terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

ACABOU A GREVE DA HISTÓRIA


Vivemos um tempo em que nos querem fazer esquecer o passado e abolir o futuro, a favor de um presente eterno em que dominariam sempre os mesmos. É preciso perceber que a vida que temos não é imutável, pode sempre piorar se não fizermos nada para a mudar para melhor

Nuno Ramos de Almeida – jornal i, opinião

Dizia um amigo meu, citando alguém que não recordo, que a arquitetura é o mijo dos príncipes. Os poderosos pretendem deixar em pedra, que julgam eterna, os marcos do seu poder. Nada dura para sempre, nem a pedra.

“Não construam monumentos que não possam derrubar”, era o aviso de Wilhelm Reich. Mas a arquitetura e o urbanismo são muito mais do que psichés de políticos, eles cristalizam outras relações de força: os bairros pobres são privados de acessos, infraestruturas e serviços públicos; neles, o urbanismo ganha uma feição policial em que as estradas, com uma só entrada e saída, permitem cercos fáceis em operações de detenção e busca. Para além disso, a História parece ter uma enorme predileção por muros: quando o de Berlim caiu, rapidamente se decretou o fim da História. Sem perceber que as fundações do muro derrubado estavam em todos os muros que continuavam por esse mundo fora, quase todos eles a subirem de altura e de extensão.

O momento da queda do socialismo real apareceu como falência da possibilidade de derrube do capitalismo e o estabelecimento de um presente total, feérico, acelerado, que liquidava de uma penada a memória de um passado de lutas, revoluções e ruturas e da existência de um futuro diferente. O fim da União Soviética, que se deve tanto aos seus erros como aos seus inimigos, sepultava a ideia de rutura, mudança e revolução. Fazia-o não porque a revolta dos humilhados e ofendidos deixasse de ter razões, mas porque deixava de ser pensável. A política tornava-se a arte do possível. Os horizontes eram presos numa caixa de ferro. E esse possível era sempre ditado por quem pretendia mandar para sempre. Por isso, o grande problema desta época, citando Fredric Jameson, é que “ninguém considera seriamente possíveis as alternativas ao capitalismo, enquanto a imaginação popular é assombrada pelas visões do futuro ‘colapso da natureza’, da eliminação da vida sobre a Terra. Parece mais fácil imaginar o ‘fim do mundo’ que uma mudança muito mais modesta no modo de produção, como se o capitalismo liberal fosse o ‘real’ que de alguma forma sobreviverá, mesmo na eventualidade de uma catástrofe ecológica global [...] Assim, pode-se afirmar categoricamente a existência de uma ideologia como matriz geradora que regula a relação entre o visível e o invisível, o imaginável e o inimaginável, bem como as mudanças nessa relação”.

Angola. VISITA DE COSTA A LUANDA SÓ DEPOIS DE EDUARDO DOS SANTOS SAIR DO PODER




A acusação a Manuel Vicente obrigará a adiar a visita de Costa até ao próximo ciclo político. Se o MPLA ganhar, Costa fala com João Lourenço

António Costa não irá a Luanda enquanto José Eduardo dos Santos for presidente angolano.

O primeiro-ministro português tinha uma visita a Angola programada para breve, mas fontes próximas do processo garantiram ao i que a ida de Costa a Luanda deverá ser adiada para depois das eleições angolanas deste ano, ou seja, até à reforma política de José Eduardo dos Santos, que é chefe de Estado daquele país há mais de 37 anos.

A acusação a Manuel Vicente tornou-a praticamente impossível de realizar – tendo em conta as críticas que vieram de Luanda – mas a campanha eleitoral em Angola também não era o melhor timing para uma visita.

FOME EM ÁFRICA. 1,4 MILHÕES DE CRIANÇAS PODEM MORRER NOS PRÓXIMOS MESES


A crise alimentar em quatro países de África está a intensificar-se e 20 milhões de pessoas estão em risco

Se a fome em África em 2011 matou 260 mil pessoas, a atual crise está a caminho de se tornar "muito pior", com 20 milhões de vidas em risco.

Um relatório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), divulgado segunda-feira, alertava que perto de 1,4 milhões de crianças podem morrer este ano devido à fome e malnutrição em apenas quatro países: Iémen, Nigéria e Sudão do Sul, por causa da guerra, e Somália, devido à seca.

“O tempo está a esgotar-se para mais de um milhão de crianças, mas podemos salvar muitas vidas”, afirmou, em comunicado, o diretor executivo da UNICEF, Anthony Lake.

No caso da Nigéria, a UNICEF calcula que durante este ano o número de crianças que sofrem de má nutrição aguda chegue às 450 mil, devido aos conflitos armados na região norte do país.

A seca na Somália provocou que 6,2 milhões de pessoas, a metade da população do país, atravesse uma “aguda insegurança alimentar” e teme-se que ao longo do ano cerca de 185.000 menores sofram de má nutrição.

No Sudão do Sul, os conflitos armados e a pobreza do país fizeram com que, atualmente, 270 mil crianças estejam gravemente mal nutridas, enquanto no Iémen as guerras que afetam o país provocaram má nutrição aguda em 462 mil crianças.

"A situação é a pior catástrofe de fome desde que os combates irromperam, há mais de três anos”, alertam, em comunicado os responsáveis do Programa Alimentar Mundial, da UNICEF e da a Organização para a Agricultura e a Alimentação das Nações Unidas.

Visão – Foto: ABDULJABBAR ZEYAD / Reuters 

RÁDIOS REBELDES!


Martinho Júnior, Luanda  

No dia 24 de Fevereiro e 2017 a Embaixada de Cuba deu a conhecer elementos precisos sobre o significado múltiplo dessa data no que diz respeito à memória histórica da luta pela independência, pela soberania e pelo socialismo revolucionário que anima a vida, nos termos salutares da manifesta vitalidade e autenticidade crioula do povo cubano, medida pelos “barómetros” da inteligência revolucionária, do internacionalismo, da solidariedade, da participação das instituições e dos cidadãos e, acima de tudo, para os progressistas de todo o mundo, transmitindo o exemplo digno, humilde e sábio da saga cubana, enquanto inquestionável património ao dispor, como um livro aberto e pulsante, de toda a humanidade.

No dia 24 de Fevereiro ao comemorar as múltiplas memórias que a data nos impõe, Cuba evoca muitos acontecimentos que reflectem essa heroica saga, que a coloca como um farol iluminando toda a humanidade e por isso foi a bem escolhida data para apresentar o seu programa de actividades para este ano, intrinsecamente associada à história e às estórias comuns dos povos angolano e cubano, nesta “trincheira firme da revolução em África” que apesar das imensas e profundas alterações, para muitos Angola não deixou de continuar a ser.

Entre os acontecimentos possíveis lembrar a 24 de Fevereiro, está a data que marca o início da emissão da “Rádio Rebelde” há 58 anos, na efervescência plena da guerrilha revolucionária na Sierra Maestra, algo que toca a todos os membros do MPLA, a todos os angolanos, até por que também houve uma similar, o “Angola Combatente”, emitido durante a longa Luta de Libertação contra o colonialismo a partir de Brazzaville.

SOB FOGO CERRADO, AMÉRICA LATINA RESISTE


Breno Altman – Opera Mundi

O novo ciclo da crise do capitalismo, iniciado em 2008, operou mudanças relevantes no cenário latino-americano e na política dos Estados Unidos para a região.

O encolhimento do mercado internacional, a longa estagnação europeia, a paralisia japonesa e o aumento dos custos de produção na China, entre outros fatores expressivos da mais grave situação de subconsumo desde 1929, determinaram uma progressiva reorientação do Departamento de Estado.

Desde o ataque às torres gêmeas em 2001, a América Latina tinha perdido relevância nos planos de ação da Casa Branca, que se concentraram no Oriente Médio, em uma estratégia para consolidar sua hegemonia sobre a região, abrir novas fronteiras de negócios, ampliar a cabeça de ponte para suas bases militares e controlar fontes de petróleo.

As forças progressistas puderam, então, aproveitar uma janela de oportunidade aberta pelo cruzamento entre o colapso do neoliberalismo nas nações sul-americanas, materializado desde o final dos anos 1990, e o vácuo provocado pelo formidável giro oriental do imperialismo.

Apesar da evidente participação do governo Bush no golpe venezuelano em 2002, entre outros eventos de desestabilização contra administrações progressistas, o fato é que os partidos de esquerda tiveram suficiente margem de manobra para conquistar o comando de diversos Estados nacionais e impulsionar modelos de transição que superavam, em maior ou menor medida, o receituário fixado pelo Consenso de Washington.

CARNAVAL: A FESTA QUE ATRAVESSOU OS SÉCULOS



O Carnaval, cuja origem se perde na imensidão do tempo, é uma das maiores festas populares que ocorre em várias partes do mundo. No Brasil, aculturou-se, ao longo do tempo, e assumiu características genuínas, tendo uma massiva contribuição musical da cultura negra. O desfile das escolas de samba é considerado um dos maiores espetáculos “a céu aberto” do Planeta. A origem do Carnaval  nos remete  à Antiguidade e às suas grandes civilizações.

Originária do latim, a expressão carnis levale, significa “retirar a carne”. O termo  está relacionado ao jejum que deveria ser feito na Quaresma, durante os 40 dias antes da Páscoa, visando ao controle  dos prazeres mundanos. Este foi o mecanismo, do qual a Igreja Católica se utilizou, para controlar a festa pagã. A variação da data do Carnaval em nosso calendário tem ligação direta com a Páscoa  O Papa Gregório XIII, em 1582, transformou o calendário Juliano em Gregoriano, no qual estabeleceu datas móveis quanto ao Carnaval.

Segundo alguns especialistas  sobre o tema, na antiga Babilônia, duas festas podem ter sido a origem do Carnaval. Durante o período, em que ocorriam As Saceias, um prisioneiro substituia a figura do rei, vestindo-se e alimentando-se como um nobre, podendo se relacionar, sexualmente, com as esposas do mesmo. Ao término do tempo festivo, o prisioneiro era chicoteado e, depois, enforcado ou empalado com requintes de crueldade.

O outro rito festivo, na mesma região, ocorria num período que antecedia ao equinócio da primavera quando se comemorava o ano novo naquela região. O ritual se realizava no templo em honra a Marduk, um dos principais deuses mesopotâmicos. Nele, o rei perdia suas indumentárias de poder e era castigado na frente da estátua de Marduk. Essa humilhação, em público, servia para evidenciar a submissão do rei à divindade.  Após esse rito, o rei assumia, novamente, a sua condição hierárquica.

Brasil vive entre a euforia do mercado e a realidade de milhões de desempregados


O Brasil vive mundos paralelos quando o assunto é economia. Enquanto a fila do desemprego aumenta entre os cidadãos comuns, o otimismo tomou os economistas

Heloisa Mendonça, El País – em Carta Maior

O Brasil vive mundos paralelos quando o assunto é economia. Enquanto a fila do desemprego aumenta entre os cidadãos comuns e a paralisação de servidores levou o caos a estados como Espírito Santo, o otimismo tomou os economistas brasileiros. Apesar da profunda recessão que o país vive há dois anos – “a maior desde os anos 30”, como se repetiu exaustivamente, – a divulgação da melhora de alguns indicadores da combalida economia brasileira tem trazido entusiasmo ao que se costuma chamar de ‘mercado’. O preço de algumas commodities, como o minério de ferro, melhorou, a inflação caiu abaixo do teto da meta, e o Congresso aprovou reformas indigestas, como a do teto de gastos no final do ano. Não por acaso, a Bolsa de Valores de São Paulo valorizou mais de 14% desde o início do ano, e o dólar chegou ao patamar de 3,05 reais nesta semana, o menor desde 2015.

Até mesmo a recessão teve seu lado positivo, ao deixar ativos brasileiros mais baratos e atraentes para investidores estrangeiros, tornando a entrada de capital externo recorde no início deste ano. Contribui para a maré de otimismo a certeza de que a Reforma da Previdência vai avançar até o meio do ano. Assim, nas tesourarias dos bancos vê-se uma indisfarçável onda de euforia nos últimos dias. “Os investidores estão confiantes na aprovação das medidas do ajuste e têm convicção que o juros no Brasil vão continuar caindo já que a inflação está em queda livre”, explica Pablo Stipanicic Spyer, diretor de operações da Mirae Asset. Para ele, “o pior ficou para trás”.

Angola. “MPLA ESTÁ A CHANTAGEAR PORTUGAL”


A UNITA classificou hoje como “chantagem e ingerência nos assuntos de Portugal” a reacção do Governo angolano à divulgação da investigação do Ministério Público português ao vice-Presidente, Manuel Vicente.

Aposição do maior partido da oposição em Angola foi expressa hoje, em declarações à agência Lusa, pelo porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, que pediu igualmente “responsabilização” para que Portugal deixe de ser um “santuário financeiro” dos dirigentes angolanos.

“Consideramos excessivas as palavras usadas no comunicado do Ministério das Relações Exteriores de Angola, que configuram chantagem e ingerência nos assuntos internos de um país independente que é Portugal, por sinal amigo de Angola e dos angolanos”, disse o deputado Alcides Sakala.

O Governo angolano classificou na sexta-feira como “inamistosa e despropositada” a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola e alertou que essa acusação ameaça as relações bilaterais.

O Ministério Público português acusou formalmente, há pouco mais de uma semana, entre outros, o vice-Presidente de Angola (e ex-presidente da Sonangol) Manuel Vicente, no âmbito da “Operação Fizz”, relacionada com corrupção e branqueamento de capitais, quando ainda estava na petrolífera estatal.

De acordo ainda com o político da UNITA, para o bem das relações entre os dois estados e dos angolanos, Angola devia permitir que estes processos decorressem para apurar as verdades dos factos.

Angola. ESCRAVATURA ENRIQUECE O MPLA


O MPLA é um partido para satisfazer interesses pessoais e para acumulação de capital. Fundado a 10 de Dezembro de 1956 e no poder desde 11 de Novembro de 1975, teve na sua essência – tal como outros – a luta pela libertação dos povos do jugo colonial.

Foi um objectivo cujos membros fundadores perseguiram com o espírito de nacionalista, de que a nação era mais importante do que qualquer pretensão pessoal. Como hoje se verifica, foi chão que deu uvas.

Actualmente reina no seio do maior partido/estado de Angola uma subversão de interesses e de valores, dado que, a questão política na fundação do MPLA era pré-partidária, estando esta no âmago dos interesses do movimento político, o que desapareceu actualmente nas suas acções.

Há gente em Angola e no MPLA em particular que entende mal a política e socorre-se dela para única satisfação de interesses pessoais que põe em causa o bem-estar dos mais necessitados, os tais que – segundo Agostinho Neto – deveriam estar em primeiro lugar. De facto, ninguém no MPLA quer hoje saber da tese emblemática de Agostinho Neto que, recorde-se, dizia que o importante era resolver os problemas do Povo.

A maior parte dos jovens e até dos mais velhos não conhece a história ideológica do MPLA. Estão no partido só por questões de oportunidade, e isso não é política. É crime de lesa-nação. Isto é desvirtuar a política, isto é tirar os créditos à política no sentido verdadeiro da palavra.

Angola. A FESTA DO POVO


Pereira Dinis

Quando a Nova Marginal de Luanda, na Praia do Bispo, é toda decorada para receber o grande momento do Carnaval, o desfile da classe A, com a participação de 14 grupos de diferentes municípios, distritos e bairros da capital, é hora para recordar tudo quanto o Entrudo já permitiu ao povo angolano mostrar ao mundo.

Mentes mais frescas recordam que a festa tem um passado longo demais para ser resumida num simples texto de jornal. Aproveitamos o ambiente que hoje atinge o clímax na capital com o desfile principal para recordar que o União Operária Kabocomeu foi o primeiro grupo a vencer o Carnaval no pós-independência.

A festa foi retomada em 1978. Agostinho Neto apelou ao povo para retornar às tradições e propôs um motivo para os festejos: a expulsão do exército invasor sul-africano a 27 de Março do ano anterior. Surgiu assim o Carnaval da Vitória. O emblemático grupo do Sambizanga estendeu a fita métrica para mostrar como os angolanos eram enganados pelas autoridades coloniais. Diz-se que se empoleirou na política para vencer. A verdade é que os números da ferramenta se reproduziram nas contas finais e o grupo ganhou o primeiro desfile de Luanda. Tudo aconteceu no largo do Kinaxixi.

Com o passar dos tempos, mudou-se os cenários. O Carnaval desceu para a avenida 4 de Fevereiro, a antiga Marginal de Luanda, e derivou para a Praia do Bispo, onde 14 grupos, entre veteranos e estreantes se apresentam hoje no desfile central do Carnaval de 2017. Todos pretendem contagiar jurados e público para, no fim, poderem cantar vitória.

Parlamento “esconde” Lei que pune traficantes e compradores da caça furtiva em Moçambique


A luta contra a caça ilegal em Moçambique está a registar progressos, centenas de caçadores ilegais têm sido detidos porém não existe um único traficante ou comprador detido porque a Lei de Protecção, Conservação e Uso Sustentável da Diversidade Biológica só prevê penas de prisão maior para aquele que abater sem licença. À pedido das autoridades do Ambiente e da Procuradoria-Geral da República a Lei 16/2014 foi revista pela Assembleia da República, em Novembro passado, passando a punir com cadeia todos envolvidos directa ou indirecta na devastação de qualquer das espécies protegidas da Fauna e Flora. Porém até hoje a Lei Revista e aprovada por aclamação não foi enviada para a promulgação do Presidente Filipe Jacinto Nyusi, permitindo que os traficantes, mandantes e compradores continuem impunes. O ministro da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural pensa que o dispositivo já foi promulgado.

Poucos leitores não se recordarão da maior apreensão de troféus da caça furtiva em Moçambique, em Maio de 2015 um cidadão chinês foi encontrando com 340 pontas de marfim e 65 cornos de rinoceronte numa residência luxuosa na cidade da Matola. Também se lembrarão que os cornos de rinocerontes foram roubados do Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique(PRM), por agentes de diferentes unidades policiais. Os troféus que sobraram foram incinerados publicamente num evento de muito mediatismo nacional e internacional.

Entretanto o cidadão chinês detido com os troféus, identificado pelo nome de Ching Dai, desapareceu. “Andei a perseguir quando é o julgamento, tinha sido marcado para 5 de Novembro e nada, desapareceu o réu e o Tribunal já não responde” revelou ao @Verdade o chefe do Departamento de Fiscalização da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Carlos Lopes Pereira.

Moçambique. Silêncio no esclarecimento de rapto de cidadão português desconforta Lisboa




O jornal Público de Portugal publicou um artigo onde afirma que a demora no esclarecimento do rapto de um cidadão português está a criar mal-estar entre Maputo e Lisboa.

Na edição do último Domingo, o jornal Público escreveu um artigo com o título “Silêncio de Maputo sobre rapto de português gera mal-estar em Lisboa”, no qual diz: “há meses que Portugal se desdobra em pedidos de informação a Maputo sobre o português raptado em Moçambique no verão passado, mas a única resposta que obteve até agora foi o silêncio. Perante o prolongado e insólito mutismo das autoridades moçambicanas, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa enviou, há duas semanas, uma carta ao seu homólogo, o Presidente Filipe Nyusi, para pressionar Maputo e, mais uma vez, pedir informação sobre o desaparecido, um empresário agrícola que há anos trabalha na Beira, no Centro do país. Para espanto de diplomatas e políticos que acompanham o processo, o Presidente Nyusi ainda não respondeu à carta do Chefe de Estado português, mais de duas semanas depois de esta ter sido enviada”, lê-se no jornal.

ARTISTA PLÁSTICO TIBETANO PROIBIDO DE ENTRAR EM MACAU


O artista plástico Tashi Norbu deslocou-se a Macau para participar na iniciativa ontem promovida pela Galeria Iao Hin no Largo do Lilau, mas acabou por ver a sua entrada na RAEM  proibida pelas autoridades locais. A ocorrência foi divulgada pela galeria através de um comunicado onde se lê que o artista “reconhece que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.” O PONTO FINAL contactou a Polícia de Segurança Pública (PSP), que não confirmou, nem desmentiu a recusa da entrada de Norbu no território.

A entrada em Macau do artista de ascendência tibetana Tashi Norbu foi esta fim-de-semana recusada pelas autoridades do território. Depois de ter exposto há um ano na Galeria Iao Hin, o pintor preparava-se para regressar a Macau para tomar parte na iniciativa ontem promovida pelos responsáveis da Iao Hon numa mansão situada no Largo do Lilau e para ministrar posteriormente um workshop de pintura para crianças.

Ao artista plástico não foi dada qualquer explicação para a recusa da sua entrada no território. Norbu reconhece porém, e de  acordo com um comunicado, “que pode ser considerado um pintor controverso em Pequim.”

O pintor, de nacionalidade belga, era um dos convidados de honra da cerimónia de inauguração da Galeria Amber Iao Hin, que decorreu ao início da noite de ontem: “O meu plano era mostrar a minha arte, a minha linguagem e o meio que estudei durante toda a minha vida”, explicou o artista, no sábado, depois de lhe ter sido recusada a entrada no território. “É triste que tenha sido proibido de estar presente e mostrar a minha arte e as minhas capacidades em Macau”, sublinhou.

CASAL PORTUGUÊS PRESO EM TIMOR-LESTE ACUSADO DE FRAUDE DE 860 MIL DÓLARES


Um alegado conluio para defraudar Timor-Leste em 860 mil dólares (cerca de 810 mil euros) é a base da acusação a um casal de portugueses que começou esta terça-feira a ser julgado em Díli pelos crimes de peculato, branqueamento de capitais e falsificação documental.

Segundo o Ministério Público (MP) timorense, Tiago e Fong Fong Guerra terão concertado o alegado desvio dos fundos - provenientes de impostos cobrados a empresas petrolíferas - com o consultor americano Bobby Boyle, atualmente preso nos Estados Unidos.

Jacinta Correia, que lidera o coletivo de juízes do caso, e os juízes Ana Paula Jesus e Eusébio Xavier leram em conjunto a acusação, que só foi deduzida contra os dois portugueses no final do ano passado, 26 meses depois de terem sido detidos e constituídos arguidos.

O Ministério Público considera que os três colaboraram para desviar, através de uma empresa do casal em Macau, os fundos procedentes de impostos devidos ao Estado timorense e pagos por uma empresa petrolífera.

Os dois arguidos preferiram, na fase inicial do julgamento, manter o silêncio, tendo hoje respondido apenas a perguntas do tribunal para confirmar a sua identidade, com o advogado de defesa, Álvaro Rodrigues, a reafirmar à Lusa a confiança na inocência dos arguidos.

Inicialmente a procuradora Angelina Saldanha incluiu Boyle como coarguido, acabando por separar do processo o consultor que em outubro de 2015, foi condenado por um tribunal dos Estados Unidos a seis anos de prisão e a devolver 3,51 milhões de dólares a Timor-Leste.

Portugal. “O DOUTOR PAULO NÚNCIO DEVE MUITO AO PAÍS”


Mariana Mortágua* - Jornal de Notícias, opinião

"Paulo Núncio mostrou uma grande elevação de carácter. E o país deve muito ao doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão fiscal". Para Assunção Cristas este foi o comentário possível à renúncia de Paulo Núncio aos seus cargos no CDS. Para o resto país, a declaração foi incompreensível e até algo ultrajante.

Comecemos pelo carácter elevado de Paulo Núncio.

A notícia da não publicação e não verificação de transferências para offshores é dada pelo "Público" na terça-feira. Nesse dia, Núncio diz que tudo foi verificado. Três dias depois, tendo tido tempo para pensar, resolve acusar os serviços pelas falhas encontradas na publicação. É imediatamente desmentido pelo ex-diretor-geral da Autoridade Tributária. É então, no sábado, que Núncio assume a responsabilidade política pelo caso.

Em suma, Núncio é confrontado com um facto, sacode água do capote, acusa outros e só depois de desmentido em público é que se eleva e assume as culpas. Assunção Cristas saberá o que quis dizer, mas isto parece o oposto da elevação e do carácter.

Vamos agora às dívidas do país para com Paulo Núncio.

Em 2011, o Governo de Passos fez um acordo de troca de informação com a Suíça. Para além disso, agravou as penas para infrações fiscais e alargou o prazo de prescrição de dívidas tributárias. Mas antes que todas estas regras pudessem ter efeito, criou, em 2012, o Regime Extraordinário de Regularização de Dívidas (RERT III), uma amnistia fiscal para que todos legalizassem dinheiro que tinham colocado fora do país sem declarar. Núncio não quis que alguém fosse apanhado de surpresa e Ricardo Salgado agradeceu. Foi um dos clientes do regime que lavou 3400 milhões de euros.

FRANCISCO LOUÇÃ NO BANCO DE PORTUGAL: “UM BOM NEGÓCIO”




Francisco Louçã foi um dos nomes aprovados pelo Conselho de Ministros para integrar o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.

Vital Moreira pronunciou-se, num artigo publicado no blog Causa Nossa, sobre a entrada de Francisco Louçã para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal, deixando no ar a ideia de que terá existido algum oportunismo pelo facto de o Bloco de Esquerda ser aliado do Governo socialista.

“A nomeação de Francisco Louçã para o conselho consultivo do Banco de Portugal mostra que a aliança governativa do BE (e do PCP) com o PS não lhes proporcionou somente as medidas de ‘reversão da austeridade’ acolhidas nos acordos entre as partes, e outras ganhas posteriormente (como a subida extra das pensões), bem como o abandono forçado de uma parte do programa eleitoral do PS”, começou por escrever o constitucionalista.

“Há a assinalar mais duas vantagens associadas à entrada na esfera do poder”, prosseguiu, fazendo não só referência a uma “maior presença nos média (aliás, bem superior à sua representação política) e a uma maior capacidade de agitar no debate público a sua agenda política própria”, como à “tomada de posições nas instituições do Estado (como o Conselho de Estado, o Tribunal Constitucional, o órgão de gestão do Ministério Público, etc.), o que lhes permite potenciar a sua influência política e premiar a sua elite política com cargos oficiais”. A conclusão que Vital Moreira tira é de que se trata de “um bom negócio, portanto”.

Portugal. "Atitude do PCP foi o que mudou tudo" e permitiu "fórmula do PS"




Miguel Sousa Tavares acredita que o entendimento entre PS, Bloco de Esquerda, PCP e PEV tem funcionado melhor do que esperado.

No seu espaço de opinião da SIC, Miguel Sousa Tavares comentou os elogios que têm sido feitos ao acordo do PS com Bloco de Esquerda, PCP e PEV, que os críticos apelidaram de Geringonça.

Sim, posso dizer que francamente superou as expetativas, até agora tem sido uma fórmula de sucesso que nem os próprios integrantes do modelo estavam à espera há um ano atrás”, indicou o comentador.

No entanto, diz Sousa Tavares, é preciso “distinguir a fórmula da substância”. “A substância, ou seja, uma política que não se limita a fazer austeridade, que combate a austeridade e ao mesmo tempo consegue dominar o défice, ou mantê-lo controlado, já foi experimentada na Grécia com o Syriza e foi experimentada, em parte, em Espanha também”, esclareceu.

Portugal. CARNAVAL DE TODOS OS DIAS VAI TER FIM, CONSOANTE A CAÍDA DAS MÁSCARAS




Cavaco igual a Cavaco. Se alguma vez José Sócrates falou verdade aconteceu ontem numa entrevista à TVI. Definiu Cavaco Silva como “pessoa capaz de fazer tudo”. Pois. Disse mais. Isso consta parcialmente do que se segue, o Expresso Curto da lavra de Martim Silva. Que o tipo é vil, mesquinho e etc. Claro, já há muito que aqui dizemos isso. Cavaco está a transbordar de não presta. Ele próprio veio demonstrando isso mesmo ao longo de décadas na política, fora os anos transatos em que foi elemento da tenebrosa PIDE/DGS. Um pide foi, é e será sempre um imenso sacana. E Cavaco foi colaborador da PIDE/DGS – como profusamente nos apercebemos dentro e fora da internete. Até o cartão não escapou à vista dos que o quiseram contemplar. Dali só podia sair um bufo sem escrúpulos. Foi o que foi. É o que é. Cavaco, o marmanjo que apesar da sua negritude continua a comer e beber à custa dos portugueses, a viver à grande e a ser a prova de “quem cabritos vende e cabras não tem de algum lado lhe vem”. Pois.

Prosa demasiada aí atrás sobre o homónimo que já revelou claramente o seu tenebroso e amargo perfil. Vá de retro.

Que é Carnaval, o dia disso. Baah. Então o Carnaval não é todo o ano? Pensem bem e rememorizem o que amiúde se passa na política, na banca, nos gestores, nos dótores que detêm os cordelinhos deste sistema abafante e vígaro a que chamam democracia mas que disso tem cada vez menos. Pois.

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