terça-feira, 5 de novembro de 2019

Propaganda e Pós-verdade


Thierry Meyssan*

Desde há 18 anos, debatemos a estranha evolução dos média que parecem dar cada vez menos valor aos factos. Atribuímos este fenómeno à sua democratização através das redes sociais. Isto acontecerá porque como agora um zé-qualquer pode improvisar-se jornalista a qualidade da informação teria afundado. Conviria, pois, reservar às elites o direito de falar. Mas, e se fosse exactamente o contrário? Se a censura que se verifica não fosse a resposta ao fenómeno, mas antes a sua continuidade?

Propaganda

Nos sistemas políticos onde o Poder tem necessidade de participação do Povo, a propaganda tem por objectivo fazer aderir o maior número a uma ideologia em particular e em mobilizá-lo para a aplicar.

Os métodos utilizados para convencer são os mesmos quer se esteja de boa ou má fé. Entretanto, no século XX, o uso da mentira e da repetição, a eliminação de pontos de vista diferentes, e a militância no seio de organizações de massas foram primeiro teorizadas pelo deputado britânico Charles Masterman, pelo jornalista norte-americano George Creel e principalmente pelo ministro alemão Joseph Goebbels com as consequências devastadoras que se conhecem [1]. Foi por isso que, na sequência de duas Guerras Mundiais, a Assembleia Geral das Nações Unidas adoptou três resoluções condenando o uso da mentira deliberada nos média (mídia-br) para suscitar a guerra, instando os Estados-Membros a velar pela livre circulação de ideias, única prevenção para a intoxicação [2].

Embora as técnicas de propaganda tenham sido aperfeiçoadas no decorrer dos últimos 75 anos e sejam utilizadas sistematicamente em todos os conflitos internacionais, elas dão progressivamente lugar a novas técnicas de manipulação em países em paz: já não se trata mais de fazer aderir o público a uma ideologia e de o fazer agir ao serviço do Poder, mas, pelo contrário, de o dissuadir de intervir, de o paralisar.

Esta estratégia corresponde a uma organização dita «democrática» da sociedade, onde o público dispõe de uma capacidade de sanção do Poder, o que raramente acontecia antes.

Ela expandiu-se, desde há 18 anos, com a «Guerra contra o Terrorismo». Inúmeros foram os intelectuais que sublinharam o absurdo desta expressão : o terrorismo não é um inimigo, é uma táctica militar. Ora, não seria possível travar a guerra contra a guerra. Mesmo que não o tenhamos compreendido à época, a invenção desta expressão paradoxal visava instituir a era da pós-verdade.

A suposta morte do líder do Estado Islâmico – perguntas que permanecem


Strategic Culture Foundation [*]

O Ministério da Defesa da Rússia declarou esta semana não haver qualquer evidência confiável de que Abu Bakr al-Baghdadi, líder do grupo terrorista do Estado Islâmico (EI), tenha sido morto no norte da Síria no fim de semana passado, supostamente numa ousada operação militar dos EUA.

O presidente dos EUA, Donald Trump, gabou-se domingo passado de que Forças Especiais Americanas invadiram uma base na província de Idlib, o que supostamente teria levado à morte de al-Baghdadi numa explosão suicida. O Pentágono disse que outras seis pessoas teriam sido mortas na operação. Além disso, dois dos filhos de al-Baghdadi teriam sido mortos quando o líder do EI fez-se explodir no momento em que se aproximavam as tropas americanas, segundo a dramática narrativa de Trump acerca do evento.

Curiosamente, Trump agradeceu à Rússia por sua ajuda na logística da realização do ataque.

No entanto, o porta-voz do Ministério da Defesa russo, major-general Igor Konashenkov, afirmou posteriormente que a Rússia não esteve envolvida no referido ataque, como alegou Trump. Ele disse que de acordo com os dados russos de voos não houve quaisquer ataques aéreos nos EUA nas proximidades do local declarado. O porta-voz foi mais longe e observou que havia dúvidas sobre se a missão de assassinato realmente teve lugar do modo que Washington afirma publicamente.

Outra anomalia no relato oficial dos EUA é que a base onde Al-Baghdadi supostamente estaria escondido é um local conhecido por ser a fortaleza de outro afiliado da Al-Qaeda que é inimigo jurado dos jihadistas rivais pertencentes ao Estado Islâmico. Então por que e como o líder do EI foi capaz de manter uma base cercada por jihadistas inimigos?

Brasil | Seiscentos dias sem Marielle


Sabiam de sua potência: não a suportaram. Agora, escondem-se, furtam provas, tentam apagar o rastro que deixaram. Será inútil. Seu corpo político é emblema das lutas e iras que sepultarão os patifes e construirão uma democracia real

Áurea Carolina | Outras Palavras | Imagem: Matheus Pereira

Enfim chegará o momento
em que teu sofrimento não será em vão
E mãos desatadas de ti apartadas
em ti se reencontrarão
Olha o povo na rua
Olha o som da vitória
Olha a voz da memória
nas quebradas da Maré

Maré, canção de André Mussalém

Nos últimos dias, com o aparecimento de novos fatos relacionados à execução política da vereadora Marielle Franco, ficou ainda mais evidente o quanto esse crime que abalou o Brasil tem produzido efeitos decisivos sobre o momento histórico que estamos atravessando. Conforme noticiado pela imprensa, as investigações sobre o caso chegaram a um possível envolvimento da família Bolsonaro com os assassinos, em uma trama que desencadeou imediatamente reações desesperadas do presidente da República, do ministro da Justiça e do procurador-geral da República, entre outros atores bolsonaristas, que trataram de desqualificar a denúncia sem que houvesse uma conclusão definitiva do processo investigatório.

Independentemente dos desdobramentos que se seguirão e da verdade sobre os fatos, a morte premeditada de Marielle e, por consequência, do seu motorista Anderson Gomes, é um marco que sintetiza a fermentação de profundos abalos na estrutura da sociedade brasileira. Presenciamos um cenário em transformação. Forças conservadoras e autoritárias se debatem raivosas, mas também atualizam formas mais racionais e organizadas de infiltração na vida cotidiana. As esquerdas convencionais têm pouca capacidade demonstrada, até o momento, de coordenar esforços e promover ações de base para retomar a democracia institucional. Emergem experiências inovadoras de feição antissistêmica a partir das lutas feministas, antirracistas, LGBTI, indígenas, entre outras, por condições dignas de existência.

O símbolo de Marielle interpela tudo isso. Detratores da memória de Marielle insistem, sem sucesso, em negar a sua extraordinária projeção política. Espalham mentiras, tentam abafar o caso como se fosse mais um número para as estatísticas de violência, querem esvaziar a pergunta insuportável para eles – quem mandou matar Marielle? – com a pergunta estúpida de quem teria mandado um homem em sofrimento psíquico dar uma facada em Bolsonaro.

O “Outubro Vermelho” e a esclerose brasileira


Ainda que a velha mídia feche os olhos, o tabuleiro da América Latina foi sacudido. Todas as forças políticas refazem seus cálculos. O futuro está de novo aberto. Os impasses que se armam em Buenos Aires, Santiago e Brasília serão decisivos

José Luís Fiori | Outras Palavras

“Por qué protestan? Es por la desigualdad económica.
Y los bajos salários. También por la baja o nula movilidad social
y la falta de un futuro mejor para los jóvenes.
Es por los servicios públicos infames.
Y por la globalización y la pérdida de puestos de trabajo…”

Moisés Naim, El País, 27 de outubro de 2019

Desta vez tudo passou muito rápido. Como se, em apenas uma noite, a América Latina tivesse dormido de direita e acordado de esquerda. Depois da avassaladora vitória de Lopez Obrador no México, em 2018, em apenas um mês, outubro de 2019, as forças progressistas venceram as eleições presidenciais na Bolívia, Uruguai e Argentina, elegeram um jovem economista de esquerda para o governo de Buenos Aires e ganharam as eleições na Colômbia, para o governo de suas principais cidades, como Bogotá e Medellín. E quase simultaneamente, uma sucessão de revoltas populares derrubou ou colocou de joelhos os governos direitistas de Haiti e Honduras, impondo pesadas derrotas aos presidentes de direita, do Equador e do Chile.

Muitos analistas se surpreenderam com essa sequência de derrotas da direita, como se fosse inesperada, um verdadeiro raio em céu azul. Mas isto não é verdade, sobretudo nos casos iminentes da rebelião do povo chileno e da derrota de Mauricio Macri na Argentina. No caso do Chile, já tinha havido uma gigantesca manifestação de mais de um milhão de pessoas, em 1988, pelo fim da ditadura do General Pinochet, acossada pelo fracasso de uma economia que havia crescido apenas 1,6%, em média, durante os 15 anos da ditadura militar, deixando como herança um desemprego de 18%, e 45% da população abaixo da linha da pobreza.

Logo depois da redemocratização do país, a partir de 2006, sucederam-se grandes mobilizações estudantis contra a privatização e os altos custos da educação, da saúde, da água e do saneamento básico, que haviam sido privatizados durante a ditadura e permaneceram privados depois da redemocratização. Numa mobilização quase contínua, que alcançou uma extraordinária vitória em janeiro de 2018, com a aprovação pelo Congresso Nacional chileno de um novo sistema de educação universitária, universal e gratuita, tanto pública quanto privada. E foi na esteira dessas manifestações que a população chilena voltou a sair às ruas neste mês de outubro, contra uma sociedade que apesar do seu “equilíbrio macroeconômico”, segue sendo a mais desigual dentre todos os países da OCDE, com a concentração de 33% da riqueza nacional nas mãos de apenas 1% da população chilena. E contra os sistemas de saúde, água e serviços básicos que seguem privatizados e com custos exorbitantes; e contra um sistema de previdência privada que entrega aos aposentados apenas 33% do seu salário ativo. Num quadro de descontentamento que já prenuncia a derrota provável das forças de direita nas eleições presidenciais chilenas de 2021.

Até quando o bloqueio contra Cuba?


Mercedes Martínez Valdês* | Diário de Notícias | opinião

Há um conhecimento limitado da história e do alcance das ações do governo dos Estados Unidos contra a Revolução Cubana.

Tem sido sessenta anos de uma guerra económica extensiva e intensa, meticulosamente conduzida contra um pequeno país pela mais poderosa superpotência económica e militar que já existiu. Provocar a asfixia da economia, levar o povo ao desespero e impulsionar a rebelião contra o sistema sociopolítico construído desde 1959, é um objetivo atual e real contra Cuba.

Tem sido sessenta anos de uma guerra económica extensiva e intensa, meticulosamente conduzida contra um pequeno país pela mais poderosa superpotência económica e militar que já existiu. Provocar a asfixia da economia, levar o povo ao desespero e impulsionar a rebelião contra o sistema sociopolítico construído desde 1959, é um objetivo atual e real contra Cuba.

As estruturas do governo e do Congresso dos Estados Unidos desenvolveram para isso uma complexa rede de proibições, sanções e agressões contra Cuba que impossibilitam medir as suas consequências em termos humanos e que hoje atinge US $ 922 bilhões em danos quantificáveis. Esse cerco genocida constitui o principal obstáculo ao desenvolvimento da nação do Caribe e ao exercício normal das suas relações económicas, comerciais e financeiras com países terceiros.

A atual administração dos Estados Unidos deixou para trás o que fingia ser uma abordagem coerente de aproximação a Cuba. Sem ter em consideração a opinião pública dos Estados Unidos e dos próprios cubano-americanos, amplamente favoráveis aos laços com seu país de origem, pelo menos 187 medidas foram tomadas desde junho de 2017 contra a intenção de construir um relacionamento baseado no respeito à igualdade e soberania dos Estados. Uma taxa surpreendente de duas medidas por mês que teve como principal referência a aplicação integral da Lei Helms-Burton (Libertad Act / 1996).

Portugal | Cofina mais Media Capital - novos e perigosos tempos


Não estamos aqui perante um mero negócio, ou uma simples questão económica. A comunicação social, nunca é demais sublinhá-lo, funciona como o principal alimento das formas de pensar e de agir.

Fernando Correia | AbrilAbril | opinião

A eventual compra da Media Capital, proprietária da TVI, pela Cofina, comandada por Paulo Fernandes, dona do Correio da Manhã e da CMTV, constituirá uma gravíssima alteração na já de si altamente preocupante situação da propriedade dos media em Portugal, caracterizada pela concentração num reduzido número de grupos económicos ligados ao grande capital, com larga participação da banca.

Não estamos aqui perante um mero negócio, ou uma simples questão económica. A comunicação social, nunca é demais sublinhá-lo, funciona como o principal alimento das formas de pensar e de agir, independentemente, em muitos casos, dos níveis de educação e cultura, até por vezes de presumidos níveis de politização.

E deve cada vez mais ter-se em conta que a influência ideológica dos media, potenciada pelas novas tecnologias da informação e da comunicação (também elas manobradas, e de que maneira, pelos interesses do grande capital) assume um papel muitas vezes subestimado ou mesmo interessadamente esquecido.

O novo conglomerado

O campo de actividades do novo conglomerado não se limita estritamente à comunicação e à informação propriamente ditas. Vejamos os principais activos em causa.

Media Capital:

TVI, TVI24, TVI Ficção, TVI Reality, TVI África, TVI Internacional, Rádio Comercial, M80, Rádio Cidade, Smooth FM, Vodafone FM, www.maisfutebol.iol.pt, iol.pt, Plural Entertainment (produtora, nomeadamente, de telenovelas), Empresa de Meios Audiovisuais, Empresa Portuguesa de Cenários.

Cofina:

CMTV, Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios, Destak, Sábado, Máxima, TV Guia, mundouniversitario.pt, www.flash.pt, passatempos.xl.pt. E também a VASP-distribuição de Publicações, SA (33,33%), pertencendo os outros dois terços, em partes iguais, a dois grandes grupos do sector – a Impresa (de Francisco Balsemão) e a Global (dos chineses – de Macau – da KNJ).

A VASP dedica-se a «distribuir e comercializar publicações jornalísticas e editoriais, mediação de jogos sociais da Santa Casa da Misericórdia, comercialização e distribuição de produtos de saúde e farmacêuticos, prestação de todos os serviços de pagamento permitidos por Lei às instituições de pagamento, distribuição, comercialização e fornecimento de outros bens e serviços», e ainda ao «exercício de qualquer outra actividade comercial ou industrial de qualquer natureza».

Segundo noticiou há semanas o Jornal Económico (JE), «o grupo que nascer da fusão entre a Cofina e a Media Capital será o principal player nos media em Portugal, com um volume de negócios anual combinado superior a 270 milhões de euros (contra 170 milhões da Impresa, dona da SIC e do Expresso) e presença em todos os segmentos: imprensa diária generalista, económica e desportiva, revistas, televisão, rádio e produção de conteúdos de ficção e entretenimento».

Web Summit-Lisboa | Privacidade. "O modelo de negócio é o abuso" - Snowden


Edward Snowden, delator do esquema de vigilância de larga escala da NSA, abriu o palco da Web Summit, numa conversa a partir da Rússia.

Os dados não são inofensivos, não são abstratos, quando se fala de pessoas. Não são os dados que estão a ser explorados, são as pessoas", garante Edward Snowden, a voz que denuncia o esquema de vigilância de larga escala, desenvolvido pela CIA e NSA.

Numa conversa com James Ball, do Bureau of Investigative Journalism, Snowden recordou as motivações que o levaram a denunciar as entidades do próprio país, em 2013. "Imagine, que trabalha na CIA, segue as regras sempre. Eu era um totó, nunca fumei um charro, era um chato. A minha família tinha trabalhado para o governo e eu ia fazer o mesmo". Até ao dia em que Snowden precisou de contar a "verdade ao mundo". "Imaginem que descobriam que tudo o que a sua agência fazia, que todos os vossos colegas faziam, ia contra aquilo que estava no juramento".

"Para mim, a resposta era clara. Acredito que o público tem direito a saber a verdade". "Estavam a vigiar as pessoas já num sentido de prospeção, era aquilo a que chamei a vigilância permanente. Faziam isto de qualquer forma, mesmo que as pessoas não tivessem feito nada e ninguém com poder fazia alguma coisa, porque podia ser proveitoso."

Portugal | A praga das comissões bancárias


Mariana Mortágua* | Jornal de Notícias | opinião

A edição de ontem do "Jornal de Notícias" trazia-nos os números do Banco de Portugal para as comissões bancárias cobradas no país: 40 mil milhões de euros desde 2007, o equivalente a 8,8 milhões de euros por dia.

Estes dados vêm acrescentar uma visão de conjunto à realidade com que tantas pessoas já se confrontaram: são as comissões pelo débito da prestação do crédito à habitação, por uma declaração de não dívida ou por uma operação através do MB Way, fora o que custa manter uma simples conta à ordem com um cartão associado. Ter uma conta num banco é uma despesa - e a Caixa Geral de Depósitos não é exceção.

As razões para esta praga de comissões são conhecidas. Desde a crise financeira que a Europa está em dificuldades económicas. Como os estados estão, na prática, proibidos de investir nas economias, o Banco Central Europeu tentou cumprir sozinho a função de estimular a atividade económica, baixando as taxas de juro até ao ponto em que estão negativas. A compressão das taxas de juro retirou uma fonte de rentabilidade aos bancos, que procuram agora sustentar os seus lucros aumentando as comissões.

Esta não é a única consequência da má política económica a nível europeu. Entre outras coisas, a aposta nos juros negativos favorece o apetite pelos investimentos financeiros mais arriscados (e com maior retorno), com impactos negativos ao nível da estabilidade financeira. A recuperação económica precisa de outras formas de estímulo, que vêm do salário, do emprego e do investimento produtivo.

No imediato, cabe-nos travar a expropriação financeira levada a cabo sob a forma de comissões bancárias. Aqui ficam quatro ideias que o Bloco levará ao Parlamento: melhorar os serviços mínimos bancários, para criar um pacote de serviços garantidos, acessíveis a qualquer pessoa, com comissões controladas; proibir comissões absurdas que não correspondem a qualquer serviço; acabar com as comissões unilaterais cobradas pelo serviço MB Way; criar um livro de obrigações de serviço público para a CGD no que diz respeito à cobrança de comissões. Nesta, como em qualquer outra matéria, a indignação não basta. É preciso proposta e vontade política.

*Deputada do BE

CHINA - EUA | Acordo sino-americano em Macau?


“O bom menino pode levar um doce, o menino malandro não leva nada”

A imprensa norte-americana avançou ontem (3.11) que a China terá sugerido Macau como palco para a assinatura de um acordo comercial interino com os Estados Unidos da América. Ao PONTO FINAL, Larry So disse que seria uma prenda para “o menino bom” que é Macau. Albano Martins indicou que a escolha de Macau podia ser vista como um aviso para aquilo que os EUA têm a perder com as concessionárias americanas.

Na tarde de ontem (3.11), a estação norte-americana Fox Business avançou com a notícia de que Pequim teria sugerido que a assinatura de um acordo comercial interino sino-americano fosse feita em Macau. Para o politólogo Larry So, isto é uma “prenda” para Macau que serve para dar um sinal a Hong Kong e Taiwan. Ming Sing, sociólogo de Hong Kong, refere que “qualquer tentativa de substituir Hong Kong por Macau, em termos de estatuto de centro financeiro, é muito improvável que seja bem-sucedida”. Já o economista Albano Martins diz que não é provável que o encontro aconteça em Macau, mas acrescenta que, se vier a acontecer, pode ser uma maneira de mostrar a Donald Trump aquilo que as concessionárias americanas têm a perder na falta de um acordo comercial. 

A informação de que Macau poderia vir a servir de palco para a assinatura de um acordo comercial preliminar entre os EUA e a China surge na sequência da desistência, por parte do Chile, de receber o Fórum de Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC) devido à recente vaga de protestos no país sul-americano. Assim, a Fox Business noticiou que Pequim terá sugerido Macau para a assinatura do acordo que iria acontecer à margem do APEC, entre Donald Trump e Xi Jinping. A notícia não foi confirmada por fontes oficiais e o jornal estatal chinês Economic Daily indicou que a possibilidade é apenas “especulação infundada”. Segundo o South China Morning Post, responsáveis dos dois países vão ter uma reunião via telefónica hoje, para definir os detalhes do futuro encontro.

Macau | “A liberdade de expressão, aqui na UMAC, existe, mas não é suficiente”


Johnson Chi vai carregar nos ombros a responsabilidade de dar voz aos alunos da Universidade de Macau. Foi eleito presidente da associação de estudantes da instituição e, a partir de Janeiro, vai tentar fazer com que os jovens que representa tenham uma plataforma para discutir ideias. Ao PONTO FINAL, diz compreender o aumento da segurança no campus, refere que a liberdade de expressão “não é suficiente” e hesita ao falar de Hong Kong.

Tem 21 anos, frequenta o último ano do curso de Engenharia Electrotécnica e de Computadores na Universidade de Macau (UMAC) e foi eleito na semana passada presidente da University of Macau Students Union, a associação que representa os alunos da instituição, numa eleição em que foi candidato único. Em declarações ao PONTO FINAL, Johnson Chi admite que a liberdade de expressão na UMAC “não é suficiente” e diz que vai trabalhar para aumentar a capacidade de os alunos se expressarem livremente. Como? “Pode ser através de uma caixa de sugestões”. Sobre os protestos na região vizinha, o jovem, que toma posse como presidente da associação em Janeiro, afirma: “O que está a acontecer em Hong Kong deve ser resolvido pelas pessoas que lá vivem”.

Em visitas anteriores ao campus da UMAC, alguns alunos confidenciaram ao PONTO FINAL que tinham receio de expressar as suas opiniões em público. Ainda assim, não foi essa a principal razão para que Johnson Chi se tivesse candidatado à presidência da associação. A razão da candidatura prende-se com os regulamentos das associações da universidade: “A primeira razão é porque quero melhorar o sistema actual do nosso campus, especialmente no que toca às sub-organizações”. “Clubes de escola”, exemplifica, através de Nazaré Alva, futura vice-presidente da associação, que vai fazendo a tradução da conversa.

A liberdade de expressão vem a seguir aos regulamentos administrativos no ‘ranking’ de prioridades de Johnson Chi. Para o estudante, “a liberdade de expressão, aqui na UMAC, existe, mas não é suficiente”. “Não é suficiente porque a maioria dos estudantes que tem opiniões ou sugestões relativamente à escola, aos cursos, ao ambiente ou à política não tem oportunidade de a expressar”, diz, deixando uma garantia: “Vou tentar o meu melhor para permitir que os alunos tenham liberdade de expressão suficiente”.

Governo de Hong Kong vê palavras de Presidente chinês como "voto de confiança"


Hong Kong, China, 05 nov 2019 (Lusa) - O Governo de Hong Kong considerou hoje como um "voto de confiança" o apoio manifestado pelo Presidente chinês, Xi Jinping, à chefe do Executivo da região semiautónoma chinesa, Carrie Lam.

"O facto de ele [Presidente chinês] estar tão ocupado e ter encontrado tempo para falar com Lam é, realmente, um voto de confiança em nós mesmos", declarou o secretário para a Administração de Hong Kong, Matthew Cheung.

Em conferência de imprensa, o mesmo responsável disse que Pequim dá grande importância a Hong Kong.

Xi "tem um alto grau de confiança na chefe do Executivo e no trabalho do atual Governo e da equipa política. Isso é bastante tranquilizador para nós", acrescentou Matthew Cheung.

De acordo com os órgãos de comunicação social chineses, Lam e Xi estiveram reunidos na segunda-feira à noite, no primeiro encontro oficial desde o início da contestação social, há cinco meses, desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, formalmente retirada, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora também a implementação do sufrágio universal no território, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

Presidente chinês declara apoio a chefe do Executivo de Hong Kong


Pequim, 05 nov 2019 (Lusa) - O Presidente da China, Xi Jinping, declarou hoje o seu apoio a Carrie Lam, chefe do Executivo de Hong Kong, região semiautónoma chinesa que há cinco meses é palco de manifestações pró-democracia.

"O Governo central confia em si e ratifica integralmente o seu trabalho e o da sua equipa", afirmou Xi Jinping, durante um encontro com Lam, realizado na cidade de Xangai, segundo a agência noticiosa oficial Xinhua.

Após ouvir o relato de Lam sobre a situação em Hong Kong, Xi afirmou que, sob o comando de Lam, o Governo da antiga colónia britânica "cumpriu com as suas obrigações e esforçou-se para estabilizar a situação e melhorar a atmosfera social".

"Fez um trabalho duro e ótimo", descreveu.

O líder chinês expressou ainda o seu desejo de que as "pessoas de todos os setores da sociedade em Hong Kong implementem plena e fielmente a fórmula 'um país, dois sistemas' e a Lei Básica da Região Administrativa Especial de Hong Kong e realizem esforços conjuntos para salvaguardar a prosperidade e a estabilidade de Hong Kong".

Governo timorense pede 'agrément' para 14 novos embaixadores


Díli, 05 nov 2019 (Lusa) - O Governo timorense já apresentou a vários países, incluindo Portugal, os pedidos de 'agrément' para 14 novos embaixadores para postos diplomáticos que estão vagos, alguns há mais de um ano, confirmou o ministro da tutela.

"Já foi pedido o 'agrément' para quase todos. Os últimos três pedidos saem hoje", disse Dionísio Babo em declarações à Lusa.

Babo mostrou-se esperançado que os 'agrément' dos vários países possam chegar nas próximas semanas, permitindo a tomada de posse dos diplomatas ainda este ano.

"Estamos a tentar que ocorra ainda este ano, mas se isso não for possível será no inicio de 2020", explicou.

No caso de Portugal foi enviado o pedido de 'agrément' para a diplomata proposta, Isabel Amaral Guterres, ex-ministra da Solidariedade Social e Timor-Leste.

Recorde-se que Dionísio Babo, apresentou ao chefe de Estado, Francisco Guterres Lu-Olo, uma lista com os 14 nomes propostos, no passado dia 22 de outubro.

Em causa estão os nomes aprovados em Conselho de Ministros para liderar as missões diplomáticas timorenses na Austrália, Cabo Verde, Camboja, China, Irlanda do Norte, Japão, Laos, Moçambique, Portugal, Reino Unido, Secretariado CPLP, Singapura, Suíça, Tailândia e Vaticano.

UE quer relação mais estratégica e política, a par de cooperação, com Timor-Leste


Díli, 05 nov 2019 (Lusa) -- A União Europeia (UE) quer uma relação "mais estratégica e política" com Timor-Leste, reforçando ao mesmo tempo a agenda de cooperação através de um novo mecanismo de financiamento, disse à Lusa o novo embaixador europeu em Díli.

"A nossa relação com Timor-Leste tem que ser cada vez mais estratégica e política", disse Andrew Jacobs na sua primeira entrevista desde que apresentou credenciais em Díli.

"Continuaremos a ser um parceiro de cooperação para o desenvolvimento, mas queremos reforçar o diálogo no âmbito da ONU, por exemplo, porque partilhamos princípios de direitos humanos, democracia, e preocupações sobre alterações climáticas", considerou.

Andrew Jacobs, que apresentou credenciais como embaixador a 15 de outubro, foi anteriormente embaixador no Pacífico (com sede nas Ilhas Fiji), tendo estado destacado no Vietname e Tailândia onde foi responsável pela cooperação europeia com a região. 

Chega a Díli na fase final do atual quadro de cooperação e quando estão em curso negociações sobre o futuro da assistência europeia que, antecipa, sairá reforçada.

O programa de apoio europeu a Timor-Leste, no âmbito do 11.º Fundo Europeu de Desenvolvimento (2014-2020), totaliza 95 milhões de euros, dos quais 15 milhões de euros este ano, dividindo-se, essencialmente, entre o setor de boa governação (30 milhões de euros), de desenvolvimento rural (57 milhões de euros) e de medidas de apoio (oito milhões de euros).

Moçambique | Nyusi: sem dinheiro para calamidades, somente para “os amigos”


Governo de Nyusi não tem dinheiro para Calamidades mas paga 40 milhões de dólares a credores da EMATUM

O Governo de Filipe Nyusi em fim de mandato e que diz não ter 35 milhões de dólares para cobrir o Plano de Contingências para mitigação das Calamidades Naturais concluiu neste quarta-feira (30) o acordo para a reestruturação da dívida ilegal da EMATUM. O @Verdade sabe que os credores já receberam 40 milhões de dólares norte-americanos adiantados por terem consentido com esta negociata inconstitucional que endivida os moçambicanos até 2033.

Depois do circo eleitoral, confortável com a vitória que só precisa de ser chancelada pelo Conselho Constitucional, o Executivo de Filipe Nyusi voltou esta semana ao trabalho.

Na terça-feira (29), reunido em Conselho de Ministros, aprovou o Plano de Contingências do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades para a época chuvosa que começou no passado dia 1 de Outubro no entanto deixou claro que não tem a totalidade dos 35 milhões de dólares necessários para ajudar os moçambicanos a sobreviverem a seca, chuvas e ciclones que poderão fustigar o nosso país até Março próximo.

Nesta quarta-feira (30) o Ministério da Economia e Finanças (MEF), ignorando a decisão do Conselho Constitucional que declarou nulo o empréstimo contraído em 2013 à favor da Empresa Moçambicana de Atum (EMATUM) violando a Constituição da República e lei orçamental, concluiu o acordo de renegociação com os credores dos denominados Eurobonds e voltou a endividar os moçambicanos, novamente sem a chancela da Assembleia da República onde com a ditadura do voto poderia aprovar este novo acordo.

Moçambique | "Ossufo Momade foi um erro de casting"


A "tampa" já saltou a alguns membros da RENAMO, incluindo a António Chichone. Ele acha que o líder do partido, Ossufo Momade, é a razão da fragmentação interna.

O descontentamento na Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO, o maior partido da oposição) já é de domínio público. E há quem, sem receios, já esteja a assumir as fragilidades na força política.

António Chichone é uma dessas pessoas. Em entrevista à DW África, o destacado membro da RENAMO na diáspora diz que Ossufo Momade "foi um erro de casting" e não está a conduzir o partido a bom porto. Chichone chega mesmo ao ponto de suspeitar que líder do partido tenha sido subalterno ao partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), nas eleições de 15 de outubro. 

Por isso, pede ao Conselho Nacional da RENAMO que tome medidas urgentes para resolver os problemas internos do partido.

Angola | O que prometem os candidatos à liderança da UNITA?


16 anos depois, a UNITA vai ter um novo líder. Será escolhido já este mês e, ao que tudo indica, não será nenhum delfim de Isaías Samakuva. Analista entende que fim do voto étnico é um dos desafios do partido.

Abílio Kamalata Numa, Adalberto Costa Júnior, Alcides Sakala, Raúl Danda e José Pedro Cachiungo são os cinco "homens fortes" que disputam a liderança da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola.

O eleito deverá cumprir com uma das principais recomendações que sairá do XIII Congresso Ordinário que acontece entre 13 e 15 de novembro, em Luanda: vencer dois pleitos eleitorais. Primeiro, as autarquias, agendadas para 2020, e depois as eleições gerais de 2022. É à volta disso que decorre a campanha eleitoral no partido, dirigido há 16 anos por Isaías Samakuva.

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