segunda-feira, 6 de maio de 2019

Portugal | Ainda há futuro para a "geringonça"?


Ana Alexandra Gonçalves* | opinião

Tudo começou com as maiores reservas, profecias apocalípticas e um termo depreciativo: "geringonça". Volvidos quase quatro anos, o balanço era francamente positivo até sexta-feira da semana passada.

A crise criada em torno do descongelamento do tempo integral do tempo de serviço dos professores pode não ter feito as vítimas mais evidentes à direita, como pode ter comprometido o futuro de uma solução política única e exemplar - a "geringonça".

António Costa quis fazer cheque-mate à direita, mas pelo caminho pode estar a fazer cheque-mate junto dos partidos que o apoiaram, sobretudo quando parte para a chantagem das eleições antecipadas, convencido de uma pretensa maioria absoluta que, estou plenamente convencida, nunca chegará.

Depois de Cristas e Rio procurarem salvar o que resta dos tiros nos pés que desferiram, importa também à esquerda o empenho na reflexão sobre o futuro de uma geringonça que podia muito bem repetir-se se Costa não fosse igual a si próprio e procurasse salvar a própria pele, indo desta feita ainda mais longe, apostando na maioria absoluta. Deste modo, ficamos sem saber se resta alguma base para um futuro entendimento quando Costa perceber que a maioria absoluta nunca passou de uma miragem.

*Ana Alexandra Gonçalves | Triunfo da Razão

Portugal | "Mentira", "encenação" e recuo. A crónica de uma breve crise política


Assunção Cristas e Rui Rio foram obrigados a esclarecer, no domingo, qual a sua posição face ao diploma dos professores. A líder do CDS teceu pesadas críticas ao primeiro-ministro, acusando-o de “mentir descaradamente”. Já Rui Rio foi menos forte nos adjetivos, mas não menos assertivo no discurso. Ambos garantiram que chumbarão o diploma se as alterações por si propostas não forem aprovadas.

A crise política que se instalou na passada quinta-feira, após a votação na especialidade na Comissão de Educação que aprovou o descongelamento integral do tempo de carreira dos professores, parece aproximar-se do fim.

Depois de vários dias de troca de acusações entre os líderes dos principais partidos e o primeiro-ministro, eis que Assunção Cristas e Rui Rio decidiram recuar.

Primeiro foi a líder do CDS que, numa carta enviada aos centristas e depois em declarações feitas a partir de Bruxelas, reiterou a “mentira” contada por António Costa que levou a uma “desinformação” de todos os portugueses.

Portugal | Cristas quer "virar o bico ao prego". "É uma aldrabona"


A líder do CDS-PP tem vindo a ser criticada desde que se soube, na quinta-feira, que o partido votou favoravelmente às alterações ao diploma que dita o descongelamento integral da carreira dos professores.

A crise política que se instalou na sexta-feira, depois de António Costa ter ameaçado demitir-se por não concordar com a votação dos restantes partidos perante a lei dos professores, pois iria significar um encargo financeiro incomportável para Portugal, tem dado origem aos mais diversos comentários e críticas.

Para Alfredo Barroso, por exemplo, Assunção Cristas é “hoje uma política malcriada e vulgar, que insiste em insultar constantemente o atual primeiro-ministro António Costa”.

Numa publicação feita na sua página de Facebook, o antigo militante do PS dirigiu à líder centrista pesadas críticas, acusando-a de “contradições que a desqualificam”.

“Claro que votou com o PPD, o BE e o PCP na AR, naquela provocadora e irresponsável votação”, escreveu, garantindo que Cristas o fez “só para tentar enfraquecer e isolar o Governo e o PS”.

No entanto, face às críticas, defende Alfredo Barroso, “resolveu distanciar-se dessa votação, dizendo que, ao votar ao lado daqueles partidos, votou coisa diferente do que aqueles partidos votaram”.

Para o antigo secretário de Estado, Cristas não está mais do que a “tentar virar o bico ao prego”.

“É uma aldrabona. A sua atitude é uma vergonha”, rematou.

Patrícia Martins Carvalho | Notícias ao Minuto

Um alerta sem precedentes: há um milhão de espécies em risco de extinção


Há oito milhões de espécies de animais, plantas e insetos no planeta terra. Um milhão está em risco de desaparecer.

Há um número "sem precedentes" de espécies em risco de extinção: um milhão. O alerta é da Plataforma Intergovernamental de Política Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistémicos (IPBES), num estudo com 145 autores de 50 países.

Pelo menos 680 espécies com coluna vertebral já foram extintas desde 1960 e muitas outras correm o risco de desaparecer próximas décadas".

Uma fraude chamada Felicidade


Com o individualismo, floresceu a happycracia, que transforma a autosatisfação num dever, a ser alcançado apesar das misérias mundanas. Que tal propor, como alternativa, o conflito transformador — sentido essencial da política?

José Durán Rodríguez, em El Salto | Outras Palavras | Tradução: Ricardo Cavalcanti-Schiel | Imagem: Joan Cornellà

No inverno de 2013, a multinacional de refrigerantes Coca-Cola anunciou na Espanha o lançamento de uma página web com mais de 400 estudos sobre felicidade e saúde, que se pretendia como referência no campo das pesquisas sobre bem-estar. O fez por meio do Instituto Coca-Cola da Felicidade, constituído no âmbito da divisão espanhola da companhia, que em 2010 e 2012 já tinha organizado em Madri duas edições de um evento denominado Congresso Internacional da Felicidade.

Entre o artifício publicitário e a produção de uma imagem amigável para a marca, sob o álibi filantrópico de responder ao crescente interesse sobre o tema, a Coca-Cola se juntou a uma agenda global que propõe ser feliz como resposta para todos os males.

Margarita Álvarez é uma das 50 mulheres mais poderosas da Espanha, segundo a revista Forbes, e também foi incluída na lista das 100 mulheres mais influentes do país em 2016, na categoria das executivas, elaborada pelo portal Mujeres&Cia [Nota do Tradutor: algo como a versão espanhola exclusivamente feminina da revista Você S.A.]. Álvarez criou e presidiu o Instituto Coca-Cola da Felicidade entre janeiro de 2008 e março de 2011. Ela acaba de publicar Desconstruindo a felicidade, um livro cujo propósito, conforme se lê na nota de imprensa divulgada pela editora Alienta [N. do T.: em português, “Encoraja”], é “ajudar a você a averiguar se a felicidade realmente existe e, se existe, determinar onde pode encontrá-la”.

OIT: o trabalho no futuro


Manuel Carvalho da Silva | Jornal de Notícias | opinião

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), cuja criação em 2019 constituiu "o contrato social universal mais ambicioso da história", encarregou uma comissão mundial - tem como copresidentes Stefan Lofven, primeiro-ministro da Suécia, e Ciryl Ramaphosa, presidente da África do Sul - de elaborar um relatório sobre o futuro do trabalho.

Este relatório, "Trabalhar para um futuro melhor", deverá inspirar os debates da 108.ª sessão da Conferência Internacional do Trabalho e deve constituir o ancoradouro da previsível Declaração do Centenário. Foram convidados a estar presente os chefes de Estado e de Governo. O seu conteúdo, de caráter institucional reformista, ancora-se numa observação profunda da sociedade, sem determinismos bacocos ou sujeições ao mainstream, como acontece com muitos "estudos científicos" que hoje nos são disponibilizados.

Por que razão um relatório de tão profundo conteúdo não merece espaço nos nossos órgãos de comunicação, quando vemos qualquer estudo com conclusões requentadas sobre a Segurança Social, o trabalho, a saúde, a proteção social ou o ensino merecer horas de discussão, desde que venha carregado de alarmismos que atrofiem o futuro das pessoas?

Interpelação ao Sr. Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau, Bacari Biai

Abdulai Keita* | opinião

O Sr. Procurador-Geral da República da Guiné-Bissau (PGR), Bacari Biai, ousa ainda afirmar através do escrito neste artigo cá comentado (Cif., http://www.odemo cratagb.com/?p=20444; acessado, 03.05.2019), neste nosso país e ao público, no caso da “OPERAÇÃO ARROZ DO POVO”; pelo todo o já dito, tido e visto “in louco” até aqui neste assunto;

O Sr. PGR ainda ousa afirmar portanto neste assunto, de que, cito: “quando a Policia Judiciaria tem conhecimento de qualquer prática de crime, deve elaborar uma participação, indicando os crimes e comunicar imediatamente ao ministério público, sob pena de nulidade do ato praticado”. Fim da citação.

Evidentemente, sem se questionar sobre a veracidade, ou não, a 100%, desta sua afirmação, pode-se legitimamente proceder a esta seguinte INTERPELAÇÃO ao Sr. PGR, Bacari Biai.

Ora com efeito, quando o Ministério Público (MP) de um país como o nosso, toma conhecimento de qualquer prática, tendo-se revelado com todas as evidências e efeitos ser um ato de crime;

e o MP vai dormir, não investiga nada e nem manda investigar ou nem finge investigar nada!;

e logo então, ao contrário desta atitude e comportamento do MP, quando, por sua vez, a Polícia Judiciaria (PJ) começa investigar com todo o empenho, determinação e seriedade, e num momento qualquer da sua ação no caso, os responsáveis do MP se metem a fazer tudo, para obstruir nas claras tudo, em vez de se solidarizarem com esses seus homólogos;

qual o qualificativo pode e/ou deve ser atribuído a esta atitude e comportamento, Sr. PGR, Bacari Biai?

CEDEAO pede “urgência” na formação do novo Governo na Guiné-Bissau


A CEDEAO pede aos atores guineenses diálogo construtivo, para colocarem os interesses da Guiné-Bissau em primeiro lugar e muita urgência na nomeação do primeiro-ministro e formação do Governo.

Cinquenta dias depois da realização das eleições legislativas foi preciso a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) enviar à Bissau, nesta terça-feira (30.04.) uma missão para pressionar os atores políticos a ultrapassar com "urgência” as divergências no Parlamento, nomear rapidamente o novo primeiro-ministro e empossar o novo Governo. Um ato que cidadãos guineenses descrevem nas redes sociais como vergonhoso para a soberania da Guiné-Bissau.

Na declaração, Jean-Claude Kassi Brou, porta-voz da delegação refere que a CEDEAO insiste que os "grupos parlamentares devem  finalizar com urgência a constituição da mesa da Assembleia Nacional de acordo com os votos expressos pelo povo" nas legislativas de 10 de março.

Angola | Há cada vez mais crianças envolvidas em crimes


São muitos os crimes nos quais estão envolvidos menores. A entrada de inimputáveis para as práticas ilegais pode começar em casa, mas, na maioria dos casos, os grupos abrem-lhes as portas. Nos registos do Serviço de Investigação Criminal, os nomes de “gangs” continuam a aumentar.

No município do Cazenga, os mais famosos são os “PM”, “APG” e “Caso Porra”. No Rangel, os “Mini Capucho”, “Mini Mais Dois” e os “Pica na Veia”. No Sambizanga, estão os “De Toque” e os “To de Buzz”. Os “B4” e os “Black Stars” são os mais conhecidos no Rocha Pinto e Catintom. Até a Centralidade do Sequele não escapa. Lá estão “Os DFN”. Há ainda grupos em outros lugares. São os casos dos “Tira Rabão”, “Trombeta”, “Os 58”, os “Da Légua”, os “11 de Novembro”, os “Terroristas”, os “Quentes de Pausa”, os “Mini Kapucho”, os “Mini Maia” e os “K.K”, que actuam na Terra Nova, Rangel, Marçal e Sambizanga. Os grupos têm menos de 15 anos nas suas fileiras.

São 19h30 de domingo, 21 de Abril. Quatro jovens pertencentes aos “De Rasta” estão a caminho do bairro Patrício, no Cazenga. Munidos de facas, garrafas, catanas e paus, vão ao encontro dos “De Kota”. Todos têm entre oito e 15 anos. O encontro resulta numa batalha campal. A Polícia acorre ao local. Mas já é tarde para salvar Joaquim Garrafa, 15 anos, estudante, supostamente integrante dos “De Kota”.

Angola | Combate à fome no sul do país ganha força na agenda do Governo?


Presidente angolano visitou duas das três províncias angolanas assoladas pela seca e pela fome. No Namibe e no Cunene, João Lourenço constatou a situação da população. Governos provinciais anunciaram investimentos.

A visita do Chefe de Estado angolano ao sul do país começou na província do Namibe. Na localidade do Coroca, município do Tômbwa, João Lourenço foi elucidado sobre a situação das mais de três mil famílias e várias cabeças de gado afetadas pela seca e pela fome. "A situação da seca aqui é preocupante, não chove há três anos. E as pessoas estão a deslocarem-se para outras regiões", disse à imprensa estatal o soba António Mbeiapé.

"Números arrepiantes"

A província do Cunene, na região sul de Angola, é a mais afetada pela seca e pela fome. Em fevereiro deste ano, o Governo local decretou mesmo "estado de calamidade" devido à seca.

Os números apresentados, esta sexta-feira (03.05), ao chefe de Estado angolano, não deixam dúvidas: "são arrepiantes". "Até 30 de abril, foram afetadas 175 mil famílias que perfazem 880 mil pessoas e 488 mil escolas, nas quais estão matriculados 91.917 alunos. 

FRELIMO adia veredicto sobre Samora Machel Júnior


Surgimento de novos factos ditaram adiamento fez saber o partido no poder em Moçambique, que esteve reunido, este fim de semana, na Matola. FRELIMO voltou a distanciar-se dos casos de corrupção.

Reunido desde sexta-feira (03.05), na Matola, o Comité Central da FRELIMO decidiu, a pedido do Comité de Verificação do Partido, adiar o desfecho do caso Samora Machel Júnior, alegadamente devido ao surgimento de novos factos. Mas, não deverá ser tomada nenhuma decisão sobre o caso antes das próximas eleições gerais, agendadas para 15 de outubro.

Um quadro da FRELIMO disse à Lusa que o tema será debatido na próxima reunião do Comité Central, que se vai realizar após as eleições. 

Samora Machel Júnior está a ser acusado de violar os estatutos do partido, depois de ter tentado concorrer nas últimas eleições autárquicas na cidade de Maputo como cabeça de lista da AJUDEM (Associação para o Desenvolvimento Juvenil de Moçambique).

O filho do primeiro Presidente de Moçambique nega a acusação, afirmando que aceitou o convite da AJUDEM por ter sido excluído do processo pelo partido sem nenhuma explicação.

Grupo armado ataca aldeia no norte de Moçambique


Um novo ataque a uma aldeia do distrito de Macomia obrigou à paragem preventiva da ação humanitária nas imediações, de acordo com diferentes fontes na província de Cabo Delgado, atingida pelo ciclone Kenneth.

Um residente, membro de uma organização não-governamental (ONG) moçambicana, relatou à agência Lusa que o ataque aconteceu na manhã deste sábado (04.05) nas comunidades de Nacata, Ntapuala e Banga Velha, referindo que um professor que circulava de mota foi morto e três pessoas foram queimadas.

Entretanto, fonte ligada às operações humanitárias disse à Lusa que o ataque aconteceu na noite de sexta-feira (03.05), sem confirmar a existência de vítimas e acrescentando que foi visada uma aldeia isolada no mato e respetivos aldeões - como já acontece há um ano e meio na região - sem afetar qualquer missão humanitária das que estão no terreno.

Segundo disse, o caso levou a uma paragem preventiva das operações de ajuda à população pós-ciclone Kenneth naquela zona do distrito de Macomia, mas estas devem ser retomadas "em breve" depois de realizada uma avaliação por uma equipa de segurança que se deslocou ao local.

As operações humanitárias no resto da província de Cabo Delgado continuam a decorrer, nomeadamente ao longo da costa e também nas ilhas Quirimbas. 

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