quarta-feira, 28 de agosto de 2019

ONU prevê o fim do capitalismo fóssil


Estudo aponta que necessidade de substituir matriz energética deverá romper com sistema que conhecemos, de energia barata. Estado precisará assumir as rédeas do mercado e priorizar bem estar coletivo contra consumo desvairado

Mar Pichel, na BBC Brasil | em Outras Palavras

É um grande alerta a governos e economistas: estamos em meio a uma transformação do modelo econômico cujo pano de fundo é o esgotamento dos recursos e as mudanças climáticas. De alguma maneira, estamos assistindo ao fim do capitalismo como o conhecemos.

Essa é a conclusão de um grupo de especialistas finlandeses em um estudo pedido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para contextualizar seu relatório mundial sobre desenvolvimento sustentável.

“O capitalismo como o conhecemos depende de energia barata. E esse é o motor ou facilitador do crescimento que vimos nos últimos 100, 150 ou 200 anos, basicamente”, explica o economista Paavo Järvensivu, integrante do centro de pesquisas finlandês BIOS e um dos autores do estudo, à BBC News Mundo.

Agora, diz ele, estamos entrando em outra etapa. “A era da energia barata está chegando ao fim, e, se não tivermos essa energia barata, já não poderemos ter esse tipo de capitalismo.”

Guiné-Bissau | A polémica em torno da revisão dos cadernos eleitorais


Preparação das presidenciais continua a gerar muita polémica na Guiné-Bissau, com contestações dos partidos à iniciativa do governo de realizar algumas correções nos cadernos eleitorais.

A polémica gira à volta das correções às omissões constatadas pelo Governo e os partidos políticos, nos cadernos eleitorais. Em março último, um pouco mais de 25 mil eleitores), apesar de terem sido recenseados, não puderam votar nas eleições legislativas, porque os seus nomes não constaram nos cadernos eleitorais.

Agora, a iniciativa das correções dos cadernos, visa, segundo as autoridades, identificar os cidadãos em causa, resolver a situação, com a inclusão dos seus nomes nos cadernos e permitir que possam votar nas presidenciais marcadas para novembro próximo.

Mas, a iniciativa não é do agrado aos partidos da oposição, que já falam da preparação de uma série de fraudes eleitorais. Até a Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), um dos integrantes do executivo e uma das formações políticas que suporta o atual Governo no Parlamento, também está contra as correções das omissões.

ARDE ANGOLA I -- Martinho Júnior

“O camaleão vai atrás da borboleta, permanece camuflado por muito tempo, para depois avançar lenta e gentilmente: primeiro coloca uma perna, depois outra. Por fim, quando menos se espera, ele lança o dardo de sua língua e a borboleta desaparece – a Inglaterra é o camaleão e eu sou a borboleta” – Rei Lobengula – http://pagina--um.blogspot.com/2010/10/globalizacao-o-camaleao-voraz-que.html


… De há mais de quinze anos que mantenho a tónica de necessidade de implementar os conceitos inerentes à lógica com sentido de vida, tendo todos os sentidos por dentro dos fenómenos que afectam África e sobretudo Angola, enquanto alvos dilectos das políticas elitistas e neoliberais-neocoloniais!
A barbárie que tem avançado sobre África e sobre Angola em nome do lucro e não em nome da vida, está a provocar o pior dos cenários:
… Depois A SECA E OS CENÁRIOS DA MISÉRIA E DA FOME… (https://www.youtube.com/watch?v=L3mFgN_sGXU).


Há dez anos publiquei no Página Um uma sequência de oportunas intervenções sobre a deriva em direcção ao abraço do controlo elitista de conceitos climático-ambientais e geoestratégicos que tinham tudo a ver com a interpretação numa lógica com sentido de vida e não com o lucro propiciado pelos “mercados” de contingência, muito menos o lucro derivado de interesses, processos e conveniências neoliberais…

Essa intenção se alguma vez acabasse por ser levada avante, visava determinar Angola ao conhecimento, ao controlo e à gestão da região central das grandes nascentes numa perspectiva de geoestratégia para um desenvolvimento sustentável e a gestação duma cultura de inteligência patriótica, mas é óbvio que inteligências dominantes têm constituído até hoje não só inultrapassáveis aliciantes que já levam três décadas desde o seu surgimento, mas também capazes de integrar meios que Angola está muito longe de possuir, ou mesmo de por si ter acesso… o que aumenta a dependência angolana, numa escala inimaginável, em relação aos expedientes elitistas anglo-saxónicos que abordam os fenómenos naturais em toda a região, incentivados pelo poder do “loby” dos minerais e sobretudo pelo cartel dos diamantes! (http://paginaglobal.blogspot.pt/2016/01/geoestrategia-para-um-desenvolvimento.html).

ONG apelam ao combate à seca no sul de Angola


O Governo angolano ainda não decretou o estado de emergência para fazer face à seca no sul de Angola. As ajudas são poucas e a seca continua a afetar severamente as populações locais.

A seca no sul de Angola tem piorado, sendo os meses de julho, agosto e setembro os mais quentes nesta região. O Governo não declarou o estado de emergência e organizações não-governamentais (ONG) no terreno apelam a uma ação imediata das autoridades competentes.

Este é um problema que já tem muitos anos e milhares de famílias são afetadas pela fome e falta de recursos. A ajuda tem chegado aos poucos, mas não é suficiente.
Fome, mortes e fuga de pessoas

Há muitas necessidades urgentes para as populações que vivem nas províncias mais a sul de Angola. A agricultura não consegue gerar os recursos necessários e isso afeta a alimentação.

O padre Pio Jacinto Wacussanga, da Associação Construindo Comunidades, diz que a questão alimentar é uma prioridade, e que o Governo devia definir uma cesta básica alimentar, para beneficiar todos os afetados pela seca e pela fome.

"A primeira coisa imediata para mudar a situação é definir muito bem o direito à alimentação adequada. É necessário que o Estado, do ponto de vista da legislação, [preveja] por exemplo sistemas de alimentação para poder prover as famílias afetadas", afirma.

Angola | "Comparar fogos em África aos da Amazónia é nonsense"


O ministro angolano da Comunicação Social, João Melo, afirmou que comparar as queimadas em vários países africanos do centro-sul, como Angola, com os fogos da Amazónia "é nonsense", admitindo, no entanto, o problema.

Na sua conta do Twitter, de domingo (25.08), o ministro fez alusão a um artigo da agência Bloomberg, que se baseava em fotos da NASA, a agência espacial norte-americana, e punha Angola no topo mundial em número de fogos, considerando que a comparação não faz sentido.

"O artigo atribuído à Bloomberg afirmando, com base em fotos da NASA, que há mais fogos em Angola, Congo e outros países do centro-sul de África do que na Amazónia é um completo nonsense. Como comparar queimadas, tradicionais nesta região, com o incêndio da maior floresta do mundo?", escreveu João Melo.

Notas para Reflexão Nacional – Quo vadis São Tomé e Príncipe


Diógenes Pires Amaral* | Téla Nón | opinião

São Tomé e Príncipe, actualmente encontra se mergulhado numa profunda crise de múltiplas facetas económica, política, social, moral, cultural…

Há semanas esteve reunido o Conselho de Estado, órgãos de consulta do Chefe de Estado. Pelo o que foi dado a conhecer ao público através da imprensa, o Conselho constatou que, duma maneira geral, as instituições da República Democrática de São Tomé e Príncipe funcionam com múltiplas deficiências graves. Os órgãos de soberania estão de costas viradas.

A necessária interação que deveria existir entre os mesmos vem sendo substituída por confronto público de competência e militância. O sistema institucional santomense corre, por conseguinte, o risco de perder credibilidade, portanto a legitimidade.

Os partidos políticos, os mais importantes pilares do sistema democrático, carecem de reformas profundas, ainda não estão preparados para garantir um funcionamento adequado do sistema democrático.

As oposições no interior dos partidos vão-se extremando e conflitualizando cada vez mais. A concertação vai perdendo valor enquanto instrumento que facilita o esbater das diferenças. Cada interesse prefere permanecer autêntico, específico, e não deixa espaço para a interpenetração e apaziguamento.

Como pilares imprescindíveis do sistema, os partidos políticos devem ser sujeitos a reformas periódicas, não devem continuar a ser utilizados como instrumentos descartáveis ao serviço de agendas pessoais, pondo em risco a estabilidade do sistema.

Moçambique | Ameaças de Mariano Nhongo: “Esta é uma matéria de Estado”-- RENAMO


Mariano Nhongo prometeu segunda-feira (26.08) inviabilizar a realização das eleições de 15 de outubro, via ataques armados. Para a RENAMO esta “é uma matéria de Estado que deve garantir a defesa e tranquilidade do país”.

Vinte e quatros horas depois do presidente da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, Mariano Nhongo ter ameaçado em entrevista à DW África inviabilizar a realização das eleições gerais de 15 de outubro, em Moçambique, a Resistência Nacional Moçambicana [RENAMO], através do seu porta-voz, José Manteigas diz que esta ameaça configura um crime.

Para Manteigas, esta "é uma matéria de Estado (…) é o Estado que tem que garantir a defesa e tranquilidade do país”. O político nega que o líder da RENAMO, Ossufo Momade não tenha sido eleito pelos militares, afirmando que "estes estão representados nos órgãos internos da RENAMO”.

O porta-voz da Perdiz apela a autoproclamada "Junta Militar” a não recorrer à força das armas para viabilizar as suas reivindicações.

DW África: Em entrevista exclusiva à DW África, esta segunda-feira (26.08), o presidente da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, Mariano Nhongo prometeu inviabilizar a realização das eleições gerais, porque o partido de que diz ser líder "supostamente” foi excluído do processo eleitoral. Como lidar com esta situação de ter-se um partido com dois líderes?

José Manteigas (JM): A RENAMO reconhecida no ordenamento jurídico moçambicano como partido político é esta liderada por Ossufo Momade. Agora, se Mariano Nhongo não vai permitir a realização das eleições, isso não é o nosso posicionamento. Nós vamos concorrer em todos os círculos eleitorais do país, quer nas presidenciais, assim como, para as assembleias provinciais. Este é o desafio que temos pela frente, por isso sempre dissemos que estamos focados nas eleições.

Moçambique | "Não haverá eleições se o Governo não negociar connosco”

Mariano Nhogo - à esquerda
Ameaça Mariano Nhongo

O líder da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO” ameaça inviabilizar a realização das eleições de 15 de outubro, se o executivo não negociar com seu grupo a implementação do DDR, e acusa o Governo de enganar o povo.

Em entrevista exclusiva à DW África, esta segunda-feira (26.08), Nhongo voltou acusar o líder da RENAMO, Ossufo Momade de ser um homem infiltrado no seio do maior partido da oposição moçambicana, acrescentando que "a RENAMO são os militares. Nós nunca vamos aceitar Ossufo candidatar-se às eleições pela RENAMO”.

Por outro lado, o presidente da autoproclamada "Junta Militar da RENAMO”, garante que continua disposto a negociar com o Governo sobre o DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração].

DW África: O senhor Mariano Nhongo sempre disse que quer negociar com o Governo a implementação do DDR. Já iniciou os contactos para isso?

Mariano Nhongo (MN): Não. Ainda vou reunir-me com os deputados da RENAMO, no Parlamento moçambicano, para criarmos uma comissão que vai iniciar os contactos com o Governo.

DW África: Quando é que será esta reunião com os deputados? E quem são eles?

MN: Ainda hoje (26.08) falei com eles, mas não está definida a data. Você quer saber quem são os deputados? Não conhece os deputados da RENAMO no Parlamento? São estes mesmo com quem vou me reunir.

Moçambique | Casos de corrupção demoram a ser julgados


Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Nampula manifesta preocupação com a morosidade da Justiça em julgar processos de corrupção. Tribunal Judicial da Província diz que problema tem a ver com a falta de juízes.

Cresce a pilha de casos de corrupção por julgar na província moçambicana de Nampula, no norte de Moçambique. A Justiça tem demorado a escoar os processos e o Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Nampula mostra-se impaciente.

No ano passado, só 16 dos 119 processos por corrupção foram a julgamento, segundo o gabinete ligado ao Ministério Público. Este ano, já terá havido uma melhoria: dos 54 processos encaminhados ao tribunal, 31 foram a julgamento. Ainda assim, é preciso acelerar o ritmo, segundo Fredy Jamal, procurador e porta-voz do Gabinete Provincial de Combate à Corrupção de Nampula.

"Naquilo que é o combate à corrupção em termos processuais, fazendo uma comparação em relação a 2018-2019, é importante realçar que o gabinete não está satisfeito em relação aos números de processos julgados em 2019, mas não deixamos de dizer que houve uma subida de processos julgados que já nos dá algum alento", afirmou em entrevista à DW África.

Fredy Jamal defende que se estabeleçam metas em relação a casos de corrupção. "Não estamos a dizer que o tribunal devia criar secções de combate à corrupção, mas se tivéssemos metas de julgamentos desse tipo de crime poderia equilibrar aquilo que é o esforço que o Ministério Público faz e aquilo que o judicial faz, porque este combate não é só do gabinete", disse.

Timor-Leste | Jornalista da Lusa condecorado destaca cobertura da agência


Díli, 27 ago 2019 (Lusa) - O jornalista da Lusa António Sampaio, que esteve destacado em Timor-Leste durante o referendo que garantiu a independência do território da Indonésia, será condecorado com a Ordem de Timor-Leste no próximo dia 30 de agosto.

Para o jornalista, a cobertura dada pela Lusa ao referendo foi "o cimentar da presença em Timor-Leste da agência".

"A Lusa acompanhava há muitos anos a situação de Timor e decidiu, desde esse momento, que ia ter uma presença permanente. A Lusa nunca mais saiu de Timor, desde 1999", disse o jornalista, acrescentando que a agência tem uma delegação no país que foi inaugurada em 2002", explicou o jornalista, por telefone, a partir de Díli.

António Sampaio, agora com 47 anos, foi um dos vários jornalistas da agência destacados para acompanhar o processo que viria a dar a independência a Timor-Leste, com o referendo de 30 de agosto de 1999, que esta semana cumpre vinte anos.

O jornalista chegara a Timor-Leste em março desse ano, meses depois da queda do ex-Presidente da Indonésia, Suharto, e semanas depois de o então chefe de Estado indonésio, o Presidente Jusuf Habibie, mostrar abertura para um referendo.

"Quando há aquele anúncio de 27 de janeiro de 1999, do Presidente Habibie, de que os timorenses poderiam fazer um referendo, isso fez acelerar as coisas", afirmou Sampaio.

Entre as várias situações vividas pelo jornalista em Timor-Leste durante o primeiro período em que lá esteve a trabalhar, destacou o 05 de maio de 1999, data em que os então chefes de diplomacia de Portugal e da Indonésia - Jaime Gama e Ali Alatas, respetivamente - assinaram um acordo sob os auspícios do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que permitiu a realização do referendo.

"Estar em Díli no 05 de maio foi o primeiro de vários momentos importantes de poder acompanhar", explicou, acrescentando: "Depois o ano foi um corrupio de momentos de grande excitação, de grande emoção, de grande alegria, mas marcados também por momentos de grande violência, de grandes massacres".

Estes momentos, contou, "colocaram os jornalistas a serem obrigados, muitas vezes, a tentarem manter-se frios perante um conflito em que os mortos eram dados com nome e apelido".

"O conflito era um conflito que nós conhecíamos bem, que a Lusa conhecia bem, mas estar a vivê-lo aqui [em Timor-Leste], com esta proximidade, num momento de grande carga emotiva, colocou desafios adicionais ao que foi uma situação que em momentos foi muito complicada", disse o agora delegado da agência.

Para o jornalista, 1999 foi "um ano de excessos", tendo destacado a "rapidez com que tudo aconteceu".

"Passava-se de um momento de grande emoção e de grande alegria nas ruas para momentos de grande medo e de grande intensidade. Acho que isso é que caracterizou 1999, sendo que o culminar dessa onda de subida e descida de emoção é entre o dia 30 [de agosto, dia do referendo] e 04 de setembro", apontou António Sampaio.

O atual delegado da Lusa em Timor-Leste reconhece que "havia sempre uma intimidação aos jornalistas", e que estes "eram sempre rodeados, havia sempre uma ameaça latente", mas que nunca fora intimidado ou ameaçado de forma direta.

Ainda assim, a ação das forças paramilitares pró-indonésias de Timor-Leste, apoiadas e financiadas pelos militares e soldados indonésios condicionou a ação de vários jornalistas.

"No dia 05 de setembro -- seis dias depois do referendo - nós temos de sair [do Hotel Mahkota, atual Hotel Timor] há uma confusão muito grande sobre se íamos ou não ter avião (...) só tivemos voo às 19:00 e somos obrigados a embarcar em camiões militares a meio da manhã, para ir para o aeroporto de Díli. Umas horas depois soubemos que o hotel tinha sido destruído, inclusive o quarto 209, que foi a primeira redação da Lusa em Timor-Leste", declarou António Sampaio.

Agora, vinte anos depois, o jornalista refere que "mesmo que Timor tenha, mediaticamente, desaparecido do foco da atenção em Portugal, a Lusa continua a distribuir informação sobre Timor diariamente, e eu acho que isso é algo de que a agência se deve honrar".

Sobre a condecoração que vai receber do Estado timorense, António Sampaio diz sentir-se honrado.

"É um sinal de reconhecimento. Tanto tempo depois, o Estado timorense ainda estar a reconhecer pessoas que, à sua maneira, deram algum apoio a contar o que se estava a passar aqui", concluiu.

António Sampaio manteve-se como correspondente e, mais tarde, como delegado da Lusa em Timor-Leste até 2004. Viria a regressar por três vezes, de forma pontual, ao país, até 2015, quando, após passagens por Genebra e Madrid, retomou o cargo de delegado da Lusa no país, que ainda hoje ocupa.

Criada em 2009, a Ordem de Timor-Leste pretende "com prestígio e dignidade, demonstrar o reconhecimento de Timor-Leste por aqueles, nacionais e estrangeiros, que na sua atividade profissional, social ou mesmo num ato espontâneo de heroicidade ou altruísmo, tenham contribuído significativamente em benefício de Timor-Leste, dos timorenses ou da humanidade".

As condecorações vão ser entregues nas cerimónias oficiais dos 20 anos do referendo no recinto de Tasi Tolo, a leste de Díli, local onde a 20 de maio 2002 foi formalmente restaurada a independência de Timor-Leste.

JYO // JPF

Na foto: António Sampaio / TATOLI

Timor-Leste | País é caso de sucesso apesar de desafios que permanecem -- Ramos-Horta


Díli, 27 ago 2019 (Lusa) -- O Nobel da Paz José Ramos-Horta disse hoje que Timor-Leste continua no topo dos casos de sucesso das Nações Unidas, com um ambiente de paz e tolerância, ainda que continue a haver grandes desafios em áreas como saúde, educação e agricultura.

"Num mundo conturbado, de tanta instabilidade e tanta insegurança, violência, intolerância, Timor continuar a ser um caso de sucesso para  a ONU", afirmou o ex-Presidente da República e Nobel da Paz.

"O país está em paz, há zero violência política, total tolerância e inclusão em relação a religiões, etnias, nacionalidades que vivem aqui. Não há a mais pequena onda de violência como acontece em muitos países", sublinhou.

Ramos-Horta falava à margem da cerimónia de abertura do novo Centro de Direitos Humanos da Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL), projeto financiado pela União Europeia e quando o país se prepara para as celebrações dos 20 anos do referendo em que Timor-Leste escolheu a independência.

As comemorações terão em Timor-Leste várias delegações internacionais, com o país a ser visitado por individualidades de todo o mundo que estiveram, no passado, ligados à questão de Timor-Leste.

Telegramas diplomáticos mostram ação dos EUA para sucesso da INTERFET em Timor-Leste


António Sampaio, da agência Lusa

Díli, 28 ago 2019 (Lusa) - A intervenção dos Estados Unidos marcou a vinda para Timor-Leste da força internacional INTERFET em setembro de 1999 tendo o Governo norte-americano ordenado a Jacarta que travasse ações contra os militares internacionais, segundo documentos secretos.

As referências fazem parte de mais de 600 telegramas desclassificados pelos Estados Unidos -- ainda que com secções secretas -- referentes ao período entre o entre final de 1998 e o início da presidência do líder indonésio Abdurrahman Wahid, em 2000, a que a Lusa teve acesso.

Um dos documentos, de 30 de setembro, 10 dias depois do começo da missão da INTERFET em Timor-Leste, detalha o encontro do então secretário de Defesa norte-americano, William S. Cohen, com o então comandante das forças indonésias, o general Wiranto.

Esse documento da embaixada dos Estados Unidos em Jacarta, nota que Cohen disse a Wiranto que os Estados Unidos estavam empenhados numa Indonésia "estável, prospera e unida", mas que "os eventos em Timor-Leste tinham tornado isso impossível sem uma correção significativa do lado indonésio".

"Nenhum grau de alegadas irregularidades eleitorais pode justificar a onda de violência que eclodiu em Timor-Leste. O apoio das TNI (forças indonésias) às milícias era evidentemente aparente e totalmente inaceitável", refere o texto, que sumariza as declarações de Cohen.

Promotores de consulta sobre sufrágio universal em Macau ameaçados -- pró-democracia


Macau, China, 26 ago 2019 (Lusa) - A Associação Novo Macau denunciou hoje ataques informáticos à consulta pública sobre sufrágio universal e ameaças à equipa que promoveu a iniciativa.

A consulta pública, que recolheu um total de 5.698 votos, que deveria decorrer de 11 de agosto até domingo passado, foi cancelada um dia antes porque os organizadores entenderam que as ameaças iriam piorar e que podiam "representar um risco para a segurança" dos promotores, indicou o movimento pró-democracia em comunicado.

Desde 14 de agosto, as equipas de rua que promoviam o inquérito "foram interrompidos, insultados ou até atacados fisicamente por pessoas desconhecidas", acusou a Associação Novo Macau, acrescentando que comunicou o caso às autoridades.

"No dia 22 de agosto, a Associação Novo Macau recebeu informações específicas indicando que a situação acima (descrita) provavelmente se intensificaria, o que poderia representar um risco para a segurança"

A Associação Novo Macau denunciou ainda que a página 'online' para a consulta pública foi "alvo de ataques cibernéticos", provenientes principalmente da China continental.

No entanto, apontou o comunicado, "os ataques não ameaçaram o bom funcionamento do servidor", nem a segurança e integridade dos dados dos votos.

Os Britânicos e a «revolução colorida» em Hong Kong


Desde a transferência da soberania do Império Britânico para a República Popular da China, Hong Kong é —com Macau— uma das duas Regiões Administrativas Especiais da China. Conforme aos acordos de 1997, Pequim instalou a democracia ocidental em Hong Kong, que jamais a conhecera antes. Pela primeira vez, o Parlamento foi eleito pela população.

No entanto, se a retrocessão de Hong Kong à China marcou uma melhoria nas condições de vida da população, esta permaneceu culturalmente mais britânica do que chinesa. O que não deixa de espantar os visitantes.

As atuais manifestações massivas devem primeiro ser entendidas como o reconhecimento da impossibilidade cultural de unificação chinesa. Elas são estimuladas pelo Reino Unido. Assim, vimos o elemento mais saliente das manifestações, o Movimento para a Independência de Hong Kong, brandindo a antiga bandeira colonial. O mesmo fenômeno havia já sido observado na Líbia e na Síria, onde o Conselho Nacional de Transição adotou a bandeira do rei Idriss e o Exército Sírio Livre a do Mandato Francês.

Voltaire.net.org | Tradução Alva


Aliança anglófona é permanente e quer dominar todo o mundo -- nota PG

Para além de nas manifestações contestatárias em Hong Kong se constatar a insistência de exibirem a antiga bandeira colonial britânica, também a bandeira dos EUA faz parte da mesma exibição e é vista frequentemente empunhada por manifestantes. 

Entretanto, sabe-se que o NED, a agência norte-americana que tem fomentado as "revoluções coloridas" - tirando proveitos em prejuízo das populações -, também está presente no fomento da desestabilização de Hong Kong, a própria China já o declarou publicamente e possui provas do afirmado.

As políticas do ocidente, dominadas pelas potências da anglofonia, principalmente EUA, Reino Unido e Austrália, são comuns naquele tipo de desestabilização, consequentemente existem imensos os países que presentemente continuam instáveis, com povos a sofrer existências miseráveis, dominados pela conhecida aliança anglófona. Afinal o objetivo principal, o país visado, é a China, o desenvolvimento e o progresso que ele representa.

Não é de excluir que Macau surja como outro ponto para o fomento de desestabilização pelas "artes" da aliança anglófona, aliás, as tentativas e algumas operações de desestabilização já são reais, não tendo sido conseguidas até agora as dimensões pretendidas na concreta desestabilização da própria China. Mas vão tentando e já são visíveis no terreno.

Redação PG

Líder de Hong Kong encontrou-se com jovens para diálogo mas recusou exigências


Hong Kong, China, 27 ago 2019 (Lusa) - A líder de Hong Kong disse hoje que se encontrou com um grupo de jovens, depois de na semana passada ter dito estar a criar uma plataforma de diálogo com a sociedade, mas voltou a rejeitar as exigências dos manifestantes.

"Não é uma questão de não responder", mas de "não aceitar essas exigências", disse Carrie Lam em conferência de imprensa no Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong, antes da reunião semanal com o seu conselho executivo.

Na segunda-feira, a Chefe do executivo e os secretários da educação e assuntos internos estiveram reunidos com cerca de 20 pessoas, a maioria entre os 20 e 30 anos, sem ligações partidárias conhecidas, segundo o Jornal South China Morning Post.

Esta reunião, à porta fechada e sem aviso prévio, aconteceu dois meses depois de os sindicatos de estudantes universitários terem rejeitado a oferta de Lam para um diálogo.

De acordo com o mesmo jornal, que cita fontes que estiveram na reunião, alguns participantes disseram a Lam que não era necessário que satisfizesse todas as exigências de uma só vez: a retirada definitiva das emendas à lei da extradição, a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial, a demissão da chefe do Governo, Carrie Lam, e sufrágio universal nas eleições para chefe do Executivo e para o Conselho Legislativo (parlamento local).

Subitamente o ocidente já não consegue derrubar "regimes"

Andre Vltchek [*]

Costumava ser feito regularmente e funcionava: O ocidente identificava um país como seu inimigo, desencadeava sua propaganda profissional contra ele, a seguir administrava uma série de sanções, esfaimando e assassinando crianças, idosos e outros grupos vulneráveis. 

Se o país não entrasse em colapso num prazo de meses, ou num par de anos, começaria o bombardeamento. E a nação, totalmente abalada, em sofrimento e em desordem entraria em colapso como um castelo de cartas, antes de as primeiras botas da NATO pisassem seu terreno.

Tais cenários foram reencenados, múltiplas vezes, desde a Jugoslávia até ao Iraque.

Mas subitamente algo significativo aconteceu. Este horrendo desrespeito à lei, este caos, cessou; foi travado.

O ocidente continua a utilizar as mesmas tácticas, mantém-se a aterrorizar países independentes, a assustar os povos, da derrubar o que ele define como "regime", mas o seu poder monstruosamente destrutivo subitamente tornou-se ineficaz.

Ele ataca e a nação atacada treme, chora, sangra, mas mantém-se de pé, orgulhosamente erecta.

Vivemos um grande momento da história da humanidade. O imperialismo ainda não foi derrotado, mas está a perder seu domínio mundial de poder.

Agora temos de entender claramente o "porque", de modo a que possamos continuar nossa luta com ainda maior determinação, com ainda maior eficácia.

Acima de tudo, agora sabemos que o ocidente não pode combater. Ele pode gastar triliões em "defesa", pode construir bombas nucleares, "mísseis inteligentes" e aviões de guerra estratégicos. Mas é demasiado covarde, demasiado mimado para arriscar as vidas dos seus soldados. Ele ou mata remotamente ou através de utilização de mercenários regionais. Sempre que se torna evidente a necessidade das suas tropas, ele recua. 

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