"Por
meio do método cubano de alfabetização para jovens e adultos intitulado “Sim,
eu posso”, o MST conseguiu zerar o analfabetismo em sete assentamentos da
Bahia. Uma comemoração foi realizada no último sábado (9) na Escola Popular de
Agroecologia e Agrofloresta Egídio Brunetto, no Assentamento Jaci Rocha, e
contou com a participação de mais de 300 famílias. "
Estes
momentos revolucionário da História não podem ser congelados, apesar de poderem
ser retardados pela força militar/criminosa ou pela sobreposição de falsas
expectativas de enriquecimento oferecidas pelo "Clube dos Ricos" que
promovem grandes eventos com a fantasia da liberdade faustosa e do êxito
premiado com milhões e um caminho fácil e cor-de-rosa para os que aceitam a
coleira da "dialética congelada".
*Zillah
Branco - Cientista social, consultora do
Cebrapaz. Tem experiência de vida e trabalho no Brasil, Chile, Portugal e Cabo
Verde.